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I – Introdução
§ As sociedades civis sob forma comercial são definidas no artigo 1.º/2 CSC
(princípio da tipicidade) como sendo:
“Aquelas que tenham por objeto a prática de atos de comércio e adotem
o tipo de sociedade em nome coletivo, de sociedade por quotas, de sociedade
anónima, de sociedade em comandita simples ou de sociedade em comandita
por ações.”
- Da definição citada, é possível identificar dois elementos:
Elemento material: deriva da prática de atos de comércio;
Elemento formal: emerge da adoção de um dos cinco tipos societários.
- Têm um objeto que é comercial/praticam atos de comércio.
4. Organização
- Órgão de administração: gere e representa a sociedade.
- Assembleia geral: local onde se reúnem os sócios.
- Órgão de fiscalização: ROC (revisão oficial de contas).
6. Capital social
§ As codificações oitocentistas
- O Código Napoleão de 1804 veio reger o contrato de sociedade, definindo-o
como “um contrato pelo qual duas ou mais pessoas acordam pôr qualquer coisa
em comum, tendo em vista repartir o benefício que, daí, possa resultar”.
- Código de Comércio francês de 1807 tratou diversos tipos de sociedades.
- Código de Comércio espanhol de 1829 é um diploma extenso.
§ Os Séculos XX e XXI
- Fiscalização: pretendia-se admitir, no caso de crise, a intervenção do
Governo, através de comissários especiais; incidia sobre a escrita e outros
documentos;
- Codificação: alterações legislativas;
- Mobiliarização: traduz o tratamento das sociedades comerciais, enquanto
entidades emissoras de valores mobiliários;
- Europeização: as sociedades são os grandes operadores económicos, sendo o
interesse da União;
- Anglo-saxonização: espaço ocidental.
§ Erros e retificações
§ O património
- Os sócios estão obrigados a contribuir com bens ou com serviços para o
exercício em comum de certa atividade que não seja de mera fruição.
- Artigo 6.º/1 CSC: as sociedades têm a capacidade necessária para prosseguir
o seu fim.
§ O objeto
- Segundo o artigo 980.º CC, a sociedade civil pura visa o “exercício comum de
certa atividade económica”. Logo, a sociedade visa obter lucros.
- Artigo 9.º/1/d) CSC: o objeto da sociedade deve constar obrigatoriamente dos
seus estatutos.
- Artigo 1.º/2 CSC: o objeto das sociedades deve traduzir-se na prática de atos
de comércio.
§ A Personalidade Coletiva
- Savigny (teoria da ficção): “pessoa” é todo o sujeito de relações jurídicas que
não corresponda a uma “pessoa natural”, mas que seja tratado como pessoa,
através de uma ficção teórica.
- Von Gierke (teoria orgânica): concluiu pela efetiva existência, na sociedade,
de entidades coletivas que não se podem reduzir à soma dos indivíduos que as
componham. Entendeu também que a pessoa coletiva é uma pessoa efetiva e
completa.
- Realismo jurídico: as pessoas coletivas existem por via jurídica.
- Em Portugal:
Manuel de Andrade + Mota Pinto: a pessoa coletiva era um produto da
ordem jurídica ou uma realidade do mundo jurídico, no qual o elemento
jurídico é o essencial;
José Dias Marques: define a pessoa como mera suscetibilidade de direitos
e obrigações;
Paulo Cunha + Castro Mendes: ficaram próximos de um realismo jurídico
tradicional;
Coutinho de Abreu: tentou superar o “realismo” mais tradicional;
Menezes Cordeiro: em Direito, quando se fala na personalidade coletiva,
pretende-se exprimir um regime jurídico-positivo. A pessoa coletiva é um
determinado regime a aplicar aos seres humanos implicados. Estes podem ser
destinatários diretos ou indiretos de normas.
Quando nos referimos, em Direito, a uma “pessoa”, consideramos sempre a
presença de uma entidade destinatária de normas jurídicas, capaz de ser titular
de direitos subjetivos ou de se encontrar adstrita a obrigações.
§ O princípio da lealdade
- Existe lealdade na atuação de quem aja de acordo com uma bitola correta e
previsível. Assim, perante uma pessoa leal, o interessado dispensa a sua
confiança.
