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10-03-2022

1 - Noção de Sociedade
Comercial e Figuras Afins

Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 1

 O n.º 2 do artigo 13.º do Código Comercial diz


serem comerciantes as sociedades comerciais.

 São comerciantes:
 1.º As pessoas, que, tendo capacidade para praticar
atos de comércio, fazem deste profissão;
 2.º As sociedades comerciais.

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 Tipo comercial - Princípio da Tipicidade –


“numerus clausus” – Artigo 1.º, n.º 2 do CSC -
segurança do comércio jurídico e celeridade das
transações comerciais; mas com temperada
autonomia da vontade no pacto social, em tudo que
não esteja contra lei imperativa.

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Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 05-03-1992, Relator Tato


Marinho, proc. n.º 081918:

Sumário:
I - E legítima a recusa de registo da alteração do pacto social de uma
sociedade por quotas em que a gerência - órgão administrativo - representativo
desse tipo de sociedades - e substituída por um conselho de administração.

II - O princípio da tipicidade consagrado no Código das Sociedades por Quotas


abrange não só a obrigatoriedade de opção por um dos quatro tipos de
sociedade comercial previstos nesse Código, mas também a adopção dos
órgãos administrativos - representativos previstos para cada um desses tipos,
disponível em www.dgsi.pt.

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 Princípio da Tipicidade das Sociedades


Comerciais é uma restrição ao princípio da
autonomia privada, em especial na sua vertente
de liberdade contratual.

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 No ordenamento jurídico português, o princípio da autonomia


privada é um princípio estruturante do direito dos contratos,
surge como sua decorrente a liberdade contratual prevista no
artigo 405.º do Código Civil, donde retiramos a programação
contratual: a liberdade de celebração, competindo às partes, a
decisão sobre a realização de contratar ou não contratar; a
liberdade de escolha do outro contraente; e a liberdade de
estipulação, onde as partes são livres de fixar o conteúdo dos
contratos, de celebrar contratos diferentes dos previstos na lei
ou de incluir, nos que estão previstos, as cláusulas que
entenderem, desde que utilizem essa liberdade dentro dos
limites que a lei lhes impõe.
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O princípio da tipicidade justifica-se pela necessidade


de promover a segurança jurídica.

É, indispensável que os sócios, os terceiros e o


público em geral saibam qual o tipo de sociedade com
que se relacionam e qual o regime jurídico a que
aquela está sujeita.

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 O artigo 1.º, n.º 2, do CSC estabelece que são


sociedades comerciais aquelas que tenham por
objeto a prática de atos de comércio e adotem o tipo:

 de sociedade em nome coletivo;


 de sociedade por quotas;
 de sociedade anónima;
 de sociedade em comandita simples ou de sociedade
em comandita por ações.

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 O artigo 1.º, n.º 2, do CSC expressa os requisitos


para que uma sociedade seja qualificada como
comercial.

 Requisitos de comercialidade.

 Omite qualquer noção de sociedade.

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Conceito de Sociedade
Comercial

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 Do artigo 2.º CSC resulta que a lei não dá a noção de


sociedade, mas indica os requisitos para que uma
sociedade se considere comercial: objeto e tipo
comercial.

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 O artigo 980.º do Código Civil preceitua:

 “Sociedade é o contrato pelo qual duas ou mais


pessoas se obrigam a contribuir com bens ou
serviços para o exercício em comum de certa
atividade económica que não seja de mera fruição, a
fim de repartirem os lucros resultantes dessa
atividade”.

