Você está na página 1de 5

DIREITO A VIDA NO ORDENAMENTO JURÍDICO MOÇAMBICANO CASO:

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Problema

Nesta presente reflexão, queremos nos deter em torno de algumas situações concretas de violação
dos Direitos Humanos; situações tidas como casos críticos, isto é, situações que, por causa da sua
relevância e abrangência, no contexto moçambicano, servem de modelo para pensar em formas e
estratégias de intervenção pastoral em várias outras situações ou casos semelhantes que possamos
constatar ou examinar nas comunidades.

• Primeiro: Em solo moçambicano, a Constituição da República de Moçambique, em seu


artigo 40, proíbe a tortura a cidadãos, ao consagrar que “todo o cidadão tem direito à vida
e à integridade física e moral e não pode ser sujeito à tortura ou tratamentos cruéis ou
desumanos”.
• Segundo: Igualmente, a lei número 8/91, de 18 de Julho, que regula a liberdade de reunião
e de manifestação, no seu artigo 16, considera criminoso “todo aquele que intervir na
reunião ou manifestação, impedindo ou tentando impedir o livre exercício desses direitos”.
Continua: “Incorrerá no crime de desobediência previsto e punido nos termos do artigo 188
do Código Penal”.
• Terceiro: O Estado moçambicano ratificou a Convenção contra a Tortura, através da
Resolução 4/93 de 2 de Julho de 1993, passando, por consequência, a fazer parte do
ordenamento jurídico moçambicano. Assim, é dever dos agentes da Polícia e de
autoridades públicas tratarem os cidadãos com humanidade.

Somente os três cenários colocados acima revelam que o Estado moçambicano, teoricamente, se
subordina à Constituição e às leis, incluindo aos instrumentos internacionais de direitos humanos,
por si ratificados (porque assim o diz a Constituição em seu artigo 18, alíneas 1 e 2
respectivamente).

Recorrendo à brochura da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (2005), o Estado


(moçambicano) não deve permitir ou tolerar a tortura ou outros tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes, e que, segundo dispõe o artigo 58 da Constituição, o mesmo (Estado moçambicano)
“é responsável pelos danos causados por actos ilegais dos seus agentes, no exercício das suas
funções, sem prejuízo do direito de regresso nos termos da lei”.
A SOCIEDADE DO DIREITO PARA SOCIEDADE

Problema

O homem é um ser social e político, vivendo em grupos, em sociedades. É natural que no seio
destes grupos haja conflitos, desentendimentos e interesses divergentes. No entanto, o homem
sente necessidade de segurança e busca a harmonia social. Para que a sociedade subsista é
necessário que os conflitos sejam resolvidos e para tanto, o homem dispôs de vários meios com o
intuito de controlar as ações humanas e trazer um equilíbrio à sociedade. São os instrumentos de
controle social. O Direito, criação humana, é um destes instrumentos, cujo principal objetivo é
viabilizar a existência em sociedade, trazendo paz, segurança e justiça.

Os homens vivem em sociedade. Estabelecem entre si relações familiares, relações de trabalho,


relações sociais, relações religiosas, relações culturais. Todas estas relações são reguladas por
regras. Há regras costumeiras, há regras morais. E há regras jurídicas. As regras jurídicas são
estabelecidas pelo Estado, que pode aplicar sanções, quando as regras jurídicas são transgredidas.
É o Direito que garante a ordem e a paz na sociedade.

Os homens não são autômatos. Em razão de sua liberdade, sempre há possibilidade de desvios e
conflitos entre eles. Neste caso, a sociedade precisa utilizar mecanismos para criar, manter e aplicar
as regras que garantam a ordem e a paz. Muitas vezes, os interesses individuais entram em colisão,
por serem diferentes e até mesmo antagônicos. Eis porque o direito é importante e necessário para
solucionar ou evitar essas colisões e conflitos.
HOMICÍDIO PRATICADO POR FILHOS CONTRA OS ANCIÃOS NA PROVÍNCIA DE
INHAMBANE

Problema

Em Roma o homicídio era considerado crime público (753 a.C.), denominado parricidium,
havido como a morte de um cidadão sui juris (paris coedes ou paris exidium) – e não
necessariamente a morte dada ao ascendente (patris occidium)1, era severamente punido. A lei
das XII tábuas (450 a.C.)2, previa a designação de Juízes especiais para julgamento do delito
de homicídio. Cumpre-se esclarecer que os escravos, não eram havidos como pessoas, mas como
coisas, de consequência, objeto material somente do crime de dano.

O homicídio é uma ação condenada pela sociedade por ser contrária à lei. Posto isto, quem for
considerado culpado de ter cometido um homicídio é condenado nos termos da lei. As
penas/condenações variam de acordo com a qualificação do homicídio, já que se considera que
certos homicídios são mais graves do que outros (quando a vítima é familiar ou tem um
laço/vínculo com o assassino, etc.). Existem casos, porém, em que o homicida é inimputável (não
se lhe pode imputar a responsabilidade penal dos seus atos). Isto acontece quando o atacante sofre
alterações psíquicas (perturbações) ou se é menor de idade, entre outras causas. Nesses casos, o
homicida recebe algum tipo de tratamento como uma maneira de tentar modificar a sua conduta.

O objeto material é a pessoa que sofre a conduta criminosa, enquanto o objeto jurídico é o interesse
protegido pela norma, isto é, a vida humana (NUCCI, 2008, p. 577). Os homicídios abalam a
província de Inhambane e a situação já preocupa os órgãos de administração da justiça. A maior
parte dos homicídios alegam feitiçarias que supostamente são a causa desta onda de homicídios na
província, são problema estruturais e sociológicos, quer dizer, problemas de má compreensão e
interpretação dos fenómenos.

Nos últimos dias a província registou setenta e dois casos de homicídios voluntários, cujas causas
estão relacionadas com a bruxaria e problemas passionais. Os distritos de Inhassoro, Vilankulo,
Massinga e Zavala são os que registam mais assassinatos.

Neste sentido, a conduta tipificada pelo homicídio, consiste em matar alguém, eliminar a vida de
um ser humano, com toda sorte e gama de meios para a sua concepção, como desferir golpes de
faca na vítima ou atirar nela (meios diretos), os dependentes de outra causa para que o resultado
seja atingido, tais como açular um cão bravio ou um doente mental em detrimento da pessoa que
se quer matar, coagir alguém ao suicídio (indiretos). Podem ser materiais, que atingem a
integridade física do indivíduo, de forma mecânica, química ou patológica, bem como morais ou
psíquicos, com o agravamento de doenças já existentes, que eleva a morte, ou provocando-lhe
reação orgânica, como o susto ou condução de um cego ao abismo.

Você também pode gostar