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Na aula passada, chegamos a estudar que a imunidade pode ser considerada uma incompetência tributária,
pois a CF/88, de um lado previu a competência para criar tributos, de outro estabeleceu algumas limitações
a esta competência, entre as quais estão as imunidades.
Como é decorrência do princípio da legalidade (estudado em aula anterior), que preceitua que a instituição
de tributos deve ser feita sempre por intermédio de lei formal, a competência tributária pressupõe a
competência legislativa para instituir o tributo. Portanto, os tributos só podem ser instituídos por leis
ordinárias, medidas provisórias e leis complementares (em alguns casos). É por isso que o caput do art. 6º,
do CTN, previu que a atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência
legislativa plena.
Neste momento, deve ter pairado alguma dúvida sobre quem poderia instituir tributos. A princípio, você
deve entender que apenas os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) possuem
autonomia para instituição, extinção, majoração ou redução de tributos.
De acordo com o art. 6º, par. único, do CTN, os tributos cuja receita seja distribuída, no
todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência
legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. Portanto, a título de exemplo, quando
o Estado distribui parte de suas receitas decorrentes da arrecadação do IPVA com os
Municípios localizados em seu território, a competência tributária para instituir o IPVA
continua pertencendo ao Estado.
Até aqui você já deve estar ter percebido que a Constituição Federal de 1988 não criou nenhum tributo, mas
unicamente definiu a competência tributária de cada ente para que este institua os tributos.
Além da competência tributária, a CF/88 determinou que deve haver, também, a competência para legislar
sobre direito tributário. Isso não se confunde com a competência tributária, pois aqui o objetivo é traçar
regras sobre o exercício da competência tributária. Assim, embora ambas decorram de lei, possuem
objetivos diferentes, ok?
Por exemplo, compete à União legislar sobre direito tributário, como será visto a seguir, mas isso não torna
este ente competente para instituir o IPTU ou o ISS, já que se trata de imposto de competência municipal e
distrital.
Memorize:
-A CF não cria tributo, apenas estabelece a competência tributária dos entes políticos.
-A competência para legislar sobre direito tributário não se confunde com a competência
tributária.
Competência
Instituição de Tributos
Tributária
COMPETÊNCIA
LEGISLATIVA
Competência p/ Regras sobre o exercício
legislar sobre D.T. da competência tributária
Para entender a previsão da competência para legislar sobre direito tributário, vejamos o que diz o art. 24,
I, da CF/88 e seus parágrafos:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
Percebe-se, pela leitura do dispositivo supracitado que, embora a competência para legislar sobre direito
tributário seja concorrente da União, Estados e DF, cabe àquela a definição das normas gerais.
Os Estados, portanto, ficam incumbidos de suplementar as normas gerais definidas pela União, podendo
exercer competência legislativa plena, quando não existir a lei federal sobre normas gerais.
2.O Supremo possui orientação no sentido de que não há tributo progressivo quando as alíquotas
são diferenciadas segundo critérios que não levam em consideração a capacidade contributiva.
Para entender melhor o julgado, faz-se necessário saber que o CTN foi editado sob a égide da CF/46. Nessa
CF, não havia previsão para IPVA, de forma que o CTN não contemplou o referido imposto.
Como hoje existe tal previsão constitucional, não havendo, contudo, normas gerais editadas pela União
sobre o IPVA, o STF entendeu que se aplica o disposto no art. 24, § 3º, da CF/88.
É importante destacar também que, sobrevindo lei federal de normas gerais sobre matéria anteriormente
disciplinada pelos Estados, fica a lei estadual suspensa no que contrariar a lei federal.
Ocorre suspensão da lei estadual, e não revogação!
Há que se ressaltar, ainda, a competência legislativa municipal (ou você não sentiu falta deles?). Embora não
sejam citados no caput do art. 24 da CF/88, vejamos o que diz o art. 30, II, da própria CF:
Explicadas tais regras, pergunta-se: a lei federal que dispõe sobre as regras gerais em matéria tributária deve
ser lei complementar ou ordinária?
Vejamos a resposta:
(...)
Na aula inicial do nosso curso, você aprendeu que o Código Tributário Nacional – CTN - foi recepcionado pela
CF/88 com status de lei complementar, correto?
Na realidade, o CTN possui força de lei complementar desde a CF pretérita – CF/1967. Isso significa que não
foi apenas com a CF/88 que esta norma adquiriu o status de lei complementar.
É de se destacar também que o CTN continua sendo uma lei ordinária, mas com status de lei complementar,
pois o conteúdo nele tratado foi reservado à lei complementar pela nossa CF/88. Essas regras são mais
detalhadas no estudo do Direito Constitucional, disciplina que você já deve estar estudando ou ainda irá
estudar com o Prof. Ricardo Vale.
Nós veremos, nos próximos tópicos, algumas disposições do CTN acerca da competência tributária, bem
como suas características e outros conceitos relativos ao tema.
Características da Competência Tributária
A competência tributária possui algumas características a ela inerentes, quais sejam: indelegável,
imprescritível, inalterável, irrenunciável, e facultativa. Vamos explicar separadamente cada uma de suas
características.
A competência tributária é indelegável, não sendo possível que um ente delegue a sua competência para
instituir determinado imposto, por exemplo, a outro. Vejamos o que diz o caput art. 7º do CTN:
O que se extrai do art. 7º, do CTN, é que a competência tributária é realmente indelegável, contudo, as
atribuições administrativas decorrentes do exercício da competência tributária são delegáveis a outra
pessoa jurídica de direito público.
Assim, a União, por exemplo, ao fazer uso de sua competência tributária prevista no art. 149, caput, da CF/88,
pode instituir uma contribuição para o custeio dos conselhos de fiscalização e regulamentação de categorias
profissionais (contribuições corporativas), e delegar a atribuição de arrecadação do tributo ao próprio
conselho - CRM ou CRA, por exemplo.
No mesmo sentido, o art. 153, § 4º, III, da CF/88 permite que os Municípios fiscalizem e cobrem o Imposto
Territorial Rural (ITR). A união detém a competência para instituir o referido imposto (vamos estudar esse
imposto ainda nessa aula), mas pode repassar, mediante lei, a capacidade ativa para os Municípios que assim
optarem.
Podemos dizer, então, que a capacidade tributária ativa é a aptidão para que a pessoa jurídica seja inserida
no polo ativo (ou sujeito ativo) da relação jurídica constituída com a ocorrência do fato gerador. Em outras
palavras, trata-se do poder de exigir o tributo. Tal atribuição, nos termos do art. 119 CTN, só pode ser
realizada por pessoa jurídica de direito público.
Alguns autores dissertam de modo contrário, no sentido da possibilidade de que a capacidade tributária ativa
pode ser delegada a pessoas jurídicas de direito privado. É temerário adotar essa posição em provas de
concurso, pois a tendência das bancas é adotar o que foi estabelecido no CTN!
É possível perceber, ante o exposto, que a competência tributária (instituição do tributo) é política, sendo
instituída por intermédio de lei e indelegável. No entanto, a capacidade tributária ativa (arrecadação,
fiscalização e execução) pode ser delegada a outra pessoa jurídica de direito público.
Nessa linha, frisemos que, em sentido amplo, a competência tributária compreende tanto a instituição do
tributo, como a capacidade tributária ativa. Contudo, apenas esta é delegável.
Arrecadação
Execução leis,
INDELEGÁVEL
atos etc. Delegável a
outra PJ direito
público
DICA DE PROVA: Adote como corretas assertivas que tragam em seu enunciado a
indelegabilidade da competência tributária. Essa é a regra! Só aceite a possibilidade de
delegação, caso a questão cite expressamente que diz respeito à capacidade ativa - ou suas
características.
Antes de finalizar essa característica, não podemos deixar de comentar as regras descritas nos §§ 1º a 3º do
art. 7º do CTN.
O primeiro deles assevera que a pessoa que detiver a capacidade ativa terá as mesmas garantias e privilégios
processuais conferidos ao titular da competência tributária. Nada mais justo, tendo em vista que o sujeito
ativo substituirá o ente tributante na função de arrecadação tributária.
Assim, pode-se dizer que a delegação da capacidade tributária ativa compreende as garantias e os
privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir. Por exemplo, no
âmbito do Direito Processual Civil, as pessoas políticas (União, Estados, DF e Municípios) possuem o dobro
do prazo para recorrer das decisões judiciais. Essas prerrogativas são, também, repassadas à pessoa jurídica
responsável pela cobrança dos tributos.
