Você está na página 1de 94

Crimes contra a vida

Homicídio

Professor: Víctor Minervino Quintiere


Introdução ao estudo dos crimes contra a vida

• A proteção penal à vida abrange a vida intrauterina e a vida


extrauterina.
• A importância do bem jurídico da vida se demonstra para além
da tipificação do homicídio (simples, privilegiado, qualificado e
culposo), com o crime de aborto, infanticídio e participação
em suicídio.
• Crimes de dano: Tribunal do Júri. Exceção.
• Crimes de periclitação da vida e da saúde. Colocam em perigo
a vida de pessoa determinada. São eles: perigo de contágio
venéreo, perigo de contágio de moléstia grave, perigo para a
vida ou saúde de outrem, abandono de incapaz, exposição ou
abandono de recém-nascido, omissão de socorro e maus tratos.
Introdução ao estudo dos crimes contra a vida

•Quando o perigo pode atingir número


indeterminado de pessoas, os fatos que podem expor a
vida a perigo, como regra, estão disciplinados em
outro capítulo, sob a rubrica de crimes contra a
incolumidade pública (Título VIII/CP)
Homicídio
Antecedentes históricos

 Numa Pompílio, rei que sucedeu a Rômulo, fundador de Roma


(no ano 753 ou 754 A.C.), o homicídio era considerado crime
público, com o nome de parricidium. (morte de cidadão).
 a Lei Cornélia. A pena, dependendo da condição do réu e das
circunstâncias do fato, era a deportatio (exílio), a confiscatio
(confisco) a decapitatio (decapitação) a condenação aos
animais ferozes (ad bestias) e a morte pelo fogo (vivicrematio).
 Com a legislação de JUSTINIANO (535 D.C.) a pena de morte
é aplicada indistintamente a todos os homicidas.
Homicídio
Antecedentes históricos

 No direito germânico, o homicídio - crime privado.


 Punição:
 vingança da família do morto ou à composição.

 Mais tarde - ressurgimento do direito romano - influência do


direito canônico - o homicídio voltou a ser considerado crime
público.

 Foi em torno do crime de homicídio que a doutrina desenvolveu


inúmeros institutos da parte geral (tentativa, participação,
concurso etc.).
Homicídio
Antecedentes históricos

 movimento humanista do sec. XVIII


 algumas legislações substituíram a pena de morte
pela de prisão e pelo trabalho forçado, reservando-a
apenas para os casos de homicídio qualificado.
 No direito brasileiro saímos das Ordenações Filipinas
para o Código Penal de 1830, utilizados os preceitos
iluministas, abolindo o açoite, a tortura, a marca de
ferro quente e todas as penas ditas cruéis.
(Constituição de 1824).
Homicídio
Antecedentes históricos

 O Código Penal de 1890, em seu artigo 294, distinguiu


as formas de homicídio qualificado atribuindo a este a
pena de prisão de 12 a 30 anos. E o homicídio cometido
em sua modalidade simples, o Código fixou a pena de 6
a 24 anos. A pena de morte deixou de ter previsão
legal. O homicídio culposo passou a existir.
 Com o decreto-lei 2.848 de 07 de dezembro de 1940,
que entrou em vigor em 1º de Janeiro de 1942, temos
nosso atual Código Penal.
HOMICÍDIO COMO CRIME REI

•A dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos do


nosso Estado Democrá tico de Direito. (art. 1°, inc. III/CF)

•A proteçã o à vida atinge o pró prio Estado (art. 5°, caput c/c
art. 5°, inciso XLVII, letra a e art. 84, XIX/CF)

•o nú cleo e a razã o de ser de toda a ordem jurídica, aniquila a


ordem jurídica em face de cada vítima, que pode ser qualquer um
de nó s. Não há ordem jurídica sem vida e não tem sentido
ordem jurídica que não dirija à sua proteção e dignidade.
Toda a ordem jurídica gira em torno da vida.
Homicídio

Conceitos e qualificação doutrinária


“O homicídio é a destruição de um homem, injustamente
cometida por outro homem” (Carrara)

“É a morte de um homem causada pelo comportamento ilícito


de outro homem” (Giovanni Carmignani)

“Homicídio é a destruição da vida humana (von Liszt)

“É um crime contra a pessoa, consistente em matar alguém”


(Luiz Vicente Cernicchiaro)
Homicídio
Nomenclaturas
• Conjugicídio
• Uxoricídio
• Parricídio
• Matricídio
• Filicídio
• Fratricídio
• Assassinato expressão utilizada pela primeira vez pelo direito canônico.
Origem atribuída aos membros das regiões da Ásia Menor, chamados “haxaxini”, os
quais imbuídos das superstições maometanas, fingindo-se cristãos e a mando do seu
chefe Arsaces, o Velho da Montanha, saíam a ferir os cruzados. (Jesús Bernal
Pinzón, citando Carmignani)
Objetividade
• O bem tutelado é a vida.

• O objeto jurídico é a preservação da vida humana.

• O objeto material no qual recai a conduta é a vítima do


crime, ou seja, a pessoa que sofreu a agressão.
Sujeitos
 Sujeito ativo.

 Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de homicídio.


 Sujeito passivo.

 Qualquer ser vivo nascido de mulher. (Cód. Penal, de Nelson


Hungria, Ed. Forense, 4.ª ed. - 1958, vol. V, pág. 36, § 6)

 Qualquer pessoa, com qualquer condição de vida, saúde, posição


social, raça, estado civil, idade, convicção ideológica, política ou

religiosa ou orientação sexual. (Cezar Bitencourt)


Sujeitos
• Sujeitos passivos especiais:
• Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos
Deputados ou do Supremo Tribunal Federal o crime será
contra a Segurança Nacional (art. 29 da Lei n. 7.170/83).

• Quando se tratar de vítima menor de 14 ou maior de 60 anos, a


pena será majorada em um terço (2ª parte do § 4° do art 121 do
CP)

• Quando se trata de homicídio simples praticado em ação típica


de grupo de extermínio e de homicídio qualificado, são
definidos como crimes hediondos (art. 1°, I, da Lei n. 8.072/90)
Sujeitos
Situação hipotética

• Gêmeos siameses ou xifópagos – duplo homicídio


doloso (dolo direto de primeiro grau para a vítima
visada e de segundo grau ou de consequências
necessárias para o outro)
• Na hipótese excepcional de um dos xifópagos
sobreviver, o agente responderá por um homicídio
consumado e outro tentado, ambos com dolo direto (o
sistema de aplicação de penas – exasperação ou
cumulação – dependerá do elemento subjetivo).
Sujeitos
Situação hipotética continuação

• Nas duas hipóteses – querendo o agente a morte de


somente um dos xifópagos ou querendo a morte de ambos
– haverá concurso formal de crimes: na primeira, o
concurso será formal próprio; na segunda, será formal
impróprio. (Art. 70, CP)
• No concurso formal próprio, à unidade de ação
corresponde a unidade de elemento subjetivo, enquanto
que no formal impróprio há unidade de ação e pluralidade
de elementos subjetivos, o que, na linguagem do Código
Penal, denomina-se desígnios autônomos. No primeiro
caso, aplica-se o sistema de exasperação de pena; no
segundo, o sistema do cúmulo material.
Tipo objetivo/subjetivo
• Tipo objetivo.
• Matar alguém.

