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Teoria geral da pena

Sanção Penal  É a coação ou a resposta do Estado imposta àqueles que violam as normas
penais incriminadoras.

Sanção penal é gênero  Pena: é a sanção imposta pelo Estado ao condenado pela prática de
que comporta duas infração penal, que consiste na privação ou restrição de determinados
espécies: bens jurídicos do agente.

 Medida de segurança: é a sanção imposta pelo Estado ao agente não


imputável, pela violação da norma penal incriminadora, com finalidade
exclusivamente preventiva.

 Teoria absoluta ou da retribuição: a finalidade da pena é a punição do


agente.
 Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção: a pena é um meio
Teoria sobre a para se alcançar determinados resultados, que variam conforme a
finalidade da pena vertente adotada:

_ Prevenção geral negativa: a pena deve coagir toda a sociedade,


psicologicamente.

_Prevenção geral positiva: a pena visa a demonstrar a todos a eficácia


da lei.

– Prevenção especial negativa: a pena busca evitar que o agente volte


a delinquir.

- Prevenção especial positiva: a pena visa à ressocialização do agente.

 Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória: a pena busca punir


o agente, ao mesmo tempo em que visa a coibir a prática de crimes, por
meio da ressocialização e da intimidação.

 No Brasil, hoje, a doutrina majoritária entende que a pena tem as


seguintes finalidades: retributiva, preventiva e reeducativa.

Princípios sobre as - Princípio da legalidade: determina que as penas se submetem à reserva


penas legal, bem como à anterioridade.

- Princípio da Anterioridade : preconiza que a pena já deve estar prevista, em lei,


ao tempo do crime. note que a pena que configure novacio legis im melios pode
retroagir para beneficio do reu.

- Princípio da Personalidade intranscendência da pena: Determina que as penas


não podem passar da pessoa do réu. Previsto no artigo 5º, inciso XLV da
Constituição, que traz exceções à regra. 1ª a obrigação de reparar o dano e a 2ª
decretação do perdimento de bens podem ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido.

- Princípio da Individualização: A pena deve ser individualizada para cada caso,


não podendo o legislador estabelecer uma sanção penal para todos que
cometerem determinado crime, nem padronizar a forma de execução.

- Princípio da Inderrogabilidade: A pena deve obrigatoriamente ser aplicada, se


for cometido um crime ou uma contravenção penal. Como exceções, pode-se
apontar o perdão judicial e a transação penal.

- Princípio da Proporcionalidade: Necessidade de observar uma relação de


razoabilidade entre o crime praticado e a pena correspondente.

- Princípio da Humanidade consiste na vedação a que o legislador adote sanções


penais violadoras da dignidade da pessoa humana, atingindo de forma
desnecessária a incolumidade físico-psíquica do agente.

OBS: Penas vedadas constitucionalmente: Previsto


no artigo 5º, XLVII, da Constituição, o princípio da
humanidade veda as penas de morte, salvo em caso
de guerra declarada; de caráter perpétuo; de
trabalhos forçados; de banimento e as cruéis.

Penas em  Privativas de liberdade.


 Restritivas de direitos.
espécie  Multa.

PPL.  As penas privativas de liberdade: podem ser de reclusão e de


detenção, reguladas no Código Penal, e prisão simples, prevista na Lei das
Contravenções Penais.

Penas  a prestação pecuniária,


restritivas de  a perda de bens e valores,
direitos.  a limitação de fim de semana,
 a prestação de serviço à comunidade ou a entidades pública,
 a interdição temporária de direitos e
 limitação de fim de semana.

OBS: Enquanto as penas privativas de liberdade são manifestação do Direito Penal


Tradicional ou da Primeira Velocidade, as penas restritivas de direitos, também
chamadas de alternativas, são consideradas parte da chamada Segunda Velocidade
do Direito Penal, na classificação do jurista Jesús-María Silva Sanchez.

 Pena de morte, salvo em caso de guerra declarada A pena de morte.


 obs, no Braisl a penal de morte ocorre por fuzilamento.
 HÁ quem diga que no caso do artigo 24
 da Lei 9.605/98 regulado pelo decreto 5.144/2004- também constitui
hipótese de pena de morte Entretanto, cuida-se de posição minoritária,
sem ressonância na jurisprudência.
 Penas de caráter perpétuo também não se permite. PPL 30 anos e prisão
simples 5 anos.
 Pena de trabalhos forçados. A nossa Constituição também não admite a
Penas pena de trabalhos forçados.
OBS_ nos termos do artigo 39, inciso V, e do artigo 50, inciso VI,
Vedadas. ambos da LEP. Entretanto, o trabalho previsto na Lei de
Execução Penal não é pena, mas sim um dos deveres do
condenado definitivamente à pena privativa de liberdade.
constituindo falta grave as sua negativa. STJ.
OBS: O Pacto de São José da Costa Rica também admite a
obrigação de trabalho como decorrência do cumprimento de
pena privativa de liberdade.
 Pena de banimento. O banimento é o ato de expulsar um brasileiro do
território nacional, levando-o a viver no estrangeiro.
Degredo é a determinação de que o indivíduo fique confinado a uma
determinada parte do território nacional. Desterro é a expulsão do
indivíduo do local em que vive, como, por exemplo, a Comarca em que
vive a vítima.

 Pena da natureza cruel. Por fim, são vedadas as penas de natureza cruel,
o que é nítida decorrência do princípio da humanidade.

Penas  Reclusão, a de detenção e a de prisão simples.

Privativas de  Pena de reclusão é destinada aos crimes mais graves


Liberdade.
 Enquanto a de Detenção se destina aos mais leves.

 A prisão simples é reservada para as contravenções penais.