- Daqui resultam os seguintes vetores:
A preferência: confrontado com várias hipóteses, o interessado será
levado a acolher a situação encabeçada por quem se afigure leal;
A entrega: mercê da confiança depositada, o beneficiário irá baixar as
suas defesas naturais e deixará de tomar precauções que, de outro modo,
seriam encaradas;
O investimento: o beneficiário confia à pessoa leal os seus próprios
valores, crente de que eles serão devidamente tratados.
- A relação de lealdade envolve uma relação de confiança.
- A lealdade é composta por dois elementos: a previsibilidade da conduta e a
correção da conduta.
- No direito privado encontramos 4 áreas preferenciais de aplicação da
lealdade:
§ O contrato de sociedade
- É um contrato nominado e típico.
- Vem regulado na lei civil (artigo 980.º CC) e na lei comercial (artigos 7.º e
seguintes CSC).
- É um negócio jurídico, visto que é marcado pela liberdade de celebração e
pela liberdade de estipulação.
- As partes poderão escolher um tipo societário previsto no artigo 1.º/2 CSC.
- O artigo 7.º/2 determina que o número mínimo de sócios de uma sociedade é
dois.
§ Os menores
- Podem ser partes em contratos de sociedade: poderão fazê-lo pessoal e
livremente sempre que a sociedade em vista esteja ao seu alcance, perante o
artigo 127.º CC.
- Os menores podem celebrar contratos de sociedade, através dos pais, como
representantes legais.
- Será necessária a autorização do tribunal: artigo 1889.º/1/d).
§ Natureza
- Diversa doutrina entende que não seria seguro que o “contrato de sociedade”
surgisse como um contrato. Porque: no contrato comum, existem duas
declarações de vontade das partes que são contrárias; no contrato de
sociedade, existem duas declarações de vontade das partes que são idênticas.
§ Conteúdo
- Traduz a regulação jurídica por ele introduzida, no âmbito delimitado pelas
partes.
- O artigo 9.º/1 elenca quais é que devem ser os elementos do contrato de
sociedade.
- A ausência dos elementos necessários (artigo 9.º/1) conduziria à invalidade
do contrato, nos termos do artigo 42.º/1.
§ A firma
- O artigo 10.º contém diversas regras relativas à firma.
- Artigo 10.º/2 e 3: a firma da sociedade pode ser constituída
Por nomes ou firmas de algum ou alguns sócios: firmas pessoais ou
subjetivas;
Por denominação particular, quando seja composta por designações
materiais, atinentes à atividade social (firmas materiais ou objetivas) ou por
designações de fantasia (firma de fantasia);
Por denominação particular e nome ou firma (ou nomes ou firmas),
simultaneamente (firmas mistas).
- A firma obedece aos seguintes princípios:
Autonomia privada: a escolha da firma compete ao interessado;
Obrigatoriedade e normalização: os comerciantes devem adotar certa
firma a qual dever ter expressão verbal, suscetível de comunicação oral e
escrita;
Verdade e exclusividade: quando tenha significado, deve retratar a
realidade a que se reporta ou não deve induzir em erro;
Estabilidade: a firma não muda com a alteração dos titulares do
estabelecimento;
Novidade: a firma deve ser distinta de outras já registadas ou
notoriamente conhecidas.
- Nas sociedades em nome coletivo, esta deve conter os elementos do artigo
177.º/1.
- Nas sociedades por quotas, esta deve conter os elementos do artigo 200.º/1.
- Nas sociedades anónimas, esta deve conter os elementos do artigo 275.º/1.
§ O objeto
- É constituído pelas atividades a desenvolver pelo ente coletivo.
- MC: o objeto da sociedade tem a ver com o funcionamento da própria
sociedade e com a responsabilidade dos titulares dos seus órgãos.
§ A sede
- É um dos elementos essenciais do contrato de sociedade (artigo 9.º/1/e).
- Artigo 12.º/1: a sede da sociedade deve ser estabelecida em local
concretamente definido.
- Na falta de indicação da sede, ocorre a nulidade (artigo 42.º/1/b), ainda que
sanável (artigo 42.º/2).
- Artigo 12.º/2: a administração pode deslocar a sede da sociedade dentro do
território nacional, desde que se altere os estatutos.
- Artigo 13.º/1: a sociedade pode criar formas legais de representação.
