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GIOVANNA LACERDA

Esquemas- Comercial II
ELEMENTOS DA SOCIEDADE
—> tem o elemento pessoal, factor humano, elemento Patrimonial – conjunto de bens que
servem a pessoa coletiva, sendo que qualquer sociedade exige um património próprio. E
atenção:
• Teleológico/objeto da sociedade – o seu fim.
O sujeito-sócio ou o agrupamento de sujeitos-sócios utilizam, total ou parcialmente, a base ou
substrato patrimonial para o exercício de certa atividade económica (patente no art. 980º CC). Nisto
consiste o objeto da sociedade. As sociedades têm de promover o lucro (têm um escopo lucrativo –
arts. 980º CC e 21º/1 a) CSC) e distribui-lo pelos seus associados. O seu fim último é então o escopo
lucrativo: distribuir a riqueza possível.
Assim, temos como objeto imediato o objeto social (atividade económica concreta que irá
realizar) e como objeto mediato a obtenção de lucro.
• Formal – a concreta configuração ou organização da pessoa coletiva que tem a ver com o
princípio da tipicidade.

Princípio da tipicidade
As sociedades que tenham por objeto a prática de atos de comércio devem adotar um dos tipos
previstos no CSC (art. 1.º/3): sociedade em nome coletivo, sociedade por quotas, sociedade anónima,
sociedade em comandita simples e sociedade em comandita por ações. A esta obrigatoriedade de
adoção de um dos tipos previstos na lei a doutrina costuma chamar princípio da tipicidade das
sociedades comerciais. O princípio da tipicidade constitui uma restrição ao princípio da autonomia
privada, em especial na sua vertente de liberdade contratual. Com efeito, ao invés do estatuído no art.
405.º/1 CC, as partes não têm a faculdade de celebrar contratos de sociedade comercial diferentes
dos previstos na lei.
O princípio da tipicidade só restringe, contudo, uma das facetas da autonomia privada. As
partes no contrato, não podendo embora adotar um topo diferente dos previstos no CSC, já podem
decidir livremente se contratam, assim como podem escolher, também livremente, com quem
contratam.
A tipicidade das sociedades tem diversas implicações:
• Numerus clausus de sociedades – não são possíveis esquemas societários não previstos
na lei;
• Natureza delimitativa de cada tipo – as regras próprias de cada tipo não podem ser
afastadas pela autonomia privada;

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• Limitação da analogia – não é possível o recurso à analogia para constituir tipos diferentes
dos previstos na lei: uma situação considerada ou cai no tipo e não há lacuna, ou cai fora dele e
então, não sendo comercial, não tem de procurar solução à luz do Direito das sociedades.

Estrutura organizatória
• Sociedade em nome coletivo: Na sociedade em nome coletivo, o poder supremo sobre
a sociedade pertence à coletividade de sócios (assembleia de sócios).
• Aos gerentes cabe a administração e a representação da sociedade (art. 192.º/1), sendo
gerentes todos os sócios, salvo disposição do contrato em sentido contrário (191.º/1), mas estes
podem, por unanimidade, designar como gerentes pessoas estranhas à sociedade (191.º/2).
• Sociedades por quotas: Nas sociedades por quotas existe, o órgão coletividade dos sócios
(assembleia de sócios), composto por todos os sócios.
• A sociedade está ainda dotada de uma gerência, composta por uma ou mais pessoas
singulares com capacidade jurídica plena, que podem ser ou não sócias (art. 252.º/1), designadas
no contrato de sociedade ou eleitas posteriormente por deliberação dos sócios, se não estiver
prevista no contrato outra forma de designação (art. 252.º/2). A este órgão compete administrar e
representar a sociedade (art. 252º, 259º e ss.).
• A sociedade pode sempre ter um outro órgão, o conselho fiscal (ou fiscal único), se o
contrato de sociedade assim o dispuser (art. 262.º/1). Contudo, as sociedades que não tiverem
conselho fiscal devem designar um revisor oficial de contas para proceder à revisão legal desde
que, durante dois anos consecutivos, sejam ultrapassados dois dos três limites previstos no art.
262.º/2. Existindo um conselho fiscal, ser-lhe-á aplicável o disposto nos arts. 413.º e ss. (art. 262.º/
1).
• Sociedades anónimas: A administração e a fi scalização da sociedade pode ser
estruturada segundo uma de três modalidades (art. 278.º):
• Conselho de administração e conselho fiscal
• Conselho de administração, compreendendo uma comissão de auditoria, e revisor oficial de
contas;
• Conselho de administração executivo, conselho geral e de supervisão e revisor oficial de
contas.
• Sociedades em comandita simples e em comandita por ações: A estes dois tipos
de sociedade aplicam-se, por remissão dos arts. 474.º (sociedades em comandita simples) e 478.º
(sociedades em comandita por ações), respetivamente, as disposições relativas às sociedades em
nome coletivo e às sociedades anónimas, em tudo o que não for contrariado pelo disposto em
normas específi cas daqueles dois tipos. Assim, só a gerência destas sociedades difere do regime
subsidiário que o legislador lhes manda aplicar. Com efeito, só os sócios comanditados podem ser

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gerentes, salvo se o contrato de sociedade permitir a atribuição da gerência a sócios comanditários


(art. 470.º/1).

Número mínimo de sócios


O número mínimo de sócios de uma sociedade comercial é dois (art. 7.º/2). Existem, contudo,
exceções a esta regra, tanto por ser exigido um número superior (é o que ocorre com as sociedades
anónimas e as sociedades em comandita por ações), como por se dispensar aquele mínimo (como
sucede com as sociedades por quotas unipessoais e as sociedades anónimas unipessoais).
• Nas sociedades anónimas requer-se um mínimo de cinco sócios para a sua constituição
(art. 273.º/1), a não ser que se trate de sociedade em que o Estado, diretamente ou por intermédio
de empresas públicas ou outras entidades equiparadas por lei para este efeito, fique a deter a
maioria do capital, as quais podem constituir-se apenas com dois sócios (art. 273.º/2).

PERSONALIDADE JURÍDICA DAS SOCIEDADES


Segundo o art. 5.º, as sociedades gozam de personalidade jurídica e existem como tais a partir
da data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem, sem prejuízo do disposto quanto à
constituição das sociedades por fusão, cisão ou transformação de outras.

A desconsideração da personalidade das sociedades


O poder de atuar através de sociedades tem limites intrínsecos. A doutrina que sustenta, explica
e aplica tais limites é a do levantamento da personalidade. Este é um instituto pelo qual, em
certas circunstâncias muito especiais, é possível não ter em conta as normas que asseguram a
personalidade coletiva, de modo a imputar as obrigações da sociedade às pessoas singulares que lhe
sirvam de suporte. É de salientar que o levantamento opera por exigências da boa fé. Na
concretização do levantamento da personalidade, é possível organizar grupos de casos típicos de
levantamento.
A confusão de esferas jurídicas verifica-se quando, por inobservância de certas regras
societárias ou, mesmo, por decorrências puramente objetivas, não fique clara, na prática, a separação
entre o património da sociedade e o do sócio ou sócios.
• Verifica-se uma subcapitalização relevante, para efeitos de levantamento da
personalidade, sempre que uma sociedade tenha sido constituída com um capital insuficiente. A
insuficiência é aferida em função do seu próprio objeto ou da sua atuação surgindo, assim, como
tecnicamente abusiva. Para efeitos de levantamento, cumpre distinguir entre a subcapitalização
nominal e a material.
• Subcapitalização nominal - a sociedade considerada tem capital formalmente insuficiente
para o objeto ou para os atos a que se destina. Todavia, ela pode acudir com capitais alheios.

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• Subcapitalização material - há uma efetiva insuficiência de fundos próprios ou alheios. Em


rigor, esta apenas releva, para efeitos de levantamento, quando o problema não seja resolvido com
recurso a uma norma de Direito estrito.
• O atentado a terceiros verifica-se sempre que a personalidade coletiva seja usada, de
modo ilícito ou abusivo, para os prejudicar. Como resulta da própria fórmula encontrada, não
basta uma ocorrência de prejuízo, causada a terceiros através da pessoa coletiva: para haver
levantamento será antes necessário que se assista a uma utilização contrária a normas ou
princípios gerais, incluindo a ética dos negócios.
• Subhipótese particular é a do recurso a "testas-de-ferro", numa situação que autorizaria a
procurar o real sujeito das situações criadas.
• O abuso do instituto da personalidade coletiva agrega todas as situações em que a
personalidade coletiva seja exercida em moldes que se reconduzam ao abuso de direito ou ao
exercício inadmissível de posições jurídicas, verificada a propósito da atuação do visado, através da
pessoa coletiva, situações estas que atentam contra a confiança legítima ou defrontam regras da
primazia da materialidade subjacente.

O atentado à boa-fé deve ser muito nítido, para justificar o levantamento: a regra é, sempre, a
da personalidade autónoma.

As teorias explicativas
Apuradas as constelações de casos a propósito dos quais se tem suscitado o problema do
levantamento, cumpre analisar as diversas explicações para ele apresentadas.

Uma primeira teoria é a teoria subjetivista, defendida por SERICK, segundo a qual a
autonomia da pessoa coletiva deveria ser afastada quando houvesse um abuso da sua forma jurídica,
com vista a fins não permitidos. Na determinação dos tais "fins" ou "escopos" não permitidos, haveria
que lidar com a situação objetiva e, ainda, com a intenção do próprio agente, pelo que o levantamento
exigiria um abuso consciente da pessoa coletiva, não bastando, em princípio, a não obtenção do
escopo objetivo de uma norma ou de um negócio.

Por outro lado, para a teoria objetiva, sindica-se a má intenção do agente e, a partir dessa
primeira fase, conquistado o instituto, este é objetivado, passando a depender da contrariedade ao
ordenamento. Abandonada a intenção, o levantamento exigiria a ponderação dos institutos em jogo.
Quando, contra a intencionalidade normativa, eles fossem afastados pela invocação da personalidade,
esta deveria ser levantada.

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Já para a teoria da aplicação das normas, o problema em causa não se prende com o
problema geral de personalidade coletiva, mas sim de aplicação de diversas normas jurídicas.
Quando, particularmente por via do seu escopo, elas tivessem uma pretensão de aplicação absoluta ou
visassem atingir a realidade subjacente à própria pessoa coletiva, aplicar-se-iam. O detrimento das
regras da personalidade seria uma mera consequência daí decorrente. Deste modo, haveria
levantamento sempre que, por exigência de uma norma concretamente prevalente, não tivesse
aplicação uma norma própria da personalidade coletiva.

Finalmente, as teorias negativas negam, direta ou indiretamente, a autonomia do


levantamento da personalidade, enquanto instituto. O levantamento lidaria com proposições vagas,
conduzindo à insegurança. Assim, haveria antes que determinar os deveres concretos que, em certos
casos, incidam sobre os membros das pessoas coletivas. No limite, apenas poderíamos responsabilizar
os dirigentes ou administradores das pessoas coletivas, por falta de diligência.

Para o professor MENEZES CORDEIRO, estas diversas teorias não se opõem, antes
completam-se através das facetas próprias que cada uma documenta. A teoria subjetiva cobre as
hipóteses de responsabilidade civil; a teoria do escopo das normas tem a ver com a interpretação
integrada e melhorada de normas jurídicas; a teoria objetiva visa o abuso do direito. O levantamento
conquistou, assim, uma autonomia dogmática, enquanto instituto de enquadramento, traduzindo uma
delimitação negativa da personalidade coletiva por exigência do sistema, ou seja, exprime situações
nas quais, mercê de vetores sistemáticos concretamente mais ponderosos, as normas que firmam a
personalidade coletiva são substituídas por outras normas.
Capacidade:
—> Capacidade de gozo: signifi ca a medida concreta de direitos e deveres que a entidade
poderá ser titular.
Problemática: artigo 6/1
“A capacidade de gozo está limitada para que as sociedades executem as suas obrigações ou
convenientes deveres para com os seus fins”. Isso significa dizer que estamos ainda no âmbito do
principio da especialidade? Ou seja, que a sociedade só terá capacidade para exercer atividades
conectadas com o seu objeto social? Bem, primeiramente é necessário diferenciar capacidade, fim
social mediato e fim social imediato.
Já sabemos o que se trata a capacidade: medida concreta de direitos e deveres que uma pessoa
coletiva pode ser titular.
O fim social imediato, por outro lado, significa o intuito que o PC quer proferir visando o lucro,
visando uma atividade que a sociedade pode exercer, normalmente, de escopo lucrativo, mas é

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importante ter em consideração que tal objetivo é simplesmente uma pretensão. É o próprio objeto
social art 11/2 CSC.
No que diz respeito ao fim social mediato é o concreto lucro que foi aferido e que será
distribuído entre os respectivos sócios.
Ora, feita está breve introdução ja estamos em considerações para perceber que para a maioria
da doutrina, nomeadamente a doutrina mais atualista, considera que o principio da especialidade ja
está afastado, alguns motivos podem ser elencados:
- direito comparado, no código das sociedades italianas não tem mais esse preceito, passando
como uma visão ultrapassada
- Argumento histórico ultrapassado: não temos mais uma preocupação com os bens de mãos
mortas, uma vez que estas não representam mais um poder económico relevante, bem como a
doutrina ultra vires também já está ultrapassada
- O anteprojeto do CSC Ferrer Correia, abolia a ideia de uma capacidade limitada.
- As revisões ministeriais de AV quando colocou a ideia de contraria aos seus fins possuiu o
intuito de alargar o principio da especialidade
- Não é um fim da pessoa coletiva em concreto, mas antes de uma completa categoria de
pessoas ou de atos.
- Dizem ainda que pode ter uma to estranho ao fim, que não tenha nenhuma conectividade
com o seu objeto social. Mas que ainda possa ser considerado a PC capaz desde que esse ato seja
justificável.
Por fim a moderna doutrina comercialista atenta a duas possibilidades de limitar o principio da
especialidade
- Entendem que o principio ora limita a titulo descritivo
- Ou reportar para um objeto final de conseguir lucros, o que alarga e consegue enquadrar
muitos atos.
É importante, ainda ter em consideração duas posições doutrinarias: PROF MC e PROFs
JANUÁRIO E CdA. Todos estes concordam com a ideia de ultrapassar o principio da especialidade,
mas com fundamentos e amplitudes diferentes.
—> MC: a capacidade da sociedade é plena, so nãopode ser assim nas situações contrarias a
própria natureza das coisas (dirietos e expectativas sucessórias por exemplo) ou pela contrariedade da
própria lei. Aqui ja percebemos que o professor MC considera a regra de capacidade! So em casos
específico e residuais é que esta não vigora
—> Januário + CDA: a capacidade é tida como uma regra, mas não é com toda esta
amplitude! Aqui vamos estar limitados pelos objeto imediato, ou seja por um escopo lucrativo, tenho
que ter em consideração a prossecução de lucros, atividades económicas!

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Problemática art 6/2:


Liberalidades: usuais de acordo com as circunstâncias da época ou as condições da sociedade
940/2 do CC, ou não usuais, mas de acordo com o interesse social (doações interesseiras?) O professor
MC adota a posição de que uma pura doação não está proibida, não está fora da capacidade das
sociedades , o principio da especialidade também não limita isto. A não ser que sejam invalidas, mas
por forca especifica de regras que as proíbam ou que seja uma situação abusiva! Uma doação sempre
pode ter sempre um interesse indireto

Problemática: artigo 6/3


MC: diz que a regra é de que: a sociedade não pode prestar garantia, mas tem um grande leque
de exceção em que a exceção acaba por consumir a regra! Ora o justificado interesse próprio da
sociedade garante é definido pela própria sociedade, logo é obvio que vamos englobar tais situações, a
própria jurisprudência alarga essas situações admitindo que podemos estar em causa de acordo com
interesses indiretos.
OBS: O que significa esse interesse próprio? Quer dizer que a vantagem em que
terá de se demonstrar em admitir a garantia. Contudo, como estamos no direito
privado, é muito cómodo colocar tal aquisição como um fim lucrativo, dilatando, cada
vez mais, o princípio da especialidade.
CA+ JANUARIO + MTS: a letra da lei especifica que a regra geral, a presunção, é de que a
garantia real gratuita é contra o fim da sociedade, logo a exceção não consome a regra! O que temos é
uma verdadeira proibição das garantias e só poderei fazer se demonstrar um verdadeiro interesse.
Questão do Onus da prova: divergência doutrinária: MTS + CA VS MC
MTS + CA+JPR: o objeto dessa norma é garantir a garantia a favor de terceiro, não é a
sociedade que tem de provar que é nula a garantia, quem quiser se beneficiar da garantia é que tem
que provar que ela é valida! É uma presunção que a lei coloca, presunção tal que o ónus da prova fica
para aquele que quer se beneficiar
MC: como a exceção consome a regra (vimos que o interesse proprio, a vantagem que a
sociedade irá obter é definido pela a mesma) Logo, a garantia presume-se válida! E Quem quiser a
questionar é que deverá provar tal vicio de invalidade, é a sociedade (ou qualquer outro) que invoca a
validade que terá de provar o vicio.
OBS: tenho que ter atenção aos casos em que a sociedade presta uma garantia a
um dos sócios: é uma questão do artigo 31/1, não é um problema de capacidade, mas
sim de uma necessidade de deliberação. A ratio dessa norma é uma forma de garantir
o património da sociedade, ou seja, não posso prestar N garantias aos socios, se estas
forem contra o escopo lucrativo.