O § 2º, por seu turno, estabelece que a capacidade ativa pode ser revogada a qualquer tempo por ato
unilateral do ente tributante. Ou seja, se há discricionariedade na delegação de tais atribuições, também
haverá para a respectiva revogação.
Por último, o § 3º esclarece que não se confunde com capacidade ativa o cometimento a pessoas jurídicas
de direito privado o encargo ou função de arrecadar tributos. Entenda-se, neste caso, o mero recebimento
do valor e o seu posterior repasse ao ente instituidor.
Para ficar claro, tomemos como exemplo os bancos: são instituições financeiras que podem celebrar contrato
com o poder público (União, por exemplo) para receber os tributos e repassá-los posteriormente aos cofres
públicos.
Diferentemente, a capacidade tributária ativa inclui o poder de fiscalização do cumprimento das obrigações
tributárias e cobrança dos tributos devidos.
Pessoa jurídica de direito privado pode receber os tributos, não se confundindo com a
capacidade tributária.
Para o completo entendimento do assunto, é importante que você tenha em mente que a delegação das
atividades de fiscalização e cobrança (capacidade ativa) não confere necessariamente à pessoa jurídica
delegatária a disponibilidade dos recursos arrecadados. Ou seja, via de regra, deve-se arrecadar os tributos
e repassá-los ao ente competente.
Quando, por outro lado, lei que instituiu o tributo nomeia outra pessoa jurídica para ser sujeito ativo (capaz
de cobrar os tributos) e destina-lhe os recursos arrecadados, estamos diante do fenômeno da
parafiscalidade.
Entendido?
2 - A competência tributária é imprescritível
O não exercício da competência tributária, nos termos do art. 8º do CTN, não a defere a pessoa jurídica de
direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.
Nesse sentido, a imprescritibilidade (ou incaducabilidade, como alguns denominam) traduz-se no fato de
que a competência tributária pode ser exercida a qualquer tempo pelo ente que a detém.
Ainda que não seja exercida, não há possibilidade de que outra pessoa política institua tal tributo.
Essa característica representa a inalterabilidade da competência tributária pelo ente federado. Nesse
sentido, os Municípios, por exemplo, encontram-se impedidos de aumentar a sua competência tributária,
prevendo, por meio de lei infraconstitucional, um novo imposto.
DICA DE PROVA: Não caia em “pegadinhas” de prova, dizendo que é possível alterar
competência tributária, por meio de reforma à Lei Orgânica do Município ou mesmo por
alteração na Constituição Estadual. Apenas reforma à CF/88 torna possível alteração de
competência tributária.
Sobre a dica acima, lembre-se de que uma das cláusulas pétreas (prevista no art. 60, § 4º, I, da CF/88) é a
proteção do pacto federativo. Portanto, não seria possível nem mesmo uma reforma constitucional, caso
seja tendente a abolir a autonomia financeira de algum ente federado.
Nada impede que haja reforma constitucional (por meio de emenda à Constituição),
alterando a competência tributária dos entes federados.
Do mesmo modo que a competência tributária é inalterável pelo ente federado, pode-se dizer que também
é irrenunciável, pois o ente federado não pode renunciar algo que foi previsto na Constituição Federal.
Em que pese essa característica, o exercício da competência tributária é facultativo, como se passa a
demonstrar no tópico subsequente.
5 - A competência tributária é facultativa
A doutrina majoritária considera o exercício da competência tributária uma facultatividade de cada ente
federado, ou seja, a CF/88 prevê a competência tributária, e os entes decidem, por critérios de conveniência
política, se será ou não instituído o tributo.
Uma vez instituído o tributo, sua cobrança é vinculada e obrigatória, pois isso compõe o
próprio conceito de tributo, visto na aula inicial do nosso curso!
Nesse contexto, vejamos o que diz o art. 11 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/99):
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não
observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.
Repare, na leitura do parágrafo único, que a norma prevê uma sanção aos entes que não instituírem todos
os impostos de sua competência, previstos na CF/88.
O dispositivo da LRF foi inserido em nossa aula apenas para que você tenha conhecimento de que ele existe
e pode vir a ser cobrado em prova. Sendo assim, grave que a sanção só existe se não forem instituídos todos
os IMPOSTOS.
Ainda assim, caso uma questão mencione que a competência tributária é facultativa, sem citar a LRF, você
deve marcar “correto”! Tudo bem?
A título de exemplo sobre a facultatividade do exercício da competência tributária, citemos o Imposto sobre
Grandes Fortunas – IGF – previsto no art. 153, VII, que até hoje não foi instituído.
Classificação da Competência Tributária
Aprendemos que a competência tributária é o poder conferido pela Constituição Federal aos entes federados
para instituir tributos, sempre por meio de lei.
Vimos também algumas características inerentes ao conceito de competência tributária e que o seu exercício
é facultativo, haja vista que a CF apenas estipula quais tributos podem ser instituídos, mas a edição da lei
instituidora é critério político do ente.
Nesse momento, portanto, a pergunta que se faz é: “Quais tributos podem ser instituídos pela União ou
pelos Municípios, por exemplo? E quais tributos os Estados e o DF são competentes para instituir?”
Estudaremos, nos tópicos a seguir que a competência tributária pode ser classificada em: privativa, comum,
cumulativa, residual e extraordinária.
1 – Competência Privativa
Primeiramente, cabe ressaltar que a competência tributária privativa diz respeito àqueles tributos cuja
instituição somente pode ser feita por determinado ente político. Por exemplo, o Imposto sobre Produtos
Industrializados, como será visto ainda nesta aula, pode ser instituído apenas pela União.
No Direito Constitucional, você aprende que a competência privativa pode ser delegada,
ao contrário da exclusiva. Contudo, em Direito Tributário, a competência tributária
privativa é indelegável (como vimos, é característica intrínseca da competência tributária
a indelegabilidade).
Os tributos que possuem, por excelência, competência privativa são os impostos. Nesse contexto, a CF/88
definiu quais seriam os impostos federais, estaduais e distritais e municipais.
O art. 153 da CF/88 determina quais são impostos que ficaram sob a competência da União, quais sejam:
Aos Estados e Distrito Federal, a competência relativa aos impostos foi prevista no art. 155, sendo eles os
seguintes:
Imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD);
Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior (ICMS);
Imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA).
Por último, cabe aos Municípios e ao Distrito Federal instituir, com base nos preceitos do art. 156 da CF/88,
os seguintes impostos:
Antes que você me pergunte, já adianto: não é somente a espécie tributária “impostos” que está submetida
à competência privativa. Cabe privativamente à União a instituição dos empréstimos compulsórios.
Ademais, em regra, as contribuições especiais (art. 149, caput, da CF/88) também são de competência
privativa da União.
Ao interpretar o § 1º do art. 149, da CF, percebe-se que, apesar de a regra ser a instituição de contribuições
especiais pela União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possuem competência privativa para
instituir as contribuições sociais, para custeio dos regimes de previdência próprios de seus servidores
públicos titulares de cargos efetivos.
Há que se destacar que a competência é privativa no âmbito de cada ente. Assim, o Estado de Minas Gerais
tem competência privativa para instituir as contribuições sociais para o custeio do seu Sistema de
Previdência. Contudo, não o tem para instituir contribuições sociais para a Previdência do Município de
Pouso Alegre, por exemplo, sendo esta privativa desse Município.
Além da competência acima citada, o Distrito Federal e os Municípios (os Estados não estão incluídos nesse
rol!) possuem competência privativa para instituir a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação
Pública (COSIP), com base no art. 149-A, da CF/88.
Em síntese, a competência privativa, em regra, diz respeito aos impostos. Contudo, devemos nos lembrar
que a competência para instituir empréstimos compulsórios (E.C.) e contribuições especiais é da União,
ressalvada, no último caso, a possibilidade de os Estados, DF e Municípios instituírem seu regime próprio de
previdência bem como a competência privativa do DF e Municípios para instituir a COSIP. Entendido?
2 – Competência Comum
A competência comum diz respeito aos tributos vinculados, que, como já estudamos, são tributos cujo fato
gerador é uma atividade estatal relativa ao contribuinte. Você se lembra de quais tributos estamos nos
referindo? É isso mesmo: taxas e contribuições de melhoria.