§ O capital social
- Artigo 9.º/1/f): nas sociedades em nome coletivo, o capital social não é um
elemento essencial do contrato de sociedade.
- O capital social equivale ao conjunto das entradas a que os diversos sócios se
obrigaram ou irão obrigar.
- Capital subscrito (as pessoas interessadas já estão vinculadas às inerentes
entradas). Capital a subscrever (as pessoas interessadas ainda não se
vincularam às inerentes entradas)
- Capital realizado (já foram realizadas as entregas à sociedade dos valores que
ele postule). Capital não realizado (ainda não foram realizadas as entregas à
sociedade dos valores que ele postule).
- O capital exprime uma cifra ideal que representa as entradas estatutárias.
§ A duração
- A sociedade dura por tempo indeterminado (artigo 15.º/1).
- Artigo 15.º/2: as partes devem fixar a duração determinada para a sociedade.
§ A boa fé in contrahendo
- Respeitar o artigo 227.º/1 CC.
§ Pré-sociedades
- Estão reguladas nos artigos 36.º a 41.º.
- Os sócios podem, antes de completado o processo de constituição de uma
sociedade, iniciar a atividade visada por esta.
- Estão em funcionamento, antes de estarem completas pelo registo.
§ Sociedade irregular
- O CSC não consagra uma noção legal.
- Por isso, a doutrina e a jurisprudência usam esta expressão para cobrir:
A sociedade organizada e posta a funcionar independentemente de as
partes terem formalizado qualquer contrato de sociedade;
A sociedade formalizada por escritura publica, mas ainda não registada;
Artigo 36.º/1: prevê uma mera situação de sociedade material, sem a cobertura
de qualquer acordo entre as participantes.
Artigo 36.º/2: prefigura já um acordo tendente à constituição de uma sociedade
comercial, mas sem que se tenha celebrado o contrato escrito.
§ Sociedades materiais
- Situações que, no campo da materialidade, correspondem a contribuições de
bens ou serviços, feitas por duas ou mais pessoas, para o exercício em comum
de certa atividade económica que transcenda a mera fruição, com o fim de
repartição dos lucros daí resultantes.
§ Sociedades aparentes
- Caracteriza-se por não ter, na origem, qualquer contrato ou acordo societário.
- Existe uma mera organização societária.
- Artigo 36.º/1: se dois ou mais indivíduos criarem a falsa aparência de que
existe entre eles um contrato de sociedade, estes responderão solidária e
ilimitadamente pelas obrigações contraídas.
- Artigo 36.º/2: o Professor Menezes Cordeiro critica fortemente este artigo.
Entende que é necessário ter em conta a seguinte distinção:
Existe uma aparência total de sociedade, em que os responsáveis não
têm intenção de celebrar um contrato: haveria uma responsabilidade solidária
entre os participantes;
a. Relações internas
- Artigo 37.º: relações entre os sócios. Neste caso, são aplicáveis:
As regras previstas no próprio contrato e as legais;
A transmissão inter vivos de posições sociais e as modificações do
contrato social requerem sempre o consentimento unânime de todos.
- Artigos 38.º a 40.º: relações com terceiros
§ A capacidade
- Os dados legais são os seguintes:
Pode ser iniciada a atividade social antes do contrato, seguindo-se o
regime próprio das sociedades civis: artigo 36.º/2;
Podem ser realizados “negócios” por conta das sociedades em nome
coletivo: artigo 38.º/1;
Podem ser realizados “negócios” em nome das sociedades de capitais,
agindo, certas pessoas, “em representação delas”: artigo 40.º/1;
Estas últimas sociedades podem distribuir lucros e reservas: artigo
40.º/1.
- Em suma, as pré-sociedades dispõem de uma capacidade geral similar à que
compete às próprias sociedades definitivas.
§ Efeitos da invalidade
- Estão consagrados no artigo 52.º.
§ O registo comercial
- Equivale a um conjunto de normas e princípios que regulam um sistema de
publicidade racionalizado e organizado pelo Estado, relativo a atos comerciais.
- Com a Reforma de 2006, verificou-se a supressão da competência territorial
das conservatórias, através da criação de uma base de dados que centraliza a
informação relativa a todas as entidades sujeitas a registo.