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OBS: ARTS: 6/2 e 6/3: sempre falar no final da responsabilidade seja dos adm
seja dos sócios, a ratio dessas normas é para proteger a própria sociedade!
—> Falei disto agora tenho que ver: ESTÁ DENTRO DA CAPACIDADE?
R: Não!
Tenho que ver se é um:
—> Ato dos administradores: nulidade por impossibilidade legal art 280/1 CC, ou
contrariedade a norma imperativa, 280/1 e 294 CC. Atrelado a isso posso responsabilizar os
administradores, 72 e ss CSC e pode ser justa causa de destituição 191, 257, 407 CSC
—> Deliberação dos sócios: nulidade pela natureza das coisas artigo 56/1c. ATT: essa alínea é
matéria de grande divergência doutrinaria! (ver melhor no esquema da nulidade) mas basta reter que
o prof MC aplica para os casos de falta de capacidade

—> A situação em causa está dentro da capacidade (seja qual for a posição adotada MC, JCG,
CDA)! Mas está fora do objeto social. Aqui é diferente, não é um problema do art 6!
—> Atos dos administradores: problema de eficácia e não de validade, art 6/4, e a confirmação
da eficácia do ato irá variar de acordo com cada tipo societário em análise, bem como a
responsabilidade dos adm e justa causa de destituição
1) SNC: regra geral da ineficácia, salvo acordo unanime entre os sócios(192/2,3 CSC)
2) SPQ: eficacia, salvo má fé de tercero (260/2,3)
3) SA: eficacia, salvo má fé de tercero 409/2, 3)
—> Deliberação dos sócios: anulável por ser contraria a disposição do contrato de sociedade
(art 9/1d, 58/1a CSC)
OBS: professor DCG diz que a violação do 6/2 e 6/3 facilita a presunção da violação do dever
de cuidado do artigo 64/1! Mas tenho sempre que conjugar com o 72/2

—> capacidade de exercício:


É a partir da medida concreta de direitos e obrigações que poderei exercer os direitos e
obrigações. A lógica da capacidade de exercício nas sociedades comerciais é através de uma
representação orgânica, a partir dos seus administradores, artigo 405/2. Portanto, a pessoa coletiva
dispõe de meios que são os seus órgãos, o titular desses órgãos age e, o que ele faça ope legis, é
imputado à pessoa coletiva. Por isso, tendo a pessoa coletiva capacidade de gozo e de exercício, o
direito será imputado a própria sociedade e não aos seus administradores.
Muito discutido: terá então a PC direito ao bom nome? Ao dano moral, de imagem? A doutrina
diverge:

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Alguns alegam que esses direitos sao inerentes às pessoas singulares, não podendo então as
pessoas coletivas usufruírem desses, outros alargam esses direitos e possibilitam a inserção desses no
âmbito das pessoas coletivas. Vejamos:
—> Direito à imagem:
Parte da doutrina invoca que estamos a falar, de acordo com o artigo 79, de uma exteriorização
da imagem, um direito de autodeterminação, quando e quem pode colocar a representação física.
Ora, nessas situações é impossível prever uma admissibilidade de tal direito para as PC. Reter: ideia
de imagem física!
Outra parte da doutrina invoca que poderíamos pensar, muitas vezes, na marca, no logotipo da
sociedade, logo seria possível invocar esses direitos. Outra vertente, que também admite a ligação do
direito à imagem diante das PC, invoca que quando olhamos para o artigo 79/3 estaríamos diante de
uma vertente ligada ao bom nome e, desta forma, poderíamos ligar ao direito à imagem. O raciocínio
base é, para esses autores, que este direito possui conexão com uma imagem social e uma imagem
comercial da marca. Ora, nesses casos ja é possível exercer tal direito
OBS: podemos falar ainda de danos patrimoniais indiretos oriundo dessas ofensas, uma vez que
a “imagem” da sociedade poderá ficar comprometida, não diretamente, mas por eventuais conexões,
originando então um dano, prejuízo no potencial lucro.
Ideia a reter: quando falamos do bom nome é mais fácil conectar com o escopo lucrativo, o
direito à imagem é mais discutido, sempre falar dessas duas perspectivas
—>Danos morais:
Duas posições:
- Maioria: diz que não pq compensa uma perda emocional, sacrifício, estado emotivo que
as PC não conseguem ter. Se não sentem e não sofrem pessoalmente em virtude da ofensa ao
bom nome so pode ser dano patrimoniais, ou dano patrimoniais indiretos.
- Admissibilidade, mas com duas argumentações diferentes:
* danos morais sem interesses puramente patrimoniais
* questão de economia processual: Uma ofensa ao bom nome da PC ofende de modo
indireto os sócios e titulares dos órgãos. Indemnização por danos morais é uma maneira de acelerar o
processo. Seria uma representação dos sócios pela sociedade, ao invés de pedir a indemnização de
cada sócio. Questão que teríamos que colocar é o direito material, não direito processual.
OBS: os sócios podem pedir indemnização por algo que aconteceu de ruim para a sociedade?
Resposta: em geral não! Porque temos uma personalidade jurídica da própria sociedade! O que pode
acontecer é o direito dos sócios se conectar com os direitos da sociedade. EX: sociedade Giovanna
Lacerda LDA, uma revista diz que a Giovanna Lacerda não presta, é péssima, tem as piores condições
do mundo. Aqui é possível que emirja um direito para a Giovanna Lacerda PS, o que eu terei de fazer
é na causa de pedir invocar danos diferentes, para evitar punir duas vezes!!

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Sociedades irregulares: Por incompleitude


Enquadramento: são as situações anteriores à formação de uma sociedade comercial plena,
isto é, antes do registo defi nitivo da sociedade (art 5). O motivo da importância dessas sociedades
irregulares é que pode levar algum tempo para proceder ao registo defi nitivo, por questões
burocráticas, logo a relevância do tema.
Encadeamento cronológico:
1) Registo prévio: (essa fase nem sempre é necessária, pode ou não acontecer). Artigo 18/1
um projeto completo da sociedade, aqui teriamos a constar: hipotéticos sócios, elementos que
constam no 9/1: fi rma, objeto que a sociedade irá desenvolver, já existe um acordo mínimo.
Quando tiver essa fase eu terei de ter pelo menos um Duplo acordo:
- em relação aos estatutos, uma vez que o requerimento do registo prévio deve ser instituto
com um projeto prévio
- Em relação à própria decisão de constituir o registo prévio em causa
2) Contrato escrito: O contrato de sociedade é um contrato formal, 7/1 deve ser reduzido a
escrito e os seus subscritores exigido presencialmente. Fala da regra do contrato de sociedade:
tenho que ter uma escritura publica, escrito e reconhecido as assinaturas pelo notario, ou pela
conservatória do registo comerical. So que o contrato de sociedade não é o único modo de dar
origem a uma sociedade. Outras situações são fusão, cisão, transformações em geral, subscrição
publica, diplomas legais, e as sociedades unipessoais em que so basta uma única demonstração de
vontade
3) Registo definitivo: serve para atribuir a personalidade jurídica à sociedade
4) Publicações obrigatórias: apenas depois destas que poderemos ter oponibilidades a
terceiros 167/D. Consequência de não ter a publicação obrigatória, artigo 168/2 é uma questão
de não ter efi cácia, um ato sem publicidade não pode ter efi cácia, salvo se o terceiro estiver de má
fé.

—> Sociedades irregulares por incompleitude: Serão as situações em que falta realizar
ainda algum desses passos elencados!

Artigo 36: Antes da celebração do contrato


Ainda não existiu um contrato da sociedade, mas sim uma relação anterior a isto! Há uma
grande querela doutrinária, na perspectiva da escola de Lisboa vs a escola de Coimbra.
—> Escola de Coimbra: CA, FERRER CORREIA
Separa o artigo 36/1 e 36/2.

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Numa perspectiva de que no 36/1 estaríamos diante uma sociedade que não existe, só
houve a intenção de usar a firma daquela. Criaria uma aparência de sociedade e era o suficiente para
a responsabilização dos sócios de forma solidária e ilimitada. A ratio do artigo seria com base na boa
fé dos terceiros, bastando com que estes acreditem na aparência da sociedade.
O 36/2, para estes autores, seria uma questão de inaptidão formal. Ou seja, já são
verdadeiras sociedades, mas o contrato apresenta problemas na forma, seja porque o contrato
não fora reduzido a escrito, havendo necessidade de escritura publica e ela não foi lavrada p.e, seja por
outra questão de necessidade de forma. Por isto, devido a inaptidão formal, a sociedade não está
perfeitamente constituída. Assim nas relações internas aplica-se o artigo 983 do CC, e nas
relações externas o artigo 996 do CC. A responsabilização pelas obrigações sociais é da
sociedade podendo os sócios responderem subsidiariamente e solidariamente.
No caso prático podemos dizer “O caso pratico não nos fornece dados suficientes para saber se houve só um
oportuno uso da firma, ou se por contrario houve ja o contrato, contudo, ele nunca foi formalizado. Mas na perspectiva
desses autores esta seria a diferença”

—> Escola de Lisboa: MC


Como dito no Código anotado a ratio do artigo é a boa fé e a tutela aparente de terceiros.
O professor rebate o argumento de que no 36/1 não pode haver a intenção de celebrar o
contrato, enquanto que no 36/2 ha a intenção de celebrar o contrato, havendo um acordo. MC
afirma que tal pensamento não faz sentido, uma vez que, do ponto de vista do terceiro de boa
fé, nunca será possível saber se as partes possuem ou não tal intenção de celebrar o
contrato da sociedade, quiçá se já celebraram ou não, ou se estão a usar a sociedade
por causa de uma firma.
Dessa forma, não faz sentido haver uma diferenciação do n1 e do n2. Logo, seria oportuno
aplicar o regime das sociedades civis (para os dois casos) o qual também possibilita uma tutela efetiva,
como a do art 999. Nesse caso os credores sociais possuem uma situação de privilegio
sobre os bens da sociedade para além disso, estará sempre assegurada a
responsabilidade pessoal e solidaria dos sócios, art 997.
Para o professor MC o n2 não seria só para as situações de inadequação formal prévia ao
contrato da sociedade. Mas sim qualquer situação que seja previa a constituição da
sociedade, sendo necessário apenas um acordo. Mas que tipo de acordo é este? Não é
necessário uma promessa de celebração do contrato, não é preciso que seja o clausulado a inserir no
contrato, mas sim um acordo simples e principiante. Uma indicação do início da atividade
societária. Os elementos mínimos que devem conter no acordo são: as indicações das partes e a
determinação da atividade comum em causa.

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O que também não é de comum acordo, seja para o professor CA, seja para o professor MC, é
a natureza da sociedade em causa, ou seja se ela é civil ou comercial. Como bem elenca o
professor CA, justificando a remissão do 36/2, ao ser classificada como Y e fazer referencia para o
regime X, não a torna X. Diz que essas situações enquadram-se no regime das sociedades comerciais,
possui um objeto comercial e não civil. Tem outras normas que também fazem esta referencia e nem
por isso deixa de ser comercial, como por ex: art 52.
Para o professor MC e para FERRER CORREIA, comercial não pode ser, ela será civil.
Mas isto não impede que a situação será considerada globalmente como comercial, tal
como comerciais serão os atos praticados pelos intervenientes em nome e por conta da sociedade.

—> As pré-sociedades depois do contrato e antes do registo


- As relações internas:
A lei estabelece para essas situações o artigo 37, neste plano vamos olhar para as relações dos
sócios. Enquanto que, nos artigos 38-40, vamos olhar para as relações dos sócios com os terceiros as
chamadas relações externas.
As relações entre os sócios serão estabelecidas:
- de acordo com o próprio contrato e as regras legais, art 37/1. Ou seja, celebrado o contrato
as partes devem o cumprir nas suas relações entre si.
- Em qualquer caso a transmissão intervimos de posições sociais e as modificações do contrato
social requerem sempre o consentimento unanime de todos os sócios art 37/2.
A ressalva do 37/2 é feita com base no principio comum do direito civil, art 406, uma vez que
antes do registo temos um mero contrato e ele so pode ser alterado com o consentimento de todos. Há
valores em jogo:
1) as partes podem ter aceitado a ingressar numa determinada sociedade devido aos seus
específicos parceiros, temos que respeitar isso, mesmo que depois de constituída ela possa ser
modificada
2) Os socios podem ser responsáveis por dividas contraídas antes do registo e de acordo com
esquemas que sao variantes face a sociedade em concreto art 19, admitir alterações sem a
unanimidade poderiam prejudicar os credores e os próprios ociosa minoritários
3) Seria difícil considerar o preciso momento de exonerações e modificações.

- As relações externas:
Temos aqui um tratamento diferente consoante cada tipo de sociedade em causa (sociedade de
pessoas vs sociedade de capitais).
—> SNC art 38

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Pelos negocios realizados em seu nome, depois da escritura e antes do registo, com acordo
expresso ou tácito dos diversos sónicos, respondem solidaria e ilimitadamente todos eles: art 38/1
Caso não tenha sido autorizado pelos sócios respondem apenas aqueles que tenham autorizado 38/2.
Ja sabemos que responder significa ser chamado para responsabilidade a titulo patrimonial. Os
próprios negocios celebrados pela sociedade devem ser cumpridas por estas, se assim não for a
sociedade incorre em incumprimento. Havendo de passar para a fase da execução, responde os bens
da pré-sociedade (caso ja tenha algum) e respondem os sócios que tenham celebrado ou autorizado os
negócios em causa. ATT: o beneficio da execução previa também é aplicado aqui, não faz sentido que
uma sociedade que ja é mais societária (que ja tem o contrato) responda menos, dessa forma é
aplicado o artigo 997/1,2 nessas situações.
—> Relações externas das sociedades de capitais: SA, SPQ , SComandita por Ações art 40
Pelos negócios celebrados em nome da sociedade respondem ilimitadamente e
solidariamente todos os que intervenham no negocio em representação da sociedade em
causa, bem como os sócios que autorizem. Os restantes sócios respondem apenas até às
importâncias das entradas a que se obrigaram, acrescidas das importâncias que tenham recebido a
titulo de lucros ou de distribuições de reserva 40/1.
ATT: 40/2 a responsabilidade em causa ja não opera se os negócios em causa forem
estritamente condicionados ao registo da sociedade e à assunção por esta.
- A capacidade das sociedades irregulares:
MC: as sociedades irregulares possuem uma capacidade similar à que compete às próprias
sociedades definitivas. A especial ressalva a se fazer é que temos de ter em consideração a
responsabilidade de quem praticou os atos antes do registo, tal como examinado anteriormente, para
caso não cumprir eles respondam! Contudo, de resto, aplicamos as regras da capacidade art 6!

ATENÇÃO: NOTA PARA compatibilização entre o artigo 40 e 19 CSC:


1. O património social também responde nos casos do artigo 40/1? Esta prende-se com a
questão de saber se o património autónomo da pré-sociedade responde nos termos dos artigos 38 a 40
e se se aplica o benefício da excussão previa tal como consagrado no artigo 997/2 do cc.
Nós aqui temos três posições doutrinarias:
a) A primeira posição é maioritária e é a que defende que o património social da pré-
sociedade responde nos termos do artigo 38 e 39, mas também se aplica o benefício da excussão
previa, ou seja, a responsabilidade dos sócios é subsidiária face à do património social.
Dentro desta matéria maioritária temos o MC, CA, Paulo Cunha, OA. Estes professores recorrem a
um argumento de maioria de razão: se é estabelecido este nível de responsabilidade do património
social na fase pré-contratual (art 36) então porque não estabelecer o mesmo tipo de responsabilidade
para uma fase mais avançada do processo de constituição

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GIOVANNA LACERDA

b) Prof Nogueira Serenes: defende que, ainda que o património autónomo da pré-
sociedade possa responder, o património não responde em primeiro lugar. O prof recusa a aplicação
do artigo 36/2 por analogia e do benefício de excussão prévia. O argumento principal a que este
autor recorre é o da questão da conservação do património social e defende que quando
estamos perante o artigo 36/2 ou o artigo 40 são casos distintos. Antes do contrato de
sociedade ainda não houve escritura publica e, portanto, ainda não houve o ato de certifi cação pelo
notário das entradas e dos vários depósitos que os sócios vão ter que fazer para garantir a subscrição
da sociedade ao capital social.
c) Prof Manuel António pita: não só considera que não há benefício de excussão prévio
como diz que património social não responde nos casos do artigo 40/1. Não faz sentido para este
autor imputar à sociedade os efeitos dos atos praticados em seu nome antes do registo, porque a
sociedade pode recusar legitimamente assumir tais atos mesmo após o registo. Isso aí
é o que se depreende de uma leitura do artigo 19. Portanto, se o património social não só
pudesse responder nos termos do artigo 40, como ainda pudesse responder em primeiro lugar,
aplicando o benefício da excussão previa, isso entraria em colisão com o artigo 19 na
perspetiva deste autor. A sociedade pode escolher não assumir certos contratos ou certos negócios
antes do seu registo, veja-se por exemplo o artigo 19/2 e o 19/3. Esta posição pode ser refutada por
dizer que as situações no artigo 19 e no artigo 40 são situações distintas.