Denomina-se competência comum, pois todos os entes federados podem instituir tais tributos, respeitadas,
por óbvio, as atribuições de cada ente, definidas na Constituição Federal. Para uma prova de Direito
Tributário, você não precisa saber nada mais do que isso!
Nesse rumo, caso o Estado do Rio de Janeiro preste serviço público específico e divisível, é possível instituir
uma taxa estadual para custear o referido serviço público. Do mesmo modo, se o Município de Juiz de Fora
realizar uma obra pública da qual decorra valorização imobiliária, torna-se possível a instituição de uma
contribuição de melhoria municipal.
3 – Competência Cumulativa
A competência cumulativa foi prevista no art. 147 da CF/88, nos seguintes termos:
Cabe destacar que os territórios federais não são entes federados, sendo considerados apenas
descentralizações administrativo-territoriais pertencentes à União. Sendo assim, não dispõem de
autonomia política e, consequentemente, não possuem competência tributária própria.
Contudo, conforme preceitua o § 1º do art. 33, da CF/88, os territórios federais podem ou não ser divididos
em Municípios, gozando estes de autonomia política.
A referida divisão em Municípios reflete sobre a competência tributária da União, isto é, se os territórios
federais não forem divididos em Municípios, compete à União os impostos estaduais e municipais. Havendo,
por outro lado, a citada divisão, competirá à União apenas os impostos estaduais, já que os Municípios
deterão a competência para instituir os seus próprios impostos municipais.
Embora o texto constitucional mencione apenas “impostos”, guarde que tal disposição diz
respeito também aos demais tributos.
Para finalizar o estudo da competência cumulativa, a parte final do dispositivo constitucional menciona algo
que já estudamos, que é a competência distrital para instituir também os impostos municipais.
Essa competência decorre da impossibilidade de o Distrito Federal ser dividido em Municípios, conforme
previsão no caput do art. 32 da CF/88.
4 – Competência Residual
A competência residual diz respeito à criação de “novos tributos”, além daqueles já existentes.
É com base no art. 154, I, e no art. 195, § 4º, que a União (unicamente a União) detém a competência para
instituir novos impostos e novas contribuições para a seguridade social, respectivamente.
Para a instituição dos denominados impostos residuais, há que se obedecer algumas restrições estampadas
no art. 154, I, da CF/88 (recomendo o acompanhamento na sua CF, como sempre). São elas:
Quanto à primeira restrição, a consequência é que tais impostos não poderão ser instituídos por leis
ordinárias ou medidas provisórias.
Observação: De acordo com o art. 62, § 1º, III, da CF/88, as medidas provisórias não podem
tratar de temas reservados a lei complementar.
A não cumulatividade, por seu turno, é um mecanismo que permite que o imposto cobrado em uma
operação seja compensado com o que for cobrado na operação seguinte.
Por exemplo, digamos que uma fábrica de móveis venda sua produção para uma loja que, posteriormente,
revende os móveis aos consumidores finais. A não cumulatividade ocorre quando o legislador permite que
o estabelecimento revendedor, em nosso exemplo, pague somente a diferença entre o que foi pago na
operação anterior (venda da produção) e o que é devido na revenda ao consumidor.
Por último, há que se ressaltar que o imposto residual deve ter fato gerador ou base de cálculo diferente
dos outros impostos já previstos na Constituição Federal.
Trecho do voto do Min. Carlos Velloso: “É que a técnica da competência residual da União é para
o legislador ordinário (C.F., art. 154, I) e não para o constituinte derivado.”
(STF, ADI 939/DF, Pleno, Rel. Min Sydney Sanches, Julgamento em 15/12/1993)
Para o STF, a competência residual prevista na CF/88 é para o legislador ordinário, e não para o constituinte
derivado. O que isso quer dizer? Ora, quando o legislador for instituir um imposto novo (uso da competência
residual) deverá obedecer às regras previstas no art. 154, I.
No entanto, quando uma emenda constitucional acrescenta um novo imposto na CF/88, o constituinte
derivado não está sujeito ao art. 154, I.
Nesse sentido, há quem entenda que os Estados (e o Distrito Federal, por conta da sua competência
cumulativa) possuem competência residual para a instituição de taxas e contribuições de melhoria.
5 – Competência Extraordinária
Além da competência privativa, comum, cumulativa e residual, a União – e somente ela – detém ainda a
competência tributária extraordinária.
Tal competência está prevista no art. 154, II, da CF/88, cuja redação é a seguinte:
Cabe fazer algumas observações acerca do exercício de tal competência. Inicialmente, você deve saber que
tal imposto pode ser instituído por lei ordinária ou mesmo por medida provisória, pois não foi feita
nenhuma reserva à lei complementar.
Na dicção do CTN (art. 76), o IEG é temporário, devendo ser suprimido em até 5 anos, contados da
celebração da paz.
É importante lembrar, também, que não há restrição quanto a não cumulatividade, ou seja, o IEG pode ser
cumulativo.
Outro detalhe, a ser ressaltado, é o de que o fato gerador do IEG não pode ser a guerra (não faz o menor
sentido), mas sim um fato econômico relacionado ao contribuinte. Sobre esse fato, o legislador constituinte
conferiu ampla discricionariedade para sua definição, conforme se nota na expressão “compreendidos ou
não em sua competência tributária”.
Com efeito, a União poderia instituir o IEG, tendo o mesmo fato gerador de outro imposto de sua
competência ou mesmo da competência dos estados, por exemplo.
Estamos, então, diante de uma permissão constitucional para que haja bitributação ou bis in idem.
Muito provavelmente você deve ter ficado curioso para saber o significado de tais conceitos, correto?
Veremos isso no tópico a seguir. Antes disso, vamos esquematizar em uma tabela o que vimos até o
momento:
CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTOS ENTES FEDERADOS
Privativa Impostos, Empréstimos União (E.C. e, em regra, contrib.
Compulsórios e Contrib. Especiais Especiais), Estados, DF e Municípios
(com exceções)
Comum Taxas e Contribuições de Melhoria União, Estados, DF e Municípios
Cumulativa Tributos (embora o art. 147 Apenas União e DF
mencione impostos)
Residual Novos Impostos e Novas Apenas União
Contribuições para Seguridade Social
Extraordinária IEG União
Competência Tributária, Bitributação e Bis in idem
Com base na competência tributária conferida pela Constituição Federal, os entes instituem tributos sobre
diversos fatos geradores. Em alguns casos, contudo, podem ocorrer diversas incidências sobre o mesmo fato
gerador.
Quando tais incidências são decorrentes de tributos de competência da mesma pessoa jurídica de direito
público, ocorre o fenômeno do bis in idem. É o caso, por exemplo da incidência do Imposto sobre a Renda
das Pessoas Jurídicas (IRPJ) sobre a apuração do lucro das empresas, que ocorre cumulativamente com a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Repare que neste caso ambos os tributos são de
competência da União.
Ademais, podemos citar, também, o que ocorre com as contribuições para o financiamento da seguridade
social: o art. 195, I, “b”, prevê a instituição de contribuição a cargo do empregador, da empresa e da entidade
a ela equiparada na forma da lei, incidente sobre receita ou faturamento. No exercício dessa competência
tributária, a União instituiu não apenas uma, mas, sim, duas contribuições, a saber: PIS/PASEP e COFINS.
Acrescente-se, ainda, que situação semelhante ocorre na importação, sendo esta mais uma fonte de custeio
da seguridade social, prevista no art. 195, IV, da CF/88. Amparado nesse dispositivo constitucional, o
legislador instituiu duas contribuições incidentes sobre a importação: PIS/PASEP-Importação e COFINS-
Importação.
Diante dos argumentos supracitados, infere-se que: não há vedação expressa ao bis in idem no âmbito da
CF/88. Não obstante, a União teve o exercício da sua competência residual de certa forma restringido, já que
o art. 154, I c/c art. 195, § 4° exigiram que os novos impostos, ou as novas contribuições, não tenham fato
gerador ou base de cálculo próprios dos já discriminados na CF/88.
A bitributação, por outro lado, ocorre quando mais de um ente federado tributa o mesmo fato gerador.
Em regra, nesse caso, percebe-se que há invasão de competência tributária, pois a CF/88 traçou os limites
da competência de cada ente.