• Tipo Subjetivo
• Dolo - vontade livre e consciente exercida no sentido do
resultado morte. Animus necandi ou occidendi.
• Dolo direto e dolo eventual.
• Culpa. Quebra de dever de cuidado.
Classificação doutrinária do
Homicídio
 Comum – praticado por qualquer pessoa
 Simples – atinge apenas um bem jurídico
 De forma livre – admite qualquer forma de execução
 Instantâneo (de efeito permanente) – se consuma com a morte da
vítima. É irreversível.
 Material - exige a ocorrência do resultado naturalístico para
consumação.
 De dano – exige efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
Tipo subjetivo: adequação típica
• O elemento subjetivo que compõe a estrutura do tipo penal do
crime de homicídio é o dolo, que pode ser direto ou eventual.
• Segundo Cezar Bitencourt, citando Welzel, o dolo é
constituído por dois elementos: um cognitivo, que é o
conhecimento do fato constitutivo da ação típica, e um
volitivo, que é a vontade de realizá-la. Ou seja, dolo é a
vontade de realizar o tipo objetivo, orientada pelo
conhecimento de suas elementares no caso concreto.
• O nosso Código Penal, ao contrário do que alguns afirmam,
adotou duas teorias: a teoria da vontade em relação ao dolo
direto, e a teoria do consentimento em relação ao dolo
eventual.
Tipo subjetivo: adequação típica
• Crucial, na espécie, o ensinamento de Bitencourt:
• O dolo, no crime de homicídio, pode ser direto ou eventual.
O surgimento das diferentes espécies de dolo é ocasionado
pela necessidade de a vontade abranger o objetivo
pretendido pelo agente, o meio utilizado, a relação de
causalidade, bem como resultado. Afirma Juarez Tavares,
com acerto, que “não há mesmo razão científica alguma na
apreciação da terminologia de dolo de ímpeto, dolo
alternativo, dolo determinado, dolo indireto, dolo específico
ou dolo genérico, que podem somente trazer confusão à
matéria e que se enquadram ou entre os elementos subjetivos
do tipo ou nas duas espécies mencionadas.”
Momento consumativo
 Consumação - morte da vítima
 Lei 9.434/97 doação de órgãos e tecidos, morte cessação da
atividade encefálica.
 Exame de necropsia ou necroscópico. Direto, indireto
(testemunhal).
 Momento da morte.
 Morte física - parada cardíaca e circulatória.
 Morte encefálica, “considera-se a completa extinção de todas as
funções cerebrais como o instante da morte, a cessação das funções
cerebrais”. Roxin
 Tentativa – é admissível, pois, o homicídio é crime
material
 Início da execução – não consumação – circunstâncias alheias à
vontade do agente.
Tentativa
 Art. 14 - Diz-se o crime:
 I - consumado, quando nele se reúnem todos os
elementos de sua definição legal;
 II - tentado, quando, iniciada a execução, não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.

 Tentativa cruenta X tentativa branca ou incruenta.


 Tentativa cruenta - que causa ferimentos.
 Tentativa branca – ausência de lesões na vítima.
Tentativa
• tentativa perfeita ou acabada, chamada de crime falho –
é aquela que se verifica quando o agente faz tudo o quanto
lhe era possível para alcançar o resultado.

• tentativa imperfeita ou tentativa inacabada – é aquela


que a ação não chega a exaurir-se, ou seja, quando o sujeito
ativo não esgotou em atos de execução sua intenção
delituosa.
Tentativa
• Pena da tentativa - é a do crime consumado,
diminuída de 1 a 2/3, dependendo do iter criminis
percorrido. Quanto mais próximo o agente chegar da
consumação, menor será a redução, e vice-versa.
Assim, na tentativa branca a redução da pena será
(em tese) maior do que naquela em que a vítima sofre
ferimentos graves. Critério jurisprudencial.
Tentativa de homicídio x lesões
corporais
• Tentativa de homicídio X lesões corporais.
• Dolo do agente.

• Tentativa de homicídio X lesões corporais seguida de


morte.
• Dolo de matar/circunstâncias alheias à vontade do agente.
• Dolo de ferir/resultado morte não pretendido -culposo.
Desistência voluntária
 Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos já praticados.
 Agente com o dolo de matar inicia a execução do crime
de homicídio, que só não se consuma pela desistência do
agente em continuar investindo contra a vítima.
 Não havendo percorrido, ainda, toda a trajetória do
delito, iniciados os atos de execução, o agente pode deter-
se, voluntariamente.
Arrependimento Eficaz
 O agente esgota todos os meios, ao seu alcance,
para a prática do crime. Pratica todos os atos
de execução. Arrepende-se, porém, e evita, com
sucesso, a consumação.
 Exemplo: o agente ministra veneno na bebida da
vítima e a induz a ingeri-la. Após a ingestão da
bebida envenenada pela vítima, o agente se
arrepende, socorrendo-a e levando-a ao hospital.
Distinção
 DESISTÊNCIA  ARREPENDIMENTO
VOLUNTÁRIA EFICAZ
 O agente interrompe a  A execução é realizada
execução - Equivale a inteiramente, e, após, o
tentativa inacabada, pois a resultado é impedido.
execução não chega ao
final.
 OBS: Não confundir com o
Arrependimento Posterior (art. 16,
CP) que somente tem lugar nos crimes
cometidos sem violência ou grave
ameaça à pessoa e quando reparado o
dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa,
por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços.
Questão
09 - (FAURGS) O agente AA, com vontade de matar seu inimigo BB, agride-o
com faca e nele causa várias lesões corporais. A vítima foge e, na perseguição, cai
prostrada em razão dos ferimentos. Prestes a receber o golpe mortal, a vítima
suplica pela vida. Sensibilizado, o agente afasta-se do local. A vítima, socorrida, é
levada a um hospital onde se restabelece. Sobre o caso, assinale a alternativa
correta.
A) É hipótese de tentativa de homicídio, ante os vários atos informados pelo dolo
de matar, não se consumando a morte ante a súplica da vítima.
B) É hipótese de tentativa de homicídio, pois apresenta-se caracterizada pelo
inequívoco animus necandi do agente, não se consumando sua finalidade por
motivo de piedade.
C) É hipótese de arrependimento eficaz, restando o agente punido por lesão
corporal dolosa.
D) É hipótese de desistência voluntária, restando o agente punido por lesão
corporal dolosa.
E) É hipótese de arrependimento posterior, restando o agente punido por lesão
corporal dolosa com diminuição da pena.
Questão para reflexão

• Tiro de arma de fogo

• Região vital

• Região não vital

• Quais são as consequências? Serão as mesmas?


