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CONTRATO DE SOCIEDADE
Existem várias posições sobre qual a natureza do contrato de sociedade, a teoria aceite
é a DA INSTITUIÇÃO, em que a sociedade não é um contrato, mas sim uma instituição,
pois nela os direitos e interesses dos sócios são subordinados à prossecução da
finalidade social, a qual perdura para além da própria vinculação dos sócios à
sociedade.
Defende-se que o ato gerador da sociedade é um contrato associativo que visa um fim
comum e gera uma organização, sendo que esta organização tem natureza
institucional, na medida em que constitui um conjunto duradouro e coerente de
fatores produtivos, reunidos e interligados para a prática daquela sucessão de atos que
constitui a atividade ou atividades visadas pelos sócios.
1. CAPACIDADE
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Como qualquer contrato, também o da sociedade resulta de um conjunto de
declarações de vontade, cuja validade depende de quem as emita e possua capacidade
de gozo e de exercício.
Menores, artigo 1889.º CC.
2. LEGITIMIDADE
A legitimidade consiste na exigência de uma certa posição de contraente quanto a
outras pessoas ou a bens objeto do contrato.
Assim, quanto às pessoas físicas em geral, embora em regra possa um mesmo
indivíduo ser sócio de múltiplas sociedades, existem exceções:
• Por um lado, pode essa liberdade ser restringida por via convencional;
• E, por outro lado as pessoas que forem sócios de responsabilidade ilimitada de
uma sociedade comercial estão sujeitas à proibição de concorrência não autorizada à
sociedade (art. 180º e 474º CSC), daí resultando restrições à sua legitimidade para se
associarem em outras sociedades;
• Quanto às pessoas casadas, cada cônjuge pode, sem autorização do outro
cônjuge, participar isoladamente em sociedades de responsabilidade limitada, desde
que as entradas se façam com bens móveis dos quais tenha a administração e que não
sejam utilizados na vida do lar ou como instrumentos comuns de trabalho (arts. 1690º,
1682º/2 e 3 CC).
3. CONSENTIMENTO
Este elemento reconduz-se ao acordo de vontades, o qual tem de ser manifestado por
todos os sócios de forma expressa
e visando a constituição da sociedade através de documento escrito, artigo 7.º , n.º 1.
Não é admissível constituição de sociedades por vontade tácita.
4. OBJETO
Objeto jurídico do contrato de sociedade é o complexo dos efeitos jurídicos que o contrato
visa produzir, o seu conteúdo.
Tais efeitos são os queridos pelos sócios ou determinados pela lei em conformidade com a
vontade daqueles, e variam de caso para caso, manifestando-se através de regras pelas quais
eles conformam o ente social: os seus estatutos ou pacto social, que formam a lei interna da
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sociedade, na qual são disciplinados e caracterizados, na medida entendida como necessária,
os assuntos dos sócios, aos seus órgãos e respetivo funcionamento, ao início, duração e termo
da instituição social.
O Código das Sociedades Comerciais define aspetos que devem ser focados no contrato de
sociedade (art. 9º CSC):
A par do objeto jurídico, cabe destacar o objeto material do contrato, isto é, o bem ou bens
sobre os quais incidem as prestações das partes.
No caso do contrato de sociedade, tal objeto consiste nos bens com que os sócios entram para
a sociedade, isto é, com os quais eles dão cumprimento à obrigação de entrada.
5. CAUSA:
Pode-se distinguir entre fim imediato ou causa-função, que define a função
económico-social do contrato e modela as suas estipulações;
e o fim mediato ou causa-motivo, a finalidade ou motivação última que move os
contraentes.
Quanto à causa-função ela consiste, no contrato de sociedade, na constituição em si
por disposição legal, a causa-função do contrato constitutivo das sociedades
comerciais apenas poderá diversificar-se entre os vários tipos de sociedade
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consagrados na lei; a constituição de uma sociedade não enquadrável num desses
tipos vicia a sociedade quanto à forma.
No que respeita à causa-motivo, não se trata propriamente do fim particular de cada
sócio, mas sim da finalidade derradeira comum a todos os sócios: a consecução de
lucros.
6. FORMA
As sociedades civis não dependem de forma especial quanto à sua constituição (art.
981º CC).
Mas as sociedades comerciais estão sujeitas a apertadas regras formais que se
reconduzem no Código das Sociedades Comerciais a três:
1) A celebração do contrato por escritura pública (art. 7º/1 CSC; art. 89º-e CNot);
O contrato deve ser celebrado por documento escrito e assinado pelos
outorgantes, devendo as assinaturas serem reconhecidas presencialmente.