Um exemplo claro de bitributação seria a instituição, por parte de um município, de uma alíquota adicional
sobre o IPVA, a ser cobrado dos veículos registrados em sua circunscrição. Note, pois, que isso é vedado, já
que a competência para se instituir imposto sobre propriedade de veículos automotores cabe apenas aos
Estados e ao Distrito Federal.
Entretanto, existem situações excepcionais em que se permite haver bitributação. É o caso do IEG, cuja
própria redação constitucional permite que o imposto criado seja compreendido ou não na competência
tributária da União.
Com base em tal autorização, é possível que a União crie o ICMS-Extraordinário, a incidir sobre os mesmos
fatos geradores do referido imposto estadual. Sendo o ICMS tributo de competência originalmente estadual,
teríamos um caso típico de bitributação (tributação pela União e pelos Estados).
Embora estejamos tratando, neste momento, do estudo da bitributação, chama-nos a atenção o fato de que
os impostos extraordinários de guerra podem ser compreendidos ou não na competência tributária da
União. Quando não compreendidos em sua competência, teríamos um exemplo de bitributação, conforme
já explicado no parágrafo antecedente.
Todavia, se a União institui IEG, utilizando fato gerador compreendido em sua competência tributária,
teríamos uma hipótese de bis in idem, e não bitributação, você concorda? Ora, se a União institui o IR-
Extraordinário, teríamos duas incidências (IR comum e IR-Extraordinário) de tributos federais sobre o mesmo
fato gerador. Logo, a situação aventada se amoldaria no conceito de bis in idem.
Outra situação, em que a bitributação não é vedada, é a dupla tributação internacional da renda. Imagine a
seguinte situação: determinado cidadão, residente no exterior, aufere rendimentos de aluguéis de imóveis
situados no Brasil. Dessa forma, embora não seja residente no Brasil, a fonte de seus rendimentos está
localizada no território nacional. Nesse caso, a legislação do IR impõe que tais rendimentos sejam
tributados. Pode ocorrer que, a legislação pátria do referido cidadão, também determine a cobrança de
imposto sobre a renda auferida no exterior (no Brasil). Trata-se, portanto, de uma situação em que ocorre
bitributação.
Acompanhe, abaixo, o esquema que ilustra a distinção entre bitributação e bis in idem:
(STF, RE 429.306, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Julgamento em 01/02/2011)
Não ocorre bitributação no caso apresentado pelo STF, pois há dois fatos geradores distintos: importação e
prestação de serviços.
Divisão da Competência Tributária na CF/88
Diante do que já estudamos até o momento, podemos sintetizar a competência tributária de cada ente
federativo em relação a cada uma das espécies tributárias. É algo que você irá memorizar naturalmente, mas
não custa facilitar o seu trabalho e esquematizar tudo, não é mesmo?
Impostos
Taxas
Contribuições de Melhoria
Contribuições Especiais
Você pode até já dominar o que vamos falar a seguir, mas sempre “vou bater na tecla” com os conceitos
básicos, para que o aluno consiga acompanhar o ritmo do curso, sem deixar “pendências”. Afinal de contas,
você está fazendo um curso – e um curso muito completo -, e não lendo um livro, correto?
Portanto, iremos retornar com a mesma estória contada na Aula 1, com alguns acréscimos. Vamos lá!
Quando uma lei institui um tributo, prevê-se na norma um fato que, ocorrido, faz surgir o vínculo entre o
contribuinte e o fisco. Essa previsão na norma denomina-se hipótese de incidência. Ao fato ocorrido no
mundo real, chamamos de fato gerador. Por fim, é chamada de obrigação tributária a relação jurídica
constituída entre o fisco e o contribuinte, quando da ocorrência do fato gerador.
Contudo, embora exista uma obrigação do contribuinte para com o fisco, esta ainda não pode ser exigida,
pois é imprescindível que haja um procedimento oficial para definir, grosso modo, o valor exato a ser pago
e por quem deverá ser pago. Esse procedimento é denominado lançamento. É com o lançamento que se
constitui o crédito tributário, em favor do fisco.
O lançamento é realizado privativamente pela autoridade fiscal. Contudo, a lei pode exigir, em alguns casos,
a participação do contribuinte. Quando o lançamento é realizado unicamente pela autoridade,
denominamos lançamento de ofício.
Há também situações em que o contribuinte fica obrigado a prestar declarações que subsidiem a autoridade
administrativa a realizar o lançamento, hipótese que caracteriza o lançamento por declaração.
Por último, no lançamento por homologação, o contribuinte realiza quase todas as atividades, inclusive
realizando o pagamento antecipado, cabendo à autoridade a posterior conferência, realizando a
homologação.
Ante o exposto, repare que há três modalidades de lançamento previstas no CTN. Por ora, é importante
que você grave apenas isso, pois será visto com maiores detalhes em outra aula. A título de complemento,
leia o art. 142 do CTN.
Para facilitar a fixação do que você viu no presente tópico, vamos ilustrar a linha do tempo até que o tributo
seja exigível do contribuinte:
“Qual a diferença entre instituir imposto e definir fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes?”
A instituição de tributo ocorre pela lei do ente tributante. Assim, não obstante haja
definição dos fatos geradores, das bases de cálculo e dos contribuintes do IPTU no CTN (lei
com status de complementar), a instituição ocorre pelos Municípios, por meio de lei
municipal. Ok? No momento da instituição, a lei define novamente o quais são os fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes, entre outros aspectos, sempre observando o
que foi definido na lei complementar.
Bom, creio que agora você tenha condições de estudar os impostos com muito mais facilidade!
A partir de agora, estudaremos cada um dos impostos previstos na CF/88 de competência da União.
Você perceberá que, em alguns casos, será citado o CTN, no tocante à base de cálculo, fato gerador e
contribuintes do imposto, pois, como já aprendemos, no art. 146, III, a, da CF/88, há uma exigência específica
para que lei complementar (e o CTN possui esse status) defina tais “componentes” dos impostos.
Imposto de Importação
Trata-se de imposto de nítida finalidade extrafiscal, pois é utilizado como meio de controle sobre as
importações, interferindo diretamente na economia do país, gerando, por consequência, impactos negativos
ou positivos na indústria nacional.
Por esse motivo, o legislador constituinte (CF, art. 153, § 1º) facultou ao Poder Executivo a alteração das
alíquotas desse tributo (exceção à legalidade), desde que atendidas as condições e os limites legais.
Ademais, o mencionado imposto também constitui exceção aos princípios da anterioridade e noventena,
produzindo efeitos imediatos.
1 – Fato Gerador
Por se tratar de um momento difícil de ser apurado com exatidão, a legislação aduaneira estabeleceu que o
momento para fins de cálculo do imposto, em que se considera ocorrido o fato gerador, é a data do registro
da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo. Podemos dizer que este
é considerado o elemento temporal da hipótese de incidência.
(STJ, REsp 362.910/PR, Primeira Turma, Rel. Min. José Delgado, Julgamento em 16/04/2002)
Não caia em pegadinhas, dizendo que se aplica alíquota de II vigente na data da celebração
do contrato de compra e venda de mercadoria ou na data de embarque delas. O fato
gerador é a entrada no território nacional!
Na Legislação Aduaneira, há um regime aduaneiro especial, denominado admissão temporária, que rege
essa forma de importação. As mercadorias entram temporariamente, amparadas por um regime aduaneiro
que suspende o pagamento dos tributos devidos, durante o período em que permanecem no território
nacional.Um exemplo clássico da ocorrência desse regime é a importação de bens para exposição temporária
em eventos.
Não faz sentido nos aprofundarmos mais do que isso nas hipóteses de ocorrência do fato gerador, pois nosso
curso é Direito Tributário, e não Legislação Aduaneira, ok?
No que se refere à base de cálculo do II, vejamos o que diz o art. 20 do CTN:
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência,
para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País;
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da
arrematação.
Assim, quando a alíquota aplicável à mercadoria importada for específica, a base de cálculo será a unidade
de medida (Kg, ton, m³ etc.) adotada pela lei tributária.
De outra banda, se a alíquota for ad valorem, a base de cálculo será o preço normal, atualmente entendido
como o valor aduaneiro (valor real, e não o declarado pelo importador), apurado conforme as regras do
Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT (tratado internacional do qual o Brasil é
signatário).