Reclusão
O regime inicial da pena de reclusão pode ser o fechado, o semiaberto
ou o aberto.
Detenção e Detenção e da prisão simples, o regime inicial pode ser o semiaberto ou
o aberto.
prisão simples  No caso de Detenção pode haver regressão, no curso do cumprimento de
pena, para o regime fechado, o que não se admite no caso de prisão
simples.
 OBS: Quanto aos efeitos extrapenais, previstos nos artigos 91 e 92 do
Código Penal, não se aplicam à pena de prisão simples, segundo parte da
doutrina. Entretanto, existe precedente do STJ, determinando que a
perda dos instrumentos do crime são aplicáveis às contravenções penais
(STJ, REsp 87971, Rel. Min. Vicente Leal, Sexta Turma, DJe 14/02/2000).
 OBS 3_ Os efeitos são reservados, em regra, para os casos de reclusão e
detenção, exceto no que se refere à incapacidade para o exercício do
pátrio poder, tutela ou curatela, que é reservada apenas para os crimes
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou
curatelado.
 OBS: só cabe interceptação telefônica nos casos de crimes a que for
cominada a pena de reclusão.

Aplicação das  A aplicação da pena é chamada de dosimetria do cálculo da pena nos


termos do método trifásico, de Nelson Ungria.
penas

1ª fase: pena base:

 Na primeira fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias


judiciais do 59 CP para a fixação da pena base. Segundo a doutrina e a
jurisprudência majoritárias, parte-se da pena mínima abstratamente
cominada ao delito.

 A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do


agente, os motivos, as circunstâncias e as consequências do crime e o
comportamento da vítima. Estão estipuladas no artigo 59, do Código
Penal.

 OBS: Nesta fase, o juiz não se pode ultrapassar os limites mínimo e


máximo da pena, conforme as balizadas fixadas de forma abstrata pelo
legislador. A lei não prevê, quanto às circunstâncias judiciais.

 OBS: 1/6 (um sexto), enquanto outros entendem que se aplica a fração de
1/8 (um oitavo). doutrina.

 STJ, por sua vez, entende que não se deve adotar um quantum definido e
determinado para todas as circunstâncias judiciais, mas sim devem ser
consideradas cada uma das circunstâncias, conforme a relevância delas no
caso concreto.

 O STF, por sua vez, possui precedente em que se considera recomendável


a indicação da fração do aumento, apesar de consignar que não é
necessária essa menção na sentença.

 2ª Fase
 Na segunda fase da dosimetria, são consideradas as circunstâncias
agravantes e atenuantes. Neste
 caso, também não há a fixação de uma fração, pela lei, para a diminuição
ou o aumento da pena,
 sendo que a jurisprudência aponta como utilizável fração de 1/6 (um
sexto).
 Esta deve observar a adstrição aos limites mínimo e máximo da sanção
abstratamente cominada ao delito. Súmula 231 do STJustiça
 Estão previstas no artigo 61 do Código Penal.
 Atenuantes O Código Penal prevê, no seu artigo 65, as situações que
atenuam a pena.
 Concurso de agravantes e atenuantes: artigo 67 do Código Penal. São
preponderantes as circunstâncias que envolvem os motivos do crime, a
personalidade do agente e a reincidência. Percebam que todas elas são
subjetivas. A reincidência, portanto, é uma agravante que é tida como
preponderante.
 OBS: A reincidência é circunstancias tida como preponderante. Surgiu,
então, a controvérsia sobre a sua possibilidade de compensação com a
confissão espontânea, que é circunstância subjetiva. O STJ pacificou, no
âmbito da própria Corte, que a compensação é possível.

 3ª Fase
 Na terceira fase, incidem as causas de aumento, chamadas de majorantes,
e as de diminuição de pena, denominadas de minorantes.
 Nesta fase, o juiz pode ultrapassar os limites mínimo e máximo da pena
abstratamente cominada ao crime.

 se as causas de aumento estiverem Na parte geral do Código Penal, devem


todas incidir. De igual modo, se houver uma causa de aumento de pena na
Parte Especial e outra na Parte Geral, ou uma minorante na Parte Geral e
outra, na Especial. Nestes casos, as causas de aumento devem incidir uma
de cada vez, sobre a pena intermediária (princípio da incidência isolada).
Quanto às causas de diminuição, a primeira minorante incide sobre a pena
intermediária, já a segunda incide sobre a pena já diminuída e assim
sucessivamente (princípio da incidência cumulativa).
 Se, entretanto, houver a configuração de mais de uma majorante ou
minorante previstas na Parte Especial do Código, o juiz pode realizar um
só aumento ou a uma só diminuição, mas pela causa que determine o
maior aumento ou a maior diminuição. parágrafo único do artigo 68

Regime de  O sistema é o progressivo, ou seja, o agente deve, conforme o seu


mérito, ir do regime mais gravoso ao menos restrito ao longo da
cumprimento execução da pena.
de pena
 O artigo 33, caput e § 1º, do Código Penal prevê os regimes de
cumprimento de pena e o local de cumprimento.

 O regime fechado refere-se à execução da pena privativa de liberdade em


estabelecimento de segurança máxima ou média, conforme as regras do
artigo 34 do Código Penal.

 o regime semiaberto implica no cumprimento da pena privativa de


liberdade em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Seu
regramento está no artigo 35 do Código Penal.

 Por fim, o regime aberto traduz-se no cumprimento da pena privativa de


liberdade em casa de albergado ou estabelecimento adequado,
consoante a disciplina do artigo 36 do Código Penal.

fixação do
regime inicial
de
cumprimento
de pena, o juiz
deverá
observar o
regramento do
artigo

33, §§ 2º e 3º.

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