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Remédios constitucionais

1. Habeas Corpus
O habeas corpus é uma ação constitucional utilizada sempre que uma pessoa
ver o seu direito à liberdade ameaçado ou cessado por uma ilegalidade ou
abuso de poder.

Esse remédio constitucional está previsto no art. 5º, inciso LXVIII da CF, que
diz:

Art. 5º, inciso LXVIII – conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém


sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade
de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

Ele pode ser liberatório, quando alguém já foi privado da liberdade, ou


preventivo, quando existe uma ameaça ao direito de ir e vir de um cidadão.

Quanto ao seu cabimento, as hipóteses foram delimitadas no art. 648 do


Código de Processo Penal, sendo elas:

Quanto ao seu cabimento, as hipóteses foram delimitadas no art. 648 do


Código de Processo Penal, sendo elas:
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:

I – quando não houver justa causa;

II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;

III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;

IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;

V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a
autoriza;

VI – quando o processo for manifestamente nulo;

VII – quando extinta a punibilidade.

Vale destacar que o habeas corpus, além de ser gratuito, é o único remédio
constitucional que não necessita de advogado para ser impetrado.

Para saber mais sobre essa ação constitucional, leia nosso artigo completo
sobre habeas corpus.

2. Habeas Data
O habeas data é um instrumento constitucional utilizado para garantir o acesso
a informações relativas à pessoa do impetrante e que estejam inseridas no
banco de dados ou registros de órgãos governamentais ou de caráter público.

Além disso, esse remédio constitucional também pode ser impetrado caso o
cidadão deseje retificar algum dos seus dados perante às mencionadas
entidades.

Essa ação ganha grande destaque com o advento da Lei Geral de Proteção de
Dados, uma vez que as pessoas estão cada vez mais preocupadas com suas
informações sensíveis e sigilosas perante bancos de dados.

A previsão do habeas data está no artigo 5º, inciso LXXII, da Constituição


Federal:

LXXII – conceder-se-á “habeas-data”:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do


impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo


sigiloso, judicial ou administrativo.

Vale destacar que o habeas data possui regulamentação própria na Lei


9.507/1997.

Para ser impetrado, deve haver prova da tentativa de acesso ou correção de


dados de forma administrativa perante o órgão público.

Ademais, essa ação é gratuita e necessita de advogado para ser ajuizada.

Para saber mais, leia nosso artigo completo sobre habeas data.

E para sua impetração, enfim, é necessário haver direito líquido e certo, e


todas as provas devem acompanhar a peça inicial, que prescinde de forma
específica.

Também faz parte da lista o mandado de segurança.

Esse remédio constitucional tem como objetivo proteger um direito líquido e


certo que está sob ameaça ou foi violado por uma autoridade ou órgão público.

Seu cabimento é subsidiário, ou seja, somente será utilizado nos casos em que
não for cabível habeas corpus ou habeas data.
Ou seja, é utilizado sempre que um cidadão desejar combater um ato ilegal ou
abusivo, que fira algum de seus direitos constitucionais, desde que não seja o
direito de ir e vir (liberdade) e o acesso à informação.

Além disso, ele pode ser dividido em individual e coletivo, sendo o primeiro
referente a direitos individuais, e o segundo referente a direitos de
determinadas entidades.

O mandado de segurança está previsto no art. 5º, incisos LXIX e LXX da


Constituição Federal:

LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e


certo, não amparado por “habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente


constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados.

Diferente do habeas corpus e habeas data, o mandado de segurança não é


gratuito. Para ser impetrado, é necessário contar com um advogado.

4. Mandado de Injunção
Outra ação considerada remédio constitucional é o mandado de injunção.

Seu objetivo é fazer valer uma norma constitucional, quando não existir uma lei
regulamentando o exercício de um determinado direito fundamental.

Em outras palavras, é um instrumento para legitimar a aplicação da


Constituição Federal, como forma de tornar todos os direitos fundamentais
exercíveis e acessíveis.

O mandado de injunção está previsto no art. 5º, inciso LXXI, da CF:

LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma


regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.