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 Os elementos essenciais da noção de sociedade


resultante do artigo 980.º do Código Civil são:
 a intervenção de duas ou mais pessoas como partes
do negócio;
 a obrigação de contribuir com bens ou serviços;
 o propósito de exercício em comum de uma certa
atividade que não seja de mera fruição; e,
 de obtenção, por esta forma, de lucro com vista à sua
distribuição pelos sócios, ficando estes todavia
também sujeitos a perdas.
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 Para tanto é necessário recorrer ao direito civil para que remete o artigo
2.º do CSC; e do artigo 980.º CC se vê que são quatro os elementos do
conceito geral de sociedade:

 elemento pessoal – intervenção voluntária de duas ou mais pessoas;

 elemento patrimonial - obrigação de contribuir com bens ou serviços;

 elemento finalístico ou objeto - exercício em comum de certa


atividade económica que não seja de mera fruição; e,

 elemento teleológico ou fim - repartição dos lucros resultantes dessa


atividade.
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 Elemento pessoal - A regra resultante, até, do


conceito de sociedade é a da pluripessoalidade,
tanto para a sociedade-contrato (no momento da
constituição) como para a sociedade-instituição (na
sua existência).

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 Número mínimo de sócios:


 O número mínimo de sócios de uma sociedade
comercial é dois – artigo 7.º, n.º 2.

 Exceções:
 Pode ser exigido um número superior – Sociedades
Anónimas e as Sociedades em Comandita por ações;
 Como se pode dispensar o mínimo de dois sócios –
Sociedades por quotas unipessoais e as sociedades
anónimas unipessoais.
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 Sociedades Anónimas – artigo 273.º:


 A sociedade anónima não pode ser constituída por
um número de sócios inferior a cinco, salvo quando a
lei o dispense;

 excetuam-se as sociedades em que o Estado,


diretamente ou por intermédio de empresas públicas
ou outras entidades equiparadas por lei para este
efeito, fique a deter a maioria do capital, as quais
podem constituir-se apenas com dois sócios.
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 Sociedades em Comandita por Ações – artigo 479.º:

 A sociedade em comandita por ações não pode


constituir-se com menos de cinco sócios comanditários.
 Assim:

 Nas sociedades em comandita por ações (onde é


exigido um número mais elevado de sócios: seis sócios
(pelo menos cinco sócios comanditários e um
comanditado – artigos 465.º, n.º1 e 479.º).
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 Sociedades por quotas unipessoais – artigo 270.º A:

 A sociedade unipessoal por quotas é constituída por


um sócio único, pessoa singular ou coletiva, que é o
titular da totalidade do capital social.

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 As Sociedades Anónimas Unipessoais:


 Podem ser criadas por negócio jurídico unilateral – artigo
488.º, n.º1;
 Ao contrário das Sociedades Unipessoais por Quotas,
não é qualquer pessoa singular ou coletiva que pode
celebrar o negócio jurídico de constituição de uma
sociedade anónima: só as sociedades por quotas,
anónimas ou em comandita por ações podem beneficiar
da exceção prevista no artigo 488.º, n.º 1, tal como prevê
o artigo 481.º, n.º 1, e assim constituírem uma sociedade
unipessoal. Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 20

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 Porém, o n.º 2, in fine, do artigo 7.º, permite que a


sociedade seja constituída por uma só pessoa e do
artigo 142.º, n.º 1, a) - regula a dissolução de
sociedade por sentença - conclui-se que, enquanto
não for proferida tal sentença em ação própria, a
sociedade poderá continuar a existir com o único
sócio restante. É um caso de unipessoalidade
superveniente.

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 Outros exemplos:

 As sociedades criadas através de fusão-constituição


– artigos 7.º, n.º 4 e 97.º, n.º 4, al. b);

 Cisão simples – artigos 7.º, n.º 4 e 118.º, n.º 1, al. a);

 Ou, a transformação novatória – artigos 7.º, n.º 4 e


130.º.

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 Outros exemplos - Fora do Código das Sociedades


Comerciais:
 a constituição de sociedade no âmbito do saneamento
por transmissão previsto no artigo 199.º do Código da
Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE);

 A constituição da societas europaea (sociedade


anónima europeia) reguladas no artigo 2.º do
Regulamento n.º 2157/2001, do Conselho, de 8 de
outubro de 200121 e no DL n.º 2/2005, de 4 de janeiro.
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 Concluindo:
 A lei permite, porém, dois casos de unipessoalidade
originária, exceções àquela regra natural e conceitual da
pluripessoalidade:

 a) - Sociedade unipessoal por quotas – artigos 270.º-A a


270.º-G;

 b) - Sociedade unipessoal anónima – artigo 488.º, nº 1: a


sócia única tem de ser uma sociedade que com a
unipessoal forma um grupo por domínio total – artigo 488.º,
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n.º 3.
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 Concluindo:

 O Código das Sociedades Comerciais não estabelece


número máximo de sócios para qualquer tipo
societário.

