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UNIFAMAZ

Pós-Graduação lato sensu em Direito Penal e Processual Penal

Módulo Sistema Penal e Política Criminal em 20 e 21 de novembro de 2021

Prof(a).: Ma. Tainá Ferreira

A AMPLIAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA PARA QUALQUER HIPÓTESE DE


PRISÃO
Carolina Lobato de Lima – CPD 122026

Karen Teixeira de Siqueira – CPD 122828

Silvia dos Santos Oliveira – CPD 122040

O presente artigo busca abordar a importância da ampliação da realização de


audiência de custódia, como forma de assegurar não tão somente ao preso em flagrante esse
direito, pois de acordo com o artigo 7º,5. Do Pacto de San José da Costa Rica 1969, no qual
o Brasil é signatário.1

Portanto Garantindo a todos os presos a oportunidade de estarem diante de um Juiz


ou autoridade autorizada, para que seja verificada a necessidade ou não de serem mantidos
em unidade prisional provisoriamente, contudo somente com o advento do pacote anticrimes,
lei 13.964 de 2019, foi introduzido no artigo 310 do Código de Processo Penal, tal previsão de
audiência de custódia deixando relacionado ao preso em flagrante e determinando que tal
medida seja ocorrida no prazo de 24 horas para que seja averiguado a necessidade da prisão.,
estando disposto da seguinte forma.2

É necessário e relevante aprofundar o estudo sobre tal audiência e suas implicações


diante do questionamento de como a utilizar a audiência de custódia para a diminuição dos
presos provisórios?

Objetivando que essa redução cumpre o seu papel social, resguardando as garantias
individuais, servindo assim de instrumento para a aplicação dos Direitos Humanos, que se
tornaram atualmente o limiar ético que não deveria jamais ser transpassado, sobre como a

1
“Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra
autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de
ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a
garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo”
2
"Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após
a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado
constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz
deverá, fundamentadamente”
sociedade e o controle do Estado, deverá reagir diante de sua população, dessa forma os
presos que permaneceriam presos são aqueles que efetivamente precisam de tal medida,
pois oferecem risco ao processo ou a vítima, ou a ordem pública, ou ainda os que já estão de
forma definitiva, servindo também como uma medida desencarceradora, tendo em vista que
normatiza e acompanha individualmente a necessidade da prisão em cada situação,
buscando evitar longos períodos desnecessários de presos provisórios em unidade prisional,
e consequentemente, a redução dos gastos do Estado para manter uma pessoa no cárcere,
evitando a manutenção de prisão ilegais e/ou irregulares. Á luz da criminologia pelo Realismo
marginal do Zaffaroni que diz sobre Substituição do sistema penal por formas efetivas de
resolução de conflitos sendo complementado pelo garantimos sobre a aplicação de pena
como prevenção das injustas punições.

Outro ponto relevante é a discricionariedade que o Juiz possui para a realização da


audiência de custódia, pois apesar de estar no Artigo 319 do CPP e na resolução CNJ nº
213/2015 – CNJ, que tornou obrigatória desde 2015, a realização das audiências de
custódia após o momento da prisão em flagrante, sendo um instrumento processual que
garante ao preso o direito de ser apresentado a um juiz de Direito em até 24 horas, cautelar
ou decorrente de condenação, cada vez mais o entendimento apresentado nos Pactos
Internacionais ganha força sendo confirmada pelo Supremo Tribunal Federal ao julgar, em
2015, a ADI 5240 e a ADPF 347. a ampliação da realização das audiências de custódias para
qualquer prisão, sendo um passo importante para uma maximização da efetividade dos
direitos humanos, pois o encontro com o juízo, lhe oportunizará um interrogatório para fazer
valer direitos fundamentais assegurados à pessoa presa nos tratados internacionais, bem
como verificar as circunstâncias relativas à legalidade dessas prisões.

Permitindo, portanto, que os Juízes utilizem medidas diversas à prisão ficando ao


seu critério a fixação de medidas cautelares e podendo inclusive aplicar medidas diversas do
que está disposto em lei, sendo verificado somente de que modo o nacional foi detido,
analisando a legalidade da medida extremada, bem como, se a prisão será mantida, relaxada
ou substituída por medidas cautelares, quando estas forem suficientes para assegurar a
ordem pública.

Desse modo, no município de Ananindeua/PA, um caso de homicídio que tramitava


na Vara do tribunal do júri, por ser um processo público em tramitação pelo nº 0000178-
28.2004.8.14.0006, após ter sido decretado a prisão preventiva do réu, anos depois teve a
sua captura e com a comunicação da prisão foi designada a audiência de custódia que por
analisar a irregularidades da abordagem policial na residência e por ausência de data de
contemporânea ao mandado de prisão foi concedida alvará de soltura para que respondesse
em liberdade na instrução processual.

Por fim, é necessário aprofundar cada vez mais o estudo sobre como a audiência de
custódia, é um importante instrumento para a garantia da equidade e da diminuição das
desigualdades sociais, pois permite o acesso a justiça sem distinção, devendo deixar de ser
uma discricionaridade no qual o Juiz poderia ou não realizar em todas as prisões e passando
a ser obrigatória, restando comprovadas as vantagens de em determinados casos a utilização
de medidas desencarceradoras, aproximando o Juiz do seu papel de garantir que a cada
acusado lhe seja oportunizado individualmente a atenção justa para que esse responda de
acordo com as suas ações, e além disso exerça o seu papel como fiscal coibindo possíveis
ilegalidades em abordagem ou excessos policiais, procurando minimizar as atuações policiais
ilegais ou em desacordo com os direitos humanos, sendo portanto de extremo avanço social
tanto a sua criação, quanto a sua implementação se fazendo urgente a sua ampliação
uniforme e regulamenta para que seja executada em todo País.

Referência
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. DECRETO LEI Nº 3.689, DE 03 DE OUTUBRO DE 1941.
Disponível em: HTTP://WWW.PLANALTO.GOV.BR/CCIVIL/DECRETO-LEI/DEL3689.HTM.
(ACESSO EM 20.11.2021)

CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS/ PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA


RICA, 1969 disponível em:
<http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm >
Acesso em: 20/11/2021.

IBCCRIM, STF discute ampliação de audiência de custódia para qualquer hipótese de


prisão, 09 de dezembro de 2020, disponível em
https://www.ibccrim.org.br/noticias/exibir/8282 (Acesso em 20.11.2021)

PAIVA, Caio. Audiência de Custódia e o Processo Penal Brasileiro - 3ª edição Capa comum
– 1 janeiro 2018 · Editora. Editora CEI · Data da publicação. 1 janeiro 2018 · ISBN-10.

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