- Registo por transcrição: o conservador procede à extratação dos elementos
que definem a situação jurídica das entidades sujeitas a registo constantes dos
documentos apresentados.
- Registo por depósito: procede-se ao mero arquivamento de documentos que
titulam factos sujeitos a registo.
§ O processo de registo
- O pedido do registo é formulado verbalmente, quando efetuado em pessoa
por quem tenha legitimidade para o efeito.
- Nos restantes casos, é feito por escrito, em modelo adequado
- Destaca-se o papel da informática.
§ Princípios
- Princípio da instância: o registo efetua-se a pedido dos interessados.
- Princípio da obrigatoriedade: a inscrição de certos factos é imperativa.
§ Efeitos do registo
- O registo comercial assenta na atividade de um serviço público expressamente
destinado a publicitar, junto do público interessado, a ocorrência de atos
comerciais.
- Efeito presuntivo: artigo 11.º CRC.
- Efeito de prevalência: artigo 12.º CRC.
- Efeito constitutivo: as leis impõem a ocorrência de um registo para que
determinados atos produzam todos os efeitos que se destinam a produzir.
- Efeito indutor de eficácia: manifesta-se em 2 proposições
Publicidade negativa: o ato sujeito a registo e o ato não registado não
produz os seus efeitos ou todos os seus efeitos;
Publicidade positiva: o ato indevida ou incorretamente registado pode
produzir efeitos, tal como emerja da aparência registal.
- Para o Professor Menezes Cordeiro, o artigo 5.º apresenta o efeito primordial.
§ Eficácia do registo
- Artigo 5.º: atribuição da personalidade jurídica e a existência como
sociedades.
- Determina-se eficazmente os sistemas de responsabilidade limitada.
§ Técnica do “estado”
- O “estado de sócio” consiste num conjunto de posições jurídicas que, por
lei/contrato de sociedade, lhe possam advir.
- O estado das pessoas pode ser entendido numa das três aceções:
Estado-qualidade: corresponde a uma determinada posição da pessoa;
Estado como complexo de situações jurídicas correspondentes a essa
qualidade ou por ela potenciadas ou condicionadas;
Estado enquanto complexo de normas jurídicas reguladoras dessa massa
de situações.
§ A obrigação de entrada
- Corresponde a um dever essencial dos sócios.
- Sem a entrada, sucederá o seguinte:
A sociedade não terá meios para poder desempenhar a sua atividade;
Os sócios não terão título de legitimidade para recolher lucros e para
pretender intervir na vida da sociedade.
- A entrada poderá ser:
Entradas em dinheiro
Entradas em espécie
Entradas em indústria
- O tipo de entrada é definido no contrato de sociedade, nos termos do artigo
9.º/g) + h).
- A entrada tem uma dupla apresentação, traduzida em indicações de valor:
Valor nominal: participação social a que ela corresponda. Pode ser uma
parte social, uma quota ou uma ação.
. Artigo 25.º/1 CSC: estabelece que o valor nominal da participação não pode
exceder o valor da entrada/o valor real.
Valor real: corresponde à cifra em que a entrada se traduza.
. Pecuniária: se for em dinheiro. Verifica-se a assunção de uma obrigação
pecuniária.
. Em espécie: valor dos bens que implique. Equivale à entrada de bens
diferentes de dinheiro, artigo 28.º/1. Poderão ser bens materiais ou bens
facilmente realizáveis.
Valor não nominal: artigo 25.º/4. Ocorre um “valor de emissão”.
§ Entrada em espécie
- Traduz-se na transferência para a sociedade de direitos patrimoniais
suscetíveis de penhora e que não se traduzam em dinheiro.
- Por exemplo, pode estar em causa o direito ao uso e fruição OU direitos sobre
bens imateriais.
- O artigo 28.º/1 refere “bens diferentes de dinheiro”. O Professor Menezes
Cordeiro entende que se trata de uma fórmula excessivamente empírica para
exprimir a ideia dos referidos direitos patrimoniais.
- Para se avaliar o valor desses bens, o artigo 28.º determina a preparação de
um relatório pelo ROC, devidamente distanciado e que avalie, objetivamente,
os bens, explicando os critérios usados e declarando formalmente se o valor
delas atinge o valor nominal indicado pelos sócios.