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 Elemento patrimonial - obrigação de contribuir com


bens ou serviços.

 É necessário que os bens (dinheiro ou direitos, como


arrendamento, crédito, direito de propriedade
industrial) tenham valor pecuniário - artigo 9.º, n.º 1,
al. g) e h) - e sejam suscetíveis de penhora - artigo
20.º, al. a).

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 A obrigação de entrada vem prevista no artigo 20.º,


alínea a), e encontra-se regulada nos artigos 25.º a
30.º.
 A entrada do sócio corresponde a uma contribuição
necessária – geralmente em dinheiro, mas que
também pode ser em espécie – para o acervo
patrimonial de que a sociedade irá necessitar, para
prosseguir a atividade económica que se propõe
realizar quando se constitui, e traduz a medida do
risco do capital suportado pelo sócio.
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 A entrada com serviços só é permitida nas


Sociedades em nome coletivo – artigo 176.º e ss. - e
em Comandita para os comanditados – artigo 468.º;

 Sendo proibida nas Sociedades por Quotas –


artigo 202.º - e nas Sociedades Anónimas – artigo
277.º: não são admitidas contribuições de indústria.

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 Com as entradas dos sócios forma-se o fundo


comum, define-se a proporção da participação de
cada sócio na sociedade e fixa-se o capital social.

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 A sociedade supõe a existência de um fundo


patrimonial próprio - artigos 980.º, 983.º, n.º1 CC e
artigo 20.º, al.ª a) CSC - , constituído, pelo menos,
pelos direitos correspondentes às obrigações de
“contribuir com bens e serviços” às quais os sócios
se vincularam (entradas).

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 Nas sociedades civis essas entradas não têm que


ser efetuadas previamente ou no momento da
conclusão do contrato através do qual se constitui a
sociedade, ao contrário da regra estabelecida no n.º1
do artigo 26.º CSC: “as entradas dos sócios devem
ser realizadas até ao momento da celebração do
contrato de sociedade”.

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 Porém, n.º 1 do artigo 26.º CSC admite desvios:


 “sem prejuízo do disposto nos números seguintes”;
 O n.º 2 do art. 26.º estabelece que “sempre que a lei
o permita, as entradas podem ser realizadas até ao
termo do primeiro exercício económico, a contar da
data do registo definitivo do contrato de sociedade”.
 O n.º 3 do mesmo artigo preceitua: “Nos casos e nos
termos em que a lei o permita, os sócios podem
estipular contratualmente o diferimento das entradas
em dinheiro”. Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 32

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 Elemento Finalístico ou Objeto:


a atividade social deve ser económica (não de índole
cultural, política ou religiosa), definida, exercida em
comum e não de mera fruição, no que se distingue da
comunhão ou compropriedade – artigo 980.º CC.

 Falsa aparência de sociedade: artigo 36.º, n.º 1 -


responsabilidade solidária e ilimitada dos indivíduos
que criaram essa aparência de sociedade pelas
obrigações contraídas nesses termos por qualquer
deles. Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 33

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 As sociedades têm por objeto o exercício de


atividades económicas, como: atividades de
produção de qualquer setor da economia de bens ou
serviços que impliquem o uso e a troca de bens.

 Ficam excluídas do objeto das sociedades o


exercício de atividades de caráter ideal (recreativas,
desportivas, culturais, políticas e religiosas, entre
outras), normalmente reservado às associações.

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 Nada impede que seja constituída uma sociedade


para explorar “aspetos ou dimensões económicas”
dessas atividades “quando a prestação dos
respetivos serviços acarrete o uso e a troca de bens
(materiais ou imateriais)”.