Sociedades irregulares: Por invalidade


Início do caso prático:
“No caso em concreto estamos diante de uma possibilidade de uma sociedade irregular devido a uma invalide.
Neste ambito, importa ter em consideração a DIRETRIZ 2917/1132 e de acordo com o artigo 41 as invalidadas da
sociedade são limitadas e so esses motivos legitimam uma invalidade da sociedade. Ou seja, a sociedade não pode ser
declarada nula, nem fi car sujeita a qualquer outra causa de inexistência. Foi a partir destas diretrizes que o legislador
nacional regulou os artigos 41-52”

—> Princípios gerais:


A base é o direito civil: o NJ que por razoes extrínsecas (impossibilidade, indeterminabilidade,
ilicitude, ou contrariedade à lei ou à OP ) ou por razoes intrínsecas (vicio na formação ou na
exteriorização) não produza efeitos ou pelo menos a maioria dos seus efeitos. Finalmente, dentro da
invalidade damos primazia ao regime da nulidade. Todas essas regras são aplicáveis ao regime
comercial, mas atenção as invalidadas (nulidade ou anulabilidade) envolvem a liquidação da sociedade
e as invalidadas resultantes de incapacidades são oponíveis a terceiros Art 41/1,2.
Contudo, há uma especificação essas regras (nulidade e anulabilidade) não são aplicáveis de
forma normal, mas sim de forma atípica. Isto é a nulidade iria comprometer todos os atos ja

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praticados pela sociedade em causa, desamparando terceiros e pondo em causa a própria confiança e
segurança jurídica. Por isso rege aqui o favor societatis, tentando minimizar os prejuízos que
causariam a pura aplicação das invalidadas. Ele será exprimido em 7 níveis:
- Limitação dos fundamentos de nulidade
- Introdução de prazos para arguição da nulidade
- Presença de esquemas destinados a sanar as invalidadas
- Delimitação da legitimidade para arguir a nulidade
- Limitação dos efeitos da anulabilidade, perante as partes
- Certa inoponibilidade das invalidadas a terceiros
- Regime especial na execução das consequências das nulidades
Reter: o artigo 42 é um artigo taxativo, eu so irei invocar a nulidade de todo o contrato quando
cair numa clausula crucial, de resto eu posso invocar a nulidade so daquela clausula em especifico,
reduzindo então as invalidadas, segundo a ratio da diretiva 1132/2017 art 12. Segundo ainda o artigo
42/2 as invalidades são sanáveis mediante deliberações sociais
Para arguir a ação de nulidade:
1) Antes de intentar a ação eu tenho que interpelar a sociedade para sanar o vicio, quando
este seja sanável (42/2); So 90 dias após a interpelação é que eu posso interpor a ação, salvo se
tratando do MP 44/1,2 que pode interpor a ação a todo tempo, mas este artigo a contrario diz
que passado os 90 dias o meu direito caduca!
2) A ação deve ser intentada no prazo de 3 anos a contar do registo, salvo se for uma ação do
MP
3) Ela pode ser inchada por qualquer membro da administração ou do conselho fiscal, ou do
conselho geral e de supervisão da sociedade ou por qualquer terceiro que tenha interesse
relevante e serio na procedência da ação
4) Ha ainda verdadeiro deveres de informar: os membros da adm tem o dever de informar, o
mais brevemente possível, aos sócios de responsabilidade ilimitada e aos sócios da sociedade por
quotas, a proposição da ação de declaração de nulidade. Isso independente de quem tenha
proposto a ação. Obs: numa SA a informação tem que ser dirigida ao conselho fiscal ou ao
conselho geral de vigilância. Esta informação mais rápida possível compreende-se pelo motivo
de poder sanar a o vicio. ATT: art 44 se aplica a todos os tipos de sociedades

—> anulabilidade: seguindo os ideias do direito substantivo, esta tem como base um direito
potestativo na esfera do interessado por um tempo determinado com o intuito de colocar em colapso
o efeito jurídico. É aqui que entra o principio do favor societatis

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- Nas sociedades de capitais certos fundamentos de anulabilidade operam apenas como


justas causas de exoneração dos sócios atingidos. Quanto à incapacidade ela gera uma
anulabilidade limitada ao incapaz 45/1,2.
- Nas sociedades de pessoas a invalidade por determinados fundamentos provoca a
anulabilidade apenas perante o atingido, salvo na impossibilidade de redução do art 292 CC,
- Regra geral: em qualquer dos casos, o sócio que obtenha a anulação do contrato nos
termos do 45/2 ou 46, tem o direito de rever o que prestou e não pode ser obrigado a completar a
sua entrada. CONTUDO: se a anulação resultar de vicio da vontade ou usura, não fi cara liberto,
em face de terceiros da responsabilidade que por lei lhe competir quanto às obrigações da
sociedade anteriores ao registo da ação ou da sentença, art 47
- A anulabilidade pode ver o seu prazo encurtado, conforme o artigo 49: qualquer
interessado pode notificar o impugnante para que anule ou confira o negocio e, perante a
notificação do interessado, o impugnante tem 180 dias para intentar a ação sob pena de
caducidade

—> Efeitos da invalidade:


Aqui vamos ter em consideração o artigo 52!
A regra geral de uma invalidada sao os efeitos radicais do artigo 289, mas novamente aqui
temos a operar o principio favor societatis . Desta forma temos a primeira consequência da
sociedade em causa entrar em liquidação. O que isso significa? Os bens da sociedade serão divididos,
com o intuito de cumprir obg oriundas de NJ. Também serão realizados pagamentos, fecho de contas,
pagamento da segurança social e pagamento de credores. Só depois do pagamento das dividas é que
os sócios dividem entre eles ou os lucros ou as perdas. Liquidação é a divisão do património.
ATT: a própria liquidação da invalidade é diferente da liquidação comum, art 165 em paralelo.
Atenção outra regra básica, segundo o artigo 52/1, é o os negócios celebrados com a sociedade
invalidade não sao afetados, na sua eficácia, pela declaração de nulidade ou anulabilidade, é uma
transposição da diretiva 2917/2017 art 13. Contudo ha de interpreta-lo de maneira estrita,
permitindo duas delimitações:
1) É necessario que o proprio negócios anteriormente celebrado com a sociedade não
incorra em invalidade
2) Exigindo-se ainda que o terceiro protegido esteja de boa fe, no sentido geral BF subjectiva:
nao sabia e nem devia saber, desconhecia sem culpa o vicio que afeta a sociedade. ISTO NÃO É
perturbador com o 52/3. Não posso proteger terceiros de má fe.
Lógica de salvaguardar terceiros: 52/4 a invalidade da sociedade não exonera os sócios da
realização das suas entradas nem da responsabilização pessoal e solidaria que, por lei e perante
terceiros, eventualmente lhes incumba. OBS: é obvio que quando estivermos diante de uma anulação

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que tenha por base a incapacidade de um sócio ou venha a ser oposta, por via de exceção, aos outros
sócios, aqui sim cessará a responsabilidade art 52/5
RETER: a sociedade atingida não desaparece! Quando muito ela entra em liquidação e isso
significa dizer: “Os bens da sociedade serão divididos, com o intuito de cumprir obg oriundas de NJ. Também serão
realizados pagamentos, fecho de contas, pagamento da segurança social e pagamento de credores. Só depois do pagamento
das dividas é que os sócios dividem entre eles ou os lucros ou as perdas. Liquidação é a divisão do
património.”

—> Por fim resta ver duas especialidades: A situação da invalidade nas
sociedades de pessoas e nas sociedades de capitais.
—> Sociedades de pessoas
Art 43: Aqui temos que ter em consideração que os vícios a titulo constitutivos são alterações do
contrato. Os outros vícios (nomeadamente: a falta ou nulidade da indução da firma, da sede, do objeto
e do capital da sociedade, bem como do valor da entrada de algum dos sócios e das prestações
realizadas por conta desta. Esses podem ser sanáveis por deliberações dos sócios) sao sanáveis segundo
o art 43/3.
Quando fala das clausulas de invalidade gerais de acordo com o direito material são: vicio da
vontade e incapacidade, enumerando o artigo 46: o erro, o dolo, a coação, a usura, e a incapacidade
ATT os outros vícios da vontade aqui não elencados também entram aqui, mas pela remissão final do
“regime comum” e no através de uma analogia. Daqui retiramos que a invalidade daí resultante so
opera para o contraente que sofra o erro ou a usura ou que seja incapaz 46/1 primeira parte.
Podendo, todavia, o NJ ser anulado no seu todo, quanto a todos os socios, se perante o artigo 292 não
for possível a sua redução. Basicamente a regra é de que: a invalidade de um negocio
incide só sobre ele, salvo se a redução não puder operar. Para ela operar terá de
“eliminar” um dos sócios, desde que não se mostre que a sociedade não seria
constituída sem ele.
—> Sociedades de capitais:
Apenas se admite a invocação da nulidade do contrato antes do registo se estiver preenchido
alguma das alíneas do 42/1, sendo ele taxativo. Como ja dito, transpôs o artigo 12 da diretiva
2917/1132. Uma observação a fazer o vicio falta de forma so faz sentido quando não se requeira o
registo ou quando o problema se discuta antes de o mesmo ter sido efetivado. Ate porque antes do
registo, segundo a norma do direito nacional, na ha sociedade! Mas MC critica isso e diz que quem
transpôs a diretiva fez isso mal, porque não tinha motivos para a exclusão de tal proteção
São sanáveis: A falta ou nulidade da firma e de sede da sociedade, bem como do valor da
entrada de algum sócio e das prestações realizadas por conta dessa.
O art 45:

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Os vicios da vontade (erro, o dolo a coação e a usura não pode determinar a anulabilidade de
sociedades de capitais registadas, mas constitui uma justa causa de exoneração do sócio atingido,
desde que se verifiquem as circunstâncias da anulabilidade.
OBS: os outros vícios da vontade terão de ser analisados casuisticamente para saber se gera uma
analogia e consequentemente a possibilidade de exoneração do sócio.
Tratando-se de incapacidade, teremos uma anulabilidade apenas relativa ao incapaz, 45/2. Tal
como fizemos no art 46, o regime limitador da anulabilidade abre regra, face ao principio favor
societatis, da redução dos contratos societários com invalidades. Desde que: esta seja possível.

ENTRADAS:
—> Obrigação de entrada como a principal obrigação dos sócios
A obrigação de entrada, junto com a obrigação de participar nas perdas, constitui de forma
imperativa uma obrigação principal dos sócios, segundo o artigo 20 CSC. Daqui retiramos que o
contrato de sociedade é necessariamente oneroso, pelo o que só podemos considerar alguém como
sócio, caso ele tenha contribuído com um bem (seja em espécie ou em dinheiro) para a sociedade.
Podemos dizer que constitui uma obrigação originaria (a qual releva para a caracterização de
um sócio); fundacional (uma vez que sem ela não é possível constituir a sociedade); e funcional (na
medida que os deverem dos sócios medem consoante a entrada de cada um )
—> Definição:
É muito comum dizer que as entradas são as contribuições patrimoniais dos sócios que
adquirem consideração jurídica ao integrar o capital social. Contudo, com agfirma o professor tarso
domingues, esta definição não é correta. Isto porque existem entradas que não integram o capital
social, tal como as entradas em industria ou as ações sem valor nominal. Podemos considerar como
entrada então: A contribuição patrimonial do sócio para a sociedade que se destina ao
pagamento das participações sociais que adquire. Daqui retiramos que não é so o valor
nominal da entrada que o sócio subscreve, mas também o valor excedente que o sócio tem de
desembolsar para adquirir, abrangendo então os prémios e os ágios. AQUI TEMOS DD
—> Entrada e participação social:
Eu so vou ter participação social caso tenha colocado uma entrada que contribua realmente
para a sociedade, e consequentemente me atribua a qualidade de sócio. Logo, a criação de uma
participação social que não resulte numa efetiva entrada do sócio deva ser considerada nula, segundo
o art 20 CSC
Mas atenção, isto não significa dizer que o valor da participação social tenha necessariamente
de corresponder ao valor da entrada. Neste ponto é preciso analisar o artigo 25! O valor nominal da

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participação (ex entro com 5000k) não pode ser superior ao valor real da contribuição do sócio. Ou
seja, em caso algum a entrada nominal poderá ser superior à importância em dinheiro com que cada
sócio entra para a sociedade, ou ao valor dos bens ditos em espécie. Mas atenção, note que o contrario
não é verdadeiro. Logo, significa dizer que eu posso ter uma participação social menor do que o valor
da minha entrada. RETER: daqui retiramos que o valor da entrada constitui o limite
máximo do valor nominal da participação social, podendo, no entanto, ser inferior ao
valor da contribuição do sócio.
Observação premio ou ágio: sao os valores que excedem à minha contribuição nominal. Ou seja
é a diferença entre o valor nominal da participação social e o valor efetivamente pago. Estes estão
sujeitos ao regime da reserva legal art 295/2a, ficando sujeito regime do art 296 em que regula o fim
que poderá ser atribuído para eles. Desta forma, aparentemente todo o agir so poderia ser utilizado
para um dos fins previsto nesse artigo. Contudo, PTD e MC fazem uma interpretação diferente desse
artigo, já que o premio de emissão ficará apenas sujeito ao regime do 296 ate ao limite do valor da
reserva legal (1/5 do capital social) e, cumulativamente, na medida em que o mesmo seja necessário
para integrar aquela reserva. Podendo então a sociedade destinar outro fim para o agir, desde que a
reserva legal esteja integralmente constituída ou, quando não se estiver, poderei usufruir do agir na
parte em que exceda o montante necessário para completar a reserva legal
—> Valor minimo da entrada
Isto irá ser diferente conforme cada tipo de sociedade. Vejamos:
SNC: a lei não estabelece um valor mínimo de entrada, nem tão pouco um valor mínimo que
todas as entradas dos sócios somadas devem constituir, uma vez que não se fi xa nenhum capital
mínimo. Ja não é assim nas outras duas, em que ha um valor mínimo de entrada, bem como um valor
mínimo de capital social
SPQ: valor minimo de entrada de cada socio 100 € e o capital social deve ser de 5000€
art.219/3
SA: valor mínimo de entrada para cada sócio um cêntimo e o capital social deve ser de 50.00€
art. 276/2
—> Tipos de entradas:
Temos 2 grandes grupos de entradas:
A) entradas de mero património ( são aquelas que engrossam o património da sociedade, mas
não contabilizam para o capital social) Apenas as entradas em industria, de acordo com o artigo
175/1 não sao contabilizadas no capital social
B) Entrada de capital (que são agora aquelas que são imputadas ao capital social)
A pergunta a se fazer é: quais são os bens que podem ser imputados no capital social? Ora,
temos que olhar para o art 20/1a. A partir dele podemos concluir que fora as entradas em industria
(que não contribuem para o capital social) a entrada do sócio so pode constituir em bens suscetíveis de

