Você está na página 1de 7

15/04/2015 Consórcio entre Empresas ­ Aspectos Legais e Tributários

CONSÓRCIO ENTRE EMPRESAS

O consórcio de empresas consiste na associação de companhias ou qualquer outra sociedade, sob o mesmo controle ou não, que não perderão sua
personalidade jurídica, para obter finalidade comum ou determinado empreendimento, geralmente de grande vulto ou de custo muito elevado,
exigindo para sua execução conhecimento técnico especializado e instrumental técnico de alto padrão.

Os principais tipos de consórcios são constituídos para:

a) execução de grandes obras de engenharia;

b) atuação no mercado de capitais;

c) acordos exploratórios de serviços de transporte;

d) exploração de atividades minerais e correlatas;

e) atividades de pesquisa ou uso comum de tecnologia;

f) licitações públicas.

CARACTERÍSTICAS

1) Objetivo comum para execução de determinado projeto, empreendimento ou prestação de serviço.

2) Administrado pela empresa designada líder.

3) Não se confundem com grupos de sociedades.

ENTIDADE LÍDER

Entidade consorciada nomeada líder no contrato de consórcio é responsável pela escrituração contábil e guarda dos livros e documentos
comprobatórios das operações do consórcio, conforme os prazos legais.

PROIBIÇÃO PARA FORMAÇÃO DE CONSÓRCIO

O artigo 278 da Lei 6.404/1976 estabelece que as companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou não, podem constituir
consórcio para executar determinado empreendimento.

http://www.portaltributario.com.br/guia/clientes/consorcio_empresas.html 1/7
15/04/2015 Consórcio entre Empresas ­ Aspectos Legais e Tributários

No entanto, fica proibida a formação de consórcio de empresas no caso de restringir a liberdade de comércio, tendo por objetivo a dominação do
mercado, a eliminação da concorrência, ou o monopólio na obtenção de elevação de preço, perante a ilegalidade de tais finalidades (Lei 8.884/1994).

REGISTROS CONTÁBEIS

A empresa líder do consórcio deverá manter registro contábil das operações do consórcio por meio de escrituração segregada na sua contabilidade, em
contas ou subcontas distintas, ou mediante a escrituração de livros contábeis próprios, devidamente registrados para este fim.

No aspecto contábil, a conta capital é substituída por conta corrente de consorciados ou denominação semelhante, não existindo a figura do
patrimônio líquido.

O saldo apurado na demonstração de resultado do consórcio de empresas deve ser transferido às empresas consorciadas na proporção prevista no
contrato, podendo as empresas consorciadas efetuarem os registros por operação ou saldo das contas.

Caso as empresas consorciadas forneçam ou adquiram materiais ou serviços em transações operacionais com o consórcio, estas devem ser tratadas,
contabilmente, como fornecedores ou clientes.

Os registros contábeis das operações no consórcio, efetuados pela empresa líder, deverão corresponder ao somatório dos valores das receitas, custos e
despesas das pessoas jurídicas consorciadas, podendo tais valores serem individualizados proporcionalmente à participação de cada consorciada no
empreendimento.

Quando da liquidação do consórcio, os ativos e os passivos remanescentes devem ser transferidos, baixados ou liquidados, de acordo com o contrato
entre as consorciadas.

Sem prejuízo da contabilização nos livros da mesma, a escrituração das operações objeto do consórcio, cada pessoa jurídica consorciada deverá
efetuar a escrituração segregada das operações relativas à sua participação no consórcio em seus próprios livros contábeis, fiscais e auxiliares.

Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal utilizados para registro das operações do consórcio e os comprovantes dos lançamentos neles
efetuados deverão ser conservados pelas empresas consorciadas até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes de tais operações.

INSCRIÇÃO NO CNPJ

São obrigados a inscrever­se no CNPJ os consórcios constituídos na forma dos artigos 278 e 279 da Lei 6.404/1976.

FORMALIDADES DO CONTRATO

De acordo com o artigo 279 da Lei 6.404/1976, o consórcio será constituído mediante contrato aprovado pelo órgão da sociedade competente para
autorizar a alienação de bens do ativo permanente do qual constarão:

http://www.portaltributario.com.br/guia/clientes/consorcio_empresas.html 2/7
15/04/2015 Consórcio entre Empresas ­ Aspectos Legais e Tributários

I ­ a designação do consórcio, se houver;

II ­ o empreendimento que constitua o objeto do consórcio;

III ­ a duração, endereço e foro;

IV ­ a definição das obrigações e responsabilidades de cada sociedade consorciada, e das prestações específicas;

V ­ normas sobre o recebimento de receitas e partilha de resultados;

VI ­ normas sobre administração do consórcio, contabilização, representação das sociedades consorciadas e taxa de administração, se houver;

VII ­ forma de deliberação sobre assuntos de interesse comum, com o número de votos que cabe a cada consorciado;

VIII ­ contribuição de cada consorciado para as despesas comuns, se houver.