 JORGE MANUEL COUTINHO DE ABREU, Curso de


Direito Comercial, vol. II, 7.ª ed., 2021, p. 28, refere
como exemplo as atividades teatrais ou musicais que
podem ser objeto de sociedades.
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 A atividade económica objeto da sociedade


pressupõe uma série de atos, excluindo as
sociedades com vista à realização de um só ato ou
de atos isolados - sociedades ocasionais.

 Exemplo: a compra por um grupo de pessoas de um


bilhete de lotaria nacional, para concurso a uma
extração do totoloto ou do euromilhões.

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 A atividade económica tem de ser determinada -


artigos 980.º CC e 11.º, n.º 2 CSC - se a atividade
económica não estiver concretamente determinada
no ato constituinte da sociedade, esse ato é nulo -
artigos 280.º CC e 41.º CSC.

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 A atividade económica, não pode ser de mera


fruição. Vejamos os exemplos enunciados por
VASCO LOBO XAVIER Sociedades Comerciais, p. 14 e s. :
 1.º - “Suponha-se que dois indivíduos, legatários de
uma quinta ou herdade, resolvem arrendá-la, ou
então, legatários de um estabelecimento mercantil,
acordam em locá-lo”.
 2.º - Suponha-se agora “que os mesmos indivíduos
combinam antes explorar diretamente, eles próprios,
os bens em referência”.
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 No primeiro exemplo referido a atividade que os


indivíduos se propõem é atividade de mera fruição,
isto é, de simples desfrute da coisa, de simples
perceção dos seus frutos (no caso civis).

 No segundo exemplo a atividade já não é de mera


fruição já não se limita à perceção dos frutos dos
bens. É uma atividade própria de uma sociedade:
agrícola (no primeiro caso) e comercial (no segundo)

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 Fora do Código das Sociedades Comerciais:

 Há sociedades de direito especial que se destinam a


atividades de mera fruição

 As sociedades de simples administração de bens –


artigo 6.º, n.º 4, al. b) do CIRC.

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 Artigo 6.º, n.º 4, al. b) do Código do Imposto sobre o


rendimento das pessoas coletivas.

b) Sociedade de simples administração de bens — a sociedade


que limita a sua atividade à administração de bens ou valores
mantidos como reserva ou para fruição ou à compra de prédios
para a habitação dos seus sócios, bem como aquela que
conjuntamente exerça outras catividades e cujos rendimentos
relativos a esses bens, valores ou prédios atinjam, na média dos
últimos três anos, mais de 50% da média, durante o mesmo
período, da totalidade dos seus rendimentos;

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 Elemento teleológico ou fim:


 De acordo com o artigo 980.° do Código Civil, o fim ou
escopo da sociedade é a obtenção, através do exercício da
atividade - objeto social, de lucros e a sua repartição pelos
sócios.

 o fim lucrativo pode não ser decisivo. Bastará que haja


um benefício patrimonial para os sócios, como nas
sociedades não lucrativas que poderão comercializar,
realizando lucro, as tecnologias fornecidas ou produtos
criados pela sociedade.
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 Distribuição dos lucros – artigos 21.º, n.º 1, a), 217.º
e 294.º, nº 1. Deliberação contrária é simplesmente
anulável.

 Proporção – artigos 22.º, n.ºs 1 e 2 - salvo lei ou


cláusula contratual em contrário. Nulidade das
cláusulas dos n.ºs 3 e 4 deste artigo 22.º.

 Atenção: Pacto leonino – artigo 994.º do Código Civil.

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 Pacto Leonino – Convenção pela qual se exclui um


sócio da comunhão nos lucros ou que o isenta ( salvo
de for de industria) de participar nas perdas da
sociedade – é nula nos termos do artigo 994.º do
Código Civil.

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Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de 02-05-2000,


Relator Monteiro Casimiro, proc. n.º 3374/99:

Sumário:
I - O art.º 994º do CC, relativo à proibição do pacto leonino,
dispõe que é nula a cláusula que exclui um sócio da comunhão
nos lucros ou que o isenta de participar nas perdas da sociedade.