BACIGALUPO, Enrique. Direito Penal:
Parte Geral. São Paulo: Malheiros, 2005, p.
437-438
• ... “se o autor disparou em uma zona vital do
corpo, a tentativa reputar-se-á acabada, ainda
que disponha de mais balas na câmara de sua
arma. Pelo contrário, a tentativa será inacabada,
se o disparo se dirigiu às zonas não vitais, como
parte de um plano para matar a vítima depois de
impedir sua fuga”.
Jurisprudência
 Recurso em Sentido Estrito Nº 1998011026916-5 —— RECURSO EM SENTIDO
ESTRITO. DENÚNCIA POR TENTATIVA DE HOMICÍDIO. PERIGO DE VIDA.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÕES
CORPORAIS. 1. O perigo de vida e posterior atendimento médico não autorizam, por si
só, o reconhecimento da tentativa de homicídio, porquanto o perigo de vida é
circunstância que também qualifica o delito de lesão corporal, de conformidade com o
disposto no art. 129, § 1°, inciso II, do Código Penal. Para a configuração da tentativa de
homicídio é necessário que o agente interrompa os atos de execução por circunstância
alheia à sua vontade ou esgote os meios para atingir a meta optata. 2. Desiste
voluntariamente de cometer homicídio quem, depois de atingir a vítima com faca,
por duas vezes, abstém-se de contra ela desferir novos golpes sem que alguma
circunstância alheia à sua vontade o impeça de prosseguir com seu intento.
ACÓRDÃO — Acordam os Senhores Desembargadores da Segunda Turma Criminal do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, GETULIO PINHEIRO–Relator,
APARECIDA FERNANDES e ROMÃO C. OLIVEIRA–Vogais, por unanimidade, em
DAR PROVIMENTO AO RECURSO. Brasília, 31 de maio de 2007. FONTE: DJU —
SEÇÃO 3 — de 28/06/2007 — Pág. 126
Crime impossível
• Ineficácia absoluta do meio. Ex.: o sujeito, por erro,
desejando matar a vítima mediante veneno, coloca açúcar
em sua alimentação, pensando tratar-se de veneno
(Damásio).
• Impropriedade absoluta do objeto. Ex: "A", pensando que
seu desafeto está dormindo, golpeia um cadáver.
Penas
- Homicídio simples = reclusão, de 6 a 20 anos
- Homicídio privilegiado = pena – (1/6 a 1/3)
- Homicídio qualificado = reclusão, de 12 a 30 anos
- Homicídio culposo = detenção, de 1 a 3 anos
- Homicídio majorado = causa de aumento de pena
(fração) (121,§§4° e 6° - 1 /3)

- Perdão judicial
Crimes contra a vida

Homicídio

Professor: Víctor Minervino Quintiere


Ação penal
 Ação penal
• Pública incondicionada
• Competência do Tribunal do Júri para os homicídios dolosos (CF,
art. 5º, XXXVIII, “d”)
• Na modalidade culposa, admite a suspensão condicional do
processo (Lei nº 9.099/1995, art. 89),
 "Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidos ou não por esta Lei, o Ministério
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
processo, por dois a quatro anos.."
 ressalvada a hipótese da violência doméstica e familiar contra a
mulher (Lei nº 11.340/2006, art. 41) (Seria INCONSTITUCIONAL,
pois “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”?)
Exame de corpo de delito
 Exame de corpo de delito
 Necessário pois é um crime material que deixa
vestígios

* CPP, art. 158: “Quando a infração deixar vestígios,


será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
acusado”.
* CPP, art. 167: “Não sendo possível o exame de corpo
de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta”.
Homicídio privilegiado

• Nomenclaturas e evolução normativa, segundo Álvaro


Mayrink da Costa:
As legislações modernas já distinguiam o homicídio simples
privilegiado do assassinato. No Direito inglês o homicídio é
denominado felony, ao contrário do assassinato (murder) ou do
homicídio simples (manslaughter).
No Direito francês são empregados, para exprimir: meurtre, o
homicídio simples, e assassinat, o homicídio qualificado. Na
legislação alemã encontramos o assassinato (Mord), o homicídio
(Totschalag), o homicídio privilegiado (Minder Schwerer Fall
des Totschalag) e o homicídio a pedido (Tötung aut Verlangen)
No Brasil, o Código de 1830 e o de 1890, expressavam a diferença
entre o homicídio simples e o qualificado. O legislador de 1940
traz a figura do delictum privilegiatum (art. 121, § 1°)
Homicídio privilegiado

• - Não se cuida de imputabilidade diminuída nem tampouco de


diminuição da consciência do injusto, mas de uma exigibilidade
diminuída de comportamento diferente. (Álvaro Mayrink
citando Jorge Figueiredo Dias)

• No infanticídio encontramos uma figura penal autônoma, que


não deixa de ser uma forma “privilegiada” de homicídio.

• Na opinião de Bitencourt, o infanticídio, que é um tipo especial,


é o verdadeiro homicídio privilegiado. O que ora estudaremos
não passaria de um homicídio simples com pena minorada
Homicídio privilegiado

- O homicídio privilegiado (com especial pena minorada) - (art.


121, § 1°, do CP)
- é aquele em que o agente causa a destruição da vida de outrem,
impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta
provocação da vítima.
- Requisitos básicos, para reconhecimento do tipo derivado, ter o
autor cometido:
- a) o ato por motivo de relevante valor social;
- b) o ato por relevante valor moral;
- c) sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta
provocação da vítima.
Homicídio privilegiado

- Os requisitos básicos (relevante valor social, moral e o domínio de


violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima),
não são elementos do tipo, mas causas especiais de diminuição
(minoração) de culpabilidade.
- a) relevante valor social – ocorre quando o interesse coletivo
ditado é exigível pelo balizamento da vida comunitária (por
motivo patriótico – morte do traidor da pátria; eliminação de um
perigoso bandido que atormentava uma determinada comunidade)
- b) relevante valor moral – na visão moral, os valores
concentram-se em interesse particular ou específico (por
solidariedade humana (eutanásia); matar o traficante que viciou o
filho.
Homicídio privilegiado
• c) domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima - emoção é
a excitação de um sentimento (amor, ódio, rancor). Se o agente está dominado (fortemente

envolvido) pela violenta (forte ou intensa) emoção (excitação sentimental), justamente porque

foi, antes, provocado, injustamente (sem razão plausível), pode significar, como decorrência

lógica, a perda do autocontrole que muitos têm quando sofrem qualquer tipo de agressão sem

causa legítima. Desencadeado o descontrole, surge o homicídio.