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penhora, pelo menos numa primeira linha a entradas de bens devem ser suscetíveis de garantir
terceiros.
CONTUDO: ha de se fazer uma ressalva, a norma 20/1a foi transposta de um diretiva e a
norma comunitária, não previu tamanha restrição, so disse que os bens teriam de ser validos
economicamente e não de serem suscetíveis de penhora. Ora é de adotar a posição de uma
compatibilização do ordenamento jurídico nacional com o europeu, a entender que o legislador não
quis, ao colocar o disposto infeliz do 20/1a, contrariar o ordenamento jurídico europeu. Teremos esta
de fazer uma interpretação extensiva e de acordo com o direito da UE, em que para se constituir
uma entrada de capital basta que o bem em causa seja sucetivel de avaliação
económica. Significando dizer também que direitos pessoais de gozo (ex: gozo de um imóvel), e
aviamentos, desde que ligados a empresa, estão aqui enquadrados como suscetíveis de enquadrar o
capital social, por ser possível uma avaliação económica. —> POSIÇÃO CA, PTD
—> As entradas em indústria:
Constituem entrada em tralho ou serviço por parte dos sócios. As entradas em industria
apenas podem ser realizadas pelos sócios nas SNC (176 e 468 a contrario) não sendo admissíveis na
SPQ e na SA 202/1 e 277/1 respectivamente. A razão da sua exclusão prende-se com a própria
natureza de cada sociedade, ou seja mais pessoal ou mais de capital, relevando também o facto de as
entradas em industrias constituirem um grande obstáculo para a sua avaliação, não servindo para
garantir terceiros e obstando a lógica da sociedade de capitais.
ATT: as entradas em industria não estão sujeitas ao regime das entradas em espécie! Logo não é
necessário a avaliação por parte do ROC, art 28, é verdade que sao bens diferentes de dinheiro, mas
segundo o artigo 179 é possível a dispensa da avaliação do ROC conquanto os sócios assumam
solidariamente a responsabilidade pelo valor atribuído aos bens. Como elas não são imputadas no
capital social não justifica a avaliação para tutelar os credores, ja que esses nunca chegaram a pensar
que o capital social é maior ou menor face as entradas de industria.
—> Entrada em dinheiro:
Deve ser feito sempre em euro. As entradas em moeda estrangeira devem ficar sujeitas ao
regime de entradas em espécie, art 14 a contrario.
• Deposito e levantamento das entradas em dinheiro.
As entrada em dinheiro, pelo menos nas sociedades de capitais, passaram a ter de ser
depositadas numa instituição bancaria, devendo no momento da celebração do contrato da sociedade,
os sócios declarar que aquele deposito, das entradas numa instituição bancária, foi efetuado. SPQ:
202/4; SA: 277/4. Ficará sujeito a responsabilidade civil, art 71, e a responsabilidade penal 519, o
sócio que preste tal declaração quando a mesma não corresponda a verdade.
• Diferimento das entradas em dinheiro

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De acordo com o artigo 26, as entradas deverão ser, em principio, realizadas no momento da
celebração do contrato de sociedade. Contudo, esta mesma norma acrescenta que o diferimento da
realização da entrada em dinheiro, nos casos em que a lei permita. Ficando assim vedada qualquer
deferimento de entrada em espécie.
Quando falamos em diferimento temos de ver as SA e SPQ.
SA: As primeiras possibilitam o diferimento de 70%, segundo o artigo 277/2. A lei não impede
expressamente termo incerto, mas apenas permite o diferimento do pagamento da entrada por prazo
não superior a cinco anos 285/1.
SPQ: Enquanto que as segundo permitem um diferente de ate 50% segundo o artigo 202/2. O
pagamento da entrada so pode ser diferido para datas certas ou se fi car dependente de factos certos,
permitindo-se, em qualquer caso, exigir o seu pagamento decorridos 5 anos da celebração do
contrato 203/1
SNC: não se preve expressamente a possibilidade de diferir o pagamento das entradas em
dinheiro, pelo o que levanta a duvida da sua admissibilidade. Parte da doutrina, BRITO CORREIA e
PTD, considera que face o artigo 175 em conjugação com artigo 26 e a lei não dispor de nenhum
mecanismo de regulação de como funcionaria tal diferimento, conclui não ser possível tal diferimento.
Por outro lado, LOBO XAVIER, defende que é possível o diferimento da totalidade das entradas em
dinheiro, partindo do principio que o capital social inicialmente constituído serve para garantir
terceiros. Dessa forma, entendendo a natureza da questão nas SNC esta lógica não faz sentido, uma
vez que a tutela de terceiros é garantida na SNC pela resposta dos sócios ilimitadamente aos credores
sociais.
OBS IMPORTANTE: EM CASO DE AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL, SEJA EM
QUALQUER TIPO DE SOCIEDADE, SE A DELIBERAÇÃO FOR OMISSA QUANTO AO
DIFERIMENTO DAS ENTRADAS EM DINHEIRO, SAO ELAS EXIGÍVEIS A PARTIR DO
REGISTO DEFINITIVO DO AUMENTO, ART 89/2
• A realização proporcional das entradas em dinheiro:
A questão que se coloca é saber se cada sócio tem de realizar a percentagem legalmente fixada
(50% ou 70%) da sua participação social ou se, diferentemente, o que é necessário é estar globalmente
realizada tal percentagem do capital social, ainda que um ou alguns dos sócios não entreguem de
modo imediato aquele montante da sua entrada. Pra variar a doutrina diverge.
Alguma doutrina considera, devido a letra da lei, que estabelece “70% do valor nominal das
ações. Pela utilização do plural que o que se tem em vista é a imediata realização daquela
percentagem do total das entras e não de cada entrada individualmente considerada.
Por outro lado: a solução encabeçada pela maioria da doutrina, PTD inclusive, é de que cada
sócio deve realizar no mínimo 50% ou 70% da sua entrada em dinheiro. É o entendimento com base
que mais resulta da lei do código anterior e que meais se enquadra com as preocupações inerentes, se

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o legislador quisesse d facto mudar ele teria expressamente dito isto, dizendo por exemplo diferimento
não das entradas, mas do capital social.
—> Entrada em espécie:
Como vimos as entradas em espécie são todas as entradas que não são em dinheiro, art 26,
excluindo aqui também as entradas em industria, como ja vimos estas constituem o trabalho ou
serviço do sócio.
• Traços essenciais do regime: A integral liberalização, avaliação pelo ROC e
responsabilidade pela diferença:
Vendo o artigo 26, e uma vez que a nossa lei não possibilita o seu diferimento, as entradas
em espécie deverão ser integralmente realizadas ate ao momento da celebração do
contrato da sociedade!
É necessária ainda uma avaliação pelo ROC sem interesse na sociedade, art 28/11, atenção
para a exceção das SNC que não precisa ser pelo ROC podendo ser pelos próprios sócios, desde que
eles assumam uma responsabilidade solidaria pelo valor atribuído aos bens 179.
Analisando o regime da avaliação do artigo 28, compreendemos que ele trata de uma
elaboração de relatórios por um perito independente, que deve ter o conteúdo mínimo previsto no
28/3 e ser elaborado com uma antecedência não superior a 90 dias relativamente à data da
formalização do contrato. Devendo ainda ser dado a conhecer aos sócios fundadores “pelo menos
quinze dias antes de ser celebrado o contrato” e fi cando sujeito às formalidades de publicidade
prescritas na lei 28/3,6. Esta publicidade obrigatória do relatório do ROC determina que o pedido de
registo da constituição da sociedade, quando haja entradas em espécie, tenha também de ser instruído
com aquele relatório. Ou seja, quando for constituir a sociedade ja tenho que ta com a
avaliação do ROC, assegurando que o valor atribuído à participação social se
identifique ao valor do bem que constitui a entrada
ATT: mas caso se verifique posteriormente a existência de erro naquela avaliação e
consequentemente que o bem avaliado não corresponde ao seu valor real ( e que por isso o valor da
entrada nominal é maior do que o valor real da entrada, situação proibida pelo 25/1) sobre o sócio
recairia aquilo que se pode designar de uma responsabilidade por diferença. O sócio será
responsável pela diferença existente e deverá repor aquilo que resulte da avaliação correta do bem e o
valor nominal da sua participação social, art 25/2.
• As entradas com saber fazer: KNOW-HOW

1 ATT: posição contraria do professor RAUL VENTURA em que diz que o artigo 28 so é aplicado aos casos de
aumento de capital social! Mas é uma posição minoritária. O autor diz isso porque a estrutura do artigo faz
remissão a deliberações dos sócios e ora, antes da celebração do contrato da sociedade ainda não ha
verdadeiramente sociedade. Mas PTD rebate tal argumento com base em: 1) inserção sistemática da norma; 2)
pela ratio da norma, a interpretação do professor RAUL ventura é demasiada formalismo e desconsidera que o
intuito da norma é assegurar o principio da exata formação do capital social

ESQUEMAS- COMERCIAL II 22
GIOVANNA LACERDA

É obvio que a entrada com know-how constitui a possibilidade de uma entrada. Resta então
discutir se ela poderá ser considerada como uma entrada em espécie. A doutrina diverge PTD diz que
pode por estarmos diante de uma situação de transmissão de conhecimentos que ganha importância
principalmente nas sociedades de tecnologia e informação. Mas é preciso fazer algumas ressalvas para
evitar um capital fictício correspondente ao KNOW-HOW. Assim so é possível recorrer a está figura
se o saber fazer estiver corporizado, materializado num qualquer suporte, como por exemplo uma
patente. Por outro lado, tratando-se de uma entrada em espécie terá de respeitar o artigo 26 e ter sua
integral liberação no momento da formalização do contrato da sociedade. Finalmente, também é
necessário aplicar todas as considerações da avaliação do ROC, em todo caso se ficar apurada que a
entrada foi mal avaliada, poderá sempre recair sobre o sócio a responsabilidade por diferença.
• As entradas com créditos e a sua grande problemática:
É importante fazer uma breve diferenciação: 1) a entrada com credito sobre a própria sociedade
(compensação) questão que é muito importante sobre tudo nas situações de aumento de capital; 2) A
realização da entrada através de créditos sobre terceiros (mediante cessão de créditos)
• Entradas com créditos sobre terceiros:
Esta é em geral admitida. Estar-se-á neste caso inequivocamente diante uma entrada em
espécie, uma vez que não se trata de uma entrada em dinheiro e o CSC so permite para as sociedades
de capitais as entradas em espécie ou em dinheiro. Dessa forma a cessão de créditos seguirá o regime
das entradas em espécie normalmente, nomeadamente não poder postergar o seu cumprimento e a
necessidade de avaliação do ROC nos termos doa artigo 28 e caso haja uma diferença de avaliação
com o valor real, estará também sujeito ao regime do artigo 25/2.
• A problemática da entrada por compensação de créditos:
É um tema muito debatido e está longe de findar o seu escrutínio, isto porque não ha mesmo
consenso nem no direito comparado europeu, nem no direito nacional.
A favor da admissibilidade da compensação de créditos através de uma entrada (ou um próprio
aumento do capital social) rebatem que a posição do terceiro não fica prejudicada uma vez que o sócio
poderia exigir o pagamento do seu credito (com a consequência de diminuir também o capital social e
portanto os terceiros ficariam prejudicados na mesma) o que deixará de poder fazer com a
transformação do seu credito em capital social. E Por outro lado, o aumento da cifra do capital social
eleva-se o valor da fasquia que a situação liquida da sociedade deve ultrapassar para que seja possível
a distribuição de bens pelos sócios. Podemos colocar aqui também argumentos a favor de uma
situação de capitalização da sociedade em momentos mais necessitados, o qual requerer a
compensação é uma mais valia.
Contra esta posição de permissibilidade tem a situação de que a lei não rodeia dos mesmos
remédios para a realização da entrada e a constituição dos créditos dos sócios. Este argumento vale
principalmente para as situações em que os créditos resultam de um fornecimento de bens à

ESQUEMAS- COMERCIAL II 23
GIOVANNA LACERDA

sociedade. Depois porque a compensação poderá estar a privilegiar a extinção de obrigações dos
sócios preferencialmente aos credores sociais.
POSIÇÃO PTD: esta restrição não se justifica nos casos dos créditos com natureza pecuniária
dos sócios (resultando de uma entrega de dinheiro à sociedade), mas apenas nos casos de
créditos do sócio resultantes de transações com a sociedade (em que aqui se poderá colocar
a sobrevalorização dos nem que originaram o crédito). A proibição também fará sentido nas
situações em que o crédito com a sociedade visa extinguir uma divida de entrada
anterior a própria constituição do crédito. OU SEJA: quando o credito com a sociedade
foi originado depois da divida que este visa sanar. Dito ainda de outro modo: primeiro
surge o credito com a sociedade e so depois é que pode surgir a divida. Nessas situações
PTD aceita que haja uma compensação de forma automática de um credito de natureza pecuniária
passe a ser capital social, passando a ser titular de uma participação social no mesmo valor nominal da
extinção do seu crédito. Para ele essas situações deveriam ser possíveis, uma vez que não forma dos
interesses dos credores sociais ficarem desacautelados. Antes pelo contrário, o sócio credor fica na
impossibilidade de exigir o credito, aumentando então o capital social. E estando em causa créditos de
natureza pecuniária, nem se coloca o problema de sobreavaliação do crédito.
• A proibição da compensação no ordenamento jurídico português:
O artigo 27/5 veda totalmente a possibilidade de uma compensação automática, se for feita a
compensação a entrada será considerada nula por violação de uma norma imperativa, tendo o sócio
de realizar em dinheiro o valor da sua entrada, por remissão do artigo 9/2 + 9/1g + 25. Assim se for
realizada uma entrada mediante compensação de credits sem a necessária avaliação por parte do
ROC do credito do sócio, será este legalmente obrigado nos termos do 25/3 a realizar o valor da sua
participação em dinheiro.
• Sujeição da entradas com créditos sobre a sociedade ao regime das entradas em
espécie:
Sabendo então da proibição do 25/3 soluções surgem quanto a isto. Ao refutar a possibilidade
de uma compensação de forma automática, não podemos no entanto, desconsiderar que uma entrada
com créditos sobre a sociedade (seja de forma na constituição, ou seja uma entrada, seja de forma a
aumentar o seu capital social) constitui uma entrada em espécie. Logo, desta forma, poderíamos
aplicar o regime das entradas em espécie. Devendo por isso ser suscetível de uma avaliação do ROC, o
que se justifica e bem se compreende, já que o valor real económico do credito pode não corresponder
ao seu valor nominal. E por outro lado, ficando estreita ao regime da entrada em espécie, isso implica
que caso a avaliação não seja correta, podemos ter a possibilidade da responsabilidade pela diferença,
prevista no artigo 25/2.

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GIOVANNA LACERDA

E dessa forma o socio não sair beneficiado, face aos credores sociais, uma vez que a sua
participação corresponderia efetivamente ao valor que realizou e ainda servirá para avantajar o
capital social, ja não podendo o sócio cobrar o tal crédito extinto
• As entrada com mero gozo dos bens:
O problema que se coloca aqui é se é possível que as entradas em espécie englobem não só a
transferencia plena da propriedade, mas também outros direitos reais menores, ou direitos pessoais de
gozo também se configurarão como entradas em espécie.
No regime do CC é admissível, segundo o artigo 981/2 e 984/b entradas de um sócio que se
traduza na mera disponibilidade de uso e fruição do bem. Contudo, o CSC é omisso a tal questão,
divergindo a doutrina sobre a admissibilidade dos siritos reis menores e pessoais de gozo.
Doutrina que não permite argumenta:
O CSC preferiu não legislar, para além disso a própria natureza desses direitos obstariam a
constituição de uma entrada, uma vez que o mero gozo da coisa, ao contrario do que sucede na
transferencia plena da propriedade, não se esgota com a celebração do contrato devendo assumir um
caráter sucessivo, na medida que o sócio deveria permitir, pelo prazo convencionado, o seu uso e
fruição por parte da sociedade. Ora confrontado com isso, o artigo 26 do CSC obriga que as entradas
sejam realizadas no momento da celebração do contrato de sociedade, o que nos poderia levar que as
entradas com mero gozo de bens, atento ao seu caracter não instantâneo, não se enquadraria nesse
critério
Doutrina que permite isso, nomeadamente PTD:
Nesse tipo de entradas, temos que entender que a realização da entrada fica integralmente
libertada com a assunção, por parte do sócio, no momento da celebração do contrato, da obrigação
de ceder o gozo da coisa, pelo o que a particularidade não constitui um impedimento. Invocam ainda
argumentos que com a constituição de entradas por mero gozo de bens o sócio que dispõe de tal
direito fica menos protegido, do que aquele que transmite por completo a coisa a sociedade,
funcionando as regras do risco ,a rt 796 do CC, contra ele. E, no outro lado da moeda, em favor da
sociedade.
Em todos os casos deverá se ter presente que nos termos do 25/4 se a prestação do sócio se
tornar impossível, deverá o mesmo realizar a sua prestação em dinheiro, se embora isso não resulta
diretamente da lei, mas isso poderá culminar na sua exclusão da sociedade.
RETER: é de ter em conta também que esta entrada é contabilizada no capital social!! Não o
valor da propriedade em si como é obvio, mas a sua avaliação económica versará sobre o valor
económico do gozo da coisa.
—> As quase entradas ou entradas dissimuladas:
Temos de ter em conta que o fim pretendido com o regime jurídico das entradas em espécie, no
sentido de evitar a fraude, ou a supervalorização de bens.

