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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

FACULDADE MINEIRA DE DIREITO

Disciplina: Direitos Humanos e Fundamentais


Turno: Noturno
Professor: Ricardo Guerra Vasconcelos
Alunos: Luiza Helena Paula Freitas
Paulo César de Araújo Preá

O estudo desenvolvido a respeito das gerações dos Direitos Humanos nos


faz refletir sobre a aplicação e o descaso dos direitos no meio social
contemporâneo, portanto, é de mister importância entender as gerações.
A ideia acerca de dimensões dos direitos humanos se dá pela concepção do
jurista francês Karel Vasak, que estabeleceu no ano de 1979, a classificação de três
gerações dos direitos humanos, no qual cada uma trazia consigo especificidades,
segundo o proposto por Vasak, as gerações seguiram o dilema da Revolução
Francesa, do modo que, respectivamente, a primeira geração, a liberdade (liberté);
a segunda marcada pela igualdade (égalité); e a terceira pela fraternidade, ou
solidariedade social (fraternité).
A priori, a primeira dimensão dos direitos, acerca dos princípios à liberdade
do indivíduo, tem por base os direitos a defesa contra intervenções indevidas do
Estado, admitindo, entretanto, uma ação mínima do Estado dentro das liberdades,
de modo a garantir a segurança e a administração Estatal, sem poder influir sobre
prerrogativas da vida, da liberdade, e do direito à propriedade, ou seja, direitos às
prestações negativas, “nas quais o Estado deve proteger a esfera de autonomia do
indivíduo” (RAMOS, André Carvalho, pág.53, 2017).
Seguindo, no tocante a segunda dimensão dos direitos humanos, a figura
do Estado passa por uma modificação, de forma que não mais exerce uma função
preponderante negativa, contudo, é exigido deste uma participação ativa, de modo
que, deixa de ser um simples fiscal de regras e da administração jurídica; ademais,
a segunda geração é marcada pelos direitos da igualdade, que cerceiam os
princípios da segurança e da dignidade social, como a saúde, a educação,
habitação e direitos trabalhistas advindos de lutas sociais, a exemplo da
Constituição de Weimar, que introduz deveres Estatais à promoção e a proteção dos
direitos sociais.
E, por fim, dentro do pensamento de Vasak, a terceira dimensão são
aqueles voltados à coletividade solidária, o conhecido princípio da fraternidade, ou
seja, é cerceado pela vida em comunidade, buscando a promoção da paz,
qualidade de vida saudável, progresso, e, ademais o direito ao meio ambiente, de
modo que, são direitos voltados à proteção da espécie humana.

Findando as três dimensões propostas por Vasak, é notório a difusão acerca


de outras duas gerações de direitos humanos por teóricos do direito como Paulo
Bonavides e Norberto Bobbio, que estipulam paradigmas promocionais da quarta e
quinta geração dos direitos humanos; a quarta geração é decorrente da
globalização dos direitos, no qual se pretende promover a democracia política, a
pluralidade, e as manipulações genéticas, trazendo consigo princípios da bioética,
buscando a “defesa da dignidade da pessoa humana contra intervenções abusivas
estatais, e a quinta geração, caracterizada pela paz, pela ausência de violência
estrutural marcada pela negligência com princípios fundamentais e do progresso
social.
Dentro das dimensões, será explicitado a dicotomia entre os direitos
humanos reais e a aplicabilidade dentro da sociedade contemporânea brasileira, a
começar, pelas discussões a respeito do caso do assalto ao ônibus da linha 174 no
Rio de Janeiro, em junho de 2000, este caso expõe grandes descasos que ocorre
com os direitos humanos e fundamentais, de maneira intrínseca na sociedade.
A priori, o autor do atentado Sandro do Nascimento foi testemunha ocular
do assassinato de sua mãe aos oito (8) anos de idade, virando morador de rua em
seguida, acabou se tornando usuário de drogas, necessitando de abrigo, que lhe foi
oferecido pela igreja da candelária, onde fez amizades, dos quais, vieram a falecer
em consequência do massacre da candelária, anos mais tarde Sandro veio a
cometer o crime do ônibus 174.
Esta breve contextualização possibilita analisar princípios básicos que foram
deixados ao ostracismo, a começar pelas negligências que ocorrem dentro das
periferias, o descaso e as desigualdades sociais, propiciam a quebra de direitos de
segunda dimensão, a segurança e a igualdade social que não são aplicados,
marcada pela morte da mãe de Sandro. Ademais, o adentro do mesmo ao consumo
de drogas e a sua vida nas ruas evidencia o descaso ainda comum na sociedade
que afronta a dignidade, e, não promove a educação e cidadania dos jovens.

Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,


ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL. [(Constituição
(1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil: 53º edição, 2018.)

Em seguinte, o massacre da candelária marca a dificuldade de defesa de


princípios da primeira dimensão, como a vida, que deveria ser protegida pelo Estado
e pelas entidades competentes, ainda mais, pelo fato de se tratarem de crianças e
adolescentes assassinados cruelmente.
O lado mais chocante dessa situação é o descaso da sociedade e das
autoridades competentes, sobretudo do Poder Judiciário, que não defende,
como deveria, os direitos sociais e econômicos e é lento e negligente em
relação às violências explícitas. (BENEVIDES, Maria Victoria, pág.335,
2007)

Por fim, como nos dizeres de Afonso Padilha, diretor do filme sobre o
assalto ao Ônibus 174, tanto Sandro, os reféns, e até os policiais fazem parte de um
sistema de descaso com a população, marcado por desigualdades sociais, visto que
desde o começo dessa história, no assassinato da mãe de sandro princípios básicos
já vinham sendo quebrados, a segurança, a injustiça, a falta de dignidade para com
as crianças e moradores de rua, findando no fatídico momento do assalto que
marca a falta de treinamento e dignidade com a Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Os Direitos Humanos são direitos fundamentais do ser humano, sem eles, o
ser humano não consegue participar plenamente da vida em sociedade. Eles são
um conjunto de leis, vantagens e prerrogativas que devem ser reconhecidos como
essência pura pelo ser humano para que este possa ter uma vida digna, ou seja,
não ser inferior ou superior aos outros seres humanos porque é de diferente raça,
de diferente sexo ou etnia, de diferente religião, entre outros. Os Direitos Humanos
são importantes para que viver em sociedade não se torne um caos. São
importantes para a manutenção da paz e do Estado, e todos os cidadãos a ele
pertencentes devem respeitar e obedecer.
Pode parecer que não está sendo cumprido, mas a principal função dos
Direitos Humanos é proteger os indivíduos das injustiças, arbitrariedades, do
autoritarismo e dos abusos de poder. A dignidade humana, a igualdade, a
fraternidade e a liberdade, pelo menos a do pensamento, a da democracia, são
valores e princípios básicos da sociedade judaico-cristã moderna. Uma sociedade
mutante que se transforma e transforma o mundo.
A Declaração universal dos Direitos Humanos pode ser considerada como a
maior prova existente de consenso entre os seres humanos, pelo menos é o que
defendia o nobre filósofo e jurista italiano Norberto Bobbio (1992).
Para Bobbio (1992), a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi uma
inspiração e orientação para o crescimento da sociedade internacional, com o
principal objetivo de torná-la num Estado, e fazer também com que os seres
humanos fossem iguais e livres. E pela primeira vez, princípios fundamentais
sistemáticos da conduta humana foram livremente aceitos pela maioria dos
habitantes do planeta.
Com isso, os Direitos Humanos são os direitos de liberdades básicos de
todas as pessoas. A concepção que normalmente é passada sobre Direitos
Humanos é o livre direito de pensar e expressar nossos pensamentos, e a igualdade
perante a lei. Mas comprovadamente na prática é constatado que somente somo
livres no que tange aos pensamentos, ou seja, é direito poder pensar livremente,
mas expressar os pensamentos através de atos, atitudes, já não é assim tão
possível. Não é de posse do homem a liberdade plena no que tange a atitudes,
ações e manifestações.
À vista disso, a ideia de Direitos Humanos, advindas do conceito filosófico
de direitos naturais que são atribuídos por Deus, igualando todos perante Ele, ou
seja, todos são iguais para Deus. Ele ama a todos em condições de igualdade, e
indistintamente e, todos são irmãos, filhos de um único Criador.
Os direitos humanos, portanto, são arqueados por princípios legais e teorias
acerca de sua instrumentalização social. Entretanto, a aplicação dos direitos
humanos esbarra nas desigualdades provocadas no âmbito social dos mesmos,
além do descaso das entidades competentes. De modo que, é necessário superar
esse sistema, preservando a tutela jurídica, buscar meios que supram a crença no
progresso humano, buscando a dignidade e a justiça para todos os indivíduos.

Referências

BOBBIO, Norberto, Dicionário de política I Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e


Gianfranco Pasquino; 1. ed.- Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.

Brasil. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil [recurso


eletrônico]. — Brasília : Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Documentação,
2019.

RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos/ André de Carvalho


Ramos. - 4. ed.- São Paulo : Saraiva, 2017.

SILVEIRA, Rosa Maria Godoy, et al; Educação em Direitos Humanos: Fundamentos


teórico-metodológicos. – João Pessoa: Editora Universitária, 2007.

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