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Aluno: Paulo César de Araújo Preá

Direito - PUC Minas, 9º Período, Noite

Audiência de Custódia

A priori, cabe estabelecer que a necessidade da Audiência de Custódia vem


preponderantemente em virtude da Defesa do JUS COGENS, defendido precipuamente pelas
cortes internacionais e convencionado em tratados visando assegurar os direitos humanos
como parte da prerrogativa defensiva daquele que lhe é imputado o cometimento de delito.
Nesta toada, a iniciativa da Audiência de Custódia ao ser integrada no Procedimento Penal
estabelece conformidade com o disposto no art. 7.5 da Convenção Americana de Direitos
Humanos (CADH) que determina: “Toda pessoa presa detida ou retida deve ser conduzida,
sem demora à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções
judiciais e tem o direito de ser julgada em um prazo razoável ou de ser posta em liberdade”.
Diante disto, a audiência de custódia é uma ferramenta fundamental para garantir o
respeito aos direitos humanos e a efetividade da justiça criminal no Brasil. Em consonância
com o Código de Processo Penal e a Resolução do CNJ, esse procedimento tem o potencial
de prevenir violações de direitos e garantir que a prisão seja uma medida excepcional (Ultima
Ratio), justificada pela necessidade de proteção da sociedade e do próprio detido. Para Aury
Lopes Jr (2019, p. 751) “a audiência de custódia humaniza o ato da prisão, permite um
melhor controle da legalidade do flagrante e, principalmente, cria condições melhores para o
juiz avaliar a situação e a necessidade ou não da prisão cautelar”, sendo desta forma um
instrumento de grande relevância para a promoção da justiça e para o fortalecimento do
estado democrático de direito, que possui a liberdade como um pressuposto.
Ademais, a obrigatoriedade da AC foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal, na
decisão da ADPF 347, devendo, pois, após o ato da prisão em flagrante, o suspeito será
encaminhado ao Delegado de Polícia Civil, que deverá lavrar o Auto de Prisão em Flagrante
de Delito (APFD), e, logo após deverá ser apresentado ao juízo competente, para conferir e
analisar se o caso em concreto enseja a decretação de prisão provisória ou temporária, ou
medidas cautelares (relaxamento de prisão, liberdade provisória). Neste tocante, o lapso
temporal entre a comunicação do flagrante à autoridade judicial é de até 24 horas, conforme
positivado no art. 1º da Resolução 213 de 15/12/2015, do Conselho Nacional de Justiça.
Adiante, é importante esclarecer que na AC, deverão estar presentes, além do Juiz(íza)
competente, o Ministério Público, a Defesa e a pessoa em estado de flagrância.
Dever-se-á respeitar as garantias individuais, como contraditório e a ampla defesa,
devendo ser respeitado, o direito à fala, ao silêncio, inclusive ser esclarecido neste momento
sobre abusos e violências no cursos da prisão, além disso, o art. 6º da Resolução 213 do CNJ
dispõe que antes da apresentação da pessoa presa ao juiz, será assegurado seu atendimento
prévio e reservado por advogado por ela constituído ou defensor público, sem a presença de
agentes policiais, sendo esclarecidos por funcionário credenciado os motivos, fundamentos e
ritos que versam sobre a audiência de custódia. Ademais, é na AC que deverá ser avaliada a
possibilidade e adequação das medidas cautelares diversas (art. 319 do CPP), e não obstante,
é importante frisar que esse momento não se presta à análise do mérito (autoria e
materialidade), reservada para o interrogatório de eventual processo de conhecimento.

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