- Este relatório deve ter publicidade: artigo 28.º/5 + 6.
- Objetivo do trabalho do ROC: defesa de terceiros.
§ Pactos leoninos
- O artigo 22.º/3 CSC proíbe a cláusula que exclua um sócio de participar nas
perdas da sociedade.
- Artigo 994.º CC: também consagra esta proibição.
- Perante a nulidade do pacto leonino, a doutrina tem reclamado a aplicação
do instituto da redução: a sociedade vigoraria sem a parte viciada, salvo se se
demonstrasse que, na sua falta, as partes não teriam contratado (artigo 292.º
CC).
- O Professor Menezes Cordeiro discorda: entende que a sociedade leonina é
um negócio uno e distorcido em toda a sua conceção.
Assim, o Professor entende que teremos de recorrer à conversão, desde que
verificados os requisitos do artigo 293.º CC.
Logo, teremos de atender ao fim das partes e à sua vontade hipotética, com
uma diferente distribuição do ónus da prova.
§ Constituição financeira
- O funcionamento de uma sociedade é garantido por fluxos monetários.
- Capitais próprios: abrangem o capital social, as reservas de ágio ou de prémio
de emissão, o montante de outras prestações feitas pelos acionistas, as reservas
livres, reserva legal e outras reservas.
- Capitais alheios: são as obrigações, as opções e os títulos de participação nos
lucros e outros empréstimos.
- Relativamente ao conteúdo:
Deveres de informação substanciais: o obrigado está adstrito a veicular a
verdade que conheça, descrevendo-a de modo compreensível e explícito;
Deveres de informação formais: compete-lhe transmitir elementos
prefixados ou informação codificada.
- Autodeterminação: o obrigado, à medida que a situação progrida, fixando os
termos a informar e a matéria que eles respeitem.
- Heterodeterminação: compete ao interessado definir a matéria sobre que
deseja ser informado.
- A informação pode ser tomada em: prestações principais, prestações
secundárias e deveres acessórios.
- A informação pode ser:
Ordinária: tem a ver com a gestão comum da sociedade e com os negócios
que não caiam sob específicas previsões de informar;
Extraordinária: reporta-se a hipóteses específicas (redução ou aumento
de capital).
O inquérito judicial deve ser pedido quando tenha sido recusada informação
solicitada ao abrigo dos artigos 214.º, 288.º e 291.º OU prestada informação
presumivelmente falsa, incompleta ou não elucidativa.
§ Ata
- Corresponde ao documento de onde conste o relato do decurso da reunião.
- Tratando-se de deliberações dos sócios, a ata reportar-se-á à assembleia.
- O artigo 63.º/2 regula o conteúdo mínimo da ata.
- Em algumas situações, as atas referem as invenções dos diversos sócios,
fazendo delas uma súmula.
- É um documento escrito.
- A mera gravação não vale como ata.
- Deve ser lavrada no “respetivo livro” ou em folhas soltas (artigo 63.º/4 1.ª
parte).
- Deve ser assinada por todos os sócios que tomaram parte na assembleia: artigo
63.º/3 1.ª parte.
Aprovação da ata: ocorre na sessão seguinte à da reunião que lhe deu azo. O
artigo 388.º/3 determina que a ata deve ser aprovada, antes de ser assinada:
transparece uma situação de controlo de fidelidade do texto da ata.
As ineficácias das deliberações sociais estão reguladas nos artigos 55.º a 62.º.
* Que deliberações poderão ter um conteúdo que não esteja, por natureza,
sujeito a deliberações dos sócios?
- Teoria da incompetência: invalida os atos estranhos à competência da
assembleia geral e atos que interferissem com terceiros;
- Teoria da impossibilidade: a mera inobservância de regras inerentes de
competência não poderia ser tão grave que justifique a nulidade.
§ Artigo 58.º
- Alínea a): havendo violação da lei, as deliberações em falta são anuláveis.
Necessidade de segurança jurídica: restringe a invalidade das deliberações
sociais e ajustiça que permite aos sócios vítimas de ilegalidades perpetradas
pela assembleia geral fazer valer as suas posições.