Aprovação do Contrato de Consórcio

São competentes para aprovação do contrato de consórcio (IN DNRC 74/1998)

I ­ nas sociedades anônimas:

a) o Conselho de Administração, quando houver, salvo disposição estatutária em contrário;

b) a assembleia geral, quando inexistir o Conselho de Administração;

II ­ nas sociedades contratuais:

­ os sócios, por deliberação majoritária;

III ­ nas sociedades em comandita por ações:

­ a assembleia geral.

ARQUIVAMENTO NO REGISTRO DO COMÉRCIO

O contrato de consórcio, suas alterações e extinção serão arquivados na Junta Comercial do lugar da sua sede, devendo ser apresentada a seguinte
documentação (IN DNRC 74/1998):

http://www.portaltributario.com.br/guia/clientes/consorcio_empresas.html 3/7
15/04/2015 Consórcio entre Empresas ­ Aspectos Legais e Tributários

I ­ Capa de Processo/Requerimento;

II ­ contrato, alteração ou distrato do consórcio, no mínimo, em três vias, sendo pelo menos uma original;

III ­ decreto de autorização do Presidente da República, no caso de consórcio de mineração;

IV ­ comprovante de pagamento do preço do serviço:

­ recolhimento estadual.

O contrato do consórcio, suas alterações e extinção serão arquivados em prontuário próprio.

ASPECTOS TRIBUTÁRIOS

Como não tem personalidade jurídica, o consórcio não recolhe tributos como ICMS, IPI, ISS, PIS, COFINS, IR. Quem o faz são as consorciadas, na
razão de suas atividades e arrecadações, quando atuam pelo consórcio.

A Lei 12.402/2011 inova ao possibilitar que a retenção de tributos, o respectivo recolhimento e o cumprimento das obrigações acessórias sejam
realizadas pela figura do consórcio, ficando as empresas que o integram como responsáveis solidárias.

No tocante à administração tributária da Receita Federal, a regulamentação está disposta na Instrução Normativa RFB 1.199/2011.

Responsabilidade Solidária

O artigo 1º da Lei 12.402/2011, objeto de conversão da Medida Provisória 510/2010, determina que as empresas integrantes de consórcio, constituído
nos termos do disposto nos arts. 278 e 279 da Lei 6.404/1976, respondem pelos tributos devidos, em relação às operações praticadas pelo consórcio,
na proporção de sua participação no empreendimento.

Anteriormente, conforme estabelecido nos §§ 1º e 2º do art. 278 da Lei 6.404/1976, as consorciadas somente se obrigavam nas condições previstas no
respectivo contrato, respondendo cada uma por suas obrigações, sem presunção de solidariedade.

Retenções Tributárias sobre Receitas

Nos recebimentos de receitas decorrentes do faturamento das operações do consórcio sujeitas à retenção do imposto sobre a renda, da CSLL, da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a retenção deve ser efetuada em nome de cada pessoa jurídica consorciada, proporcionalmente à sua
participação no empreendimento.

No caso de pagamentos efetuados a consórcios pelos órgãos e entidades de que trata o artigo 1º da Instrução Normativa SRF 480/2004, a retenção será
efetuada observando­se o disposto no artigo 16 da referida Instrução Normativa.
http://www.portaltributario.com.br/guia/clientes/consorcio_empresas.html 4/7
15/04/2015 Consórcio entre Empresas ­ Aspectos Legais e Tributários

Os impostos retidos na fonte serão objeto de contabilidade posterior de cada organização que o compuser, na forma que estiver descrito no contrato,
compensando­se posteriormente por rateio entre as consorciadas.

Ao efetuar a apropriação proporcionalmente à participação no consórcio, cada consorciada permanecerá sendo tributada pelo Lucro Real, Presumido
ou Arbitrado, em conformidade com a opção realizada para o ano, independentemente das atividades do consórcio.

