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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

FACULDADE MINEIRA DE DIREITO

Ana Carolina Peixoto


Paulo César de Araújo

ATIVIDADE II: RONALD DWORKIN

Belo Horizonte
2021
Ana Carolina Peixoto
Paulo César de Araújo

ATIVIDADE II: RONALD DWORKIN

A ATIVIDADE II traz como objetivo a


exposição das contribuições, da vida e das
obras de célebres pensadores e filósofos do
Direito.

Orientador: Ângelo José Salvador


Belo Horizonte
2021
Essa exposição traz como foco basilar as contribuições de Ronald Myles Dworkin,
nascido em Worcester, Massachusetts, 11 de dezembro de 1931, e que viera a falecer 14 de
fevereiro de 2013, considerado e apontado como um dos mais célebres e importantes teóricos
e pensadores da filosofia jurídica, uma vez que, suas obras e feitos são de valiosa contribuição
no meio acadêmico e jurídico até os dias hodiernos. Ademais, além de sua sumária e principal
contribuição ter sido na elaboração de teorias do direito, fez trabalhos majestosos em diversos
campos, como a Filosofia Política e Moral.
No tocante às contribuições de Dworkin, as discussões acerca do Positivismo possuem
um prisma fundamental no pensamento do filósofo. É de se notar que o pensador traz consigo
uma contraposição que enaltece de forma gloriosa as discussões que ecoavam na academia do
Direito até então estudado; o filósofo parte de um princípio considerado pelos pensadores de
seu tempo, um tanto quanto problemáticos, devido a suas valorosas críticas aos princípios e
fundamentos sobre o Positivismo Jurídico, divergindo e trazendo novos ares as posições e
colocações de Hans Kelsen e H.L.A Hart, em outras palavras, afrontando os maiores expoentes
da filosofia jurídica do Século XX até então.
Conforme Bittar (2015, pág. 527) Dworkin nega com veemência o pensamento
elaborado por Kant, e desenvolvido e estabelecido por Kelsen de que dentro do mérito jurídico
deveria haver a separação entre o ser e o dever ser, que Direito e Moral possuem princípios e
bases que poderiam ser metodologicamente separadas para a cognição e fundamentação das
práticas jurídicas; Dworkin, em contrapartida, expôs que o sistema jurídico não se põe como
uma forma de discricionariedade ao juiz que não possui parâmetros para julgar e tomar
decisões, ou seja, para o pensador não existe uma moldura aberta para a decisão discricionária
do intérprete do Direito, para o pensador não pode haver uma separação entre o Juiz e a ordem
positiva jurídica.
Ademais, Ronald Dworkin não aceita a ideia de metalinguagem externa para
fundamentar o Direito, isto é, ele contraria a ideia de Norma Fundamental proposta por Kelsen
em Teoria Pura do Direito (1998, pág. 137) , e o reconhecimento, por Hart. E é desse ponto de
partida que se fomentam as práticas hermenêuticas ao positivismo jurídico nos tempos
contemporâneos.
Dentro dessa crítica ao positivismo, Dworkin explica que a validade de uma norma não
advém de uma norma externa, mas sim, do fato, isto é, uma norma só válida partindo de outra
norma, independentemente de seu mérito ou conteúdo, ela não passa a ser válida, mas antes é
aceita como um fato social, ou seja, a fundamentação do Direito são as bases sociais aceitas na
sociedade. Portanto, as normas jurídicas são uma consequência da convencionalidade, ainda
que seja propagada por meios nefastos ou virtuosos.
Dando prosseguimento, Dworkin defende em seu pensamento que a interpretação do
Direito, não se origina do nada (ex nihilo nihil fit), tampouco da discricionariedade do
intérprete do Direito, mas sim, de uma volta ao sentido social pactuado e aceito socialmente,
mas sob uma nova perspectiva e uma situação que até então desconhecida. Deste modo, a
interpretação que deve ocorrer deve estar em acordo com os conjuntos e valores estabelecidos
e adotados socialmente, que geram no intérprete do Direito pressões e determinações que
defendem os ideais pactuados e sancionados socialmente, o Direito deve, portanto, realizar
valores e suprir expectativas de justiça que lhe antecedem, conforme Bittar (2015, pág.528)
Ademais, Dworkin remete a “moral política", que evidencia a busca pela correta e justa
decisão mediante casos controversos e difíceis de julgar, devido à zona de penumbra (Hard