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GIOVANNA LACERDA

No âmbito de CSC esta estipulado no art 29: existe com uma finalidade de evitar a fraude do
art 25 e 28. Evitar as entradas dissimuladas. Imagine o que é alguém entrar com dinheiro mas depois
vende um bem a sociedade e vendem ao preço que eles querem estipular, se o preço for acima do
valor de mercado os sónicos tenham entrado com 10K , mas na venda dizem que vale 20K e mantém
a titularidade dos 10k.
A lei exige um requisito apertado.
No âmbito subjectivo: esta pensado para sociedades puras de capitais (SA E SCA) sócio,
sociedade ou uma interposta pessoa (estão de tal modo ligada quem é vedada a uma pratica do ato,
ex: cônjuge, o adm da insolvência não pode vender o bem a uma interposta pessoa).
Temporal: 29/c é o período suspeito: desde antes da celebração do contrato, ou
simultaneamente, ou nos 2 anos seguintes, ou num aumento de capital. 29/2
Âmbito material. A regra é que estas situações tem que ta sujeita a regra da AG, tem de que ter
uma verificação de valor do bem 29/4, ROC. É uma norma que tende a proteger os interesses dos
credores sociais, e a fraude a lei.
Deste modo, para evitar que um sócio, pretendendo fugir ao regime imperativo e
particularmente rigoroso das entradas em espécie (mormente a avaliação por parte de um revisor
oficial de contas), realizasse, no momento da constituição, uma entrada em dinheiro e, de seguida,
vendesse à sociedade, pelo preço que então poderia discricionariamente estabelecer, o bem com que
efetivamente pretendia entrar para a sociedade, a lei, no artigo 29.º, veio expressamente proibir a
aquisição de bens a acionistas quando estejam reunidos certos requisitos.
A primeira nota que importa referir é a de que aquela norma se aplica, exclusivamente, às
sociedades anónimas e às sociedades em comandita por ações (artigo 29.º/1). Por outro lado, o regime
ali estatuído não se aplica à aquisição de bens em bolsa, em processo judicial executivo, ou a
aquisições compreendidas no objecto da sociedade (artigo 29.º/2). Daquele regime ficam ainda
excluídas as compras de bens de pequeno valor, bem como as aquisições efetuadas
fora do chamado "período suspeito", que se prolonga até dois anos após a celebração
do contrato de sociedade ou de aumento capital (artigo 29.º/1/c)).
Se uma sociedade pretender adquirir um bem a um acionista, terão cumulativamente de ser
cumpridos os seguintes requisitos:
a) o contrato de aquisição deverá ser reduzido a escrito, sob pena de nulidade (artigo 29.º/4);
b) a aquisição deverá ser previamente aprovada pela AG (artigo 29.º/1), sob pena de ser
inefi caz em relação à sociedade (artigo 29.º/5); e
c) o bem a adquirir deverá ser avaliado por um revisor ofi cial de contas nos mesmos termos
previstos para as entradas em espécie (artigos 29.º/3 e 28.º).
Deste modo e em grande medida, fica desincentivada e acautelada a eventualidade de os sócios
de uma sociedade anónima poderem contornar o regime imperativo das entradas em espécie.

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GIOVANNA LACERDA

—> Cumprimento e incumprimento da obrigação de entrada


Tratando-se da principal obrigação do sócio, a lei, para assegurar que os sócios cumprem
efetivamente as entradas a que se obrigaram, estabelece várias medidas que visam garantir a
realização daquelas.
Assim, relativamente às sociedades por quotas, estabelece-se aquilo que se costuma designar
por responsabilidade dos quotistas pela integração do capital social. Esta responsabilidade traduz-se
no facto de os sócios de uma sociedade por quotas, nos termos do artigo 197.º/1, para além da
realização da sua entrada, serem ainda solidariamente responsáveis por todas as entradas
convencionadas no contrato, incluindo, portanto, as dos demais.
Relativamente a todos os tipos sociais, o CSC prescreve que não é permitido à própria
sociedade, uma vez que está em causa a tutela de interesses de terceiros, exonerar o sócio de efetuar a
sua entrada. O artigo 27.º/1 é, a este respeito, inequívoco ao considerar nulas as
deliberações dos sócios que liberem total ou parcialmente os sócios da obrigação de
efetuar as entradas. Trata-se, deste modo, de um direito irrenunciável da sociedade.
Trata-se, também, de uma obrigação que, por princípio, apenas se poderá extinguir pelo
cumprimento. Admite-se, no entanto, a sua extinção pela dação em cumprimento, desde que, para
esse efeito, seja alterado o contrato de sociedade, devendo observar-se o preceituado para as entradas
em espécie (artigo 27.º/2) e ainda por compensação, mas neste caso, exclusivamente com os lucros
correspondentes à respetiva participação social (artigo 27.º/4 e 5). Por outro lado, é uma obrigação
que perdura, mesmo que o contrato venha a ser invalidado. Na verdade, estatui o artigo 52.º/4, que a
declaração de nulidade ou a anulação do contrato não exonera os sócios do dever de realizar ou
completar as suas entradas.
Acresce que o não cumprimento da entrada acarreta consequências gravosas, que resultam da
lei, como sejam a impossibilidade de se distribuírem lucros ao sócio em mora (artigo 27.º/4), a
impossibilidade de exercer o direito de voto (artigo 384.º/4 para as sociedades anónimas, aplicável às
sociedades por quotas por força do disposto no artigo 248.º/1), o vencimento de todas as prestações
do sócio relativas a entradas no caso de mora no pagamento (artigo 27.º/6 CSC), e que poderão
culminar com a perda da participação social e até a exclusão do sócio da sociedade. Mesmo neste
caso, a preocupação de assegurar o cumprimento integral das entradas levou a que a lei estabelecesse
que o sócio remisso bem como todos os anteriores titulares da participação social fiquem responsáveis
perante a sociedade pela diferença entre o produto da venda e a parte da entrada em dívida (artigos
206.º/1 e 286.º/1).
O não cumprimento da obrigação de entrada pode, de facto, conduzir (por se tratar da sua
principal obrigação) à perda da participação social e até à exclusão da sociedade do sócio
faltoso.

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GIOVANNA LACERDA

Estas consequências não são, porém, imediatas ou automáticas. Na verdade, por força da
severidade das sanções a aplicar, a lei rodeia o processo de inúmeras cautelas que visam permitir ao
sócio o cumprimento da obrigação em falta.
Assim, ainda que a realização da entrada em falta tenha prazo certo, o sócio só
entra em mora depois de nesse sentido ter sido interpelado pela sociedade, que lhe
deverá conceder, para o efeito, um prazo que poderá variar entre 30 e 60 dias (artigos
203.º/3, e 285.º/2 e 3). Findo este prazo, não tendo o sócio cumprido a entrada em falta,
a sociedade, mediante carta registada, deverá conceder-lhe um novo prazo (30 dias para
as sociedades por quotas e o mínimo de 90 dias para as sociedades anónimas; nas sociedades
anónimas deverá ser ainda efetuado um segundo aviso), com a cominação expressa de que, se não
efetuar o pagamento nesse período, fica sujeito à perda da quota ou das ações relativamente às quais
se verifique a mora, bem como à perda dos pagamentos já efetuados por conta dessas participações
(artigos 204.º/1 e 285.º/4). Se, neste segundo período concedido, o pagamento da entrada
em falta não for também efetuado, mais uma vez por carta registada, deverá o sócio
remisso ser notificado da perda, a favor da sociedade, da participação social em causa
bem como dos pagamentos já efetuados por conta dela (artigos 204.º/2, e 285.º/5).
E esta perda da participação social levará, em princípio, à exclusão do quotista, nas
sociedades por quotas, a qual fica, porém, sempre dependente de deliberação dos sócios (artigo
204.º/2). Por iniciativa dos sócios ou a pedido do sócio remisso, pode, no entanto, a sociedade
deliberar limitar a perda à parte da quota correspondente à prestação não efetuada (artigo 204.º/2).
De modo diferente se passam as coisas nas sociedades anónimas. Aqui, o incumprimento da
obrigação de entrada poderá não originar a exclusão do sócio, uma vez que tal circunstancialismo
apenas determina a perda das ações em relação às quais se verifica a mora (artigo 285.º/4), mantendo
sempre aquele acionista a qualidade de sócio enquanto titular das ações que se encontrem
integralmente liberadas. Tenha-se, porém, presente que, no ato da constituição, o acionista terá de
realizar necessariamente 30% da entrada em dinheiro correspondente a cada ação (artigo 277.º/1),
não sendo, pois, admissível que, tendo um sócio pago 30% do valor da sua entrada, se considerem
integralmente liberadas 30% das ações de que ele é titular e que as restantes 70% se encontrem
totalmente por liquidar.

Quanto ao destino a dar à participação social perdida, o procedimento é diverso


consoante se trate de quota ou ação.
• QUOTA: a sociedade, quanto à quota perdida a seu favor, pode fazê-la vender em hasta
pública, vendê-la diretamente a terceiro, dividi-la proporcionalmente pelos restantes sócios, ou
ainda vendê-la, por forma não proporcional, a todos ou alguns dos sócios (artigo 205.º/1 e 2).

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• Note-se que o quotista excluído, porque é solidariamente responsável pela diferença entre
o produto da venda da quota e a parte da entrada em dívida (artigo 206.º/1), terá de consentir
na venda da quota a terceiro, se o preço oferecido for inferior à soma do montante em dívida
(onde não se incluem os juros de mora) com a prestação já efetuada por conta da quota (artigo
205.º/1).
• No caso de se optar pela venda da quota aos restantes sócios, o sócio excluído poderá
agora opor-se, no prazo de 30 dias, à venda, quando o preço oferecido seja igualmente inferior à
soma do montante em dívida com a prestação já efetuada por conta da quota (artigo 205.º/2 e
3) desde que o valor real da quota, calculado nos termos do artigo 1021.º CC, seja superior
àquele montante (artigo 205.º/3). Se for deduzida oposição pelo sócio excluído, a venda da
quota aos outros sócios só poderá ser efetuada depois de judicialmente ter sido considerada
ineficaz aquela oposição (artigo 205.º/4).
• AÇÕES: uma vez que, tal como acontece nas sociedades por quotas, todos os anteriores
titulares das ações, e não apenas o atual titular, são responsáveis pelas importâncias em dívida, a
sociedade deverá notifi cá-los, por carta registada, de que podem adquirir a ação perdida a favor
da sociedade, mediante o pagamento da importância em dívida e juros. Se nenhum deles o fi zer
no prazo fi xado (que não poderá ser inferior a três meses) a sociedade deverá vender a ação, com
a maior urgência, em Bolsa ou em hasta pública. Se o preço da venda não cobrir a importância
em dívida (incluindo juros e despesas efetuadas), o pagamento do remanescente deve a sociedade
exigi-lo ao último titular e a cada um dos seus antecessores (artigo 286.º/4 e 5).
O processo de exclusão do sócio remisso não é uma faculdade concedida à sociedade, mas um
dever que lhe é imposto.

—> Os direitos dos credores quanto às entradas


Porque se trata de um direito irrenunciável da sociedade, o artigo 30.º veio permitir, a qualquer
credor da mesma, a possibilidade de, sub-rogando-se à própria sociedade, exigir dos sócios o
pagamento das entradas a partir do momento em que estas sejam exigíveis ou, antes ainda desse
momento, quando tal seja necessário para conservar ou satisfazer o seu crédito. A sociedade pode,
porém, fazer soçobrar este pedido dos credores nos termos do artigo 30.º/2, satisfazendo-lhes os seus
créditos com juros de mora, quando vencidos, ou mediante o desconto correspondente à antecipação,
quando por vencer, e com despesas acrescidas.
Salienta-se ainda que o credor não pode exigir ao sócio que lhe pague diretamente o seu
crédito. O que o artigo 30.º consagra é uma ação sub-rogatória por parte dos credores, isto é, permite-
se-lhes que, substituindo-se à sociedade (a credora da prestação), possam exigir do sócio o pagamento
do valor da sua entrada em falta, que ingressará no património social, servindo, depois, para liquidar
os débitos aos credores sociais (de todos eles e não apenas de quem promoveu a ação sub-rogatória).

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DIREITO AOS LUCROS


O escopo lucrativo é um dos elementos essenciais do conceito de sociedade. Estando assente o
seu carácter lucrativo, importa realçar que o fim da sociedade comercial não é apenas o de
obter lucros, mas também o de os distribuir pelos sócios. Efetivamente, no contexto social,
interessa aos sócios não só a obtenção e a maximização dos lucros através da atividade que
desenvolvem, mas também que esses lucros sejam repartidos como uma forma de
remuneração.
Neste sentido, o lucro reveste duas vertentes: o lucro objetivo, que se traduz no incremento
patrimonial e, em segundo lugar, o lucro subjectivo, que consiste no facto de esse mesmo
incremento patrimonial poder ser distribuído pelos sócios. Não obstante o conceito de lucro constituir
um elemento essencial das sociedades comerciais, o mesmo não se encontra consagrado no Código
das Sociedades Comerciais, aparecendo nos textos legais com sentidos diversos. Para Paulo Olavo
Cunha, o conceito de lucro é um conceito de referência, sendo definido como o “benefício da
atividade social resultante das contas; é a diferença positiva entre as receitas geradas
num certo exercício e as despesas e custos suportados em igual período.” O direito ao
lucro é, por isso, um direito essencial dos sócios, dispondo o art. 21.º/1/a) que aos sócios é atribuído o
direito a participar nos lucros. Segundo Menezes Cordeiro, os lucros dos sócios justificam-se como
contrapartida das suas entradas ou do valor que tenham pago pelas suas participações, como
contrapartida do risco envolvido e como contrapartida do seu esforço e das obrigações que cumprem
no quadro social
—> Natureza: há um verdadeiro direito aos lucros? FALAR
Os sócios tem direito aos lucros? Eu como sócio posso dizer que tenho direito aos lucros? Os
lucros não são direitos, são expectativas: so ha na medida em que possa haver a distribuição de lucro, é
um direito que so pode ser no caso concreto aplicado, o direito so nasce a partir do momento da
deliberação, ou a partir do relatório de conta e do balanço, aqui ja tenho um direito , uma pretensão
concreta, sendo uma mera pretensão abstrata. A professora Ana Perestrelo de oliveira também
concorda com isso!

—> A participação nos lucros: aspetos gerais


De acordo com o art. 22.º/1, salvo disposição especial ou convenção contratual em sentido
diverso, os sócios participam nos lucros e nas perdas da sociedade segundo a proporção dos valores
das respetivas participações no capital, estabelecendo-se, deste modo, o critério de distribuição
do lucro. Este princípio pode, no entanto, ser livremente derrogado pelos sócios através da

ESQUEMAS- COMERCIAL II 30
GIOVANNA LACERDA

unanimidade, visto que a alteração da regra se traduzirá, em princípio, na atribuição de um direito


especial a um sócio .
Constituindo o lucro um elemento fundamental da noção de sociedade, estabelece-se também a
proibição dos pactos leoninos, isto é, a exclusão de um sócio de participar nos lucros ou nas perdas
da sociedade (art. 994.º CC), regra esta que se encontra consagrada no Código das Sociedades
Comerciais, onde se estabelece, no art. 21.º/1/a) que todo o sócio tem o direito a quinhoar nos lucros,
sendo nula qualquer cláusula que exclui um sócio da comunhão nos lucros (art. 22.º/3). Salienta-se
que ao pacto leonino também devem ser equiparadas as cláusulas que, apesar de não excluírem um
sócio dos lucros, acabam por levar ao mesmo resultado, pelo facto de tornarem a participação do
sócio nos lucros quase impossível. Deste modo, nenhum dos sócios pode reservar para si a parte do
“leão” , o que significa que não é possível estipular uma cláusula no sentido de exclusão
de um ou mais sócios dos lucros da sociedade. Esta regra é imperativa e deve ser
interpretada extensivamente, visto que também não é razoável reduzir o direito aos
lucros de tal forma que o sócio acabe, na prática, por não ter qualquer direito aos
lucros ou ter um direito excessivamente reduzido.

—> Conceitos operatórios de lucro


Feita a delimitação do conceito geral de lucro, importa, ainda delimitar os diversos conceitos
operatórios de lucro.
A lei permite, no momento da elaboração do balanço, ART 32, que se determine o lucro
da sociedade. Este lucro é o designado lucro periódico ou de balanço, que corresponde ao
acréscimo patrimonial gerado e acumulado pela sociedade desde o início da sua
atividade até à data a que se reporta o balanço e que é distribuível pelos sócios, não se
incluindo os montantes destinados a reservas obrigatórias. A lei impõe a constituição de
reservas correspondentes à parcela do património social que não é distribuída pelos sócios, pelo
facto de se destinar à prossecução de determinados fins estabelecidos pela lei ou pelo contrato. Este
conceito de lucro está presente no art. 32.º, que fixa os limites da distribuição de bens aos sócios.
Por outro lado, o lucro de exercício corresponde ao acréscimo patrimonial gerado pela
sociedade num determinado exercício económico (entre o início do exercício social e o respetivo
encerramento), no que se refere ao balanço entre as receitas e os custos e despesas registados, e obtido
através de contratos onerosos com terceiros. Deste modo, existe lucro de exercício quando o valor do
património líquido da sociedade é, no final do ano económico e em resultado da sua atividade,
superior ao que existia no início .
A existência de lucro de exercício não significa, no entanto, que seja possível a sua total
distribuição pelos sócios, visto que o único lucro que é distribuível é o chamado lucro de exercício
distribuível.