- Alínea b): anulabilidade por votos abusivos; contém os seguintes elementos
Propósito de um dos sócios
De conseguir através do exercício do direito de voto
Vantagens especiais para si ou para terceiros
Em prejuízo da sociedade ou de outros sócios
§ A administração traduz:
- O conjunto das pessoas que têm a seu encargo a função de administrar uma
sociedade: administração subjetiva;
Administrador: cobre as figuras do gerente, dos administradores stricto
sensu e dos administradores executivos.
- O ato ou o efeito de administrar essa sociedade: administração objetiva.
§ Artigo 64.º
- Articula, em alíneas separadas, os deveres de cuidado e de lealdade.
- Explicita o conteúdo dos deveres de cuidado e rematar com a diligencia de
um gestor criterioso e ordenado.
- Desenvolve o teor dos deveres de lealdade entre os elementos a atender.
§ O Professor Menezes Cordeiro entende que o artigo 64.º deve ser reconstruído.
Posto isto, aponta 5 deveres fundamentais dos administradores:
3. Os deveres de lealdade
- Determinação de atuações vedadas: proibição de concorrência e proibição de
divulgar segredos societários;
- Sistematização de atuações vedadas pela lei;
- Procura de atuações impostas ou condutas requeridas.
4. Os deveres de cuidado
- Disponibilidade, competência técnica e conhecimento da atividade da
sociedade.
§ Indemnização
- Decorre da cessação do mandato dos administradores.
- A indemnização traduz os lucros cessantes os quais, na falta de outros
elementos, correspondem ao que o administrador deixou de ganhar.
- O gerente destituído deve provar os danos.
- O montante previsto no artigo 403.º/5 é o máximo.
§ Artigo 71.º
- N.º 1: o Professor Menezes Cordeiro entende está subjacente uma norma que
obriga os visados a prestar as referidas declarações, com exatidão e sem
deficiência. A sua violação envolve uma linear responsabilidade obrigacional,
com “presunção de culpa”: artigos 798.º + 799.º.
- N.º 2: o preceito pretende excluir de responsabilidade os agentes de boa fé
(“ignorar sem culpa”).
- N.º 3: obrigação de não causar danos.
Áreas de fiscalização
- Legalidade estrita: observância, pela administração, de regras legais e
estatuárias com a sua aplicação pelos diversos órgãos da sociedade.
- Regularidade contabilista e patrimonial: implica a supervisão de todos os
suportes de contas e similares e a ponderação dos elementos apresentados pela
administração.
- Políticas contabilísticas e valorimétricas.
- Sistemas de gestão de riscos, de controlo interno e de auditoria interna.
- Gestão lato sensu.
§ Código Comercial
- Artigo 29.º: princípio da obrigatoriedade da escrita comercial.
- Artigo 30.º: liberdade da organização de escrita.
- Artigo 31.º: livro para atas.
- Artigo 38.º: a escrituração mercantil pode ser levada a cabo pelo próprio ou
por outrem a mando.
§ Fusão de sociedades
- É uma forma jurídica que permite dar corpo ao fenómeno da concentração
económica.
- Situação em que duas ou mais sociedades se juntam para formar uma só.
- O artigo 97.º/4 faz a seguinte distinção:
Fusão por incorporação: uma sociedade preexistente mantém-se,
absorvendo uma outra.
Fusão por concentração: duas ou mais entidades preexistentes
transferem as suas posições jurídicas para uma entidade, criada a esse
propósito.
§ A cisão de sociedades
- Corresponde à divisão da sociedade em duas ou mais sociedades, dela
derivadas.
- Regulada nos artigos 118.º a 129.º.
- Cisão-destaque/cisão simples: a sociedade-mãe destaca parte do seu
património e constrói outra sociedade.
- Cisão-dissolução: todo o património da sociedade a cindir é abrangido.
- Cisão-fusão: combina cisões com fusões.
§ Transformação de sociedades
- Opera como uma mudança de forma: uma sociedade constituída segundo um
dos tipos legalmente permitidos adota a forma corresponde a um tipo
diferente.
- Está regulada nos artigos 130.º a 140.º.
- O artigo 131.º fixa impedimentos à transformação:
Se o capital não estiver integralmente liberado ou se não estiverem
totalmente realizadas as entradas convencionadas.
Se o balanço mostrar que o património é inferior ao capital e à reserva
legal somados.
Se se apurarem sócios com direitos especiais que não possam ser mantidos
depois da transformação.