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Penal III
Habeas Corpus, Recurso Ordinário Constitucional
e Revisão Criminal
Revisão Textual:
Caique Oliveira dos Santos
Habeas Corpus, Recurso Ordinário
Constitucional e Revisão Criminal
• Habeas Corpus;
• Do Recurso Ordinário Constitucional;
• Revisão Criminal.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender o cabimento, a forma de interposição e o alcance do habeas corpus, do recurso
ordinário constitucional e da revisão criminal.
UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário
Constitucional e Revisão Criminal
Habeas Corpus
Fundamentos Legais
Art. 5º, LXVIII, da CF/1988 e arts, 647, e um dos incisos do art. 648 do CPP.
Igualmente, o art. 647 do CPP faz a mesma previsão legal: “Dar-se-á habeas corpus
sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal
na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”.
Figura 1
Fonte: picpedia.org
Conceito
Apesar de o habeas corpus (HC) estar incluído no Título de Recursos do Código de
Processo Penal, é, na verdade, uma ação penal constitucional, i.e., um remédio heroico
constitucional, com a finalidade de tutelar a liberdade de locomoção (o direito de ir, vir
e permanecer).
O autor De Plácido e Silva, (2005. p. 370) traduz: “O habeas corpus é uma locução
composta do verbo latino habeas, de habeo (ter, tomar, andar com), e corpus (corpo), de
modo que se pode traduzir: ande com o corpo ou tenha o corpo”.
Para o autor José Cretella Júnior (1996, p. 141-150): “O habeas corpus é uma ação
constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta de custas e que visa
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evitar ou cessar violência ou ameaça na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder”.
Ele se diferencia do mandado de segurança (MS), que visa proteger o direito líquido e
certo, não amparado pelo habeas corpus ou pelo habeas data.
O habeas corpus assegura a liberdade contra a aplicação errônea da lei penal, contra
a prisão ilegal e em todos os casos em que a ilegalidade atinge a integridade física do
indivíduo como direito inerente à sua personalidade.
Figura 2
Fonte: Getty Images
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UNIDADE Habeas Corpus, Recurso Ordinário
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Em Síntese
• Habeas corpus preventivo: é aquele que tem por finalidade impedir futuro cons-
trangimento ilegal, e, uma vez concedido o habeas corpus preventivo, será expe-
dido salvo-conduto ao paciente, assinado pelo juiz, que o livrará da coação ou da
violência que estiver na iminência de sofrer (art. 660, § 4º, do CPP);
• Habeas corpus repressivo, liberatório, corretivo: é aquele que tem como finalida-
de repudiar constrangimento ilegal à liberdade de locomoção já existente. Exemplo:
alguém que se encontre preso ilegalmente.
Legitimidade
Pode ser:
• Ativa: pode ser impetrado por qualquer pessoa (que tenha interesse de agir), em
seu favor ou de outrem, independentemente de representação de advogado (deno-
minado impetrante). Pode ser impetrado, inclusive, pelo paciente (aquele que está
sofrendo a coação ilegal, ou se encontra na iminência de sofrê-la);
• Passiva: aquele que exerce a violência, coação ou ameaça (denominado coator, ou
autoridade coatora).
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa,
em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.
[...]
§ 2º. Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício
ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem
que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.
Como já dito, qualquer pessoa tem direito a habeas corpus, inclusive o estrangeiro,
independentemente de sua capacidade civil, política, profissional, sexo, profissão, idade,
estado mental e escolaridade.
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No caso de ser analfabeto, alguém deverá assinar a petição a rogo.
É bom ressaltar que o Habeas Corpus pode ser impetrado pela própria pessoa que
está sofrendo ou se acha na iminência de sofrer a violência ou coação ilegal. Também
pode ser impetrado em favor de terceiro.
Existe uma exceção: não haverá habeas corpus em relação ao mérito das puni-
ções disciplinares militares.
Em referência ao juiz, este não poderá impetrar habeas corpus. Todavia, poderá
impetrar quando for em nome próprio, ou seja, ele mesmo sofrendo a coação, na quali-
dade de cidadão comum. Também poderá determinar ordem de ofício, nos processos de
sua competência, desde que não seja ele mesmo a autoridade coatora.
O Supremo Tribunal Federal admite o habeas corpus mediante fax, e-mail, condicio-
nando seu conhecimento por meio do ministro-relator, que o ratifica se impetrado no
prazo concedido.
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II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que
a lei a autoriza;
VI – quando o processo for manifestamente nulo;
VII – quando extinta a punibilidade.
Figura 3
Fonte: studentbriefs.law.gwu.edu
Quando Alguém Estiver Preso por mais Tempo do que a Lei Determina
Diz respeito à prisão provisória (são elas: prisão em flagrante, prisão preventiva,
prisão temporária), não podendo durar mais tempo do que determina a lei. Em face do
princípio da restrita legalidade, apenas com base na lei, o juiz poderá privar a liberdade
individual de alguém. Se extrapolar a previsão legal para a prisão provisória, é cabível
habeas corpus (repressivo/liberatório).
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competente e de forma fundamentada é que pode resultar em privação da liberdade.
Se a autoridade não tem competência para a ordem ou a extrapolar, deve-se acolher o
habeas corpus impetrado.
[...] cessada a necessidade da prisão cautelar, seja pelo fato de o réu não
representar um perigo à ordem pública ou porque não se furtará à aplica-
ção da lei penal, seja em razão do término da instrução criminal, ocasião
em que o acusado não poderá mais influenciar no ânimo das testemu-
nhas, oportuno será o remédio heroico para fazer cessar o constrangi-
mento da liberdade, uma vez verificada a ilegalidade da restrição.
O instituto da fiança está previsto no Código de Processo Penal, arts. 321 a 351.
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As causas de extinção de punibilidade estão descritas no art. 107 do CP, mas o rol
não é taxativo. Há outras previstas na lei. Exemplo: arts. 168-A, § 2º, e 312, § 3º,
do CP.
Impetrante
A pessoa que requer – pede – a ordem de habeas corpus. Qualquer pessoa pode
impetrá-lo, em seu favor ou de outrem, inclusive o Ministério Público (art. 654 do CPP).
Os juízes e os tribunais têm competência para expedir, de ofício, uma ordem de habeas
corpus, sempre que verificar, no curso do processo, que alguém está sofrendo ou se
encontra na iminência de sofrer uma coação ilegal (art. 654, § 2º, do CPP).
Autoridade Coatora
A autoridade coatora é aquela responsável pela ilegalidade ou pelo abuso de poder
que compromete a liberdade individual de locomoção.
• Juiz: é a única autoridade que pode decretar a prisão de quem quer que seja, desde
que presentes os requisitos para prisão temporária ou preventiva. Caso decrete a
prisão de alguém sem a presença dos pressupostos autorizadores, haverá ilegalidade.
O mesmo ocorrerá em caso de injustiça no processo;
• Promotor de justiça: pode trazer dúvida se o membro do Ministério Público pode
ser sujeito passivo do HC, já que ele não pratica atos de jurisdição. Será autori-
dade coatora, porém quando praticar atos administrativos com teor decisório que
podem causar constrangimento à liberdade de locomoção, por exemplo, requisição
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de instauração de inquérito policial para apurar crime já prescrito, ou fato atípico,
conforme diz o autor Paulo Rangel, 2019, p. 1065);
• Delegado de polícia: caso venha a realizar prisão sem os requisitos do estado de
flagrância, seja próprio, seja impróprio (art. 302 do CPP), ou instaure inquérito de
ofício para apurar fato atípico, a autoridade policial estará atuando na ilegalidade,
tornando-se sujeito passivo do manejo do habeas corpus.
Importante!
Se, nas mesmas hipóteses, o delegado já tiver remetido os autos ao Ministério Público, que,
ao recebê-los, oferece a denúncia a autoridade coatora será o promotor de justiça, e não
mais o delegado. Caso o juiz receba essa denúncia infundada oferecida pelo Ministério
Público, será ele a autoridade coatora em eventual habeas corpus, deslocando a compe-
tência para Tribunal de Justiça respectivo.
Conforme visto, a autoridade coatora, por via de regra, é um agente público, podendo,
porém, ser um particular, como admite a maioria da doutrina, que traz clássico exemplo
de custódia forçada em hospital, seitas religiosas, asilos para idosos, clínicas de reabilita-
ção para alcoólatras etc.
Autoridade Impetrada
Trata-se de quem julga o Habeas Corpus.
Igualmente, não cabe HC quando o processo versa sobre crime apenado exclusiva-
mente com multa (Súmula nº 693 do Supremo Tribunal Federal).
Também não cabe habeas corpus quando a pena já estiver extinta (Súmula nº 695
do Supremo Tribunal Federal).
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Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará
passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabi-
mento, seja qual for a autoridade coatora.
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas
corpus:
Figura 4
Fonte: Getty Images
Por via de regra, a competência para julgar o habeas corpus é definida em razão da
autoridade coatora:
• Contra ato de promotor de justiça e de delegado de polícia, a competência será
do juiz de direito (ou juiz federal, se o processo for federal) de primeira instância;
• Contra ato de juiz de direito, a competência será do Tribunal de Justiça respectivo;
• Contra ato de juiz federal, a competência será do Tribunal Regional Federal;
• Contra ato do TJ ou TRF, a competência será do Superior Tribunal de Justiça;
• Contra ato do STJ, a competência será do Supremo Tribunal Federal;
• Contra ato de juiz do Juizado Especial, a competência será da respectiva
turma recursal.
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Importante!
Com o cancelamento da Súmula nº 690 do STF, reconhece-se que, sendo a autoridade
coatora a turma recursal de Juizado Especial, o habeas corpus não será mais julgado no
Supremo Tribunal Federal, e sim no Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal,
conforme a matéria.
Em Síntese
Competência:
• Se o coator é o delegado, a peça é dirigida ao juiz criminal;
• Se o coator é o juiz criminal, a peça é dirigida ao TJ ou ao TRF;
• Se o coator é o TJ ou o TRF, a peça é dirigida ao STJ;
• Se o coator é o STJ, a peça é dirigida ao STF.
O habeas corpus deverá ser impetrado diretamente contra o coator, que poderá
ser tanto particular (ato de ilegalidade) como autoridade (ilegalidade e abuso de poder).
Normalmente, a autoridade é pública – promotor de justiça, delegado de polícia, juiz de
direito, tribunal.
Processamento em 1ª Instância
A petição de habeas corpus deve seguir as regras do art. 654, § 1º, do CPP, que traz
o rol do que deverá constar na petição de habeas corpus:
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa,
em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.
§ 1º. A petição de habeas corpus conterá:
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Importante!
Solicitação de informações: recebido o habeas corpus e apreciado eventual pedido
liminar, irá solicitar informações da autoridade apontada como coatora, no prazo que
estabelecer. A autoridade impetrada também poderá interrogar o beneficiário ou, se
entender necessário determinar que este lhe seja apresentado (conforme artigo 656 do
CPP). Após terá 24 horas para decidir.
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Figura 5
Fonte: Getty Images
A decisão será tomada por maioria de votos; havendo empate, caberá ao presidente
decidir, desde que não tenha participado da votação; na hipótese contrária, prevalecerá
a decisão mais favorável ao paciente.
Liminar é uma ordem judicial que tem como objetivo resguardar direitos alegados
pela parte antes da discussão do mérito da causa. Ou seja, é uma concessão ante tempus
do pedido, devendo o mérito ser aferido posteriormente.
Apesar de tal pedido ser amplamente utilizado em diversos atos judiciais, a limi-
nar de habeas corpus não tem previsão legal. É criação jurisprudencial voltada ao
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O pedido liminar deve, aliás, fundar-se exclusivamente no fumus boni iuris (fumaça
do bom direito) e no periculum in mora (perigo na demora).
Importante!
Toda vez que impetramos um habeas corpus, devemos observar, com atenção, o
pedido, pois este é específico para cada tipo de tese.
À vista disso, verificamos, a seguir, como ficam as teses de defesa com seus pedidos
em habeas corpus (arts. 647 e 648 do CPP).
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• expedição de alvará de soltura: caso esteja preso;
• contramandado de prisão: iminência de ser preso, ou HC preventivo;
• revogação da prisão: prisão preventiva decretada.
Em habeas corpus, podemos fazer até três pedidos, desde que o primeiro seja o da
tese respectiva (falta de justa causa, nulidade, extinção de punibilidade) e os demais
sejam em razão da coação (alvará, contramandado, salvo-conduto, revogação da prisão,
relaxamento do flagrante). Por exemplo:
• decretando-se o trancamento da ação penal (tese de falta de justa causa), o relaxa-
mento da prisão em flagrante e a expedição do alvará de soltura;
• decretando-se anulação ab initio da ação penal (tese de nulidade), a revogação da
prisão preventiva e a expedição do alvará de soltura.
Figura 6
Fonte: Getty Images
Se foi decretada prisão, mas ainda não está preso, o documento é o contramandado
de prisão.
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Importante!
A Súmula nº 690 do STF não está sendo utilizada. Os HCs contra decisão de turma recursal
de juizados especiais criminais vão para os tribunais estaduais ou federais.
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Do Recurso Ordinário Constitucional
Fundamento Legal
O recurso ordinário constitucional (ROC) possui dois fundamentos legais:
• Se for dirigido ao STF: art. 102, II, a, da CF/1988;
• Se for dirigido ao STJ: art. 105, II, a, b e c, da CF/1988.
Definição
O recurso ordinário constitucional é cabível das decisões denegatórias de habeas
corpus ou mandado de segurança, proferidas nos casos dispostos a seguir.
• No Supremo Tribunal Federal, o ROC é cabível:
» das decisões dos Tribunais Superiores que julgarem, em única instância, o man-
dado de segurança, o habeas data, o habeas corpus e o mandado de injunção,
desde que denegatórias (art. 102, II, a, da CF/1988);
» das decisões referentes a crimes políticos, previstos na Lei de Segurança Nacio-
nal, nos termos do art. 102, II, b, da CF/1988. A competência para julgamento
desses crimes é da Justiça Federal, conforme dispõe o art. 109, IV, da CF/1988.
• No Superior Tribunal de Justiça, o ROC é cabível:
» das decisões denegatórias de habeas corpus, proferidas, em única ou última ins-
tância, pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais dos estados e do Dis-
trito Federal, nos termos do art. 105, II, a, da CF/1988;
» das decisões denegatórias de mandado de segurança, proferidas pelos tribunais
regionais federais ou pelos tribunais dos estados e do Distrito Federal, conforme
dispõe o art. 105, II, b, da CF/1988;
» das decisões proferidas em causas em que forem partes Estado estrangeiro ou
organismo internacional de um lado, e, do outro, município ou pessoa residente
ou domiciliada no País, nos moldes do art. 105, II, c, da CF/1988.
Figura 7
Fonte: Getty Images
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No caso do STF (art. 102, II, a, da CF/1988), cabe quando for denegada ordem de
habeas corpus proferida em única instância pelos tribunais superiores (STJ, TST, TSE,
STM), ou seja, se foi diretamente impetrado perante a instância superior e lá delegado.
Importante!
Só cabe interposição de recurso ordinário constitucional se foi negada a medida de
habeas corpus ou mandado de segurança. Se a medida é concessiva, cabe recurso extra-
ordinário ou especial.
Endereçamento
O recurso ordinário constitucional é dirigido ao desembargador-presidente do tribu-
nal que denegou a ordem.
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Competência
Compete o julgamento do ROC ao ministro-presidente do tribunal que denegou a
ordem de HC ou o mandado de segurança.
Figura 8
Fonte: Getty Images
• No STJ:
» No caso de denegação de habeas corpus, 5 (cinco) dias (art. 30 da Lei nº 8.038/1990),
já com as razões e o pedido de reforma;
» No caso de denegação de mandado de segurança: 15 (quinze) dias, já com as
razões e o pedido de reforma (art. 33 da Lei nº 8.038/1990);
• No STF: previsão de prazo apenas no Regimento Interno do STF, que diz que o
prazo será de 5 (cinco) dias para interpor recurso ordinário em denegatória de HC.
Quanto ao mandado de segurança, é omisso. Mas a Súmula nº 319 do STF dispõe
que o prazo do recurso ordinário ao Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus
ou mandado de segurança, é de 5 (cinco) dias.
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A tese é a mesma que foi sustentada – e denegada – em HC. Por exemplo, se foi
discutida a liberdade provisória do recorrente, deve ser feita a mesma análise que faria
para um pedido de liberdade provisória ou de revogação de prisão preventiva: ausência
de requisitos para a preventiva ou ilegalidade do flagrante.
Se o habeas corpus impetrado foi para o trancamento de ação penal por falta de
justa causa, terá de arguir as teses de composição do crime, de punibilidade e de falta ou
ilegalidade de provas (ex.: indiciamento com base em delação apócrifa).
Procedimento
O ROC é interposto por meio de petição dirigida ao presidente do tribunal, que
denegou a ordem. Junto com a petição, apresentam-se as razões do pedido de reforma.
Em seguida, os autos vão com vista ao MP para parecer em dois dias (isso no caso de
habeas corpus). No caso de mandado de segurança, o parecer será emitido em cinco dias.
Após, os autos são distribuídos ao relator, que marcará data para julgamento.