A respeito das alíquotas do II, é importante saber que elas estão fixadas na Tarifa Externa Comum (TEC),
que é uma tabela que contém milhares de produtos e mercadorias relacionadas ao seu respectivo código
(de oito dígitos) e associadas a uma determinada alíquota.
Portanto, quando o importador preenche sua Declaração de Importação (documento base do despacho de
importação), ele deve informar o código da mercadoria que está trazendo para o País, seguindo regras
específicas para classificação. Novamente, eu alerto: você não precisa saber nada mais do que isso para
fazer uma prova de Direito Tributário.
Quando o CTN estabelece, em seu art. 21, que tanto a base de cálculo como as alíquotas
do II podem ser alteradas sem necessidade de lei, entenda-se que apenas as alíquotas
possuem tal flexibilidade.
Por fim, ressalte-se que, a competência para alteração das alíquotas tanto do II, como do IE, não são
privativas do Presidente da República. Ou seja, é possível outorgar essa competência à Câmara de
Comércio Exterior (CAMEX). Trata-se de entendimento pacífico no âmbito do STF (RE 570.680/RS).
3 - Contribuintes
Conforme eu já havia dito, a arrematação não constitui, na prática, fato gerador do imposto. Por esse motivo,
o arrematante não foi eleito como contribuinte do imposto no DL 37/66. Ok?
4 - Lançamento
5 – Síntese do II
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO
Competência: União
Finalidade: Extrafiscal
Fato Gerador: Entrada de produtos estrangeiros em território nacional
Base de Cálculo: Se alíquota específica: unidade de medida adotada pela lei;
Assim como o Imposto de Importação, o IE é um imposto cujo objetivo principal é a intervenção no controle
do comércio exterior, possuindo claramente finalidade extrafiscal.
Por conseguinte, a alteração das suas alíquotas também foi excepcionada do princípio da legalidade (art.
153, § 1º, da CF/88), bem como do princípio da anterioridade e noventena.
1 – Fato Gerador
Em cumprimento ao comando constitucional que determina que os fatos geradores dos impostos sejam
definidos em lei complementar, o CTN dispôs o seguinte:
Observação:
De forma análoga ao II, embora a o fato gerador do IE seja a saída dos produtos nacionais ou nacionalizados
(mercadoria importa anteriormente a título “definitivo”), há o momento, para fins de cálculo, em que se
considera ocorrido o fato gerador. Vejamos o que diz o parágrafo único do art. 213 do Regulamento
Aduaneiro (Decreto 6.759/2009):
Parágrafo único. Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador
na data de registro do registro de exportação no Sistema Integrado de Comércio Exterior
(SISCOMEX).
Sendo assim, o cálculo do imposto é feito com base na alíquota vigente na data do registro da exportação
no SISCOMEX, independentemente da data da efetiva saída das mercadorias do território nacional.
Destaque-se que o STF (RE-AgR-ED 234.954) segue a linha de entendimento acima expendida.
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência.
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto
ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a
operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no
mercado internacional o custo do financiamento.
Caro candidato, não há muitas observações a serem feitas acerca desse imposto. O importante é que o
candidato conheça a literalidade do CTN, as exceções previstas na CF/88, por se tratar de um imposto
extrafiscal, e o detalhe de que apenas a alíquota pode ser majorada pelo Poder Executivo (a base de cálculo
não pode).
Apenas a título de curiosidade, vejamos o que diz o Decreto-Lei 1.578/1977 (base legal do Imposto de
Exportação) a respeito da alíquota do IE:
Art. 3o A alíquota do imposto é de trinta por cento, facultado ao Poder Executivo reduzi-
la ou aumentá-la, para atender aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.
Parágrafo único. Em caso de elevação, a alíquota do imposto não poderá ser superior a
cinco vezes o percentual fixado neste artigo.
Sendo assim, a alíquota base é 30%, podendo ser reduzida ou majorada. “Qual seria o limite máximo?”
Vamos calcular: 30 x 5 = 150%.
Por último, não se esqueça de que a CAMEX também pode alterar a alíquota do IE. Ok?
3 – Contribuinte
De maneira bem direta, o art. 27 do CTN estabeleceu que o contribuinte do Imposto de Exportação é o
exportador ou quem a ele a lei equiparar.
Pela redação do Regulamento Aduaneiro, inferimos qualquer pessoa que promova a saída de mercadoria do
território aduaneiro (entenda-se território nacional) é considerada exportador.
4 – Lançamento
O IE segue a mesmo procedimento de lançamento do II, que é feito por homologação. Não custa repetir que
a participação do contribuinte é essencial para a arrecadação do tributo.
5 – Síntese do IE
IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO
Competência: União
Finalidade: Extrafiscal
Fato Gerador: Saída de produtos nacionais ou nacionalizados do território nacional
Base de Cálculo: Se alíquota específica: unidade de medida adotada pela lei;
O Imposto de Renda é mais um dos impostos de competência da União, previsto no art. 153, III, da CF/88.
Trata-se de imposto com finalidade fiscal, pois o objetivo da sua instituição é arrecadar recursos para o
Estado. Como prova disso, é o imposto federal com maior volume de arrecadação.
Antes de estudarmos as disposições do Código Tributário Nacional acerca desse imposto, é importante
destacar que a CF/88 submeteu a majoração do IR ao princípio da anterioridade, mas a excepcionou do
princípio da noventena (aposto que você se lembra disso!).
Ademais, no art. 153, § 2º, I, o legislador constituinte estabeleceu que o IR será informado pelos critérios de
generalidade, universalidade e progressividade, na forma da lei. O que vem a ser isso? Vejamos!
Em síntese, perceba que os três critérios decorrem do princípio da isonomia, alcançando as pessoas de um
modo geral (generalidade), e as rendas de modo universal (universalidade), sempre considerando que aquele
que ganha mais deve sofrer maior incidência tributária (progressividade). Não ficou difícil, correto?
1 – Fato Gerador
Para compreender o fato gerador do Imposto de Renda, vamos nos debruçar sobre o art. 43 do CTN:
Disponibilidade Jurídica: ocorre quando se tem direito a um crédito, não sujeito a alguma condição, ou
seja, um direito que seja certo.
Disponibilidade Econômica: ocorre quando se obtém dinheiro em espécie (ou crédito em conta) ou bens
nele conversíveis.
Em qualquer uma das disponibilidades, tem-se por ocorrido o fato gerador do Imposto de
Renda, conforme art. 43, caput, do CTN.
Além disso, precisamos também ter uma noção dos conceitos de renda e proventos de qualquer natureza,
já que esses são os dois pressupostos de incidência do IR.
Nos dizeres do CTN, o conceito de renda pode ser entendido como produto do capital, do trabalho ou da
combinação do trabalho e do capital. Vamos exemplificar:
Acredito que com os exemplos acima, não restou dúvida nenhuma sobre o conceito de renda. Entretanto, o
que vem a ser provento?
Trata-se de acréscimo patrimonial que não esteja compreendido no conceito de renda, que é o produto do
trabalho ou capital. Imagino que você queira mais um exemplo, certo? Vamos lá:
Se você ganhar na Mega-Sena, você vai receber um provento, pois o prêmio de loteria não decorre do
produto do seu trabalho (você nem “suou” para consegui-lo, certo?) nem do produto do seu capital. Além
disso, podemos citar também os ganhos de capitais verificados na alienação de bens, bem com os
acréscimos patrimoniais cuja origem não pode ser comprovada pelo sujeito passivo.
Finalizando o estudo do fato gerador do IR, o CTN assevera nos §§ 1º e 2º do art. 43 o seguinte:
2 – Base de Cálculo
Em relação à base de cálculo do IR, o CTN prevê que “é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda
ou dos proventos tributáveis”.
Nesse ponto, é válido destacar que o CTN apenas discriminou a base de cálculo aplicável ao Imposto de
Renda das Pessoas Jurídicas. No entanto, como é sabido, tal imposto incide também sobre os rendimentos
auferidos pelas pessoas físicas.
Como nossa aula não é sobre legislação tributária, você não vai precisar guardar nada além do que foi
exposto acima (real, arbitrado ou presumido).
3 – Contribuintes
Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43,
sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens
produtores de renda ou dos proventos tributáveis.
Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos
tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe
caibam.
