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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO FRANCISCO

COORDENAÇÃO DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO


COORDENADORIA DE DIREITO

RAIRA MARIA JACI DE SÁ BARRÊTO

TJV- Temas Jurídicos Verticalizados-Temas atuais de Processo Penal

Pedreiras
2024
RAIRA MARIA JACI DE SÁ BARRÊTO

TJV- Temas Jurídicos Verticalizados-Temas atuais de Processo Penal

Trabalho apresentado como exigência para


aprovação na disciplina de TVJ – Temas Jurídicos
Verticalizados do Curso de Bacharelado em Direito
da Faculdade de Educação São Francisco.

Professor: João MarcosQueiroz

Pedreiras
2024
1- Qual o primeiro provimento no Brasil que instituiu a audiência de custódia?
R= O primeiro provimento no Brasil que instituiu a audiência de custódia foi o
Provimento nº 1, de 2015, da Corregedoria Nacional de Justiça. Essa medida foi uma
iniciativa importante para garantir o cumprimento dos direitos fundamentais das pessoas
presas em flagrante delito, permitindo que elas sejam apresentadas a um juiz em até 24 horas
após a prisão, para que este avalie a legalidade e necessidade da prisão, além de verificar
possíveis situações de violência ou maus-tratos durante a detenção.
2- Qual o embasamento jurídico constitucional e internacional para a
implementação da audiência de custódia?
R= A implementação da audiência de custódia possui embasamento jurídico tanto em
dispositivos constitucionais quanto em instrumentos internacionais de direitos humanos.
Constituição Federal Brasileira: A audiência de custódia está em consonância com
diversos princípios e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal do Brasil, tais
como:
Princípio da dignidade da pessoa humana: A apresentação rápida do preso ao juiz
contribui para assegurar sua dignidade, evitando a exposição a situações degradantes ou
abusivas.
Princípio do devido processo legal: A audiência de custódia garante que o preso tenha
a oportunidade de ser ouvido por um juiz imediatamente após a prisão, assegurando seu
direito a um processo legal justo.
Princípio da presunção de inocência: Ao permitir que o juiz avalie a legalidade e a
necessidade da prisão logo após a sua realização, a audiência de custódia reforça o princípio
da presunção de inocência até que haja decisão judicial definitiva.
Princípio da não violência e da proibição de tortura: A audiência de custódia ajuda a
prevenir casos de violência policial e tortura, garantindo que eventuais abusos sejam
identificados e investigados precocemente.
Instrumentos Internacionais de Direitos Humanos: A implementação da audiência de
custódia também está em conformidade com tratados e convenções internacionais ratificados
pelo Brasil, tais como:
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP): Este tratado estabelece que
qualquer pessoa privada de liberdade deve ser tratada com humanidade e com respeito à
dignidade inerente à pessoa humana (Artigo 10), e garante o direito de qualquer pessoa presa
ser conduzida sem demora à presença de um juiz (Artigo 9).
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica):
Este tratado prevê que toda pessoa detida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um
juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais (Artigo 7).
Portanto, a audiência de custódia encontra respaldo tanto na legislação nacional quanto
nos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil no âmbito dos direitos humanos.
3- Qual instrumento legal (lei) regulamentou a audiência de custódia no Código
de Processo Penal?
R= A audiência de custódia foi regulamentada no Código de Processo Penal Brasileiro
por meio da Lei nº 13.964/2019, conhecida como "Lei Anticrime". Essa lei alterou o Código
de Processo Penal para incluir o artigo 310-A, que estabelece a realização da audiência de
custódia no prazo de 24 horas após a prisão em flagrante delito.

4- Que providências o juiz pode adotar quando da realização da audiência de


custódia?
R= Durante a realização da audiência de custódia, o juiz pode adotar diversas
providências, com o objetivo de garantir a legalidade da prisão e a proteção dos direitos
fundamentais do preso. Algumas das principais medidas que o juiz pode adotar incluem:
Verificação da Legalidade da Prisão: O juiz analisa se a prisão foi realizada em
conformidade com os requisitos legais estabelecidos, como a presença de flagrante delito ou
mandado de prisão válido.
Avaliação da Necessidade da Prisão: O juiz verifica se a prisão é necessária para
garantir a ordem pública, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal, ou se medidas
cautelares alternativas seriam adequadas.
Verificação de Possíveis Violências ou Maus-Tratos: O juiz investiga se o preso foi
submetido a violência física, psicológica ou qualquer forma de maus-tratos durante a prisão,
garantindo a integridade física e psicológica do indivíduo.
Oitiva do Preso e sua Defesa: O juiz permite que o preso seja ouvido durante a
audiência, podendo apresentar sua versão dos fatos e expor eventuais irregularidades
ocorridas durante a prisão. Caso o preso não possua advogado constituído, o juiz designa um
defensor público para atuar em sua defesa.
Decisão sobre a Prisão Preventiva ou a Concessão de Liberdade Provisória: Com base
nas informações apresentadas durante a audiência, o juiz decide se mantém a prisão
preventiva do indivíduo, determina sua liberdade provisória com ou sem medidas cautelares
alternativas, ou estabelece outras providências cabíveis.
Encaminhamento para Atendimento Médico ou Social: Caso necessário, o juiz pode
determinar o encaminhamento do preso para atendimento médico ou social, visando garantir
sua integridade física e psicológica.
Essas são algumas das providências que o juiz pode adotar durante a audiência de
custódia, buscando assegurar o respeito aos direitos fundamentais do preso e a legalidade da
prisão.

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