Retenções Fiscais Sobre Serviços de Terceiros

A responsabilidade pela retenção dos tributos correspondentes e o cumprimento das respectivas obrigações acessórias, caberá:

I ­ às consorciadas, mediante a utilização do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) próprio de cada pessoa jurídica, se o consórcio apenas
efetuar as contratações, ficando a responsabilidade pelos pagamentos à conta das consorciadas beneficiárias das contratações; ou

II ­ ao consórcio, mediante a utilização do CNPJ próprio do consórcio, se este também efetuar os pagamentos relativos às contratações.

Desta forma, o consórcio que realizar a contratação, em nome próprio, de pessoas jurídicas e físicas, com ou sem vínculo empregatício, poderá efetuar
a retenção de tributos e o cumprimento das respectivas obrigações acessórias, ficando as empresas consorciadas solidariamente responsáveis. Tal
possibilidade alcança os tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Se a empresa líder assumir a responsabilidade pela contratação e pagamento, em nome do consórcio, a retenção de tributos e o cumprimento das
respectivas obrigações acessórias deverão ser efetuados pela empresa líder, mediante seu CNPJ próprio.

Importante destacar que mesmo sendo a retenção de tributos ou o cumprimento das obrigações acessórias realizados pela empresa líder do consórcio,
permanecem as demais como solidárias pelo cumprimento das obrigações fiscais.

Bases: §§ 1º, 2º e 4º, do artigo 1º da Lei 12.402/2011 e artigo 6º da Instrução Normativa RFB 1.199/2011.

Contribuições Previdenciárias

A possibilidade de centralizar as obrigações tributárias no consórcio abrange também as contribuições previdenciárias patronais, inclusive a incidente
sobre a remuneração dos trabalhadores avulsos, e das contribuições destinadas a outras entidades e fundos, além da multa por atraso no cumprimento
das obrigações acessórias, conforme disposto no § 3º, do artigo 1º da Lei 12.402/2011.

Veja também o tópico Consórcio de Empresas ­ Retenção Previdenciária.

FATURAMENTO

O faturamento correspondente às operações do consórcio será efetuado pelas pessoas jurídicas consorciadas, mediante a emissão de Nota Fiscal ou

http://www.portaltributario.com.br/guia/clientes/consorcio_empresas.html 5/7
15/04/2015 Consórcio entre Empresas ­ Aspectos Legais e Tributários

Fatura próprios, proporcionalmente à participação de cada uma no empreendimento.

Nas hipóteses autorizadas pela legislação do ICMS e do ISS, a Nota Fiscal ou Fatura poderá ser emitida pelo consórcio no valor total.

PIS e COFINS

O PIS e a COFINS relativas às operações correspondentes às atividades dos consórcios será apurada pelas pessoas jurídicas consorciadas
proporcionalmente à participação de cada uma no empreendimento, observada a legislação específica.

Os créditos referentes ao PIS e à COFINS não­cumulativas, relativos aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas das operações do
consórcio, serão computados nas pessoas jurídicas consorciadas, proporcionalmente à participação de cada uma no empreendimento, observada a
legislação específica.

IPI

Se das operações do consórcio decorrer industrialização de produtos:

I ­ os créditos referentes às aquisições de matérias­primas, de produtos intermediários e de material de embalagem e os débitos referentes ao IPI serão
computados e escriturados, por estabelecimento da pessoa jurídica consorciada, proporcionalmente à sua participação no empreendimento industrial,
conforme documento arquivado no órgão de registro;
II ­ o consórcio deverá figurar no documento fiscal de aquisição.

O disposto aplica­se inclusive no caso de as pessoas jurídicas operarem sob a forma de condomínio em um mesmo estabelecimento industrial.

O regime fiscal depende de autorização da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) que disporá sobre o regime especial de escrituração fiscal e
de apuração do IPI e das contribuições, bem assim os termos, limites e condições para sua implementação.

CRÉDITOS

Não será admitida a comunicação de créditos e débitos do PIS e da Cofins entre pessoas jurídicas consorciadas e do IPI entre pessoas jurídicas
consorciadas ou entre os estabelecimentos destas.

DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS

Não apresentam declaração de rendimentos, ainda que se encontrem inscritas no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ por exigência legal ou
que tenham seus atos constitutivos registrados em Cartório ou Juntas Comerciais os consórcios constituídos na forma dos artigos 278 e 279 da Lei
6.404/1976.
Clique aqui se desejar imprimir este material.
http://www.portaltributario.com.br/guia/clientes/consorcio_empresas.html 6/7
15/04/2015 Consórcio entre Empresas ­ Aspectos Legais e Tributários

Clique aqui para retornar.

Guia Tributário ­ Índice

http://www.portaltributario.com.br/guia/clientes/consorcio_empresas.html 7/7

Você também pode gostar