O contrato também deve mencionar a data do certificado de admissibilidade da firma
adotada, emitida pelo RNPC.
2) O registo do contrato (arts. 5º e 18º CSC; arts. 3º-a; 35º CRCom); o registo
atribui eficácia constitutiva das sociedades.
O artigo 18.º permite o registo provisório da sociedade.
Outro dos efeitos do registo, para além do efeito constitutivo, traduz-se no âmbito da
assunção de direitos e obrigações resultantes de negócios celebrados antes da
sociedade adquirir personalidade jurídica= artigo 19.º
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O processo de constituição
Em regra as sociedades comerciais constituem-se por mera vontade dos associados,
sem necessidade de qualquer autorização administrativa, podendo-se, por isso,
afirmar que se consagrou um sistema livre de constituição. Contudo, o processo de
constituição de uma sociedade comercial encontra-se, em parte subtraído à liberdade
contratual porque o legislador predeterminou as etapas que devem ser cumpridas.
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A lei impõe que o contrato de sociedade contenha além das menções referidas no art.
9º CSC, uma série de menções específicas de cada um dos tipos sociais.
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entre vivos das participações sociais e as modificações do contrato social requerem
sempre o consentimento unânime dos sócios (art. 37º/2 CSC).
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De acordo com o art. 70º/1-a CRCom, é obrigatória a publicação dos actos “previstos
no art. 3º CRCom, quando respeitem a sociedades por quotas, anónimas ou em
comandita por acções, desde que sujeitos a registo obrigatório”.
O art. 71º CRCom, estabelece a oficiosidade da publicação, querendo-se com isto
significar que a promoção das publicações cabe ao conservador do registo comercial e
não aos interessados. Realizada a publicidade exigida por lei, considera-se concluído o
processo constitutivo das sociedades comerciais.
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Invalidades do contrato de sociedade
Os requisitos do contrato de sociedade, levam-nos necessariamente a
antever vícios.
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entrada, mas se a anulação se fundar em vício da vontade ou usura, não ficará liberto,
em face de terceiro, da responsabilidade que por lei lhe competir quanto às obrigações
da sociedade anteriores ao registo da acção ou da sentença (art. 47º CSC).
c) Consequências da invalidade total do contrato
Em sede de consequências da declaração de invalidade do contrato de sociedade, o
legislador afastou-se significativamente do regime do Direito Civil.
Segundo o art. 289º CC, tanto a declaração de nulidade como a anulação de um
negócio tem eficácia retroativa, devendo ser restituído tudo o que tiver sido prestado.
Diferente é a solução do art. 52º/1 CSC, porquanto “a declaração de nulidade e a
anulação do contrato de sociedade determinam a entrada da sociedade em
liquidação” (art. 165º CSC). Portanto, a declaração de nulidade ou a anulação do
contrato social leva à liquidação da sociedade, praticamente como se se tratasse de
uma sociedade efetivamente constituída. Assim, a eficácia dos negócios jurídicos
concluídos anteriormente em nome da sociedade não é afetada pela declaração de
nulidade ou anulação do contrato social (art. 52º/2 CSC), nem a “invalidade do
contrato de sociedade exime os sócios do dever de realizar ou completar as suas
entradas nem tão-pouco os exonera da responsabilidade pessoal e solidária perante
terceiros quem, segundo a lei, eventualmente lhe incumba” (art. 52º/4 CSC).
Incapacidade
No caso de um dos participantes num contrato de sociedade padecer de incapacidade
– menores, interditos, inabilitados – a consequência em face do Direito Civil, será a
anulabilidade da respetiva participação na sociedade (arts. 125º/1; 126º; 148º a 150º;
156º e 257º CC).
Esta anulabilidade pode ser arguida nas condições temporais dispostas no art. 287º/1
e 2 CC e pelas pessoas que o art. 287º/1 CC se refere.
Antes de registado o contrato, aplicam-se as regras gerais do Código Civil, sendo a
invalidade oponível pelo próprio incapaz ou pelo seu representante legal, tanto aos
outros sócios como a terceiros (art. 41º/1 e 2 CSC).
Quanto aos contratos já registados, há que distinguir consoante o tipo de sociedade
que se trate.
Ilegitimidade
Os casos de ilegitimidade não determinam sanção tipificada, pelo que cada situação
terá solução própria.
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A constituição por dois cônjuges de uma sociedade em nome colectivo terá como
consequência a nulidade do contrato, por violação do imperativo do art. 8º/1 in fine
CSC.
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