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Entretanto, a lei prevê que, em determinadas situações, essa liberdade pode ser
cassada, como é o caso de prisões temporárias, preventivas e condenatórias.
Ainda assim, existem casos em que uma prisão é executada de forma ilegal, seja
pela forma como foi realizada, por conta de quem concedeu a ordem ou a
efetivou. Nesses casos, é cabível um instrumento processual chamado habeas
corpus.
Diante da sua importância, pois visa proteger a liberdade das pessoas, o habeas
corpus está previsto na Constituição Federal, no art. 5º, inciso LXVIII, que diz:
Além disso, as etapas processuais deste instrumento estão elencadas nos arts.
647 a 667 do Código de Processo Penal.
De acordo com suas especificações legais, o habeas corpus pode ser dividido em
duas modalidades: a preventiva e a liberatória.
II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a
autoriza;
Sem que existam esses indícios, não há justa causa para a prisão e ela pode ser
considerada ilegal.
Caso desapareça as provas fáticas que autorizaram a medida, não há motivo para
persistir a coação, de modo que, caso ela se perpetue ou se concretize, será
considerada ilegal e, portanto, possibilita a impetração de habeas corpus.
Com isso, a lei determina que qualquer ordem judicial emanada em um processo
nulo será considerada ilegal quando interferir na liberdade do indivíduo.
Assim sendo, caso seja instaurado um novo inquérito policial para averiguar um
crime sobre o qual já houve análise judicial e consequentemente fora decretada a
extinção da punibilidade do indivíduo, é cabível habeas corpus para impedir que a
investigação prossiga.
7 – Impetrante
Impetrante é a pessoa que ajuíza o habeas corpus em nome de um paciente, ou
seja, em nome de quem está sofrendo uma ordem ilegal.
8 – Paciente
É chamado de paciente aquele que sofreu o ato coator ou está na iminência de
sofrê-lo. É, de fato, a pessoa que foi presa de forma ilegal ou está tendo sua
liberdade ameaçada por conta de algum ato revestido de ilegalidade.
O paciente pode impetrar, por si só, o habeas corpus, caso em que ele também
será o impetrante.
9 – Coator
Coator é a autoridade que determinou a prática do ato ilegal. Pode ser um juiz ou
outra autoridade estatal que tenha poder para emanar decisões que interfiram no
campo da liberdade de locomoção dos indivíduos.
10 – Detentor
É chamado de detentor a pessoa que detém ou guarda o paciente, quando for
diferente da pessoa enquadrada como autoridade coatora.
Por último, quando um Tribunal Superior for responsável pela prática do ato, a
competência caberá ao Supremo Tribunal Federal.
Modelo 1.-
URGENTE
,
advogado, inscrito junto à OAB/XX sob o n.º XXXX, com escritório profissional situado
em XXXXXXXXX, ora IMPETRANTE, vem em favor de
GABRIEL DASILVA
, ora PACIENTE, brasileiro, estudante universitário, portador do RG número XX.
XXX.XXX-X, SSP-MG e inscrito no CPF sob o número xxx. Xxx. Xxx-xx, nascido na
data dexx/xx/xxxx, filho de xxxxxx e xxxx, residente e domiciliado em xxxx, xxxx
IMPETRAR
o presente:
DOS FATOS
Modelo 2 .-
MODELO DE HC LIBERATÓRIO - PRISÃO PREVENTIVA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO . . . .
LIVRE DISTRIBUIÇÃO
Impetrante: Beltrano de Tal
Paciente: Francisco Fictício
Autoridade Coatora: MM Juiz de Direito da 00ª Vara da Comarca ...