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Fonte: Getty Images
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Nestes termos, apresentando desde já suas razões, requer seja recebido e proces-
sado o presente recurso e encaminhado ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça (ou
STF, se for o caso).
Termos em que pede deferimento.
Local e data.
Nome do(a) advogado(a)
OAB/SP nº
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Revisão Criminal
A revisão criminal é regulamentada nos arts. 621 a 631 do CPP.
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Fonte: Getty Images
Definição
A ação de revisão criminal é um dispositivo processual, disponibilizado ao condenado,
com a finalidade de corrigir falhas indevidamente praticadas pelo Poder Judiciário na
esfera criminal, desonerando-o de uma condenação excessivamente desproporcional
ou injusta.
Natureza Jurídica
A revisão criminal é uma ação de natureza constitutiva, pois visa invalidar uma sen-
tença já transitada em julgado. É peça privativa da defesa.
Cabimento
Somente será admitida a revisão dos autos findos, ou seja, após o trânsito em julgado,
quando a sentença condenatória for conforme previsão do art. 621 do CPP, in verbis:
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III – quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de ino-
cência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize
diminuição especial da pena. (grifo nosso).
Justificação Criminal
O entendimento pacificado é de que não se admite a produção de provas durante
a ação de revisão criminal. Para rever as provas, deve ser requerido, perante o juiz que
julgou o processo, um pedido de justificação criminal. Com a justificação criminal, as pro-
vas poderão ser novamente produzidas e servirão para instruir a ação de revisão criminal.
Legitimidade
Como já apresentado neste estudo, a revisão criminal é um instrumento de uso exclu-
sivo da defesa, para o benefício do réu, e nunca para agravar ou piorar a sua situação.
Conforme consta no art. 623 do CPP: “A revisão poderá ser pedida pelo próprio
réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão”.
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Prazo
Não há prazo para a interposição da revisão criminal, podendo ser ajuizada a qual-
quer tempo, e o réu pode estar em fase de cumprimento da sentença.
A revisão pode ser requerida até mesmo após o cumprimento integral da pena, ocor-
rida ou não a extinção da punibilidade; nem mesmo a morte do réu causa a impossibi-
lidade do uso da revisão criminal pelo cônjuge, por ascendente, descendente ou irmão
por meio de um procurador legalmente habilitado.
Indenizações ao injustiçado
A característica principal da revisão criminal é a possibilidade de reparação de um
erro judicial.
Processamento
Primeiramente, deve ser feito um requerimento com a certidão de haver transitado
em julgado a sentença condenatória e com peças que comprovem os fatos que justifi-
quem o ajuizamento da revisão criminal.
Figura 11
Fonte: sintespe.org
O relator não poderá ter pronunciado decisão em qualquer fase do processo e poderá
determinar que se apensem os autos originais.
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Caso o relator julgue insuficientemente instruído o pedido e inconveniente ao inte-
resse da justiça que se apensem os autos originais, irá indeferir a revisão liminarmente.
Independentemente de termo, o relator apresentará o processo em mesa para o
julgamento e relatará sem tornar parte da discussão.
Caso o requerimento não seja deferido in limine, será aberta vista dos autos ao
procurador-geral, para dar parecer em 10 (dez) dias, em seguida examinados os autos,
sucessivamente ao relator e ao revisor, em 10 (dez) dias também, então será julgado o
pedido na sessão que o presidente designar.
Caso julgada procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração,
absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
Em nenhuma hipótese poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Nucci – polos passivos e ativos na revisão criminal
https://youtu.be/HiYR7Ic1x5M
AGU Explica – recurso ordinário constitucional
https://youtu.be/SuvMsjZzd30
AGU Explica – habeas corpus
https://youtu.be/TtEcb70DJV4
AGU Explica – habeas corpus
https://youtu.be/elIpIU-6MwU
Leitura
Habeas corpus: um remédio constitucional
https://bit.ly/3wGLbGC
A interposição de recurso ordinário constitucional e a capacidade postulatória
https://bit.ly/3wzv5yF
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Referências
AVENA, N. Processo penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (e-book)
BONFIM, E. M. Curso de processo penal. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
DE PLÁCIDO E SILVA, O. J. Vocabulário jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
LOPES JR., A. Direito processual penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. (e-book)
MARCÃO, R. Curso de processo penal. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. (e-book)
NUCCI, G. S. Curso de direito processual penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2020. (e-book)
PACELLI, E. Curso de processo penal. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book)
RANGEL, P. Direito processual penal. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2019. (e-book)
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