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O que é mandado de injunção?

O mandado de injunção é um dos cinco remédios constitucionais, onde estão inclusos, também, o habeas corpus, o
habeas data, o mandado de segurança e a ação popular. Ele está previsto no artigo 5º da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, no inciso LXXI, que afirma:
“Art. 5º, LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania”.
O mandado de injunção, então, é uma prerrogativa que busca legitimar a aplicação da Constituição Federal de
1988, fazendo com que os direitos estabelecidos na Carta Magna sejam exercíveis e acessíveis a toda a
sociedade. É um mecanismo de defesa da letra expressa no próprio documento.

Para que ele serve?


O mandado de injunção tem como objetivo tornar viável os direitos garantidos pela Constituição Federal, dando
soluções para que esses direitos sejam válidos mesmo que não existam leis ou normas que os regulamentem.
A Constituição Federal determina direitos, deveres e normas a serem seguidas para que a nação mantenha a sua
soberania e a sua organização social. Entretanto, nem tudo o que está escrito na Constituição no Brasil é
regulamentado por lei, fazendo com que o direito, mesmo existente, não possua respaldo legal. Dessa forma, o
mandado de injunção é um remédio constitucional, ou seja, tem como objetivo remediar um problema gerado
pela omissão do Poder Público na normalização de um direito já previsto constitucionalmente.
O mandado de injunção, então, é um instrumento criado pela Constituição Federal que procura resolver essas
omissões do Poder Público, fazendo com que os direitos previstos na Carta Magna sejam protegidos e
efetivamente exercíveis pela população.

Quando é cabível o mandado de injunção?


O mandado de injunção depende de dois requisitos constitucionais para que qualquer pessoa interessada entre com o
pedido: a existência de uma norma de eficácia limitada e a ausência de uma norma reguladora. A existência de
uma norma de eficácia limitada faz jus a um direito constitucional que existe, mas que o exercício do mesmo não seja
possível ou seja limitado. A ausência de uma norma reguladora, por sua vez, compreende a falta de uma lei ou
dispositivo do Poder Público que faça com que o direito previsto na Constituição Federal possa ser aplicado na
sociedade, garantindo-o ou regulamentando-o.

De quem é a competência para julgar mandado de injunção?


A competência para julgar e propor resoluções para situações onde o mandado de injunção é pedido é do Supremo
Tribunal Federal (STF).

Mandado de injunção individual


O mandado de injunção individual pode ser requerido por qualquer pessoa física ou jurídica que perceba que um
direito constitucional seu está tendo sua eficácia limitada por conta da falta de norma regularizadora. É importante
destacar que o indivíduo só pode entrar com mandado de injunção para pedir um direito que seja de seu interesse
próprio, entrando com o pedido em seu nome. Ou seja: não é permitido entrar com mandado de injunção em
benefício exclusivo de terceiros.
Mandado de injunção coletivo
O mandado de injunção coletivo, por sua vez, só pode ser proposto por algumas entidades restritas que são:

- Ministério Público;
- Partido político com representação no Congresso;
- Organizações sindicais; - Defensoria pública.

Sobre a jurisprudência e sua fundamentação

1. É atentatório ao Estado Democrático de Direito qualquer tipo de discriminação, inclusive a que se fundamenta
na orientação sexual das pessoas ou em sua identidade de gênero.

2. O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de gênero e a orientação sexual.

3. À luz dos tratados internacionais de que a República Federativa do Brasil é parte, dessume-se da leitura do
texto da Carta de 1988 um mandado constitucional de criminalização no que se refere a toda e qualquer discriminação
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.

4. A omissão legislativa em tipificar a discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero ofende um
sentido mínimo de justiça ao sinalizar que o sofrimento e a violência dirigida a pessoa gay, lésbica, bissexual,
transgênero é tolerada, como se uma pessoa não fosse digna de viver em igualdade. A Constituição não autoriza
tolerar o sofrimento que a discriminação impõe.

5. A discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, tal como qualquer forma de discriminação, é
nefasta, porque retira das pessoas a justa expectativa de que tenham igual valor.

6. Mandado de injunção julgado procedente, para (1) reconhecer a mora inconstitucional do Congresso Nacional
e; (2) aplicar, até que o Congresso Nacional venha a legislar a respeito, a Lei 7.716/89 a fim de estender a tipificação
prevista para os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional à discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero.

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