• A violenta emoção é um estado psicopatológico de breve duração que anula a clareza da


consciência e perturba a vontade. Ex: Marido que mata a esposa que confessa adultério e

abandono do lar e dos filhos para viver com amante; pai que mata ex-empregador que seduz e

corrompe sua filha menor; alguém provocado e agredido momentos antes pela vítima ou quem

sofreu injúria real; marido que surpreende a mulher em flagrante adultério, eliminando-a e ao

amante.
Homicídio privilegiado
Ponderações finais

• “relevante valor social ou moral”, também no art. 65, III, a, do


CP, como circunstâncias atenuantes. Reconhecida a
privilegiadora, inadmissível a atenuante pelo mesmo motivo,
sob pena de bis in idem.
• Não confundir “injusta provocação” com “agressão injusta” que
motiva a legítima defesa.
• Não confundir a hipótese de mera atenuante (art. 65, III, c), na
qual não há a exigência do requisito temporal “logo em
seguida”, pois é indiferente que o crime tenha sido praticado
algum tempo depois da injusta provocação da vítima.
• Obrigatoriedade de redução de pena – direito público subjetivo
do condenado quando reconhecido pelo Júri. Discricionariedade
do juiz limitada ao quantum (1/6 a 1/3)
Homicídio privilegiado-qualificado
• Qual a solução se o sujeito comete homicídio com emprego de
asfixia (qualificadora), impelido por motivos de relevante valor
moral ou social, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima? Admite-se homicídio
qualificado-privilegiado?: Em suma: é possível a incidência do
privilégio do homicídio às formas qualificadoras? (Damásio)
• Conflito aparente de normas. As circunstâncias legais contidas
na figura típica do homicídio privilegiado são de natureza
subjetiva. No homicídio qualificado, algumas são objetivas (§
2°, III e IV, salvo a crueldade) e outras, subjetivas (I, II e IV). O
privilégio não pode concorrer com as qualificadoras de
natureza subjetiva.
• Não se compreende que haja homicídio cometido por motivo
fútil e ao mesmo tempo de relevante valor moral.
Homicídio privilegiado-qualificado

• Os motivos subjetivos determinantes são antagônicos. O


privilégio, porém, pode coexistir com as qualificadoras
objetivas.

• Admite-se o homicídio eutanásico cometido mediante


veneno. A circunstância do relevante valor moral (subjetiva)
não repele o elemento exasperador objetivo. O mesmo se
diga do fato de alguém matar de emboscada e impelido por
esse motivo. (Damásio)
Homicídio qualificado
• Pena de 12 a 30 anos (art. 121, § 2°, do CP)
• 1) Motivos determinantes: paga, promessa de recompensa ou outro
motivo torpe ou fútil (inc. I e II);
• 2) Meios: veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, de que possa resultar perigo comum (inc. III);
• 3) Modos/Forma de execução: traição, emboscada, mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
defesa da vítima (inc. IV);
• 4) Fins (conexão com outro crime): para assegurar a execução,
ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime (inc. V).
• 5) quanto aos sujeitos passivos: feminicídio (VI) e contra autoridade
ou agente descrito no art. 142 e 144, da CF/88 (VII)
Homicídio qualificado
• Trata-se de crime hediondo, nos moldes do art. 1°, I, da Lei
n° 8.072/90.
• A premeditação, embora não constitua circunstância
qualificadora, poderá exasperar a pena, diante do maior grau
de censurabilidade do comportamento (art. 59, CP)
• A circunstância do parentesco não qualifica o homicídio,
funcionando como circunstância agravante genérica (art. 61,
II, e, CP)
• Os incisos I, III e IV encerram interpretação analógica, na
qual o legislador, após fórmula exemplificativa, emprega
fórmula genérica.
Homicídio qualificado
•a) Homicídio qualificado pela torpeza: mediante paga, promessa
de recompensa ou outro motivo torpe (I): torpe é atributo do que é
repugnante, indecente, abjeto, desprezível, logo, provocador de
excessiva repulsa à sociedade (ex.: matar alguém para adquirir-lhe a
herança; por ódio de classe; vaidade e prazer de ver sofrer; o
traficante que elimina o rival para dominar o comércio de drogas em
determinada região.
•Dentre vários outros motivos dessa estirpe, enumeraram-se no tipo
penal dois: paga (receber prêmio prévio) ou promessa de
recompensa (ter expectativa de receber prêmio, a posteriori). Trata-
se, nestes últimos dois casos, de peculiar forma de homicídio
cometido por mercenário. Responde quem executou e o que pagou
ou prometeu.
Homicídio qualificado

