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Habeas Corpus

Histórico: instituto jurídico extremamente antigo (Direito Romano x Direito Inglês).

Nomenclatura: “habeas corpus interdictum de homineliberum exibindo”. (Traga o corpo do


homem preso e exiba-o para discutir sua liberdade); “Toma-se o corpo” – Técnica jurídica “Ordem
de Libertação”.

Natureza jurídica: Ação Constitucional autônoma de garantia da liberdade de locomoção física


(ação de natureza mandamental);

Fundamento legal:artigo 5º, LXVIII da CF/88 e artigos 647 e seguintes do CPP.

Art. 5º, LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

 Cláusula pétrea, não pode ter abolido nem tendente a abolir.

Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer
violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.

Transcendência e universalidade do “Habeas Corpus”.O habeas corpus é uma medida


jurídica que existe em todos os estados democráticos de direito, ou seja, é universal. É ainda
dotado de transcendência, não está preso a nenhuma área jurídica do direito, é autônomo. Cabe
habeas corpus de qualquer decisão de qualquer natureza, mas evidente que mais utilizado na
seara criminal. Podemos impetrar Habeas Corpus em qualquer fase da persecução criminal.

Sempre vou impetrar o HC para a autoridade judiciária imediatamente superior àquela


autoridade coatora.

Entendimento pacífico de que a quando a autoridade coatora for um juiz do juizado especial
criminal turma recursal tem competência para conhecer do habeas corpus. Para
autoridades administrativas, será sempre o juiz da comarca, como, por exemplo, delegado de
polícia, diretor de presídio. Se o membro do Ministério Público, qualquer que seja a seara, for a
autoridade coatora, a competência é do Tribunal de Justiça, entendimento pacífico, uma vez que
não existe diferença hierárquica entre promotor e juiz.

Quando o promotor requisita a instauração de um inquérito perante o delegado, este não pode
deixar de instaurar, pois age como uma espécie de longa manus, instrumento. Esta determinação
detém conteúdo ordinatório, tanto é que se o parquet não instaurar poderá ser punido. Neste
caso, a autoridade coatora é o promotor de justiça. Por outro lado, quando há o requerimento de
um cidadão, o delegado tem discricionariedade para instaurar ou não. Assim, será ele a
autoridade coatora.

O habeas corpus sem a identificação do impetrante é denominado de apócrifo. O entendimento é


que não há eficácia, pois o impetrante necessita se identificar.
Cabe habeas corpus também de ato particular. Como, por exemplo, hospital que não dá alta ao
paciente até que seja paga a conta; marido que deixa a mulher em cárcere. Este ato ilegal, na
maioria das vezes será crime.

Jamais cabe habeas corpus para proteger coisas inanimadas, apenas humanos.

Hipóteses de cabimento do HC:

 Sui generis.

Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:

I - quando não houver justa causa;

A falta de justa causa é a falta de sustentação jurídica. Há três situações específicas que a
jurisprudência consolidou nas últimas décadas que são notoriamente falta de justa causa: 1)
Quando o fato for atípico, seja dos elementos objetivos ou subjetivos do tipo; 2) Ausência de
conjunto probatório (ausência de indícios suficientes de autoria e materialidade); 3) Causas de
exclusão da ilicitude do fato e da punibilidade (estado de necessidade, legitima defesa, erro
de tipo, erro de proibição, ausência de culpabilidade, etc.).

Jamais colocar no pedido de absolvição do Habeas Corpus, pede-se o trancamento da ação


penal ou do inquérito, pois o juiz competente não pode entrar no mérito da ação.

II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;

III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;

IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;

V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;

VI - quando o processo for manifestamente nulo;

VII - quando extinta a punibilidade.

Peça prática

A técnica peculiar da petição de “Habeas Corpus”.

Primeiro passo: “Descobrir quem é a autoridade coatora!!!” – Regras de competência no “HC”:


Autoridade competente é sempre a imediatamente superior à autoridade coatora (art. 650 §1º
CPP). Competência: Juiz de Direito, Juiz Federal, Desembargador Presidente, Ministro
Presidente.

Nomenclaturas (sujeitos do “HC”):

Impetrante:aquele que impetra (bacharel ou advogado);

Paciente:é o favorecido (quem sofre a coação ou está na iminência de sofrer);


Autoridade coatora:causador do constrangimento ilegal (ex: Delegado de Polícia, Promotor de
Justiça ou Juiz de Direito, etc.).

O endereçamento é sempre para o juiz presidente do tribunal, seja ele desembargador ou


ministro.

O verbo é impetrar. Sempre colocar “Habeas Corpus” em itálico, pois é uma palavra
estrangeira.

Cabe liminar em três situações: 1) quando o paciente está preso, mesmo que esteja em regime
aberto; 2) iminência de prisão (quando já foi determinada uma prisão e foi expedido o mandado
de prisão); 3) o réu ou o investigado foi notificado para comparecer a um ato dentro do inquérito
ou dentro da ação, como interrogatório ou audiência de instrução.

Qualificar a autoridade coatora pelo cargo e não por seu nome pessoal.

Não escrever “impetrar ordem de Habeas Corpus” no preâmbulo. Nos pedidos pode pedir
para que seja decretada a ordem de HC.

22/08

Mandado de Segurança Criminal

 Noções gerais

Histórico:“Judicium de Amparum” (Direito Mexicano). Brasil: Constituição de 1934;

No Brasil sempre houve uma discussão sobre o alcance do Habeas Corpus, antigamente
utilizavam habeas corpus para tudo. O mandado de segurança mudou esse cenário. Ao ser
criado na Constituição de 1934 caiu por terra a teoria de que caberia Habeas Corpus para todos
os casos. Depois foi regulamentado na Constituição de 1937 e assim por diante.

Lei nº 1.533/51: Regulamentou o Mandado de Segurança por 58 anos.

 A Lei nº 12.016/09 revogou a lei 1.533/51, fazendo apenas algumas alterações pontuais do
mandado de segurança, na essência a lei permaneceu a mesma.

Natureza jurídica:Ação Constitucional autônoma de garantia do direito líquido e certo (ação de


natureza mandamental);

Fundamento legal: artigo 5º, LXIX, da CF/88 e Lei nº 12.016/09.

Artigo 5º: [...]:“LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público”.
Art. 1º da Lei nº 12.016/09: “Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com
abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-
la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça”.

 Características principais do “Mandado de Segurança”;

O direito “Líquido” e “Certo” no Mandado de Segurança;

Professor Eli Lopes Meireles diz que o legislador errou ao dizer direito líquido e certo, a correta
acepção da palavra é direito certo e líquido, pois primeiro precisa saber se existe a certeza do seu
direito para depois ver a sua liquidez.

Direito certo é aquele onde não existe nenhuma margem de dúvida a respeito da sua existência,
do seu exercício. No momento em que você impetra o mandado de segurança, esse direito certo
pode ser usufruído pelo titular. O direito certo é aquele onde não há dificuldades para prova-lo,
ele é manifesto na sua existência. Por exemplo, o direito de propriedade é um direito certo, que
se manifesta através da escritura do imóvel. Caso não consiga provar o seu direito de plano, não
cabe mandado de segurança, pois não é admitida instrução probatória, a prova é pré constituída.
Jamais peçam perícia e arrolem testemunhas na peça.

A liquidez é um corolário da certeza, se o direito é certo há um começo, meio e um fim. A liquidez


é a extensão do direito certo.

O mandado de segurança é subsidiário, supletivo, somente será impetrado se aquela hipótese


em concreto não envolver uma situação de habeas corpus ou habeas data.

A “ilegalidade” e o “Abuso de Poder”

Ilegalidade no âmbito público é quando o agente público viola a lei. Princípio da legalidade
administrativa, só pode fazer o que a lei determina. Já o abuso de poder ocorre quando o
funcionário público que tem um poder administrativo em suas mãos extrapola o limite do seu
poder.

Por exemplo, o delegado titular da operação nega o acesso do advogado aos autos do processo
eletrônico, arguindo que a operação é sigilosa. Isso é uma ilegalidade, pois a lei fala que o
advogado pode ter vista do inquérito, mesmo que em sigilo, conforme prevê o artigo 7º, inciso XIV
do Estatuto da OAB. Além deste, há a súmula vinculante nº 14 que retrata a mesma questão.

Art. 7º, inciso XIV do EOAB. É assegurado ao advogado o direito de examinar e obter cópias de
peças de inquérito policial, quando finda e documentada a diligência realizada em inquérito
policial sob regime de segredo de justiça.
Súmula vinculante nº 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Exemplo de abuso de poder: apreensão de bens que estão sendo investigados. O delegado
munido de busca e apreensão deverá cumprir a busca arrisca, se o juiz falou em equipamento de
informática somente isso seria possível apreender. Ocorre que o delegado apreende tudo que ele
vê pela frente, extrapolando o poder que lhe foi determinado.

Vamos imaginar que o indivíduo está sendo investigado por tráfico de drogas e ocorre a
apreensão do veículo da esposa deste rapaz. Este veículo está no nome dela e não é usado para
tráfico de drogas, ela não possui conhecimento sobre o ocorrido, não poderia ter sido apreendido,
razão pela qual se interpõe mandado de segurança.

Aqui no mandado de segurança somente cabe em face de ato de autoridade pública, não
cabe mandado de segurança de ato de particular, a não ser que seja agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.Por exemplo, uma concessionária do
serviço público como a ENERGISA que está construindo uma torre ilegalmente na sua
propriedade. É cabível também contra universidade particular, como a Toledo, pois somente
funciona com a autorização do poder público que funciona no ramo da educação, sendo possível
impetrar mandado de segurança.

Hipóteses de cabimento do “Mandado de Segurança Criminal”;


• Negativa de vista ao advogado de Sindicância Administrativa, Inquérito Policial ou
Processo Criminal;
• Proibição ao advogado em acompanhar cliente em diligência de inquérito policial;
No campo criminal, o advogado criminalista não precisa ter procuração nos autos, basta o
investigado dizer que é seu advogado que já será possível ter acesso aos autos, claro que depois
irá regularizar com a juntada da procuração.
• Proibir entrevista reservada com advogado ou conceder tempo diminuto;
• Indeferimento de juntada de documentos;
• Não admissibilidade como assistente de acusação;
• Apreensão abusiva de objetos em relação ao crime;
• Efeito Suspensivo em recursos criminais que não possuem este efeito.

Estrutura da peça prática do “Mandado de Segurança”.

A técnica peculiar da petição de “Mandado de segurança”.

Primeiro passo: “Descobrir quem é a autoridade coatora !!!”; Verificar seu Domicílio Funcional.

Nomenclaturas (sujeitos do “MS”):


Impetrante:aquele que impetra (advogado);

Paciente: é o favorecido (quem sofre a violação do Direito Líquido e Certo);

Autoridade coatora:Quem pratica a ilegalidade ou o abuso de poder (ex: Delegado de Polícia,


Promotor de Justiça ou Juiz de Direito, etc.).

Obs.:Verificar de quem é a titularidade do direito líquido e certo. É comum a violação do direito do


advogado e não do cliente. Se for do advogado, o preâmbulo será feito no nome do advogado, se
for do cliente será feito o preâmbulo no nome do cliente. Por exemplo, nos casos de violação da
prerrogativa de ter acesso aos autos e entrevista com o réu. O direito líquido e certo primário é do
advogado, indiretamente o cliente também possui seu direito violado.

Artigo 7º, inciso III da lei de mandado de segurança trata sobre a medida liminar, respeitado o
fumus boni iuris e o periculum in mora.

Mandado de segurança é uma ação de natureza cível, portanto, deve colocar o valor da causa.

05/09

REVISÃO CRIMINAL

Considerações gerais

Está pacificado no entendimento criminal que a revisão criminal não é recurso e sim ação.
Compara-se com a ação rescisória do direito civil, com suas especificidades.

Natureza: “Ação Penal Desconstitutiva ou Modificativa”;

Pressuposto fundamental: Trânsito em julgado da sentença penal condenatória; É necessária a


certidão que reconheça o trânsito em julgado para ambas as partes. Pode ser substituída por
aquela famosa certidão de objeto e pé.

Cabe revisão criminal das sentenças condenatórias, ou seja, aquelas que instituem pena sob
qualquer tipo de crime, inclusive quando a pena é substituída. A revisão criminal na essência é
um direito fundamental de todo cidadão, pois envolve a reparação de um erro do judiciário.

Para a sentença absolutória própria, aquela que absolve de verdade, não há interesse de agir
para postular a revisão criminal, nem mesmo para modificar o fundamento sob o qual foi
absolvido.

Cabimento em sentença absolutória imprópria (jurisprudência); Já com relação à sentença


absolutória imprópria, aquela que se aplica uma medida de segurança (que pode ser uma
internação ou tratamento ambulatorial), cabe revisão criminal.

Legitimidade para propositura da Revisão Criminal;Quem entra com revisão criminal é o


indivíduo que foi condenado ou absolvido impropriamente, aquele que está cumprindo pena. O
réu aqui é denominado de requerente, sentenciado ou revisionando. Se for medida de segurança
pode denomina-lo de internando.

A revisão criminal também exige capacidade postulatória, ou seja, há necessidade de um


advogado representando a parte. O tribunal não pode dar prosseguimento à ação sem advogado.
Caso o preso faça, o Tribunal pode designar advogado para acompanha-lo. O preâmbulo é no
nome do sentenciado, mas quem assina é o advogado.

Pedido de indenização na Revisão Criminal: art. 630 do CPP;

Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa
indenização pelos prejuízos sofridos.

Art. 5º, LXXV, CF: o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença;

É a única medida no plano penal em que se pode pedir indenização, devendo abrir um tópico no
corpo da revisão criminal. Sendo assim, é possível postulá-la mesmo após a morte do
sentenciado, visando a correção do erro judiciário e a posterior indenização. Quando isso ocorrer,
a peça será feita no nome do legitimado (art. 623 do CPP).

Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado
ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Não são todos os casos em que se admite indenização. Segundo a jurisprudência brasileira
somente é admitido pedido cumulativo de indenização na revisão criminal em hipóteses de erro
judiciário grave. Por exemplo, quando uma pessoa é condenada inocentemente. Resumindo, só
cabe quando irá sustentar uma absolvição. Há jurisprudência ainda diz que não são em todos
os casos de absolvição, mas apenas em erro grave. No entanto, mesmo assim pedimos neste
caso e cabe ao tribunal acolher ou não.

Tipos de pedido na Revisão Criminal: Absolvição, Desclassificação, Redução da Pena e


Nulidade (art. 626 do CPP);

Revisão criminal é uma medida pró réu, ou seja, exclusiva da defesa, somente se admite revisão
criminal em favor do réu, não há revisão criminal pro societate. Dessa forma, é vedada a
reformatio in pejus.

 Absolvição

Será utilizada em hipóteses em que não há prova suficiente para condenação, legitima defesa,
estado de necessidade, excludentes de culpabilidade (erro de tipo, erro de proibição). São as
situações preconizadas no artigo 386 do CPP, do inciso I ao VII.

 Desclassificação
Envolve a situação de tipificação do fato. Pode ocorrer de o fato ser mal tipificado na denúncia e o
juiz o condenar por algo que não cometeu. Por exemplo, de um crime de latrocínio é possível
desqualifica-lo para roubo, seja simples ou qualificado. Outro exemplo, desclassificar de tráfico de
drogas para porte; De estupro para assédio sexual.

É possível pedido de desclassificação de absolvição imprópria para própria. Ex. O indivíduo


matou alguém, mas há prova que ele agiu em legitima defesa. Se houve uma causa de exclusão
da ilicitude do fato, o juiz não poderia ter absolvido impropriamente, o que seria apenas para o
caso do agente que cometeu o crime, é perigoso e inimputável. Se o sujeito agiu em legitima
defesa, não há crime, agiu com uma causa de exclusão de ilicitude do fato.

 Redução de pena

Cálculo de pena – critério trifásico. Por exemplo, questões que envolvem elevação da pena base
de forma desproporcional; Bis in idem (agravante genérica da reincidência e usa a mesma coisa
para agravar a pena base); Não aplicação de uma atenuante genérica.

 Nulidade.

Competência para propositura da Revisão Criminal;

1) Se a sentença condenatória transitou em julgado em primeiro grau e ninguém interpôs


recurso, será a mesma regra da competência recursal, qual seria o tribunal competente para
conhecer de uma apelação. O juiz de primeiro grau não pode rever aquilo que ele mesmo fez,
apenas o tribunal ad quem. Se for de uma vara comum, Tribunal de Justiça. Se for federal,
Tribunal Regional Federal.

2) Quando há propositura de recurso. Por exemplo, interpus apelação (TJ) e depois impetrei
recurso especial (STJ) ou extraordinário (STF). Sempre vou propor a revisão criminal no tribunal
que conheceu o último recurso, ou seja, analisou o mérito do último recurso. Pode ser que o
tribunal nem tenha provido, mas conheceu daquele recurso. Por exemplo, fui condenado em
primeiro grau e apelei, subiu para o TJ que conheceu da apelação e negou. Entrei com um
recurso especial e o STJ não conheceu do recurso. Dessa forma, a revisão criminal será
direcionada ao Tribunal de Justiça. Caso o STJ tenha conhecido, mas não dado provimento, seria
lá a competência para propositura da revisão criminal.

É possível revisão criminal de júri, não se aplica a soberania dos veredictos do júri, há uma
colisão de conflitos, entre a soberania do júri e o in dubio pro reo. O entendimento é que o tribunal
quando conhece de uma decisão do júri, o máximo que irá fazer é melhorar a condição do
condenado. Portanto, é pacífico o entendimento de revisão criminal no júri.

Hipóteses de cabimento do pedido revisional:

Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:


I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à
evidência dos autos;

II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos


comprovadamente falsos;

Não posso provar a falsidade no âmbito da revisão criminal, pois comporta dilação probatória.
Deve ser uma prova pré-constituída, ou seja, já deve estar provada a falsidade documental ou
pericial, por exemplo.

Se a testemunha foi condenada por falso testemunho, a sentença é considerada uma prova pré-
constituída. Nos demais casos socorrem-se do Processo Civil, devo entrar com uma ação
cautelar de produção antecipada de prova (art. 381 e seguintes) antes de propor a revisão
criminal. Antes tinha o nome de justificação, hoje de ação cautelar de produção antecipada de
prova.

III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou


de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

Aqui também tem que ser prova pré-constituída, deverá se fazer essa ação cautelar de produção
antecipada de prova.

Se a testemunha foi arrolada e não foi ouvida, fica mais evidente a omissão estatal. Mas mesmo
assim, o paradigma da jurisprudência é o cabimento de indenização apenas em casos de
absolvição.

Peça prática da Revisão Criminal

Primeiro passo: “Verificar se a revisão criminal será elaborada em nome do réu ou pelos
familiares”.

Pessoas legitimadas para propor revisão: cônjuge, descendente, ascendente, irmão (art. 623
do CPP);

Nomenclaturas (sujeitos da revisão criminal) - Requerente, proponente, autor ou revisionando:


é o favorecido da revisão criminal (quem foi réu na ação de cognição ou eventual legitimidade).

Sentença ou acórdão revidendo: decisão que está sendo impugnada na revisão criminal (objeto
da rescisão).

Nos casos em que se pede indenização, deve colocar o valor da causa.

19/09

RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL – ROC

Fundamento legal:Artigo 102, II “a” e “b” CF/88; Art. 105, II “a” e “b” CF/88; artigos 30 a 35 da Lei
nº 8038/90; artigos 1027 e 1028 do CPC (Lei nº. 13.105/15);
Noções Gerais e características principais do “Recurso Ordinário Constitucional”;

Recurso de Natureza Constitucional: inexistência de previsão no Código de Processo Penal;

Hipóteses de cabimento do “Recurso Ordinário Constitucional”;

Cabimento nas hipóteses de denegação de remédios constitucionais (“Habeas Corpus”, Mandado


de Segurança, Mandado de Injunção e “Habeas Data”) impetrados nos Tribunais Superiores
(STJ, TSE, STM, TST) ou no TJ dos Estados, DF ou TRFs, bem como em caso de crimes
políticos;

Âmbito Criminal:“Habeas Corpus” e “Mandado de Segurança”- Aspectos gerais da doutrina e


jurisprudência;

A questão da “única” ou “última instância” (art. 105, II “a” da CF).

Prazo do Recurso Ordinário Constitucional. O Código de Processo Civil unificou o prazo dos
recursos constitucionais. Tanto o ROC, quanto o recurso especial e extraordinário possuem 15
dias para interpor e juntas às razões ao mesmo tempo.

Somente posso encaminhar o ROC para o Superior Tribunal de Justiça e para o Supremo
Tribunal Federal.

ROC nos casos de “Habeas Corpus”

ROC no STF: Acórdão que denega HC nos Tribunais Superiores: STJ, TST, TSE, STM.

ROC no STJ: Acórdão que denega HC nos Tribunais Estaduais, Distrito Federal e Tribunais
Regionais Federais: TJSP, TRF.

ROC no STJ: Acórdão que nega provimento ao RESE de HC impetrado em 1ª instância e


denegado pelo juiz.

Não cabe ROC do acórdão que nega provimento ao RESE de mandado de segurança.

Das decisões denegatórias de HC em primeira instância cabe RESE. Da denegação do mandado


de segurança caberá apelação, nos termos do art. 14 da Lei nº 12.016 /2009.

ROC nos casos de “Mandado de Segurança”

ROC no STF: Acórdão que denega MS nos Tribunais Superiores:STJ, TST, TSE, STM.

ROC no STJ: Acórdão que denega MS nos Tribunais Estaduais, Distrito Federal e Tribunais
Regionais Federais: TJSP, TRF.

Decisão que denega – é aquela que conhece, mas no mérito não concede provimento. No
entanto, a jurisprudência predominante também aceita a interposição quando o remédio não é
conhecido.

Estrutura da peça prática do “Recurso Ordinário Constitucional”.

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