Em síntese, contribuinte é o titular da disponibilidade de renda ou dos proventos de qualquer natureza. Além
dos titulares, a lei pode atribuir essa condição ao possuidor, ou seja, mesmo não sendo proprietário do
bem cuja renda foi gerada, pode ser considerado contribuinte.
Ademais, o CTN também esclarece que a lei pode responsabilizar a fonte pagadora (o empregador, por
exemplo) pela retenção e recolhimento do IR devido pelo contribuinte (empregados, por exemplo).
Estudaremos em aula específica essa possibilidade de se cobrar o tributo de outra pessoa que não seja o
contribuinte. Fique tranquilo.
4 – Lançamento
Muitas pessoas afirmam que o IR é um tributo cujo lançamento é feito por declaração. Isso se dá por causa
da famigerada Declaração de Imposto de Renda das Pessoas Físicas (DIRPF).
No entanto, destaque-se que o IR é lançado por homologação, pois o contribuinte presta sua declaração,
antecipando o imposto porventura devido, sem prévio exame da autoridade administrativa. Esta, por sua
vez, realiza a posterior homologação.
5 – Síntese do IR
IMPOSTO DE RENDA
Competência: União
Finalidade: Fiscal
Fato Gerador: Renda: produto do capital, trabalho ou ambos
Certamente, você já ouviu falar de notícias como “Governo reduz IPI sobre automóveis”. Também já deve
ter percebido que o mercado normalmente se aquece diante de uma redução tributária dessas, não é
mesmo? Trata-se do efeito extrafiscal do IPI.
Embora seja um tributo de considerável arrecadação tributária, não se pode desprezar o seu efeito sobre a
intervenção na economia do País.
Como temos feito com os demais impostos estudados, vejamos algumas características de índole
constitucional acerca do IPI, para depois estudarmos especificamente os seus fatos geradores, bases de
cálculo e contribuintes, ok?
No que se refere aos princípios aplicáveis, não obstante seja exceção ao princípio da anterioridade do
exercício, sujeita-se ao princípio da noventena. Ou seja, qualquer majoração do IPI somente produz efeitos
90 dias após a publicação do decreto (lembre-se de que a majoração do IPI também constitui exceção ao
princípio da legalidade).
Além disso, a Carta Magna também estabeleceu no art. 153, § 3º, da CF/88, os seguintes regramentos para
o IPI:
IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do
imposto, na forma da lei.
Primeiramente, temos que saber que o IPI será necessariamente seletivo. Ou seja, não há escolha por parte
do legislador ordinário. Mas o que vem a ser a seletividade?
A seletividade é a graduação das alíquotas do imposto conforme a essencialidade dos produtos tributos.
Ou seja, produtos essenciais recebem tributação inferior aos produtos supérfluos. Logo, o arroz será
tributado com alíquota inferior aos brinquedos, por exemplo.
A não cumulatividade, por sua vez, diz respeito à possibilidade de se compensar o imposto devido nas etapas
anteriores de uma cadeia de produção com o montante devido nas operações subseqüentes, constituindo o
mecanismo de débitos e créditos. Esse conceito já deve ser familiar, certo? Imagino que sim, pois já o
explicamos nesta aula.
O IPI deve ser seletivo e não cumulativo!
Sobre o princípio da não cumulatividade, obrigatório ao IPI, o STF já decidiu que não há o aproveitamento
de crédito quando os insumos são desonerados (isento, sujeitos à alíquota zero ou não tributáveis), na
fabricação de bens tributados:
Se nada foi cobrado a título de IPI na entrada dos insumos, não há direito a crédito de IPI,
relativo a essa aquisição. Guarde isso!
“Mas e quando as saídas que forem desoneradas, professor?” Excelente pergunta! Vejamos o que diz o STF:
(STJ, REsp 860.369/PE, Primeira Seção, Min. Rel. Luiz Fux, Julgamento em 25/11/2009)
O direito ao crédito do IPI, quando da industrialização de produtos isentos ou sujeitos a alíquota zero,
somente passou a existir após a vigência da Lei 9.779/99. Perceba que o STJ se posicionou na mesma linha
da jurisprudência do STF, de forma que podemos considerar que o STF também entende dessa maneira.
No que se refere à aquisição de bens integrantes do ativo permanente da empresa, também não haverá
direito a creditamento, conforme súmula do STJ:
Súmula STJ 495 - A aquisição de bens integrantes do ativo permanente da empresa não gera
direito a creditamento de IPI.
A respeito da incidência do IPI na importação, havia muita discussão judicial a respeito da importação de
veículos por pessoa física, quando destinado a seu uso próprio. Sobre esta situação, o STJ já chegou a se
posicionar no sentido de que não haveria incidência do imposto, haja vista que o fato gerador do IPI constitui
operação de natureza mercantil ou assemelhada, o que não ocorreria neste caso.
Contudo, em fevereiro de 2016 o STF encerrou o julgamento do RE 723.651/RS, decidindo que é legítima a
incidência do IPI na importação de automóveis por pessoas físicas para uso próprio. A decisão foi tomada
com repercussão geral e é muito relevante para fins de concurso público, já que, como vimos, o STJ e até
mesmo o próprio STF, já decidiu em sentido contrário.
O raciocínio da decisão leva em consideração que a cobrança do IPI na importação dos veículos não afronta
o princípio da não cumulatividade nem implica bitributação. A manutenção de sua incidência, por outro lado,
preserva o princípio da isonomia, uma vez que promove igualdade de condições tributárias entre o
fabricante nacional, já sujeito ao imposto em território nacional, e o fornecedor estrangeiro.
Na ocasião, o STF teve a oportunidade de julgar a modulação dos efeitos dessa decisão para apenas alcançar
casos futuros. Contudo, a modulação foi rejeitada e isso significa que a decisão tomada pelos Ministros da
Suprema Corte alcançará as operações de importação de veículos pelas pessoas físicas realizadas antes da
decisão do STF.
Há ainda no inciso III do § 3º do art. 153 uma imunidade específica do IPI, relativa às operações de
exportações. Nesse sentido, o IPI não incide sobre produtos industrializados destinados ao exterior!
-Livros, jornais, periódicos e papel destinado a sua impressão (art. 150, VI, d);
-Ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial (art. 153, §
5º);
-Energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais no País (art. 155, § 3º).
Com o advento da EC 42/03, foi acrescentado o inciso IV ao § 3º do art. 153, da CF/88, passando a prever
que o IPI terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na
forma da lei.
Trata-se de um incentivo concedido àqueles que adquirirem os denominados bens de capital, com a
finalidade de promover o desenvolvimento econômico.
Observação: Bens de capital são aqueles que são utilizados para produzir outros bens. Cite-
se, como exemplo, as máquinas.
Vale ressaltar que a redução do impacto do IPI sobre a aquisição de bens de capital não é autoaplicável,
cabendo à lei ordinária dispor sobre o tema. Todavia, o dispositivo possui ao menos a eficácia negativa
imediata, isto é, impede que lei disponha em sentido contrário.
1 – Fato Gerador
No tocante ao estudo do fato gerador do IPI, vejamos o que diz o art. 46 do CTN:
Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como
fato gerador:
II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que
tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade,
ou o aperfeiçoe para o consumo.
De modo sucinto, são três os fatos geradores do IPI: o desembaraço aduaneiro, caso o produto seja de
procedência estrangeira (I); a saída do produto industrializado do estabelecimento industrial ou equiparado
a industrial (II); e a arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão (III).
Este sempre foi um tema muito polêmico, e os contribuintes alegavam ofensa ao princípio da isonomia, por
haver tributação excessiva sobre o importador, se comparado à indústria nacional.
A respeito deste assunto, devemos ressaltar que o STJ já decidiu já decidiu tanto pela improcedência do
segundo fato gerador, quanto pela sua legitimidade. Mas isso não importa para você, amigo concurseiro.
O que é relevante para a sua prova é que o tema chegou ao STF, que reconheceu a repercussão geral do
tema (tema 906) quando do julgamento do Recurso Extraordinário 946.648/SC.
E, em resumo, o Supremo Tribunal Federal definiu a seguinte tese (que pode cair na prova): É constitucional
a incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI no desembaraço aduaneiro de bem
industrializado e na saída do estabelecimento importador para comercialização no mercado interno".