•b) motivo fútil (II): significa que a causa fomentadora da


eliminação da vida alheia calcou-se em elemento
insignificante, frívolo, leviano, se comparado ao resultado
provocado. Portanto, é a flagrante desproporção entre o
motivo e o resultado obtido. Ex.: matar o dono do bar porque
se recusou a vender bebida fiado; matar o garçom porque
encontrou uma mosca na sopa; matar o cobrador porque
errou no troco; matar a esposa porque deixou queimar o
feijão na panela etc.
•Não se confunde com ausência de motivo.
Homicídio qualificado
c) emprego de meio insidioso, cruel ou que provoque perigo
comum (III):
Tais como veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura: meio insidioso
é o enganoso, constituindo o veneno típica forma de ação
camuflada do agente; meio cruel é o gerador de sofrimento
desnecessário à vítima, representado tanto por algumas espécies
de veneno, que matam de modo agônico, como pelo fogo,
gerador de queimaduras bastante doloridas, além da tortura
(suplício extremo, que poderíamos visualizar como a forma pura
da crueldade e da asfixia (supressão da respiração por qualquer
meio, como, exemplificando, enforcamento, esganadura e
estrangulamento), constituindo sofrimento atroz; meio que
provoca perigo comum é o construtor de cenário extenso o
suficiente para atingir terceiros além da vítima. Tipicamente
representado pela explosão de uma bomba ou artefato similar,
também pode ser simbolizado pelo emprego de fogo, desde que
sua expansão seja vasta e temível de se concretizar. (Nucci)
Homicídio qualificado
• Veneno pode ser considerado toda substância mineral, vegetal ou
animal que, introduzida no organismo, é capaz de, mediante ação
química, bioquímica ou mecânica, lesar a saúde ou destruir a vida.
Podem ser sólidos, líquidos e gasosos, e administrados por via bucal,
nasal, retal, vaginal, hipodérmica, intravenosa etc. (Costa e Silva apud
Mirabete)
• Asfixia – Impedimento da função respiratória – é também meio cruel
e pode ser conseguida por esganadura (constrição do pescoço da
vítima com as mãos), enforcamento (constrição pelo próprio peso da
vítima), estrangulamento (constrição, muscular com fios, arames,
cordas etc, seguros pelo agente), sufocação (uso de objetos como
travesseiros, mordaças etc), soterramento (submersão em meio
sólido), afogamento (submersão em meio líquido) ou confinamento
(colocação em local que não penetre o ar)
Homicídio qualificado e tortura
• A tortura é meio cruel e pode ser física (ferro em brasa,
mutilações etc) ou moral (terror, tortura psicológica) - inflição
de mal desnecessário para causar à vítima, dor, angústia,
amargura, sofrimento.
• A Lei n° 9.455, de 7/4/1997, ao definir o crime de tortura,
comina a pena de 8 a 16 anos de reclusão, se resultar morte.
Trata-se crime qualificado pelo resultado e preterdoloso, em
que o primeiro delito (tortura) é punido a título de dolo e o
evento qualificador (morte) a título de culpa.
• Havendo dolo quanto à morte, direto ou eventual, o agente
responde apenas por homicídio qualificado pela tortura (art.
121, § 2°, III), afastada a incidência da lei especial.
• Se, todavia, durante a tortura o agente resolve matar a vítima, a
tiros, por exemplo, haverá concurso material (crime de tortura
+ homicídio qualificado (motivo torpe, recurso que impediu a
defesa da vítima)
Homicídio qualificado e outros meios
insidiosos
• Os meios insidiosos, de modo genérico, são aqueles
constituídos de fraude, clandestinos, desconhecidos da
vítima, que não sabe estar sendo atacada, que dificulta
ou torna impossível a defesa.
• Exemplos: Armadilha; a sabotagem de um motor de
automóvel ou de aeroplano; o carregar um objeto de
uma corrente elétrica de alta tensão, fazendo-o tocar
na vítima; o fazer experimentar uma arma de fogo
cuja explosão, por um desconserto do maquinismo,
volve contra quem a usa (Maggiore apud Mirabete)
Homicídio qualificado
d) Recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima (IV) : traição,
emboscada e dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
defesa da vítima.
-São circunstâncias que levam à prática do crime com maior segurança para o
agente, que se vale da boa-fé ou “desprevenção” da vítima, do elemento
surpresa e revelam a covardia do autor.
-Traição: representa a quebra de confiança depositada pela vítima no agente,
que dela se aproveita para mata-la. Ex.: agente que elimina a esposa durante o
ato sexual; em caso de tiros deflagrados pelas costas.
-Emboscada: ficar à espreita, aguardando a passagem inocente da vítima, para
atingi-la de surpresa. É o que se conhece por tocaia nos sertões brasileiros.
-Dissimulação: é o emprego de recurso que distrai a atenção da vítima do
ataque pelo agente. É o disfarce, por exemplo, a dissimulação da borda de um
poço para que nele caia a vítima. No exemplo de Nucci, seria o caso da esposa
que aguarda o marido dormir para mata-lo, sem que tivesse havido qualquer
desentendimento sério anterior entre ambos. Segundo Mirabete, seria o caso de
faca sacada da bota.
Homicídio qualificado