Apesar de a Constituição falar em falta de norma regulamentadora, como se


referindo a ausência de tal norma, a Lei 13.300/16, garante em seu art. 2º a
aplicabilidade desse remédio para sanar tanto a ausência total quanto a
ausência parcial de norma regulamentadora, desde que essa ausência torne
inviável o exercício de direitos fundamentais.

Tal qual o mandado de segurança, ele necessita de advogado e não é gratuito.

5. Mandado de Injunção Coletivo


No que concerne ao Mandado de Injunção coletivo, a Lei 13.300/16 dispõe em
seu art. 13 que a sentença somente fará coisa julgada aos integrantes da
coletividade demandante.

A natureza da decisão de procedência por parte do órgão judicante também foi


objeto de questionamentos doutrinários, tendo em vista que, tento em
decorrência do princípio da separação dos poderes quanto pelo fato de não ser
atribuição típica do judiciário legislar, esse não ter poderes de suprir a falta de
norma regulamentadora através de atividade legiferante, questionando-se
então se a sua postura deveria ser não concretista ou se de fato deveria tomar
providências práticas à efetivação do direito objeto da demanda.

Rodrigo Padilha, na obra “Direito Constitucional”, ao comentar a evolução


jurisprudencial do STF sobre o tema argumenta que:

Aos poucos, as decisões eminentemente não concretistas foram cedendo


espaço para decisões mais substantivas, em que a posição concretista do
Supremo Tribunal permite que o Judiciário, por meio de uma decisão
constitutiva, declare a existência da omissão administrativa ou legislativa e
implemente o exercício do direito, liberdade ou prerrogativa constitucional até
que sobrevenha regulamentação do poder competente.

A lei 13:300/16 concede ao magistrado duas possibilidades de atuação ao


verificar a mora legislativa, sendo a primeira a determinação de prazo para que
o impetrado promova a edição da norma (postura não concretista) e a segunda
a de estabelecer as condições nas quais se dará o exercício desse direito ou
condições nas quais o interessado poderá promover a ação respectiva com o
objetivo de exercê-los, caso a mora legislativa não seja suprida no prazo.

5. Ação Popular
A ação popular é o remédio constitucional utilizado para proteger diferentes
bens da sociedade, quando estes são objeto de algum ato lesivo da
Administração Pública.

Os bens e direitos amparados por essa lei são a moralidade administrativa, o


meio ambiente e o patrimônio histórico e cultural.

A ação popular está prevista no art. 5º, inciso LXXIII da Constituição Federal,
que diz:

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.

Esse remédio constitucional tem regulamentação própria na Lei 4.717/65, é


gratuito e necessita de advogado para ser ajuizado.

Além disso, a lei prevê que quais atos são considerados nulos, a competência
para julgamento da referida ação, os sujeitos passivos do processo e todas as
etapas do procedimento judicial.

6. Ação Civil Pública


A ação civil é outro remédio constitucional, que se diferencia no aspecto do seu
ajuizamento.

Enquanto para os demais remédios o cidadão pode ajuizar a ação, por meio de
advogado, no caso da ação civil pública ele não pode fazê-lo; apenas as
entidades indicadas em lei específica podem ajuizá-la.

O objetivo da ação civil pública é proteger direitos difusos e coletivos da


sociedade, ou seja, bens que são de interesse de todos os cidadãos ou de
grupos específicos. São eles:

 o meio ambiente;
 direitos do consumidor;
 bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
 interesses difusos ou coletivos;
 a ordem econômica;
 a ordem urbanística;
 a honra e a dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;
 o patrimônio público e social.

A possibilidade de ajuizamento da ação civil pública está prevista no art. 129,


inciso III, da Constituição Federal, que diz:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

[…]

III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do


patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos;

Mas, vale destacar, não é apenas o Ministério Público que pode ajuizá-la.

A Lei 7.347/85, responsável por regulamentar a ação civil pública, define que o
remédio constitucional também pode ser ajuizado pela Defensoria Pública, pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, por autarquias, empresas
públicas, fundações e sociedades de economia mista, bem como associações
que cumprirem os requisitos legais.

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