Cases) que os cercam. Destarte, é neste ponto em que se evidencia a evolução nas
contribuições do pensamento dworkiniano, pois, se outrora, apenas buscava a defesa pela
autonomia individual, isto é, um princípio liberal, o autor, após o estabelecimento de seu
pensamento passa a difundir que “a satisfação do bem particular de cada um (privado) não
pode ser conquistada sem que alguns elementos de justiça (público) intervenham para o
consentimento da realização deste bem particular” (BITTAR, 2015, págs. 529-530).
Os pensamentos de Dworkin partem para a compreensão de que os princípios e normas
são estabelecidos e passam a compor o arcabouço e sistema jurídico ao passo em que as
normas jurídicas válidas ou não, se aplicam de forma concreta ou não. Deste modo, os
princípios que em todo tempo são aplicados fazem parte ou são traçados mediante uma
interpretação de casos concretos que devem estar em acordo e alicerçados aos valores morais
que possuem vigor socialmente.
Ademais, para Dworkin, são estes princípio que auxiliam os juízes no processo de
tomada de decisão, nos já mencionados hard cases, que são os caso complexos e de difíceis
liames de sentenciação e tomada de decisão judicial, para o pensador são ideais fundamentais
para a construção, criação e solidificação da validade do sistema, e é a partir dessa
concatenação que o filósofo passa a analisar e explorar a coerência jurídica.
Dentro do pensamento sobre a coerência jurídica, Dworkin defende o prisma que pelo
fato do sistema jurídico ter por base princípios e normas aceitam e postas socialmente, o
Direito lança ao ostracismo e deixa de depender da ideia de normas criadas somente pelo
poder legislador, mas invoca mais uma vez as práticas socialmente legitimadas. Conforme
Bittar (2015) o termo "lógica intersistêmica", além do mais, segundo este pensamento, no
qual toda norma posta advém de uma pressuposto passado, não se busca em supra sumo a
verdade em si, mas sim a coerência com a qual as decisões são tomadas, ou seja, as decisões
são tomadas e pautadas em valores morais estabelecidos.
É de suma importância tecer algumas ressalvas sobre a confiabilidade e infabilidade
dos princípios no processo interpretativo hermenêutico, pois, o próprio Dworkin admite que
apesar de pautados sob um mesmo aspecto histórico, social e cultural, pode haver divergências
na prática, e decisões serem tomadas de diferentes pontos de vista, isto ocorre devido à
complexidade humana no que tange a interpretação dos fatos, e para o pensador, um dos
motivos que exaltam a democracia. Para ele, esse fato não deve ser um passe livre à
arbitrariedade do juiz, mas sim, uma maneira do intérprete amalgamar as normas positivadas e
efetivamente consagradas às suas interpretações para argumentar e resolver os conflitos
jurídicos, conforme Bittar (2015, pág. 533)
A partir dessa breve exposição, conclui-se que autor não se absteve em fazer frente às
discussões acerca do positivismo jurídico, pelo contrário, constitui como um célebre
desenvolvedor de novas perspectivas de análise e argumentação no prisma da tradição
positivista, e traçar pressupostos que divergiam em sua essência dos pensamentos de Kelsen e
Hart. Em suas obras ele introduziu a premissa de que as normas não advém de um mundo das
ideias, como a norma fundamental, mas sim, de valores e normas que antecedem as normas
jurídicas, e que são defendidas pela tradição social, isto é, o sistema jurídico não nasce de um
fator externo a sociedade, mas sim dos valores de moral e justiça intrínsecos dentro dela.
Referências

BITTAR, Eduardo Carlos. Curso de Filosofia do Direito. 11. edição – São Paulo: Atlas, 2015.

DWORKIN, Ronald. Direito, filosofia e interpretação. Tradução de Raíssa R. Mendes.


Cadernos da Escola do Legislativo, Belo Horizonte, 3(5), p. 44-71, jan./jun. 1997.

JUNIOR, Ronaldo Porto Macedo. Ronald Dworkin - Teórico do direito, Enciclopédia


Jurídica da PUC SP, Teoria Geral e Filosofia do Direito, Edição 1, Abril de 2017. Disponível
em: <https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/126/edicao-1/ronald-dworkin---teorico-do-direito>

KELSEN, Hans. Teoria pura do direito / Hans Kelsen ; [tradução João Baptista Machado]. 6ª
edição. - São Paulo : Martins Fontes, 1998.

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