•e) Torpeza particular conexa a outro delito: criou a lei


uma situação de peculiar repugnância, consistente na
atuação do agente com o fim de assegurar (garantia de que
dê certo) a execução (desenvolvimento dos atos de
realização da empreitada criminosa);
•a ocultação (encobrimento do fato),
•a impunidade (evitar o castigo, a punição do autor, ainda
que o fato seja conhecido) ou vantagem (lucro obtido) de
outro crime. Ex.: matar a pessoa que o viu cometendo um
roubo anteriormente, somente para ter certeza de que não irá
testemunhar. (NUCCI)
Homicídio qualificado
• Quanto à conexão de delitos no homicídio qualificado:
• Conexão é o liame objetivo ou subjetivo que liga dois ou mais
crimes e tem as seguintes espécies (Damásio):
• Conexão teleológica: quando o homicídio é cometido a fim de
assegurar a execução de outro delito. Ex.: Matar a empregada
para sequestrar a criança.
• Conexão consequencial: quando o homicídio é cometido a fim
de assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem em relação
a outro delito. Ex.: O incendiário mata a testemunha do crime.
• Conexão ocasional: quando o homicídio é praticado por
ocasião da prática de outro delito. Ex.: O sujeito está furtando e
resolve matar a vítima por vingança. (Furto + Homicídio)
Feminicídio
•     Homicídio qualificado
• § 2° Se o homicídio é cometido:   
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
• VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:      
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
• Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
• § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino
quando o crime envolve:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
• I - violência doméstica e familiar;      
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
• II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.      
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Feminicídio
• Aumento de pena:
• § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a
metade se o crime for praticado:  
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
• I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
• II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
(sessenta) anos ou com deficiência; 
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
• III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.  
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Homicídio culposo
• Art. 121, § 3°, CP. Pena – 1 a 3 anos.
• Art. 121, § 4°, 1ª parte – aumento de 1/3.
• Crime culposo – conduta voluntária (ação ou omissão) que produz um
resultado antijurídico, não querido, mas previsível (culpa inconsciente),
e excepcionalmente previsto (culpa consciente), que podia, com a
devida atenção, ser evitado. (Maggiore citado por Mirabete)
• Há crime culposo quando o agente, por meio de negligência,
imprudência ou imperícia, viola o dever de cuidado objetivo, atenção ou
diligência a que estava obrigado, e causa um resultado típico.
• Cuidado objetivo exigível nas circunstâncias em que ocorreu. A
observância do cuidado objetivo faz desaparecer o desvalor da ação. A
partir daí o ocorrido pode se caracterizar como uma desgraça, se produz
lesão a um bem jurídico, mas não um injusto. (Welzel)
Homicídio culposo
• Espécies de culpa no homicídio
• Culpa inconsciente: a morte da vítima não é prevista pelo sujeito,
embora previsível. É a culpa comum, que se manifesta pela
imprudência, negligência ou imperícia.
• Culpa consciente/culpa com previsão: o resultado morte é
previsto pelo sujeito, que espera levianamente que não ocorra ou
que possa evita-lo. Ex.: na caçada, vê um animal perto do seu companheiro, percebe que pode
acertar o companheiro ao atirar na caça, porém, confia em sua pontaria e acredita que não irá mata-lo. Atira e
A culpa
mata-o. O sujeito previu o resultado, mas levianamente, acreditou que não ocorreria.
consciente se diferencia do dolo eventual, pois neste, o sujeito
tolera a produção do resultado, que lhe é indiferente, tanto faz que
ocorra ou não. Assume o risco de produzi-lo. Na culpa consciente
ao contrário, o agente não quer o resultado, não assume o risco de
produzi-lo e nem lhe é tolerável ou indiferente. O evento lhe é
representado (previsto), mas confia em sua não produção.
(Damásio)
Homicídio culposo
• Elementos do tipo culposo de homicídio:
• 1°) conduta humana voluntária de fazer ou não fazer;
Ex.: realizar uma cirurgia ou deixar de alimentar um recém-nascido .
• 2°) inobservância do cuidado objetivo manifestada por
imprudência, negligência ou imperícia;
• 3°) previsibilidade objetiva da morte (possibilidade de antevisão da morte da vítima);
• 4°) ausência de previsão (sujeito não prevê o resultado morte);
• 5°) resultado morte involuntário; e
• 6°) tipicidade
• Ex.: Numa cirurgia cardíaca, em que o paciente venha a falecer. Há a conduta inicial voluntária (cirurgia); a
inobservância do cuidado necessário; a previsibilidade (era previsível a ocorrência da morte); a ausência de
previsão do resultado (se previu, trata-se de homicídio doloso) e a produção involuntária do resultado (morte da
vítima). E esses elementos estão descritos na lei como crime de homicídio culposo (CP, art. 121, § 3°) –
(DAMÁSIO)
Homicídio culposo
• IMPRUDÊNCIA: prática de um fato perigoso.
• NEGLIGÊNCIA: ausência de precaução ou indiferença
em relação ao ato realizado.
• IMPERÍCIA: é a falta de aptidão para o exercício de arte
ou profissão. Se aplica aos profissionais que necessitam de
aptidão teórica e prática para o exercício de suas atividades.
É possível que em face da ausência de conhecimento
técnico ou de prática, esses profissionais, no desempenho
de suas atividades, venham a causar a morte de terceiros. A
imperícia não se confunde com o erro profissional.
Homicídio culposo
• Exemplos reconhecidos (Mirabete):
• Na aplicação de soro antitetânico na vítima, sem antes submetê-la
aos testes de sensibilidade.
• No disparo do agente que atingiu o amigo durante a caçada.
• No disparo ocorrido quando o agente engraxava ou manejava a
arma.
• Na eletrificação de viveiro de pássaros em sítio de passagem
obrigatória.
• Na aplicação de injeção em pessoa alérgica, que provocou choque
anafilático.
• OBS: O choque anafilático é a forma mais grave de reação de hipersensibilidade, desencadeada
por diversos agentes como drogas, alimentos e contrastes radiológicos. Os sinais e sintomas podem
ter início após segundos à exposição ao agente ou até uma hora depois. O quadro típico é o de
colapso cardiorrespiratório em poucos minutos. A avaliação e o tratamento imediatos são
fundamentais para evitar a morte.
Homicídio culposo
• Exemplos reconhecidos (Mirabete):
• No fato de manter aberta caixa d´água no quintal,
permitindo a queda de criança.
• No empurrão que causou a queda e morte da vítima sem
intenção lesiva por parte do agente.
• No deixar arma ao alcance de crianças.
• Na derrubada de árvores sem cautela.
• Na entrega das chaves do automóvel ao filho não habilitado.
• No permitir que serviçais executassem trabalhos
reconhecidamente perigosos sem equipamentos apropriados.
Homicídio culposo
• O erro de diagnóstico e de terapia, provocado pela omissão de
procedimentos recomendados diante dos sintomas apresentados
pelo paciente, acarreta responsabilidade médica, nos termos do
art. 13, § 2°, b, do CP.
• Só será excluída a responsabilidade do profissional se houver
prova plena de que não comprometeu as chances de vida e
integridade da vítima.
• Se a moléstia é de difícil diagnóstico, por ausência de sintomas
específicos, não pode ser responsabilizado quem atuou de forma
a socorrer devidamente a vítima.
• O sujeito agiu, segundo seu poder individual de forma a impedir
a morte? Respeitou todos os protocolos (no caso de médicos e
enfermeiros)? Observou a diligência pessoal possível segundo
suas aptidões? A resposta negativa leva à reprovabilidade, à
culpabilidade.
Homicídio culposo
• Crimes de trânsito
• Lei n. 9.503/97:
• Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
• Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
• Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é
aumentada de um terço à metade, se o agente:
• I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
• II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
• III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
• IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de
passageiros.
Homicídio culposo
• Crimes de trânsito
• Lei n. 9.503/97:
• Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
• Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
• Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do
parágrafo único do artigo anterior.
• Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à
vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da
autoridade pública:
• Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave.
• Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com
ferimentos leves.
Homicídio culposo
• Crimes de trânsito
• Algumas regras a serem observadas para se auferir culpa:
• -Imprimir velocidade inadequada à condições do local e demais circunstâncias
pertinentes ao trânsito;
• transitar na contramão de direção;
• ultrapassar outro veículo sem condições de visibilidade;
• não redobrar as atenções nos cruzamentos;
• dirigir alcoolizado;
• dirigir veículo que apresenta falhas mecânicas ou não possui equipamentos
indispensáveis;
• não manter razoável distância do veículo que segue à frente.
Homicídio culposo
• Crimes de trânsito
• Casos reconhecidos pelos tribunais além dos anteriores
como condutas culposas:
• - Conversão à esquerda sem cautelas especiais;
• - a embriaguez do motorista;
• - a marcha à ré em coletivo ou veículo de carga sem
redobradas cautelas;
• - ingresso sem maiores cuidados, em rodovias de intenso
movimento;
Homicídio culposo
• Crimes de trânsito
• Casos reconhecidos pelos tribunais como condutas
culposas, por ser previsível, um evento lesivo:
• - Na derrapagem ou colisão em estrada arenosa, em dias
chuvosos ou em estrada mal cuidada;
• - no ofuscamento por faróis ou pela luz do sol;
• - na queda de passageiro quando o coletivo trafega de
porta aberta;
• - na saída de pedestre pela frente de ônibus estacionado.
Homicídio culposo
• Crimes de trânsito
• Casos de isenção de responsabilidade do motorista quando há
culpa exclusiva da vítima:
• - Vítima que atravessa a pista de alta velocidade, correndo ou a
rodovia de madrugada;
• - quando a vítima sai correndo de trás de veículo estacionado;
• A culpa recíproca não exclui a responsabilidade.
• A morte no trânsito pode se constituir em homicídio com dolo
eventual. A jurisprudência tem aceitado essa tese quando: o
agente estava totalmente alcoolizado; sob influência de álcool,
dirigindo em velocidade inadequada e na contramão de direção;
era deficiente, não tinha habilitação e dirigia em alta velocidade.
Homicídio culposo majorado
• Art. 121, § 4°, 1ª parte, CP.
• “Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu
ato, ou foge para evitar a prisão em flagrante.”
• No primeiro caso (se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício), o agente conhece a regra
técnica que não observou, ao contrário do que ocorre com a
imperícia, que pressupõe inabilidade ou insuficiência profissional,
genérica ou específica”. (Euclides Custódio citado por Mirabete).
• Ex.: O médico não esteriliza os instrumentos que vai utilizar na
cirurgia ou emprega técnica não usual na execução; o motorista
que dirige com apenas uma das mãos no volante.
Homicídio culposo majorado
• Art. 121, § 4°, 1ª parte, CP.
• No segundo caso (se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do
seu ato), o agente deixa de transportar a vítima ao hospital.
• Pode-se chegar ao extremo de que, caso fique comprovado que o
agente poderia evitar a morte da vítima, socorrendo-a, responder
por homicídio doloso, nos termos do art. 13, § 2°, c, do CP.
• Na última causa de aumento de pena (fuga para evitar a prisão
em flagrante), procura-se evitar o desparecimento do culpado.
Em precedentes tem se afastado a majoração, em caso de
ameaças comprovadas de represálias por parte de populares, ou
tendo também sofrido lesões, foi em busca de socorro.
Homicídio culposo