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GIOVANNA LACERDA

É necessário, em primeiro lugar, cobrir os prejuízos transitados caso os mesmos


existam, havendo, igualmente, que afetar um mínimo de 5% do resultado do exercício à
constituição ou reforço da reserva legal, até que a mesma perfaça, pelo menos, um
quinto do capital social . Só depois de parte dos lucros do exercício se destinar a reservas legais
(art 218/2 que remete para 295 e 296) e estatutárias e à cobertura de prejuízos transitados, e
também de estarem verificados os requisitos do artigo 32 (lucro de balanço, uma vez que o
33 é subordinado ao 32) é que a sociedade se encontra em condições de apurar os lucros
distribuíveis. Neste sentido, faz-se a diferença entre os proveitos e os custos e, quando seja positiva,
retiram-se os prejuízos transitados e as parcelas destinadas à reserva legal ou outras. Em conformidade
com o preceituado no art. 33.º/1, apenas podem ser distribuídos aos sócios os lucros do
exercício depois de deduzidos os montantes necessários para cobrir prejuízos
transitados, para formar ou reconstituir reservas obrigatórias, que são impostas pela
lei ou pelo contrato da sociedade, e para amortizar despesas de constituição,
investigação e de desenvolvimento, não podendo ser distribuídos montantes incluídos
em reservas ocultas.
Por fim, e segundo Paulo Tarso Domingues, o lucro final ou de liquidação é o lucro que se
apura quando esta entra em liquidação e consiste no excedente do património social líquido sobre o
montante do capital social. Por outras palavras, é aquele que resulta de se apurar, no
termo da liquidação da sociedade, um excesso de ativo sobre o passivo.

—> A distribuição dos lucros: limites máximos


A distribuição dos lucros tem de ser objeto de deliberação (art. 31.º), cabendo, deste
modo, aos sócios deliberarem sobre a distribuição ou não dos lucros entre eles.
O art. 32.º estabelece os limites da distribuição de bens aos sócios, resultando deste preceito que
não podem ser distribuídos bens quando a situação líquida da sociedade seja inferior
à soma do capital e reservas que a lei ou o contrato não permitem distribuir aos sócios
(reservas indisponíveis) ou a situação líquida se torne inferior à soma do capital em
consequência da distribuição, sendo um reflexo do princípio da intangibilidade do
capital social. Um aspeto importante a salientar é o facto de este preceito constituir o fundamento
legal do princípio de que o capital social constitui a garantia dos credores. Efetivamente, os credores
sabem que nunca pode haver distribuição de bens se a situação líquida da sociedade não exceder a
soma do capital e das reservas legais, pelo que assegura-se, no dito preceito, que só quando existem
bens em valor superior à soma do capital e das reservas legais da sociedade é que poderá haver a
distribuição desses bens, assegurando-se, consequentemente, uma garantia em relação aos credores.
Por outro lado, o art. 33.º dispõe que não podem ser distribuídos aos sócios lucros do exercício
que sejam necessários para cobrir prejuízos transitados ou para formar ou reconstituir reservas

ESQUEMAS- COMERCIAL II 32
GIOVANNA LACERDA

impostas pela lei ou pelo contrato de sociedade, decorrendo ainda deste preceito, no 33/2, uma regra
específica que impede a distribuição de lucros enquanto não se encontrarem
amortizadas ou asseguradas as despesas de constituição, de investigação e de
desenvolvimento (exceto se o montante das reservas livres e dos resultados transitados
for, pelo menos, igual ao dessas despesas não amortizadas). O nº3 do referido preceito
refere ainda que não podem ser utilizadas para distribuição aos sócios as reservas cuja
existência e montante não figurem expressamente no balanço, as chamadas reservas
ocultas, as quais devem ser expressamente mencionadas na deliberação. Esta norma
evidencia que estas reservas podem ser distribuídas quer juntamente com lucros de exercício,
mediante deliberação tomada na assembleia geral anual, quer isoladamente, através de uma
deliberação tomada noutro momento.

—> A distribuição dos lucros e as deliberações sociais: o regime do art. 217.º


A verificação da existência de lucro distribuível, de acordo com o previsto no
artigo 33.°, não constitui o sócio no direito concreto a quinhoar nos lucros, sendo ainda
necessário que tenha sido deliberada a sua distribuição, confirmando justamente o
raciocínio de uma expectativa abstrata antes da deliberação que so passa a ser
concreto após está. Uma questão que a doutrina tem discutido é a de saber se, existindo lucros, o
sócio vê automaticamente constituído na sua esfera jurídica o direito aos lucros,
referindo Ana Perestrelo de Oliveira que a resposta deve ser dada no sentido negativo:
exige-se, sempre, a deliberação social para que este direito se constitua na esfera jurídica do sócio.
A deliberação encontra-se fundamentalmente prevista no artigo 31.° e, em especial, no artigo
217.° (para as sociedades por quotas) e 294.º CSC (para as sociedades anónimas), que estabelece uma
derrogação ao regime geral da suficiência de uma deliberação maioritária. Deste modo, tratando-se a
sociedade por quotas ou de uma sociedade anónima, cumpre atender ao regime especial previsto para
este tipo de sociedades. Neste sentido, estabelece o art. 217.º e 294.º que, salvo diferente cláusula
contratual ou deliberação tomada por maioria de três quartos dos votos
correspondentes ao capital social em assembleia geral para o efeito convocada, não
pode deixar de ser distribuído aos sócios metade do lucro do exercício que, nos termos
desta lei, seja distribuível. Do disposto neste preceito resulta que a regra geral é a da
distribuição de lucros aos sócios, pelo menos de metade do lucro distribuível.
Diogo Costa Gonçalves considera que, dada a natureza de uma sociedade comercial e o seu
escopo lucrativo, não faria sentido que a regra supletiva fosse outra. Deste modo, mesmo que
existam lucros do exercício distribuíveis, é possível tomar deliberação, por maioria de
três quartos dos votos correspondentes ao capital social, no sentido de reduzir
pontualmente a percentagem de lucros a distribuir ou, simplesmente no sentido de

ESQUEMAS- COMERCIAL II 33
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não distribuição dos mesmos. Neste sentido, Diogo Costa Gonçalves considera que a
distribuição de lucros pode simplesmente não existir se a assembleia geral, respeitando o quórum
deliberativo, deliberar a não distribuição de lucros, podendo também existir uma distribuição de
lucros em valor superior/inferior à metade dos lucros distribuíveis, consoante o deliberado e o
estipulado no contrato de sociedade. Caso isso ocorra, deverá tratar-se de uma deliberação
formada em consonância com os princípios estruturantes do sistema e,
nomeadamente, com o interesse social, sob pena de a mesma deliberação ser
considerada abusiva e, por conseguinte, anulável, nos termos do art. 58.º/1/b). Nesse
caso para deliberar mais do que a metade a maioria exigida é so uma maioria simples
250/3. MUITO IMPORTANTE COLIGAR COM O 58/1B, deliberando menos pode ser
abusiva!
Deste modo, é de salientar que o recurso à maioria qualificada de três quartos do capital no
sentido de impedir a distribuição de lucros não pode ser arbitrária, estando sujeita a limitações
decorrentes do regime aplicável às deliberações abusivas, sendo necessário que a deliberação seja
fundamentada única e exclusivamente no interesse social, não devendo ter o intuito de
prejudicar os sócios minoritários que expectavam esta distribuição de lucros. Se esta
mesma deliberação não se fundamentar no interesse social, será abusiva e,
consequentemente, anulável, nos termos do art. 58.º/1/b). Paulo Tarso Domingues
sustenta, por isso, que a competência dos sócios relativamente à distribuição dos lucros é balizada pelo
instituto do abuso de direito. Prof MC discorda uma vez que diz que o abuso de direito não está
inerente a aplicação da alinea c!
Além da possibilidade de deliberação, há, ainda, a possibilidade de a regra geral ser afastada
por diferente cláusula contratual.
—> A distribuição dos lucros: limites mínimos
Quanto à estipulação de uma cláusula contratual em sentido diferente, que constitui uma
exceção à distribuição de metade do lucro de exercício prevista no art. 217.º e 294.º a doutrina
diverge:
Paulo Olavo Cunha considera que não devem ser admitidas limitações
convencionais, garantindo aos sócios o direito a receber uma parte do lucro do
exercício distribuível. A referência à distribuição de metade do lucro do exercício deve ser
entendida como um mínimo de lucro a que os sócios têm direito, depois de observadas as exigências
legais. Efetivamente, as sociedades são constituídas para, posteriormente, serem distribuídos os
resultados gerados periodicamente, no pressuposto de que os respetivos capitais próprios são
adequados e suficientes à prossecução da atividade que se propõem realizar. Neste sentido, os
sócios possuem uma expectativa de receber, com periodicidade anual, pelo menos,
parte dos resultados gerados pela sociedade, sendo através da distribuição de lucros

ESQUEMAS- COMERCIAL II 34
GIOVANNA LACERDA

do exercício que esta mesma expectativa se concretiza, não fazendo sentido,


consequentemente, admitir a possibilidade de restringir este direito para além do
montante mínimo legalmente estabelecido. Assim, o disposto nas regras supletivas
corresponde ao mínimo legalmente admissível, não podendo o contrato de sociedade, através
de uma cláusula, reduzir os lucros distribuíveis ou admitir que a atribuição anual
destes fique aquém desse mínimo, visto que a distribuição dos lucros é a essência da
participação social. Aquilo que o legislador admite no art. 217.º e 294.º é a possibilidade de os
sócios pretenderem acautelar a distribuição integral dos lucros do exercício distribuíveis ou,
eventualmente, assegurar uma distribuição mínima de montante superior ao montante mínimo
legalmente exigido, salvo se for deliberado de modo diverso por maioria de três quartos dos votos
correspondentes ao capital social. A lei garante aos sócios, por isso, a participação num mínimo de
metade dos lucros do exercício distribuíveis, só podendo este direito ser restringido se os sócios
deliberarem diversamente por maioria qualificada e não sendo esta mesma deliberação considerada
abusiva. Deste modo, as limitações convencionais não devem ser admitidas, devendo garantir-se aos
sócios o direito a receber uma certa parte do lucro do exercício distribuível, correspondendo o art.
217.º e 294.º a um mínimo legalmente admissível.
Em sentido contrário, Pedro Pais de Vasconcelos afirma que, por estarem em causa apenas as
relações interprivadas dos sócios, e não o interesse público, interesses de terceiros ou considerações de
ordem pública, os sócios têm uma completa liberdade para estipular o regime da
distribuição de lucros, tendo apenas como limite o da proibição do pacto comissório.
Por outro lado, Diogo Costa Gonçalves considera que é possível alterar o montante de
metade dos lucros distribuíveis para outro montante. No entanto, considera haver
uma limitação no sentido de não ser possível, pura e simplesmente, excluir, em
absoluto, a distribuição de lucros. Contudo, considerando que, nas sociedades constituídas por
tempo determinado, nada impede que o contrato de sociedade proíba a distribuição de lucros, visto
que o fim lucrativo e a distribuição do respetivo lucro está sempre garantida devido às regras
respeitantes à liquidação da sociedade; todavia, nas sociedades constituídas por tempo
indeterminado, não poderá haver uma cláusula no sentido de afastar a distribuição de
lucros.

—> Execução específica de deliberações sociais por parte dos sócios


Uma questão que se coloca é a de saber o que ocorre caso a deliberação conclua, contra a lei ou
o estipulado no contrato, no sentido de não distribuição dos lucros. Tendo a sociedade encerrado o
exercício com lucros do exercício distribuíveis e tendo a deliberação sido feita por maioria não
qualificada, concluindo não aprovar qualquer distribuição, os sócios minoritários têm ao seu
alcance a possibilidade de reagir contra a sociedade. Neste sentido, os sócios podem

ESQUEMAS- COMERCIAL II 35
GIOVANNA LACERDA

pedir a anulação da deliberação ou requerer ao tribunal a execução específica da


deliberação de aprovação de contas e dos resultados do exercício presentes no
relatório de gestão, devendo o tribunal conceder-lhes 50% desses lucros do exercício que são
distribuíveis, se não existir um mínimo estatutário superior.

A administração da sociedade:
Aqui podemos ter em consideração que a administração faculta aos administradores da
sociedade o poder de representar a sociedade, nos termos do artigo 192/1 e 252/1, para as SPQ , e
para as SA nos termos do artigo 405/2 ou 431/2, note-se ainda que a representação aqui em causa
não é em termos técnicos, mas sim baseada numa representação voluntária, destinada à prática de
certos actos. É posto ainda o poder de administrar, gerir a sociedade, sabendo que esse dever é muito
mais latente nas SA, quando comparada com as sociedade por quotas, bastando uma comparação dos
artigos 406 e 252, 259. De um modo geral podemos dizer que o dever de gerir a sociedade versa na
forma da pratica de atos que forem necessários ou convenientes para a realização do objeto social,
sempre com respeito para as deliberações dos sócios quando essas tenha lugar.
Face a esse dever de gerir a sociedade, ao dispor de poderes básicos de gestão e de
representação, o legislador quis acentuar que esses não podem nem devem serem exercidos de forma
arbitrária. É por isto que foi consagrado no artigo 64 determinados e específicos deveres, com base na
BF, mas principalmente com base em deveres de cuidado e de lealdade.
Deveres de cuidado: 64/1a
Este teve grande desenvolvimento na Alemanha e nos estados unidos. No direito alemão estava
ligado com a presunção de culpa e consequentemente sendo considerado uma regra de conduta.
Contudo, é preciso perceber como o ordenamento jurídico tratou de tal questão.
Os deveres inerentes do artigo 64/1a prendem sobretudo com a competência de um gerente ou
um conselho de administração informado, que demonstre competências técnicas, com um bom
conhecimento da legislação e da atividade em causa, tomando decisões adequadas face o objeto da
sociedade, baseado em informações seguras, principalmente em contratos com riscos elevados.
Quando olhamos para o artigo percebemos que o critério em causa é o de um diretor criterioso e
ordenado. Mas o que isso quer dizer? Nos temos gerais, se olharmos para o CC, pensaríamos logo no
bom pai de família no homem medio, aquele que na situação em concreto agiria de forma mediana.
Contudo, não deve ser esse o entendimento, uma vez que a este critério de um gestor criterioso e
ordenado terá de ser conectado com a BUSINESS JUDGEMENT RULE, consagrada no artigo
72/2, esta teve origem no direito anglosaxonico e que, de certa forma, é um dos pilares que o
professor MC usa para criticar a própria aplicação artigo 64/1a no nosso sistema.
Mas independente de criticas doutrinárias, o que devemos entender sobre a regra do 72/2?
Segundo esta ha um espaço de liberdade, de discricionariedade comercial, em que nesse espaço o

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gestor poderá atuar dessa forma, adotando uma de varias atuações possíveis. Contudo ha ainda
determinadas limitações a serem cumpridas, nomeadamente, 1) que a sua decisão esteja bem
informada, 2) livre de qualquer conflito de interesse e 3) segundo critérios de racionalidade
empresarial. Ou seja aqui tenho de ver uma expectativa jurídica de ação do gestor, e não uma atuação
económica, é vedado ao juiz dizer que o gestor deveria agir de X ou Y forma, tendo por base
determinados lucros e atividades comerciais que essas obteriam. A judgment rule oferece uma
discricionariedade empresarial ao gestor, podendo assim a responsabilidade deste ser excluída com
base naquela. Caracterizando-se por fim como uma bitola de cuidado que o gestor deverá ter,
fornecidos margens de escolhas na sua atuação.
64/1b: deveres de lealdade:
Advém da boa fé pelo facto de o gestor estar a administrar um bem alheio, ha uma espécie de
relação fiduciária, no sentido de ser exigível uma graduação de confiança maior, mais especial, em
que o gestor da sociedade está vinculado a praticar ou não praticar. Ex: dever de proibição de
concorrência, o gestor não pode concorrer com a sociedade ( SPQ 254; SA: 398) Tenho aqui de
analisar também se ha alguma atuação em conflito de interesse, em que o gestor celebra negócios que
sao exclusivamente proveitoso para ele e não para a sociedade. Muito importante aqui: o interesse a se
ter em causa é o interesse da sociedade, mas não de forma isolada, uma vez que é preciso analisar de
forma conexa o interesse dos socios, como bem afirma o professor MC. No fundo, a melhor conduta é
aquela que tem em conta os vários interesses em causa, mas o mais importante é ter em conta o
interesse da sociedade. RETER: basicamente o que temos aqui é um órgão que deve atuar de modo
segundo a tutela da confiança e da lealdade, não posso prejudicar a sociedade, sendo este interesse
sempre a ratio da atuação.
As duas proibições mais obvias são: a proibição da concorrência e a proibição de divulgar
segredos societários. Mas podemos elencar outros, como a forte restrição de celebrar negócios com a
própria sociedade, deveres de informar negócios que façam a titulo da sociedade.
Responsabilidade para com a sociedade:
Responsabilidade obrigacional:
O art. 72º/1 contém uma previsão geral de responsabilidade obrigacional para com a
sociedade: os administradores respondem para com esta pelos danos que lhe causem com a preterição
dos deveres legais ou contratuais, salvo se provarem que procederam sem culpa. Não é correto falar
aqui em responsabilidade contratual, pois o quadro de deveres dos administradores não tem fonte
contratual e sim fonte legal.
O administrador também pode responder perante a sociedade por responsabilidade delitual
(art. 483º/1 CC). Por exemplo, se for para os jornais falar mal da sociedade em que trabalha, estará a
violar o direito ao bom nome da sociedade (ENTRA AQUI A DISCUSSAO DE SABER A
CAPACIDADE DE EXERCICIO VER PG 12).