II - Porém, esta norma só tem aplicação no decurso normal da


vida da sociedade e não nos casos em que se procede à
liquidação da mesma, disponível em www.dgsi.pt.

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Sociedade e empresa

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Sociedade

Empresa

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 Exemplo:

 Deveres, poderes e responsabilidade dos liquidatários-


Artigo 152.º:

2 - Por deliberação dos sócios pode o liquidatário ser


autorizado a:

d) Proceder ao trespasse do estabelecimento da sociedade.

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Sociedade e figuras afins

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 O Sociedade e Figuras Afins:

 Cooperativas;
 ACEs e AEIE (agrupamentos complementares de
empresas / agrupamentos europeus de interesse
económico);
 Consórcios
 Associação em participação;
 Sociedades e entidades públicas empresariais;
 Sociedade e start-up.
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 Sociedade e Cooperativa:
 Lei n.º 119/2015, de 31 de Agosto – Código Cooperativo
 Artigo 2.º:
 1 - As cooperativas são pessoas coletivas autónomas, de livre
constituição, de capital e composição variáveis, que, através da
cooperação e entreajuda dos seus membros, com obediência aos
princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a satisfação das
necessidades e aspirações económicas, sociais ou culturais
daqueles.
 2 - As cooperativas, na prossecução dos seus objetivos, podem
realizar operações com terceiros, sem prejuízo de eventuais limites
fixados pelas leis próprias de cada ramo.

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 Sociedade e Cooperativa: .
 Lei n.º 119/2015, de 31 de Agosto – Código Cooperativo
 Artigo 3.º - Princípios cooperativos:
As cooperativas, na sua constituição e funcionamento, obedecem aos seguintes princípios cooperativos, que
integram a declaração sobre a identidade cooperativa adotada pela Aliança Cooperativa Internacional:
1.º Princípio - Adesão voluntária e livre
As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e
dispostas a assumir as responsabilidades de membro, sem discriminações de sexo, sociais, políticas, raciais ou
religiosas.
2.º Princípio - Gestão democrática pelos membros
As cooperativas são organizações democráticas geridas pelos seus membros, os quais participam ativamente na
formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres que exerçam funções como
representantes eleitos são responsáveis perante o conjunto dos membros que os elegeram. Nas cooperativas do primeiro
grau, os membros têm iguais direitos de voto (um membro, um voto), estando as cooperativas de outros graus
organizadas também de uma forma democrática.
3.º Princípio - Participação económica dos membros
Os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente.
Pelo menos parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os cooperadores, habitualmente,
recebem, se for caso disso, uma remuneração limitada, pelo capital subscrito como condição para serem membros. Os
cooperadores destinam os excedentes a um ou mais dos objetivos seguintes: desenvolvimento das suas cooperativas,
eventualmente através da criação de reservas, parte das quais, pelo menos, é indivisível; benefício dos membros na
proporção das suas transações com a cooperativa; apoio a outras atividades aprovadas pelos membros.
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 Sociedade e Cooperativa: .

 Lei n.º 119/2015, de 31 de Agosto – Código Cooperativo


 Artigo 3.º - Princípios cooperativos:
4.º Princípio - Autonomia e independência
As cooperativas são organizações autónomas de entreajuda, controladas pelos seus membros. No caso de
entrarem em acordos com outras organizações, incluindo os governos, ou de recorrerem a capitais externos,
devem fazê-lo de modo a que fique assegurado o controlo democrático pelos seus membros e se mantenha a
sua autonomia como cooperativas.
5.º Princípio - Educação, formação e informação
As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos, dos
dirigentes e dos trabalhadores, de modo a que possam contribuir eficazmente para o desenvolvimento das suas
cooperativas. Elas devem informar o grande público particularmente, os jovens e os líderes de opinião, sobre a
natureza e as vantagens da cooperação.
6.º Princípio – Intercooperação
As cooperativas servem os seus membros mais eficazmente e dão mais força ao movimento cooperativo,
trabalhando em conjunto, através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.
7.º Princípio - Interesse pela comunidade
As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentável das suas comunidades, através de políticas
aprovadas pelos membros.