•No homicídio culposo praticado na condução de veículo


automotor (art. 302, CTB), constitui causa de aumento de
pena se o agente não presta socorro, quando possível fazê-lo,
sem risco pessoal.
•A fuga do local do acidente por parte do agente para evitar
responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída é
descrita como crime autônomo (art. 305, CTB).
•O Código de Trânsito proíbe a prisão em flagrante do
agente que prestar à vítima pronto e integral socorro (art.
301)
Perdão judicial – Art. 121, §5º, CP
Perdão judicial

• O perdão judicial é a expressão da clemência do Estado;


que a pena, se aplicada, não poderia ser mais severa do que
já foi o próprio resultado naturalístico decorrente da
conduta culposamente praticada. (Nucci )
• Natureza Jurídica:

• É causa de extinção da punibilidade unilateral (art. 107,


IX, CP) (por isto não se confunde com o perdão do
ofendido, que é causa de extinção da punibilidade bilateral).
Por ser unilateral, dispensa a aceitação ou a concordância
do destinatário.
Perdão judicial

• Pressupostos:
• Só é possível no homicídio culposo, por expressa
determinação legal.
• O ônus da prova dos pressupostos do perdão judicial é da defesa.
Tem a defesa de demonstrar que a conduta e o resultado
atingiram de forma muito grave o autor do crime. Se o ônus é da
defesa, então não há neste caso a aplicação do in dubio pro reo.
•  Exemplos de consequências graves para o agente do crime
culposo: pai que mata o filho e sofre uma perda irreparável;
pessoa que em acidente mata outra pessoa e se torna tetraplégico.
• Presentes os pressuposto é direito subjetivo do réu a concessão
do perdão judicial (o “poderá” do parágrafo deve entender-se
como um “poder-dever”).
Perdão judicial

• Natureza jurídica da sentença:

• 1ª corrente:
• A sentença concessiva do perdão judicial tem natureza
condenatória. Deste modo, interrompe a prescrição. Logo,
se o Promotor recorre da decisão que concede o perdão
judicial, a prescrição volta do início. Serve a sentença
condenatória como título executivo, se for entendida a
sentença de acordo com esta corrente.  
Perdão judicial

• Natureza jurídica da sentença:


• 2ª corrente
• Tem natureza declaratória extintiva da punibilidade. Deste modo, a
decisão não interrompe a prescrição; mesmo com recurso da
acusação apresentado, o prazo de prescrição continua correndo. Não
gera nenhum efeito condenatório: nem reincidência, nem lançamento
do nome do réu no rol dos culpados e não configura obrigação de
reparar o dano. Não serve esta sentença como título executivo, sendo
preciso que se ingresse novamente no Cível, movendo um processo
de conhecimento para que seja reconhecida como um título
executivo. É a corrente que prevalece. Súmula 18, STJ:
• “A SENTENÇA CONCESSIVA DO PERDÃO JUDICIAL É DECLARATORIA DA
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, NÃO SUBSISTINDO QUALQUER EFEITO
CONDENATORIO”.
Perdão judicial

Em suma, são as principais diferenças entre as duas correntes, para a natureza


da sentença que concede o perdão judicial:

1ª CORRENTE 2ª CORRENTE
Sentença condenatória Sentença declaratória
Interrompe a prescrição Não interrompe a prescrição
Serve como título executivo Não serve como título executivo
Questões importantes para debate

•Genocídio
- Crime contra a humanidade, considerado hediondo.
-O delito é descrito no art. 1°, da Lei 2.889/56:
- Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso,
como tal:
-a) matar membros do grupo;
-b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
-c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição
física total ou parcial;
-d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
-e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo

-Caracteriza-se pela intenção do agente, que é eliminar, ainda


que parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou
religioso.
Questões importantes para debate

• Homicídio simples hediondo


- (Lei 8.072/90) “quando praticado em atividade típica de
grupo de extermínio, ainda que cometido por um só
agente”
- Não se vê como aplicar ao homicídio simples a
qualificação de hediondo, pois, caso atue o agente como
exterminador, a tipificação será de homicídio majorado
do §6°, do art. 121.
Questões importantes para debate
• Homicídio privilegiado-qualificado
Homicídio privilegiado
- e qualificado (homicídio híbrido)

ART. 121, §1º, CP ART. 121, §2º, CP


MOTIVO TORPE
MOTIVO SOCIAL (Circunstância Subjetiva)
(CircunstânciaSubjetiva) MOTIVO FÚTIL
(Circunstância Subjetiva)
MOTIVO MORAL MODO CRUEL
(Circunstância Subjetiva) (Circunstância Objetiva)
MODO SURPRESA
DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO (Circunstância Objetiva)
(Circunstância Subjetiva) FINALIDADE
(Circunstância Subjetiva)