Então, falou em revenda de mercadorias importadas, lembre-se que há dois fatos geradores do IPI: uma na
importação, e outro com a saída da mercadoria do estabelecimento importador.
2 – Base de Cálculo
Vimos que há três fatos geradores para o IPI, correto? Para cada um desses fatos geradores, o CTN
estabeleceu uma base de cálculo específica. Vamos ver o que diz o art. 47 do CTN:
I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo
20, acrescido do montante:
Tratando-se de operação de importação de produtos, ocorre o fato gerador do IPI com o desembaraço
aduaneiro, sendo que a base de cálculo é o preço normal (ou valor aduaneiro), que é a própria base de
cálculo do II, acrescentada do montante do próprio II, das taxas exigidas para entrada do produto no País,
bem como dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis.
No caso de saída dos produtos industrializados nacionais dos estabelecimentos, a base de cálculo é o valor
da operação da qual decorrer a saída da mercadoria, incluídos neste valor: o preço do produto, o valor do
frete e das demais despesas acessórias.
Na falta desse valor, a base de cálculo será o preço corrente da mercadoria ou sua similar, no mercado
atacadista (não é varejista) da praça do remetente (não é do destinatário).
Por fim, no caso de produtos apreendidos ou abandonados e levados a leilão, a base de cálculo é o preço da
arrematação.
3 – Contribuintes
Quanto aos contribuintes do IPI, não há segredos, bastando que o candidato memorize as pessoas elencadas
no art. 51 do CTN:
Da mesma forma como a grande maioria dos impostos, o IPI é lançado por homologação.
5 – Síntese do IPI
O Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários, também
conhecido por IOF, é mais um tributo eminentemente extrafiscal, pelo fato de ser utilizado para como
instrumento de política monetária.
Além da incidência do imposto sobre as operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou
valores mobiliários, o IOF também incide sobre o ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou
instrumento cambial.
O art. 153, § 4º, da CF/88, estabelece que sobre o ouro ativo financeiro sujeita-se a
incidência exclusiva do IOF.
Neste caso específico, o ouro somente se submete à incidência do IOF, devido na operação de origem, e a
alíquota, por seu turno, é de no mínimo 1%.
Nessa esteira, o STF (RE 190.363) já entendeu inconstitucional o dispositivo legal que previa a incidência do
IOF sobre a “transmissão” do ouro definido pela legislação como ativo financeiro, tendo em vista que a
incidência apenas pode se dar na operação de origem.
Ainda no que se refere à incidência do IOF sobre o ouro, é interessante destacar os entes que receberão os
recursos arrecadados:
Destaque-se que não há incidência do IOF sobre saques efetuados em caderneta de poupança:
Súmula STF 664 - É inconstitucional o inciso V do art. 1º da Lei 8.033/90, que instituiu a incidência
do imposto nas operações de crédito, câmbio e seguros - IOF sobre saques efetuados em
caderneta de poupança.
“A alienação de salvados configura atividade integrante das operações de seguros e não tem
natureza de circulação de mercadoria para fins de incidência do ICMS. Inconstitucionalidade da
expressão ‘e as seguradoras’, do inciso IV do art. 15 da Lei 6.763, com redação dada pelo art. 1º
da Lei 9.758/1989 do Estado de Minas Gerais. Violação dos arts. 22, VII, e 153, V, da CF.”
(STF, ADI 1.648, Plenário, Rel. Min. Gilmar Mendes, Julgamento em 16/02/2011)
Os bens, salvados pelas seguradoras, são aqueles objetos resgatados do sinistro do bem principal, e que
ainda possuem algum valor econômico. Sobre estes, há incidência de IOF, mas não de ICMS, como veremos
ao estudar tal imposto.
Observação: Sobre este tema, temos a importante Súmula Vinculante 32: O ICMS não
incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas seguradoras.
É de se ressaltar, conforme jurisprudência do STJ, que sobre o resultado da operação de mútuo incide o IOF:
TRIBUTÁRIO – IOF – INCIDÊNCIA SOBRE MÚTUO NÃO MERCANTIL – LEGALIDADE DA LEI 9.779/99.
1. A lei 9.779/99, dentro do absoluto contexto do art. 66 CTN, estabeleceu, como hipótese de
incidência do IOF, o resultado de mútuo.
(STJ, REsp 522.294/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, Julgamento em 09/12/2003)
Por derradeiro, não se esqueça de que a alteração de alíquotas desse imposto também é exceção ao princípio
da legalidade, anterioridade e noventena.
1 – Fato Gerador
O estudo do fato gerador do IOF a ser cobrado em prova de Direito Tributário é mera “decoreba” do art. 63
do CTN. Portanto, vou grifá-lo apenas, de forma que facilite a compreensão:
Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro,
e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:
I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do
montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição
do interessado;
Observação: Prêmio é aquele valor que nós pagamos para contratar o seguro do nosso
carro.
Nas operações de crédito ou de câmbio, o fato gerador ocorre basicamente com a entrega do valor ou sua
colocação à disposição do interessado. Nas operações de seguro, ocorre o fato gerador com a emissão da
apólice ou quando a seguradora recebe o prêmio que você pagou. Por último, nas operações relativas a
títulos e valores mobiliários, o fato gerador pode ser a emissão, transmissão, pagamento ou resgate dos
títulos, na forma da lei.
Muito simples, companheiro (a)! Em algumas operações, o crédito (inciso I) pode estar representado por um
título (inciso IV). Neste caso, o parágrafo único veio elucidar a questão, estabelecendo que não haverá
incidência cumulativa de IOF (caso contrário, haveria dupla incidência).
Destaque-se que o STF tem entendimento pacificado sobre a não incidência do IOF sobre operações de
saques efetuados em caderneta de poupança:
Súmula STF 664 - É inconstitucional o inciso V do art. 1º da Lei 8.033/90, que instituiu a incidência
do imposto nas operações de crédito, câmbio e seguros - IOF sobre saques efetuados em
caderneta de poupança.
2 – Base de Cálculo
Para cada fato gerador previsto no tópico acima, o legislador do CTN previu uma base de cálculo específica.
Senão, vejamos:
Art. 64. A base de cálculo do imposto é:
Como as operações de créditos podem ser entendidas, em resumo, como financiamentos, o IOF incide sobre
o valor total, ou seja, principal e os juros. Nas operações de câmbio, é o valor recebido ou posto à disposição.
No tocante às operações de seguro, é o valor do prêmio.
Para finalizar, quando se tratar de operações relativas a títulos e valores mobiliários, lembre-se de que na
emissão pode haver ágio, sendo este incluído na base de cálculo do IOF. Posteriormente, na transmissão dos
títulos, o imposto incide sobre o valor nominal ou cotação em bolsa, conforme a lei determinar. Quando ao
pagamento ou resgate, a base de cálculo será o respectivo preço.
3 – Contribuintes
No caso específico do IOF, o CTN permitiu que a lei instituidora do imposto previsse quem são os
contribuintes, podendo ser qualquer das partes na operação tributada:
Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como
dispuser a lei.
4 – Lançamento
5 – Síntese do IOF
IOF
Competência: União
Finalidade: Extrafiscal
Fato Gerador: Crédito e câmbio: valor entregue ou posto à disposição;
Seguro: emissão da apólice ou recebimento do prêmio;
Em termos simples, o ITR é um imposto que incide sobre propriedades territoriais localizadas fora da área
urbana dos municípios, sendo um imposto de competência privativa da União.
Ademais, possui marcante finalidade extrafiscal, pois é considerado um instrumento de política agrária do
Estado, sendo utilizado para estimular a produtividade das propriedades rurais.
Nessa esteira, a EC 42/2003 incluiu no texto constitucional (art. 153, § 4º, I) a progressividade das alíquotas
do ITR de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas.
Insta observar, também, a imunidade trazida pela referida emenda constitucional, que estabeleceu que não
incidirá ITR sobre as pequenas glebas rurais, cujo conceito será definido em lei, quando as explore o
proprietário que não possua outro imóvel. Trata-se, como já estudamos, de imunidade mista!
Por curiosidade, vamos falar aqui o conceito que a lei definiu como pequena gleba. Contudo, não será
necessário memorizar isso, apenas ter ciência de como foi feita tal delimitação.
Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não incide sobre
pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não
possua outro imóvel.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis com
área igual ou inferior a :
Antes de entrarmos no estudo do fato gerador do ITR, eu gostaria que você também soubesse que o imposto
pode ser fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique
redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal, conforme previsão no art. 153, § 4º, III, da
CF/88.
Opa! O que acontece nesse caso? Isso mesmo: delegação da capacidade tributária ativa!
Lembre-se de que a competência tributária continua sendo da União.
Caso os Municípios optem por fiscalizar e arrecadar o ITR, receberão a totalidade do que foi arrecadado.
Caso não optem por assumir a sujeição ativa, recebem “apenas” 50% do montante arrecadado,
relativamente aos imóveis neles situados. Não se preocupe, pois a repartição constitucional é assunto para
outra aula.
1 – Fato Gerador
Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem
como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como
definido na lei civil, localização fora da zona urbana do Município.
Inicialmente, o conceito de “imóvel por natureza” traduz-se no solo nu e o que lhe foi
agregado pela própria natureza, como árvores e vegetação, por exemplo.
Além disso, segundo o CTN, o ITR só vai incidir sobre tais imóveis, quando localizados fora da zona urbana
do Município. Como descobrir se o imóvel está localizado na zona urbana ou rural?
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei
municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em
pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
Sendo assim, desde que estejam presentes pelo menos dois dos requisitos estabelecidos nos incisos do art.
32 do CTN, o imóvel será considerado urbano, não estando sujeito ao ITR. A contrario sensu, se não estiverem
presentes no mínimo 2 dois requisitos previstos, incidirá o ITR.
Acrescentamos que, em questões que versem sobre a incidência do ITR/IPTU, é muito importante se ater a
outro detalhe importantíssimo, previsto não no CTN, mas no DL 57/1966, o qual já teve a sua validade
reconhecida pela jurisprudência e define uma regra para incidência do ITR, até mesmo sobre imóveis
localizados na zona urbana do Município, desde que seja utilizado em exploração vegetal, agrícola, pecuária
ou agroindustrial.
Um imóvel pode estar localizado em uma região que é definida em lei como zona urbana
do Município e, mesmo assim, sobre ele incidir o ITR.
O art. 15, do Decreto-Lei 57/66, estabelece que, ainda que o imóvel esteja localizado em
área urbana do município, caso seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola,
pecuária ou agroindustrial, incidirá ITR, e não IPTU.
Como sabemos, ambos os impostos incidem sobre propriedade de imóveis, sendo o IPTU
incidente sobre os bens imóveis urbanos, e o ITR, sobre o bens imóveis rurais.
Dessa forma, seguindo o disposto acima, mesmo que o imóvel esteja localizado em área
definida em lei como zona urbana do Município, sobre ele incidirá o ITR, e não o IPTU.
DICA DE PROVA: Não se preocupe, pois quando a questão de prova cobrar essa regra do
DL 57/66, haverá indícios, como a referência à finalidade dada ao imóvel ou mesmo a
referência expressa ao referido diploma normativo.
TRIBUTÁRIO. IPTU. ITR. FATO GERADOR. IMÓVEL SITUADO NA ZONA URBANA. LOCALIZAÇÃO.
DESTINAÇÃO. CTN, ART. 32. DECRETO-LEI N. 57/66. VIGÊNCIA. 1. Ao ser promulgado, o Código
Tributário Nacional valeu-se do critério topográfico para delimitar o fato gerador do Imposto
sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e o Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural (ITR): se o imóvel estivesse situado na zona urbana, incidiria o IPTU; se na zona
rural, incidiria o ITR. 2. Antes mesmo da entrada em vigor do CTN, o Decreto-Lei nº 57/66 alterou
esse critério, estabelecendo estarem sujeitos à incidência do ITR os imóveis situados na zona
rural quando utilizados em exploração vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial. 3. A
jurisprudência reconheceu validade ao DL 57/66, o qual, assim como o CTN, passou a ter o status
de lei complementar em face da superveniente Constituição de 1967. Assim, o critério
topográfico previsto no art. 32 do CTN deve ser analisado em face do comando do art. 15 do
DL 57/66, de modo que não incide o IPTU quando o imóvel situado na zona urbana receber
quaisquer das destinações previstas nesse diploma legal.
(STJ, REsp 492.869/PR, Primeira Turma, Min. Rel. Teori Albino Zavascki, Julgamento em
15/02/2005)
Entende-se por valor fundiário o valor da terra nua. Por conseguinte, as benfeitorias realizadas, como as
construções, não compõem a base de cálculo do ITR.
Relativamente às alíquotas do ITR, cabe destacar que são progressivas, segundo o grau de utilização da
área rural. Assim, quanto menos produtivas forem as propriedades rurais, maiores serão as alíquotas do ITR.
Embora o ITR seja considerado tributo extrafiscal, não se pode esquecer que a alteração de
suas alíquotas sujeita-se aos princípios da anterioridade e noventena.
3 – Contribuintes
Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil,
ou o seu possuidor a qualquer título.
Os proprietários são aqueles cujos imóveis estão registrados em seu nome no Cartório de Imóveis.
Os titulares de domínio útil, por seu turno, são aqueles que adquiriram o imóvel por enfiteuse, que consiste
na permissão conferida ao proprietário do imóvel para entregá-lo a terceiros, de sorte que estes passam a
ter o domínio útil, podendo inclusive aliená-los. A esses titulares de domínio útil denominamos enfiteutas
ou foreiros.
Observação: O novo Código Civil (art. 2.038) proibiu a constituição de novas enfiteuses e
subenfiteuses, subordinando as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil
anterior.
Sobre o possuidor a qualquer título, podemos dizer que é aquele que possui algum dos poderes sobre a
propriedade. Citemos, como exemplo, o que a adquire pela usucapião.
Com efeito, se na sua prova cair que os “posseiros” podem ser considerados contribuintes do ITR, você deve
considerar a questão CORRETA!
Por último, destaque-se que, de acordo com o STJ (REsp 1.144.982/PR), se o imóvel é invadido, não se faz
possível a cobrança do ITR, tendo em vista que há perda do domínio e dos direitos inerentes à propriedade.
4 – Lançamento
5 – Síntese do ITR
Trata-se do único imposto expressamente previsto na CF/88, cuja competência ainda não foi exercida pela
União.
No que se refere ao instrumento normativo que deve ser utilizado para a instituição do IGF, alguns
doutrinadores alegam que o art. 153, VII, apenas menciona a necessidade de lei complementar para dispor
sobre aspectos gerais do imposto, sendo que a lei instituidora poderia ser lei ordinária.
No entanto, lembre-se de que quando estudamos as espécies tributárias, vimos que os impostos terão os
seus fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes discriminados em lei complementar (art. 146, III, a, da
CF/88).
Sabendo-se que tal regra já foi imposta lá no art. 146, não faria qualquer sentido deixar expresso no art. 153,
VII, algo que já havia sido previsto em outro dispositivo constitucional. Com base nisso, e é o que você deve
levar para a sua prova, concluímos que o IGF deve ser instituído por lei complementar.
Por fim, vale ressaltar que, como o IGF não consta como exceção aos princípios da anterioridade e
noventena, caso venha ser instituído algum dia, somente produzirá efeitos após o decurso de tais prazos.
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RESUMO DOS ASSUNTOS MAIS IMPORTANTES
Imposto de Importação
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO
Competência: União
Finalidade: Extrafiscal
Fato Gerador: Entrada de produtos estrangeiros em território nacional
Base de Cálculo: Se alíquota específica: unidade de medida adotada pela lei;
Imposto de Exportação
IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO
Competência: União
Finalidade: Extrafiscal
Fato Gerador: Saída de produtos nacionais ou nacionalizados do território nacional
Base de Cálculo: Se alíquota específica: unidade de medida adotada pela lei;
IMPOSTO DE RENDA
Competência: União
Finalidade: Fiscal
Fato Gerador: Renda: produto do capital, trabalho ou ambos
IOF
Competência: União
Finalidade: Extrafiscal
Fato Gerador: Crédito e câmbio: valor entregue ou posto à disposição;
Trata-se de imposto de competência da União, ainda não instituído. Sua instituição só pode ocorrer
por meio de lei complementar, conforme estabelece o art. 153, VII, da CF/88. A alteração de suas
alíquotas não constitui exceção aos princípios da legalidade, anterioridade anual e nonagesimal.