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 Sociedade e Cooperativa:
 Lei n.º 119/2015, de 31 de Agosto – Código Cooperativo
 Artigo 99.º:

 Todas as reservas obrigatórias, bem como as que


resultem de excedentes provenientes de operações
com terceiros, são insuscetíveis de qualquer tipo de
repartição entre os cooperadores e membros
investidores.

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 Sociedade - ACEs e AEIE (agrupamentos
complementares de empresas / agrupamentos
europeus de interesse económico):

 Agrupamentos complementares de empresas – Lei


4/73, de 25 agosto - DL 430/73, de 25 agosto;

 Agrupamentos europeus de interesse económico –


Regulamento (CEE) 2137/85 do Conselho, de 25 de
julho - DL 148/90, de 09 de maio.
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 Sociedade – Consórcio e Associação em


Participação:

Sociedade

Contrato de Consórcio e Associação em


Participação
Decreto-Lei n.º 231/81, de 28 de julho

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Sociedade

Consórcio

Decreto-Lei n.º 231/81, de 28 de julho

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 Noção - Artigo 1.º:

 Consórcio é o contrato pelo qual duas ou mais


pessoas, singulares ou coletivas, que exercem uma
atividade económica se obrigam entre si a, de forma
concertada, realizar certa atividade ou efetuar certa
contribuição com o fim de prosseguir qualquer dos
objetos referidos no artigo 2.º.

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 Objeto - Artigo 2.º:

 O consórcio terá um dos seguintes objetos:


 a) Realização de atos, materiais ou jurídicos, preparatórios
quer de um determinado empreendimento, quer de uma
atividade contínua;
 b) Execução de determinado empreendimento;
 c) Fornecimento a terceiros de bens, iguais ou complementares
entre si, produzidos por cada um dos membros do consórcio;
 d) Pesquisa ou exploração de recursos naturais;
 e) Produção de bens que possam ser repartidos, em espécie,
entre os membros do consórcio.Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 59

59

 Forma - Artigo 3.º:


 O contrato está apenas sujeito a forma escrita, salvo se entre os
membros do consórcio houver transmissão de bens imóveis, caso
em que só é válido se for celebrado por escritura pública.

 A falta de escritura pública só produz nulidade total do negócio


quando for aplicável a parte final do artigo 292.º do Código Civil e
caso não seja possível aplicar o artigo 293.º do mesmo Código, de
modo que a contribuição se converta no simples uso dos bens cuja
transmissão exige aquela forma.

 O consórcio não está sujeito ao registo comercial: o artigo 3.º


CRCom. não inclui entre Sérgio
os Machado–
factos a inscrever.
Ano Letivo 2021/2022 60

60
10-03-2022

 Modalidades de Consórcio - Artigo 5.º:

 Modalidades de Consórcio:

Interno Externo

Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 61

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 Modalidades de Consórcio - Artigo 5.º:

 O consórcio diz-se interno quando:


 a) As atividades ou os bens são fornecidos a um dos membros
do consórcio e só este estabelece relações com terceiros;
 b) As atividades ou os bens são fornecidos diretamente a
terceiros por cada um dos membros do consórcio, sem
expressa invocação dessa qualidade.
 O consórcio diz-se externo quando as atividades ou os bens
são fornecidos diretamente a terceiros por cada um dos
membros do consórcio, com expressa invocação dessa
qualidade. Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 62

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10-03-2022

 Organização no Domínio do Consórcio:


 Artigo 7.º - Conselho de orientação e fiscalização;

 Artigo 12.º - Chefe do consórcio;

 Artigo 13.º - Funções internas do chefe do consórcio;

 Artigo 14.º - Funções externas do chefe do consórcio;

 Artigo 20.º - Proibição de fundos comuns.


Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 63

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 Proibição de fundos comuns - Artigo 20.º:

 Não é permitida a constituição de fundos comuns em


qualquer consórcio.

 Nos consórcios externos, as importâncias entregues


ao respetivo chefe ou retidas por este com
autorização do interessado consideram-se fornecidas
àquele nos termos e para os efeitos do artigo 1167.º,
alínea a), do Código Civil.
Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 64

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10-03-2022

 O Termo do Consórcio – três modalidades:

Exoneração dos seus membros – artigo 9.º;

Resolução do Contrato – artigo 10.º;

Extinção do Consórcio – artigo 11.º.

Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 65

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Sociedade

Associação em Participação

Decreto-Lei n.º 231/81, de 28 de julho

Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 66

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 Noção e Regulamentação - Artigo 21.º:

 A associação de uma pessoa a uma atividade económica


exercida por outra, ficando a primeira a participar nos lucros ou
nos lucros e perdas que desse exercício resultarem para a
segunda.
 É elemento essencial do contrato a participação nos lucros; a
participação nas perdas pode ser dispensada.
 As matérias não reguladas nos artigos seguintes serão
disciplinadas pelas convenções das partes e pelas disposições
reguladoras de outros contratos, conforme a analogia das
situações. Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 67

67

 Pluralidade de associados - Artigo 22.º:

 Sendo várias as pessoas que se ligam, numa só associação,


ao mesmo associante, não se presume a solidariedade dos
débitos e créditos daquelas para com este.
 O exercício dos direitos de informação, de fiscalização e de
intervenção na gerência pelos vários associados será regulado
no contrato; na falta dessa regulamentação, os direitos de
informação e de fiscalização podem ser exercidos individual e
independentemente por cada um deles, devendo os
consentimentos exigidos pelo artigo 26.º, n.º 1, alíneas b) e c),
e n.º 2, ser prestados pela maioria dos associados.
Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 68

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10-03-2022

 Forma do Contrato - Artigo 23.º:


 O contrato de associação em participação não está sujeito a
forma especial, à exceção da que for exigida pela natureza dos
bens com que o associado contribuir.
 Só podem, contudo, ser provadas por escrito a cláusula que
exclua a participação do associado nas perdas do negócio e
aquela que, quanto a essas perdas estabeleça a responsabilidade
ilimitada do associado.
 A inobservância da forma exigida pela natureza dos bens com que
o associado contribuir só anula todo o negócio se este não puder
converter-se, segundo o disposto no artigo 293.º do Código Civil,
de modo que a contribuição consista no simples uso e fruição dos
Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 69
bens cuja transferência determina a forma especial.
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 Objeto - Artigos 24.º e 25.º:

 Quanto ao objeto da associação em participação


encontramos 2 elementos essências :

A contribuição patrimonial A participação nos lucros e perdas

Artigo 24.º Artigo 25.º


Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 70

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10-03-2022

 O Associante tem, no fundamental, os deveres seguintes:

Proceder com a diligência de um gestor criterioso e ordenado –


artigo 26.º, n.º 1, al. a);

Conservar as bases essenciais da associação, designadamente


não fazendo sua a empresa – artigo 26.º, n.º 1, al. b);

Não concorrer com a empresa – artigo 26.º, n.º 1, al. c);

Prestar todas as informações ao associado – artigo 26.º, n.º 1,


al. d);
Ppppfffffff
Colher, quando o contrato o preveja, o prévio acordo do
associado, para certos atos ou ouvi-lo – artigo 26.º, n.º 2;

Prestar contas – artigo 31.º.

Sérgio Machado– Ano Letivo 2021/2022 71

71

.
 Sociedades e entidades públicas empresariais:

DL n.º 133/2013, de 03 de Outubro

REGIME JURÍDICO DO SECTOR PÚBLICO


EMPRESARIAL
Artigo 5.º
Empresas públicas

Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 72

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10-03-2022

.
 Sociedades e entidades públicas empresariais:

DL n.º 133/2013, de 03 de Outubro


 Artigo 56.º - Noção:
 São entidades públicas empresariais as pessoas
coletivas de direito público, com natureza
empresarial, criadas pelo Estado para prossecução
dos seus fins, as quais se regem pelas disposições
do presente capítulo e, subsidiariamente, pelas
restantes normas do presente decreto-lei.
Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 73

73

.
 Sociedades e entidades públicas empresariais:
DL n.º 133/2013, de 03 de Outubro
 As entidades públicas empresariais têm uma base
institucional;
 Não têm sócios;
 Não têm participações sociais;
 Não têm assembleia geral;
 Não têm capital social – mas são dotadas de “capital
estatutário”;
 São criadas por decreto-lei, o qual aprova também os
respetivos estatutos – artigo 57.º

Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 74

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10-03-2022

.
 Sociedade e start-up:

 Empreendedorismo – em especial do
empreendedorismo de base tecnológica

Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 75

75

Sociedades civis simples e


sociedades civis de tipo
comercial

Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 76

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10-03-2022

.
 Os requisitos de comercialidade das sociedades. As
sociedades civis, as sociedades civis sob forma comercial e
as sociedades comerciais:
 O artigo 1.º, n.º 2 do CSC estabelece os requisitos de
comercialidade das sociedades.
 são sociedades comerciais aquelas que preencherem um:
 requisito substancial – tiverem por objeto a prática de atos de
comércio;
 e um requisito formal - aquelas que adotarem um dos tipos aí
previstos (sociedades em nome coletivo, sociedades por
quotas, sociedades anónimas e sociedades em comandita
simples ou por ações). Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 77

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.
 Objeto e forma das sociedades comerciais:

 Para poderem ser qualificadas como sociedades


comerciais as sociedades têm de ter por objeto a
prática de atos de comércio – artigo 230.º Ccom..

 Se for este o caso, a sociedade deve adotar um dos


tipos previstos no artigo 1.º, n.º 2 (artigo 1.º, n.º 3
CSC). Se não o fizer, “(…) não poderá dizer-se que
tem forma civil ou que é sociedade civil”.
Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 78

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10-03-2022

.
 Objeto e forma das sociedades civis:

 Se uma sociedade tiver por objeto, exclusivamente, a


prática de atos não comerciais será uma sociedade
civil - artigo 1.º, n.º 3 e n.º 4.

 Por exemplo: Uma sociedade dedicada à exploração


agrícola – artigos 230.º,§2, 464.º, n.º 2 do Código
Comercial - pode escolher um dos tipos societários
previstos na lei.
Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 79

79

.
 Para além das sociedades civis simples – reguladas pelo
Código Civil - (Sem prejuízo de legislação especial que
exista relativamente a tipos societários específicos, como é
o caso das sociedades de advogados – artigo 213.º Lei n.º
145/2015, de 09/09) –, há que atender à possibilidade de
uma sociedade civil se constituir sob forma comercial.

 O artigo 1.º, n.º 4 CSC, “as sociedades que tenham


exclusivamente por objeto a prática de atos não comerciais
podem adotar um dos tipos referidos no n.º 2, sendo-lhes,
nesse caso, aplicável a presente lei”.
Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 80

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 A regra da liberdade de adoção. sofre várias exceções e limitações.


Havendo determinados tipos especiais de sociedades:
 É o caso das Sociedades de Advogados – artigo 213.º Lei n.º 145/2015,
de 09/09 – Estatuto da Ordem dos Advogados;
 Sociedades Revisores Oficiais de Contas – artigo 94.º, n.º 1 do DL n.º
487/99, de 16/11;
 Sociedades de Administradores da Insolvência – artigo 3.º do DL n.º
54/2004, de 18/03;
 Sociedades de Despachantes Oficiais – artigo 94.º do Estatuto da Ordem
dos Despachantes Oficiais.

 Todas estas sociedades estão dotadas de uma disciplina jurídica que


entronca fundamentalmente no regime geral das sociedades civis.
Sérgio Machado – Ano Letivo 2021/2022 81

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