É perfeitamente possível a coexistência de uma das circunstâncias de privilégio – que será


sempre subjetivacom
– qualquer das duas qualificadoras de circunstância objetiva (art.
121, §2º,
III e IV,
CP
Questões importantes para debate
Questões importantes para debate
• Ciúme e futilidade
“O Tribunal a quo, ao analisar recurso em sentido estrito, extirpou da
pronúncia a qualificadora do motivo fútil, ao afirmar, peremptoriamente,
não se encaixar o ciúme nessa categoria. Nesse contexto, a Turma, ao
prosseguir o julgamento, entendeu, por maioria, caber ao conselho de
sentença decidir se o paciente praticou o ilícito motivado por ciúme e,
consequentemente, analisar, no caso concreto, se esse sentimento é motivo a
qualificar o homicídio perpetrado. Apenas as circunstâncias qualificadoras
manifestamente improcedentes podem ser excluídas, de pronto, da
pronúncia, pois não se deve usurpar do Tribunal do Júri o pleno exame dos
fatos da causa. Anotou-se, por último, que este Superior Tribunal de Justiça
já assentou a tese de o reconhecimento do ciúme como motivo fútil, ou
mesmo torpe, a depender do caso concreto. Precedentes citados: HC 123.918-
MG, DJe 05.10.2009; HC 104.097-RS, DJe 13.10.2009; HC 112.271-PE, DJe 19.12.2008; HC
95.731-RJ, Dje 18.08.2008 e REsp 857.080-MG, DJ 18.12.2006.” (REsp 810.728-RJ, 6ª
T., rel. Maria Thereza de Assis Moura, 24.11.2009, v.u)
Questões importantes para debate
• Veneno e vidro moído

- “Para aqueles, como Groizard, que sustentam que toda substância alheia
ao organismo e capaz de danificá-lo constitui veneno, o vidro moído,
naturalmente, o é, ainda que atue fisicamente, mas para os que opinam
que somente é veneno a substância que produz alterações químicas no
organismo, mesclando-se, fundindo-se com o sangue, com os sucos e
secreções, não é veneno. Determinaria em todo caso a comissão de um
homicídio qualificado por insídia, por traição ou por sevícias, em face
do sofrimento enorme da vítima pela forma como se lhe destroça o
intestino, embora não seja veneno no conceito técnico”. (El delito de
homicidio, p. 198, Ricardo Lavene citado por Nucci)
Resumo das novidades legislativas e/ou
jurisprudenciais sobre o tema:

Lei nº 13.142/2015 - 1) O homicídio cometido contra


integrantes dos órgãos de segurança pública (ou
contra seus familiares) passa a ser considerado como
homicídio qualificado, se o delito tiver relação com a
função exercida.

Tal modalidade de homicídio é considerada hedionda.


Resumo das novidades legislativas e/ou
jurisprudenciais sobre o tema:

• O reconhecimento da qualificadora da "paga ou


promessa de recompensa" (inciso I do § 2º do art.
121) em relação ao executor do crime de homicídio
mercenário não qualifica automaticamente o delito em
relação ao mandante, nada obstante este possa incidir
no referido dispositivo caso o motivo que o tenha
levado a empreitar o óbito alheio seja torpe. STJ. 6ª
Turma. REsp 1.209.852-PR, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 15/12/2015 (Info 575).
Resumo das novidades legislativas e/ou jurisprudenciais sobre o
tema:

Inexistência de motivo fútil em homicídio decorrente da prática


de "racha"
• Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese
de homicídio supostamente praticado por agente que disputava "racha", quando
o veículo por ele conduzido - em razão de choque com outro automóvel
também participante do "racha" - tenha atingido o veículo da vítima, terceiro
estranho à disputa automobilística. Motivo fútil corresponde a uma reação
desproporcional do agente a uma ação ou omissão da vítima. No caso de
"racha", tendo em conta que a vítima (acidente automobilístico) era um
terceiro, estranho à disputa, não é possível considerar a presença da
qualificadora de motivo fútil, tendo em vista que não houve uma reação do
agente a uma ação ou omissão da vítima. STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
19/4/2016 (Info 583).
Resumo das novidades legislativas e/ou
jurisprudenciais sobre o tema:

• No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 se o agente


deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar
prisão em flagrante (§ 4º do art. 121 do CP). Se a vítima tiver
morte instantânea, tal circunstância, por si só, é suficiente para
afastar a causa de aumento de pena prevista no § 4º do art.
121? NÃO. No homicídio culposo, a morte instantânea da
vítima não afasta a causa de aumento de pena prevista no art.
121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é,
perceptível por qualquer pessoa. STJ. 5ª Turma. HC 269.038-
RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/12/2014 (Info 554).
Resumo das novidades legislativas e/ou
jurisprudenciais sobre o tema:

• A materialidade do crime de homicídio pode ser


demonstrada por meio de outras provas, além do
exame de corpo de delito, como a confissão do
acusado e o depoimento de testemunhas. Assim,
nos termos do art. 167 do CPP, a prova testemunhal
pode suprir a falta do exame de corpo de delito,
caso desaparecidos os vestígios. STJ. 6ª Turma. HC
170.507-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 16/2/2012.
Resumo das novidades legislativas e/ou
jurisprudenciais sobre o tema:

• O porte ilegal de arma de fogo deve ser absorvido


pelo crime de homicídio?

• STF. 1ª Turma. HC 120678/PR, red. p/ o acórdão


Min. Marco Aurélio, j. em 24/2/2015 (Info 775).
Resumo das novidades legislativas e/ou
jurisprudenciais sobre o tema:

• Súmula 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o


homicídio se consuma, ainda que não se realize o
agente a subtração de bens da vítima.
Resumo das novidades legislativas e/ou
jurisprudenciais sobre o tema:

• O fato de o condutor estar com a CNH vencida não


se enquadra na causa de aumento do inciso I do §
1º do art. 302 do CTB
Resumo das novidades legislativas e/ou
jurisprudenciais sobre o tema:

• O fato de o autor de homicídio culposo na direção de veículo


automotor estar com a CNH vencida não justifica a aplicação
da causa especial de aumento de pena descrita no inciso I do
§ 1º do art. 302 do CTB. O inciso I do § 1º do art. 302 pune o
condutor que "não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira
de Habilitação". O fato de o condutor estar com a CNH
vencida não se amolda a essa previsão não se podendo aplicá-
lo por analogia in malam partem. STJ. 6ª Turma. HC
226.128-TO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
7/4/2016 (Info 581)

Você também pode gostar