PEDIDO DE APRECIAÇÃO URGENTE (LIMINAR) – RÉU PRESO
O advogado BELTRANO DE TAL, casado, advogado,
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado, sob o nº 112233, com
seu escritório profissional consignado no timbre desta, onde receberá intimações,
vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, para, sob a égide
dos arts. 648, inciso II, da Código de Processo Penal c/c art. 5º, inciso LXVIII da
Lei Fundamental, impetrar o presente
HABEAS CORPUS
(com pedido de “medida liminar”)
em favor de FRANCISCO FICTÍCIO, brasileiro, solteiro, comerciante, possuidor do
RG. nº. 11223344 – SSP(PP), residente e domiciliado na Rua X, nº. 000 – Cidade
(PP), ora Paciente, posto que se encontra sofrendo constrangimento ilegal, por ato
do eminente Juiz de Direito da 00ª Vara da Cidade, o qual converte prisão em
flagrante e prisão preventiva, mesmo se tratando de delito culposo, cuja decisão
dormita nos autos do processo nº. 33344.55.06.77/0001, como se verá na
exposição fática e de direito a seguir delineadas.
1 - Síntese dos fatos
Colhe-se dos autos do processo supra-aludido que o
Paciente fora denunciado pelo Ministério Público Estadual, em 00 de abril do ano
de 0000, como incurso no tipo penal previsto nos arts. 302, caput, do Código de
Trânsito. Desse modo, para acusação o Paciente cometera delito de crime de
homicídio culposo na direção de veículo automotor. (doc. 01).
Em face do despacho inaugural, o qual demora às fls.
12/14 do processo criminal em espécie, o Magistrado a quo, na oportunidade que
recebera o auto de prisão em flagrante (CPP, art. 310), converteu essa em prisão
preventiva. Na ocasião o Juiz entendera que o crime perpetrado causou revolta
e clamor público em toda Cidade. Acosta-se referido decisum. (doc. 02)
Por conveniência, abaixo evidenciamos trecho da decisão
em vertente:
“Passo a apreciar a eventual conveniência da convolação da prisão em flagrante
em preventiva ou, ao revés, conceder a liberdade provisória, na medida do
enfoque estatuído no art. 310, incs. II e III, do Estatuto de Ritos. Compulsando os
autos, verifico que inexiste qualquer elemento capaz de alterar a classificação
penal feita pela douta Autoridade Policial, apoiada que o fez nas convicções
colhidas dos fólios da pela inquisitória.
O homicídio em espécie causou revolta nesta Cidade, tamanha a futilidade do
crime. De outro modo, o depoimento da testemunha Francisca Paulina expressa
claramente todo o clamor social por Justiça: “Que, do nada o veículo veio em alta
velocidade e atropelou o pobre inocente que passava na calçada; Que, o falecido
era um senhor idoso; Que, acha que toda cidade quer o Francisco preso; Que, se
não fosse preso, acha que a população iria fazer alguma desgraça contra ele,
porque a vítima era pessoa de bem e ajudava bastante as pessoas carentes
daqui;”
( . . . .)
Do cenário carreado aos fólios do inquérito policial, sem qualquer sombra de
dúvida o crime perpetrado reclama a prisão do réu, maiormente pela
irresponsabilidade, futilidade e a comoção que trouxera à pequena cidade de
Cidade.
(...)
Por conseguinte, decretar-se a prisão preventiva é a medida mais acertada à
hipótese em relevo, visto que tal proceder é de toda conveniência à instrução
criminal, para garantia da ordem pública e para assegurar a aplicação da lei
penal.
Por tais considerações, CONVOLO A PRISÃO EM FLAGRANTE PARA A
FORMA ACAUTELATÓRIA DE PRISÃO PREVENTIVA. “
Essas são algumas considerações necessárias à
elucidação fática.
2 - Constrangimento ilegal
2.1. O suposto crime não é doloso
Impertinência da prisão preventiva
A qualificação delituosa em estudo se resume ao pretenso crime
de homicídio culposo na direção de veículo. Esse delito tem previsão estatuída no
Código de Trânsito, que assim reza:
CÓDIGO DE TRÂNSITO
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Com as alterações da Legislação Adjetiva Penal, mais
precisamente do conteúdo expresso no art. 313, vê-se que a prisão preventiva não
mais se coaduna com crimes culposos:
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão
preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a
4 (quatro) anos;
De outro bordo, infere-se que o Paciente não se enquadra
em nenhuma outra das hipóteses fixadas na aludida regra processual, o que, de
pronto, acosta-se as certidões comprobatórias. (docs. 03/07)
Nesse rumo é o magistério de Edilson Mougenot Bonfim: