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1. CONCEITO.
O Habeas Corpus é instituto jurídico que teve em seu nascimento a causa do
autoritarismo do Estado contra a liberdade de locomoção dos indivíduos, tendo
como natureza jurídica o caráter de ação penal constitucional.
Habeas corpus é o remédio judicial que tem por finalidade evitar ou fazer cessar
a violência ou coação à liberdade de locomoção, decorrente de ilegalidade ou
abuso de poder.
Os remédios de direito constitucional são os meios colocados à
disposição dos indivíduos pela Constituição Federal para a proteção de seus
direitos fundamentais e devem ser utilizados quando o simples enunciado
desses direitos não é suficiente para assegurá-los. Esses remédios, quando
visam provocar a atividade jurisdicional do Estado, são denominadas “ações
constitucionais”, porque estão previstos na própria Constituição.
A expressão habeas corpus tem origem no latim e provém dos vocábulos habeas
(tomar) e corpus (corpo), os quais, em sua literalidade, significa tome o corpo.
Em outras palavras, significava tomar a pessoa presa, apresentando-a ao juiz
competente, antes do julgamento do caso. Popularmente, o habeas corpus
também passou a ser conhecido como “ordem de libertação”, sem relevância o
seu significado literal.
Nas palavras de Edílson Mougenot Bonfim:
Habeas corpus é o remédio jurídico-constitucional destinado a
proteger a liberdade de locomoção do indivíduo (ju manendi, eundi,
ambulandi, veniendi, ultro citroque), ameaçada por qualquer
ilegalidade ou abuso de poder. A expressão habeas corpus significa
‘tome o corpo’, pois em suas origens, com a impetração da ordem o
prisioneiro era levado à presença do rei para que este verificasse a
legalidade ou ilegalidade da prisão.
A Constituição Federal de 1988 prevê em seu art. 5º, inciso LXVIII que conceder-
se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder. In verbis:
Logo, o habeas corpus não poderá ser utilizado para a correção inidônea que
não implique coação à liberdade de ir, permanecer e vir.
No entanto, na defesa da liberdade de locomoção, cabe ao Poder Judiciário
considerar ato de constrangimento que não tenha sido apontado em petição
inicial,da mesma forma, pode atuar no tocante à extensão da ordem, deferindo-
a aquém ou além do que pleiteado.
2. NATUREZA JURÍDICA
O habeas corpus é considerado como garantia ativa, uma vez que pode
ser usado como ação para fazer valer o cumprimento de um dever fundamental,
que é o direito de ir e vir.
Nos termos do art. 647 do CPP, o habeas corpus está inserido dentre espécies
de recurso. Entretanto, embora esteja presente como uma espécie recursal, a
sua natureza jurídica é tema controverso na doutrina brasileira.
Doutrina majoritária vem acatar a tese de que o habeas corpus tem caráter
jurídico de ação independente ou sui generis, uma vez que não pode ser
considerado recurso, já a sua instauração não necessita de estar vinculado a um
processo pré-existente, requisito fundamental e inerente a qualquer recurso.
Ademais, antes mesmo de ser considerado como um instrumento do processo
penal, o habeas corpus está contido na Constituição Federal de 1988, como
remédio constitucional. Assim sendo, é considerado como uma ação penal
constitucional, de rito especial, uma vez que possui características que o difere
de todos os outros meios recursais penais.
Uadi Lammêgo Bulos[6] assinala algumas características deste remédio
constitucional:
Trata-se de uma ação penal popular, de berço constitucional e
procedimento sumário. Ora assume o posto de ação cautelar,
declaratória ou constitutiva (CPP, art. 648, I a V), ora de ação rescisória
constitutiva negativa (CPP, art. 648, VI e VII).
Não é em todo e qualquer caso que o remédio heróico pode
ser usado, visto que somente serve para tutelar a liberdade ambulatória
ou de locomoção.