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E o administrador obriga-se perante a sociedade a quê? A administrar diligentemente. O art.


64º fala em:
• Deveres de cuidado
• Deveres de lealdade
O dever de administrar não resulta deste artigo, mas sim das normas de competência
previstas para cada tipo societário:
• Arts. 405º e 431º - para as sociedades anónimas.
• Art. 259º - para as sociedades por quotas.
Estas são normas que imputam o dever de administração ao órgão coletivo de administração e
não individualmente aos seus membros.
—> 72 E 64: Ao violar o o dever do 64, já sabemos que da origem a responsabilização, mas
também da origem a possibilidade de destituição por justa causa.
Qual o motivo da importância da destituição por justa causa? É porque não temos de pagar a
indemnização prevista no artigo 257/7 SPQ ou 403/5 para as SA. Vejamos então o regime base:
O artigo 257 estabelece para as SPQ e o artigo para a SA, ms os traços sao os mesmos.
Então o que podemos entender por justa causa? Aqui ha uma divergência doutrinaria sobre a
forma em que podemos olhar para a justa causa, isto é de forma mais civilista ou de uma óptica de
direito do trabalho. Na primeira, temos uma concepção mais favorável a própria sociedade. Isto
porque colocando numa perspectiva civil justa causa é qualquer incumprimento grave, é muito
menos protetor do devedor, porque permite com mais facilidade a resolução do contrato, podendo ser
um incumprimento definitivo, falta de cumprimento contratual.Contudo adotando uma perspectiva
mais trabalhista, aqui iremos proteger mais o trabalhador, o gestor em causa, exige não so uma
violação da lei, mas grave reiterada que quebra a confiança, a qual torna insustentável a manutenção
do vinculo contratual, é mais difícil preencher. Se adotarmos a posição do professor MC teriamos de
analisar casuisticamente a violação do 34, contudo, é possível afirmar que em boa parte a violação do
64 gera uma quebra de confiança, mas sempre atender ao caso em concreto
Nota ainda 257/7: o professor MC diz que esse prazo é inconstitucional. O professor MC é
sempre a favor da maximização da indemnização e nesse caso há limites a uma indemnização,
podendo referir ainda que viola o direito à propriedade privada em sentido amplo (62 CRP).
Contudo o professor CA e JANU dizem que é perfeitamente aplicável, não possuindo nenhum
problema de inconstitucionalidade

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OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS:
—> Noções:
Para além das obrigações principais (aquelas que atribuem o estatuto de sócio) aos sócios podem
ser impostas outras obrigações, acessórias da sua obrigação principal, e que resultam do proprio
contrato da sociedade ou são integradas ao longo da constituída da sociedade por respectivas
alterações no contrato social, com as devidas limitações do 86/2. Mas é acima de tudo no momento
constitutivo da sociedade que vale refletir acerca das obrigações que possam vir a ser exigidas mais
tarde.
—> prestações suplementares:
Traduz na disponibilidade para reforçar o capital investido, com dinheiro de forma subordinada
aos demais créditos e sem auferir qualquer remuneração, art 203 e 210.
• Nas sociedades por quotas:
Elas são sempre em dinheiro e não vencem juros segundo o art 210/2,5. Sao designadas
habitualmente como prestações de quase capital.
O contrato de sociedade tem de prever a eventualidade de as prestações vierem a ser, mediante
deliberações dos sócios, exigidas e estabelecer o seu respectivo montante máximo. 211/1 +
210/1,3a,4). A restituição do capital que tiver sido prestado não pode ocorrer à custa da situação
liquida da sociedade e deve ser efetuada em termo de absoluta igualdade 213/1,4. Dito isto, as
prestações suplementares, no âmbito do reembolso, possuem um regime muito limitado, possibilitando
enquadrá-las no conceito de capitais próprios que asseguraram o empenho dos sócios na manutenção
da sociedade em funcionamento de forma adequada e compatível com o inicialmente proposto. A
única exigência primordial é que o contrato da sociedade permita que tais prestações sejam realizadas
(210/1,3). Caso não tenha essa autorização no contrato, será necessário proceder a uma
alteração previa daquele, sendo as modificações deliberadas, no respeitante ao aumento de obrigações
válidas e eficazes unicamente para os sócios que as aprovaram. 86/2.
A recusa de efetuar prestações suplementares de capital é causa de exclusão do sócio 212/1, 204
e 205.
• Nas sociedades anónimas é admissível?
O CSC é totalmente omisso quanto a sua admissibilidade de prestações acessórias àqueles que
forem titulares de ações nominativas.
É ate muito discutido na doutrina se é possível colocar as prestações suplementares,
analogamente, às SA já que as sua estrutura é totalmente diferente das SPQ. A exigibilidade de
prestações suplementares de capital, quando expressamente admitida no contrato de sociedade,
explica-se pela ligação intima do sócio à sociedade (tal ligação é inexistente no âmbito das SA) e pela
necessidade que esta pode ter de, em certas circunstancias, poder vir a beneficiar de um reforço de
capital, necessariamente em dinheiro, que se releve essencial para a sua subsistência. Ora, todo esse

ESQUEMAS- COMERCIAL II 40
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contexto configura-se incompatível com o anonimato pregado nas SA, e sobretudo incompatível com
a sanção oriunda de tal violação de uma prestação suplementar: a perda da qualidade de sócio.
Acresce ainda que, considerando o disposto no artigo 86/2, o regime jurídico que autoriza as
prestações suplementares se caracteriza por regra de natureza excecional, sendo concretamente este o
caso que estabelece a exclusão de um sócio pela violação da prestação suplementar.
Posto tudo isso é admissível ou não? POC: Não podemos ser insensíveis ao fenómeno das
prestações acessórias de capital, tal como empréstimos de acionistas que representam capitais
próprios, não faz confusa nem é de se repugnar a aceitar, admitindo que todas as participações sao
nominativas, que os acionistas fiquem obrigados, com referencia a tais participações, ou ate mesmo
individualmente, a realizar prestações suplementares, isto é um reforço em dinheiro. Desta forma,
sendo contratualmente consagrada a eventual obrigatoriedade de prestações suplementares aceita-se
por aplicação analógica nas SA. Contudo, ja não é verdade que a consequência da violação de tais
obrigações levem a mesma consequência das SPQ (exclusao do sócio). Isto porque, como ja dito, o art
86/2 configura-se como uma exceção e esta norma ja não pode ser aplicada analogamente.

—> Obrigações de prestações acessórias:


A lei regula ainda as chamadas obrigações de prestações acessórias que podem ser efectuadas
em dinheiros, ou outros bens fungíveis, podendo ate ser em prestações de facto art 209 e 287. São
obrigações acessórias às obrigações de entradas e estão prevista no art 209 para SPQ e 287 para SA.
• Caracterização:
As obrigações acessórias podem revestir diversos tipos, podendo traduzir-se na
disponibilidade de um sócio vir a prestar uma determinada atividade em beneficio da
sociedade ( por exemplo serviços jurídicos, de engenharia, entre outros) ou podem ainda
resultar do comprometimento dos sócios em contribuirem com bens (fungíveis ou
infungíveis, por exemplo material de construção, um cavalo para uma corrida) para a sociedade
caso ela venha necessitar, mediante uma contrapartida ou sem qualquer restituição.
• Regime jurídico:
209 e 287 do CSC. A obrigação de prestação acessória deve ser estabelecida no contrato de
sociedade e recai sobre todos ou alguns dos sócios. Os estatutos devem fixar os elementos da obrigação
de prestações acessórias e determinar a respectiva operosidade ou gratuitidade (onerosas vantajosas
para o sócio; gratuita sócios não adquire nenhuma vantagem). Os socios podem alterar
posteriormente, havendo tao so a necessidade de se colocar um regime-regra

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—> os suprimentos como uma obrigação acessória típica e como uma forma de
financiamento da sociedade
• Caracterização:
O contrato de suprimento constitui um empréstimo ou um mutuo (em dinheiro ou outros bens
fungíveis) efetuado pelo sócio em prol da sociedade, com caráter de permanência, entendendo que
esta corresponde a uma disponibilização financeira superior a um ano 243/2, ficando a sociedade
obrigada a restituir os bens do género e qualidade de que foram disponibilizadas; ou pode ser ainda o
contrato pelo qual o sócio acorda com a sociedade o diferimento, por prazo superior a um ano, do
vencimento de créditos que tem sobre a mesma, art 243/1.
Daqui retiramos que o contrato de suprimentos pode ser das duas uma: (sabendo que os dois
casos necessariamente precisam ter de um caráter permanente, superior a um ano)
- ou é um contrato de mutuo
- ou é um contrato de diferimento de um credito
Outra característica importante é a da subordinação. Isto significa dizer que o credito de
suprimento do sócio cedem perante créditos de terceiros. Esta é uma finalidade do proprio negocios,
nomeadamente, a de necessidade de proteção dos credores sociais.
O contrato de suprimento não esta sujeito a forma escrita, nos termos do regime legal, temos
que as exigências para celebrar tal contrato baseiam em:
- o caráter de permanencia dos suprimentos, permitindo diferenciá-los dos simples
empréstimos e atos de tesouraria, art 243
- Quando não tiverem contratualmente previstos, os suprimentos so sao obrigatórios para os
sócios que derem o seu consentimento à respectiva prestação, art 244/2
- É preciso ainda ter a qualidade de sócio para realizar um contrato de suprimento
(empréstimos com terceiros nunca entrariam aqui!)
OBS: o contrato de suprimento não é qualquer relação de credito entre o sócio e a sociedade,
não estão aqui incluídos, no âmbito dos suprimentos, os créditos resultantes de normais relações
comerciais entre um sócio e a sociedade. Mas já podem ser abrangidas o diferimento de lucros
distribuídos, desde que revista o caráter de permanência que caracteriza o suprimento 243/1 parte
final e n3.
Por sua vez, se um sócio adquirir a um terceiro, por negocio entre vivos, um credito sobre a
sociedade, o mesmo enquadra-se no regime do contrato de suprimentos se esse crédito tiver um
caráter de permanência art 243/5
• Critérios finais para o contrato de suprimento:
3) O sócio tem de ter conscientemente, por efeito de uma obrigação estatutária ou da sua
simples vontade, procurado financiar a sociedade através de um empréstimo de medio ou longo

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prazo. OU tenha diferido o reembolso de um credito por idêntico termo ou resgatado um


credito de terceiro.
4) A situação criticai do socio perante a sociedade tenha resultado da sua participação
societária e não do facto de uma relação comercial geral.
• Aplicação nas SA
Se percebemos esse tipo de contrato está inserido nas SPQ , contudo ha de entender tal inserção
sistemática por um motivo histórico, com bem elenca o professor POC. O professor diz ainda que é
possível a aplicação deste regime às SA, caso as ações sejam nominativas, pois so nesse caso saberemos
a quem exigir o cumprimento das obrigações.

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Aula de duvidas:
Dimensão de exames de 90 minutos, exame foi o professor e o paulo que fez. Aquilo não é
muito escrito, podemos ter de raciocinar mais.
Metade das questoes muito facies, a outra metade é fácil de perceber o problmea, pode ser
didicil perceber um detalhe ou outro.

—> fusões cisoes e transformações:


Atos de concentração economica das sociedades.
Natureza jurídica das fusões: atos de extinção ou transformação de nascimento. Ha quem veja
que é extinção, temos duas ou mais sociedades mesmo que tipo diverso pode fundir diante de uma
reunião numa so A+B: C processo de concentração economcia, 97/1. Ha quem discuta que é uma
extinção ou transformação. 112/a. Tese mais classica: extinção da sociedade, mairoatrimete defende
que não é um contrato, a extinção não é tao relevante o que é uma mudança, participação social,
alteração da constituição da sociedade ate posso alterar o tipo de sociedade, pode haver mudanças a
nível estrutal, mas é uma transformação, é um tipo de negocio
Modalidades de fusão 97/4
Concentração: alinea B. A +b e forma C, é verdadeiramente uma nova sociedade!
Incorporação: alinea A . consta no 97/4a A+B: FUNDE NA A, ha uma sociedade que absorve
a outra, é a sociedade A,B,C + DEF: e fica ABC a que incorpora é incorporaste e outra é a
incorporada.
Sociedade mae que tem varias sociedades filhas e incorpora uma sociedade filha.
A fusão inversa também é uma pratica 97/4a uma sociedade filha que incorpora uma sociedade
mae, por questoes fiscais tributarias, par adiminuir o patrimonio, pode ser um motivo estruturante e
etc.
97/5: preve uma compensação. Aqui o que diz é que numa fusão por um lado ha transmissão
de patrimonio. Mas ha a vertente dos novos sócios e novas participações sociais, pode muitas vezes
acontecer é que a posição em que fica osocio da nova sociedade não é possível transferir a totalidade
das ações que ele tinha. Imagina que era uma SA que tínhamos 100 ações de 1 euro e tranfereiamos
isso e tínhamos de dividir por 8 sócios, mas ninguém consegue ter 12,5 ações, iam ser distribuídas 12
ações e não ficaríamos com a posição equivalente anterior. 97/5 serve para o acerto de restos derivado
para as participações sociais novas. E por isso ha muitos autores fazem uma interpretação restritiva a
compensação so existe para esses efeitos, não existe para um direito dos sócios no âmbito da fusão. A
doutrina chama atenção, tendo em conta a diretiva europeia e a radio desse precito, deve ser
interpretado que so para os caso de restos de participações sociais que não foram dividia é que tem
isso. Exceção rui ventura diz que não, que deve interpretar nesse sentido, presume que o legislador
soube expressar do melhor modo 9/3 do CC, mas é uma posição minoritária.

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Aspectos mais formais das fusões: alteração a própria sociedade, tem um projeto, procedimento
especifo, a nível de deliberações, assembleia geral e etc. ha todo o projeto de fusão previsto no art 98.
Convém saber que ha elementos mínimos que deve constar do projeto de fusão: modalidade,
motivos,paticpação que passam a ter, ações a transmitidas, situações jurídicas acauteladas ou não,
situações que tem de estar discriminada no projeto de fusão. Esse projeto tem que ser fiscalizado
competência do órgão de adm. Art 99. Se uma sociedade tiver um ROC, conselho fiscal esse órgão
deve ser informado da alteração.
Art 100: recordamos do art 5 que diz que as sociedades adquirem PJ a partir do momento do
registo, sem prejuízo do regime a fusão, cisão e transformação. A fusão temos novas sociedades a
partir de um processo diferente. O projeto fusão deve ser registado 100/1 e posteriormente publicado
e ainda tem de conectar que ele tem de ser submetido a deliberação dos sócios 100/2. Qual modo é
que pode ser deliberado? Qualquer modelo do 54, mas AG tbm, mas tem que ser convocado um
modelo de deliberação que seja valida nos termos da lei. 100/6 não obsta que sejam feita outros tipos
de comunicação, através do modelo previsto do 54 (universais e unanime por escrito). Projeto de fusão
tem de ser registado e deliberado posteriormente. 100/2 é um prazo ainda
O 100 estabelece requisitos específicos da deliberação e aprovação e convocação da Assembleia.
100/2 sendo assembleia convocada dps do registo, tenho que ter um mes após a data de
convocatoria, temos que ver se o prazo foi cumprido, 1 mes após a data da convocatória.
101: possibilidade de não so os socios, credores, e trabalhadores poderem consultar o projeto de
fusao, outros relatórios feitos, para saber se a fusão pode ou não lesar os seus inetresses. A ouve que vai
fundir e com a fusão a sociedade vai passar a ter menos património e o credor vai te r menos
garantida, e por isso ha o mecanismo 101-A.
101-A MT IMP: possibilidade dos credores, qualquer tipo de stakeholdres, eles podem no prazo
de um mes opor judicialmente a fusão alegando o prejuízo que pode causar. O que tem que
acontecer? Tem de ter solicitado a sociedade a satisfação do seu crédito ou prestação de garantias no
período de 15 dias. So posso invocar dos de créditos anteriormente ao projeto de fusao, e tenho que
ter interpelado a sociedade para ter cumprido.
101-B paralisa o projeto de fusão e depois os factos que podem suspender a paralisar
101-C tipos de credores
102/1: mudanças consideradas relevantes, ponto d evita patrimonial ou balanço, sociedade
perdeu parte do seu património ex: incendio que destruiu tudo é tudo ativo que a sociedade perdeu,
pode colocar deficitária onde a fusão ja não é boa. É uma mudança numa logica comercial,
empresarial , que fosse relevante para aferir a relevância ou vantagem para proceder a fusão. Aqui fala
de informado
102/2: aqui fala se a assembleia delibera, ou se é rejeitada a proposta, temos que discutir e
deliberar

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102/3: reparem se temos uma fusão estamos a falar de duas sociedades scomerciais, ambas vao
deliberar o mesmo projeto de fusão. Imaginem que so numa dela delibera uma porrista de alteração,
aqui o 102/3 obriga que a proposta tenha que ser idêntica entre as sociedades, não pode acontecer
que a alteração seja unilateral. Qual a consequência que vai seja idêntica? Rejeição da proposta. Se as
propostas deliberadas nas duas assembleias não forem idênticas considera que houve rejiação
102/4: direito a informação direito informação dos sócios, aqui é. O exercício do direito a
informação é uma faculdade. Ha é um dever de se houve mudanças é que tem de disponibilizar tal
informação
102/5
103: delibera nos mesmos termos para o artigo 85 e ss e depois normas especiais do tipo
societário em causa SPQ 265; SA 400. As deliberações de fusões seguem o mesmo regime de alteração
do contrato de sociedade
Forma exigida 106: bens imóveis que sao transmitidos, tem que ter escritura publica
114 responsabilidade especifica, mas é uma possibilidade dos órgãos a adm pelos danos
causadas que lesem direitos de outros credores

ADM:
Ha designação específica que se da para o SPQ e depois para a SA conselho de adm. Na SPQ
gerentes.
Administração é o órgão, que exerce funções ou de gestão corrente ou de representação da
sociedade. Por um lado poderes de gestão, SPQ tem competência exclusiva para deliberar sobre certas
matérias 405 e 406 fala de matéria da exclusiva competência nas sociedades adm, so o conslheo de
adm pode deliberar sobre trespasse, garantias, aprovação d projeto de fusão. SA ha competencias
específicas para o orago de getsao, pode de tomar decisões da vida corrente da sociedade. SPQ é mais
competencia da AG e não tanto da adm.
Outra competencia é do orgao de adm a função que exerce é sobretudo de representação, atos
praticados vinculam para com terceiros 260, 409. Temos que perceber que eu enquanto gerente se
celebro um CV ou doação, empréstimo com terceiro, seja la quem for, estou a vincular a partir dos
atos que falo vinculo com terceiros. Muita vezes mesmo estando fora do obj social da sociedade, este
ato vincula a própria sociedade, adm tem função de representação.
Atenção: os adm estão sujeitos a deveres particulares, deveres que decorrem do tipo especial,
princípios gerais BF. MAS O LEGSILADOR QUIS NOS CHAMAR ATENÇÃO PARA DUAS
CATEGORIAS DE DEVERES POR UM LADO TEMSO os deveres d ecuidaod e por outro
lealdade.
Cuidado: 64/1a prendem sobretudo a competencia, diligencia, informação do gerente, é o
dever de o adm ou gerente ter que demonstra sua competência tecnica, conhecimento da legsilação,

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GIOVANNA LACERDA

conhecimento da atividade, tomar decisões adequadas ao obj da socieade, informar antes de adotar
um determinado acordo, sobretudo em situações de maior risco. Contrato de SOAP contratos
d+fiancneiros altamente aleatorio e que tenha um risco supriro, o adm ue não tinha informado de
forma diligente a esse tipo de operações estaria a violar o deveres d ecuidado. Tenho que ser
disponível, saber a competência técnica, conhecer a atividade da sociedade. É uma norma associada a
contuda. Qual o criterio que pauta? É o criterio que diligencia de um gestor criterioso e ordenado. No
cc temos o homem medio, mas aqui é um bocado diferente. Como podemos ordenar pitas arar saber
disso? É sempre que tem decisões corretas, que não prejudicam a sociedade? Não é bem assim, este
conceito de gestor tem que ser relaciona com outro conceito que geralmente exclui a res dos adm,
bussiness jugment rule, 72/2. Diz aqui que a responsabilidade dos adm é excluída se alguma das
pessoas.. este artigo é um conceito que tem origem anglosaxonica e esta presente na discrionariedade
empresarial. Em regra os órgãos adm da ADP estão vinculados ao principio da legalidade, so podem
aprovar no âmbito da lei cumprindo o principio da legalidade. Mas ha casos que através de conceitos
indeterminados criar um espaço de liberdade, a lei permite que a adm pub possa adotar uma de
varias ações possíveis, é o espaço que a adm pode atuar dentro do que a lei permite +, não ha uma
única solução. Para as sociedades comercial é a mesma coisa o adm pode tomar varias ações. A rule
serva para excluir a resp dos adm que atuem discirionariademenet +, desde que atuem:
- termos informado
- Livre de qualquer tipo de interesse
- Segundo critérios de racionalidade empresarial. Aqui tenho que ver numa expectativa
jurídica e não econoica, não cabe ao juiz tomar a melhor ou pior decisão de um ponto de vista
económico. Temos que conjugar isso com as normas e interesses da CSC, proteção do capital
social, distribuição d e lucros, bens entre os sócios etc. o juiz não tem como saber se é a melhor ou
pior decisão possível não cabe ao juiz tomar decisão.
- É um espio da disccricmnariedade empresarial
Ta relacionado com o conceito do 64/1a ajuda a nos interpretar o getsor, dentro do espaço de
discirionariedade que é atribuído, a de ser a diligencia que ha de exigir em termos de informação,
ausência de conflito de inetreses, e as petos económicos relenates, é uma bitola de cuidado que o
gerente deve ter.
64/1b deveres de lealdade, advém da BF factos de adm estarem a gerir bens alheios, ha uma
espécie de relação fiduciária, tem de ser uma espécie confiança. Relação fiduciária no sentido de
especial relação de confiança e o adm ou gerente esta vinculado a certos deveres ou atos que deverem
praticar ou proibido de praticar. Exemplo: dever de proibição de não concorrência, a partida os adm
não podem concreer com a sociedade 254, sa 398. Entra aqui tamebm não atuar em conflitos de
inetresses, celebrarem negócios que sao proveitosos para ele e não com a sociedade, negócios consigo
mesmo, risco de conflito de interesses tenho que analisar aqui. Estão sempre relacionados com este

ESQUEMAS- COMERCIAL II 47
GIOVANNA LACERDA

caso. Não aproveitamento de negocio em benefício proprio, aqui é a questão de ao estar a gerir bens
alheios devem ser órgão que atuam de bodo segundo da tutela da confiança da lealdade, não posso
prejudicar a sociedade. Interesse da sociedade é sempre em primeiro lugar, relevam os outros desde
que não sejam contrários aos interesses da sociedade. DD se é o interesse do socio ou da instituição,
LER QUESTAO DOS MANUAIS QUE FALEM DISSO
72 e ss: pressuposto da responsabilidade: facto ilicito, dano, culpa e nexo de causalidade.
Quando estamos perante de uma violação do dever do 64 temos uma possibilidade de
responsabilidade do adm e a destituição por justa causa.
Cumprimentoss aber que essas obg existem e o que sao, detalhes dogmáticos e aplicação
analógica e etc. não temos que saber, mas temos identificar o que é uma prestação acessória e saber
por que sao diferentes da obg de entrada, delimitar negativamente da obg de entrada, obg para alem
da entrada ou que constam do contrato de sociedade, não estamos perante uma obg de entrada, mas
diante de uma prestação diferente.
Destituição com justa causa (HA OUTROS MODOS, caducidade etc)
SPQ: 257
SA: 403
257: a regra é de livre destituição dos adm não tem de haver justa causa, então qual é a única
relevância de justa ou sem justa causa. É pq sem justa causa tem direito a indemnização 257/7. Com
justa causa não tem direito a indemnização, o adm não precisa de jsyta causa para ser destituído
Justa causa: contrato de agencia falava da possibilidade de resolver o contrat, de tal modo grave
ou retirada que é inexigível manutenção da relação. 257/6 violação grave que causa prejuízo avultado
a sociedade, ou que quebra de modo objetivo a confiança. incapacidade: não é em sentido tecnico,
mas sim de inaptidão para exercício normal das funções. Se é uma justa causa nos temos do direito
civil ou é despedimento do trabalhador do direito laboral. Coloca porque numa perspectiva civil
justa causa é qualquer incumprimento grave, é muito menos protetor do devedor, porque permite com
mais facilidade a resolução do contrato, incumprimento definitivo etc, falta de cumprimento
contratual. Em direito do trabalho, é mais protetor do prestador de serviço porque exige não so uma
violação da lei, mas grave reiterada que quebra a confiança, tonar insustentável a manutenção do
vinculo contratual, é mais difícil preencher. Então o direito comercial qual conceito seguir? mC:
conceito mais laboral de justas causa, tem que ser uma violação reiterada grave, quebra insustentável
da manutenção da relação contratual.
Indemnização: 257/7 MC limite é inconstitucional pq viola o direito a propriedade privada.
CA, Januário também não creeem isso. Demissão sem justa causa é indemnização e tem um limite do
257/7.

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Deliberações:
Modalidades previstas
54
Escrito ou universal.
Universal: não tem qualquer tipo de formalidade previa, todos os sócios presentes manifesta a
vontade que deliberem sobre um determinado assunto. Quer uma Ag mas não foi cumprida
formalidade previa, esntao a partida pode ser universal, permite que não esteja cumprido os níveis
formais, desde que sejam todos os sócios e depois concordem que o assunto seja aproprosto para
deliberação.
AG: modelo mais tipico
spq: voto por escrito
SA: voto por correspondencia
É relevante saber os vicios as invalidades ou inefecicai
55: inefcaigcia, lei determina o consentimento de um vario sócio em espeiifo par uma
determinada situação, retirada de direitos especiais, questão da transmissão da particiapçaõ social,
sempre que é necessario o consentimento de um sócio em particular, sem o consentimento estamos
diante de uma ineficácia.
56 e 58: invalidade ems entire tecnico
Nulidade: duas catecgorias vicios de procedimento e vicio de conteúdo
Procedimento: a,b eles sao sanaseis, basta corrigir a formalidade. 56/1a no salvo: por causa das
assembleias universais, tem é que todos concordarem em deliberar e discutir
ATENÇÃO: 56/A E 56/2 equipara a assembleia que tem deficientemente convocada a própria
ausência de convocação
56/b vicio por procedimento
Essas nulidades formais temos que ir ao 56/3 enquanto vícios procedimentais podem ser
confirmados para os sócios ausentes ou não represnetados, é uma confirmação do Nj.
57: quem tem iniciativa para intentar a ação de nulidade, não afasta a regra geral do CC não
substitui o 286, acrescenta algo especifico
Não so os vicios de procedimento pode ser confirmado como a deliberação pode ser renovado
para outra deliberação. 62/1 sao sanáveis, pelo contrario as substantivas não sao sanáveis.
56/c por natureza: caso de incompetencia, impossibilidade fisica, posição doutrinaria. Maioria
da doutrina ASEEMBLEIA NÃO TEM COMPETENCIA para a materia, MC incapacidade do
6/1, 3
56/d 280,281, normas imperativas, negocios simulados, impossibilidade fisica.
Temos que adotar uma posição quanto a albina C e depois ser coerente com a alinea D
Anulabilidade:

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GIOVANNA LACERDA

- 58/1a quando não cabe em nulidade vamos para anulação, cabem quase todos os casos, é
basicamente supletiva. Exemplos: violações de maiorias; pressupostos da assembleia universais,
violação de disposição do contrato de sociedade, contrario ao obj social
- 58/1b votos abusivos que sao anuláveis. Prejudicar a sociedade sao deliberações abusivas.
Apesar da deliberação ser invalida o desvalor é não na deliberação no seu todo, mas por ter votos
abusivos.
Requisitos:
Dois casos:
- um dos socios ou mais votam a uma determinado sentido para adquirir vantagem para eles,
ou terceiros, conflito de interesses. Vender um imole para um familiar ou amigo que depois vai me
dar vantagem ou para terceiro
- Ou então deliberação emolduravas: so tem o fim de prejudicar a sociedade, é quando de
modo abusivo o sócio delibera. Da maneira como sao feitas intuito do sócio prejudicar a
sociedade.
Elemento negativo: a menos que… isso aqui é o teste de resistencia, retirando os votos abusivos,
o teste de resistência significa que deixa de ser invalida se aquela proposta fosse aprovada a msm.
Alguém que estava proibida de votar e vota a mesma, e depois todos os outros sócios votam tbm, (5
sócios ) o de conflito de interesse vota sim, um vota não e os outros votam sim. Retiramos o voto de
conflito, ai tínhamos um contra e outro contra, a partida essa proposta seria aprovada a mesma 58/1b
parte de resistência a deliberação não seria anulavel.
- 58/3 +58/1b responsabilidade solidaria de quem formou mairoia, responsabilidade
sociedade que votou em maioria em conluio sabia do voto abusivo. Não necessariamente eu tenho
que saber o interesse de cada um.
Questão: mas e se forem sócios minoritários que impede uma deliberação? 58/1b como
correlacionar o 58/1b com o abuso de direito, o 58/1b sao os casos pela letra da lei, ja os outros casos
é de abuso de direito e se tiver alguma modalidade do TGDC, e iria pela alínea a.
A jurisprudencia tem colonializado pelo abuso de dirieto, os tribunais tem feito é decidir ou
deliberações desse género aplicando o 334, mas o MC critica muito. CA fala dos abusos de minoria
- 58/1c + 58/4
ATENÇÃO: o inicio
Artigo primeiro tipicidade.
Clausula que a sociedade dispensava de órgão de fiscalização, ha uma clausula que viola o tipo
da sociedade, não esquecer do principio da tipicidade, não so proibir a criação de outras sociedades,
como alterar o regime imperativo de cada tipo societário.
Desconsideração da desconsideração da PC

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GIOVANNA LACERDA

Principio da especialidade, capacidade e eobejto social, questão das doações deliberalidades,


MC, doações que tem que ser usuais, mas que pode ser interesse da sociedade
Garantia: tem que ser fianca ou hipoteca? Ou pode ser reais e pessoas pode entrar outros tipos
de transmissão de obrigação que acabam por exercer fucnoes de garantia, ex: assunção de divida pode
entrar no 6/3. CA, considera que é mais atos gratuitos no 6/2. Integra muito esses casos, escolas de
lisboa, no 6/3 ainda que eles próprios não sejam garantias em sentido técnico.
O facto da doação ser anónima é sempre discutida, depende sempre dos benefícios que a
sociedade pode retirar da doação. Sendo anónima é mais difícil alegar vantagens indiretas. Tenho
sempre que discutir.
6/3 compatibilizar ocm art 9 da diretiva. Justificado interesse proprio, quem tem que justifcar?
Quem beneficiou da garantia MC VS MTS
Dominio ou de grupo: pode não ser em sentidos técnicos, pode ser de grupo de facto, que tem
uma conexão intrínseca modelo, organizacional semelhante, que ta lidada que uma vai ser adquirida
pela outra, em sentido factual
FORMA DO CONTRATO, ve se ha exceção ou não. Deve vir um imovel

—> acordos parassociais e acordo omnilateriais. Ominlateriais pode derrogar o contrato de


sociedade? Contrato de sociedade tem que ter uma forma especifica, sao mais oslenes, sao publicados,
o contrato de sociedade tem todo um procedimento que os acordos parassociais não tem omnilateral
pode ou não afastar a sociedade
—> acordos atípicos em que participação não so socios, adm, entidades financeiras? Esses sao
acordos parassociasis? A maioria da doutrina aplica o art 17, manifestação da liberdade contratual,
405 do cc. Limites para os acordos parassociais, não posso fazer uma conduta proibida por lei, não
pode incidir sobre a conduta do oral de adm ou fisclaização, não posso ter vantagem de direito d
voto. Mais relevante: como é um contrato privado entre os sócios so tem uma eficácia interpartes.
Acordo para social não vincula a asociedade, so gera res civil, não pode haver execução especifica, não
da para pedir, com base no incumprimento, exigir a prestação que era devida, quando muito
responsabilidade obrigacional.
—> capital social, normas que visam proteger o capital social, intgibilidade do capital social +,
32 e 33. Entradas, art 35, distribuição de bens e capital social.
Art 35
36 e seguintes
Diferença entre as nulidade da sociedade de pessoas e sociedade de capital. 45 e 46. Saber
enquadrar a matéria a luz do principio favor societatis, vs o regime civil, porque ha soluções
diferentes.
Ate que ponto a norma pode ser interpretada de modo extinso, analogia, a nivel de principios.

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GIOVANNA LACERDA

Não vamos ter de fazer contas dos lucros, temos que pode acontecer em colocar abstrato do 32
ou 33, para em certo tipo de partilha de bens e lucros.
Pode ser uma conta d metade ou 1/3

Cada grupo de caso pratico 8 valores (5 e 3) pergunta teoria vale 4.

ESQUEMAS- COMERCIAL II 52

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