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Aula 03

DIREITO TRIBUTÁRIO:

Aula 02:

- COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA:

A competência tributária configura na verdade a outorga de Poder concedida pela


Constituição Federal aos Entes Federativos (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) para eles criarem e majorarem tributos.

Então, competência tributária é em suma a competência para criação e majoração do


tributo.

Cuidado: A Constituição Federal não cria e nem majora tributos; ela dá este Poder aos
entes federativos.

Então, apenas os entes federativos tem este poder de criação ou majoração.

PARALELO:

Não podemos confundir:

Competência Tributária X Competência para legislar o Direito Tributário

Vejamos:

A Competência Tributária vem primeiro. Ela cria o tributo.

Concordemos que a partir do momento que o tributo é criado haverá toda uma relação
jurídica em torno desse tributo que foi criado? Então, é a partir desse momento que
nasce a competência para legislar o Direito Tributário.

A Competência para Legislar o Direito Tributário: consiste na competência para


criar regras/ normas, em razão das relações jurídicas tributárias decorrentes dos tributos
que foram criados.

Como assim – criado um tributo, nasce uma relação jurídica e, quem vai legislar, criar
regras sobre esta relação jurídica é a competência para legislar o Direito Tributário.

A competência para legislar o direito tributário tem previsão no artigo 24 da CF e,


dispõe ser uma competência concorrente entre União, Estados e Distrito Federal.

É, portanto, uma competência concorrente, cabendo à União legislar sobre as normas


gerais de Direito Tributário e aos Estados e DF apenas suplementar no que for
pertinente.
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Obs: em que pese o caput do artigo 24 da CF mencionar que trata-se de


competência concorrente entre União, Estados e Distrito Federal, devemos
esclarecer que cabe à União legislar sobre as normas gerais de Direito Tributário e
cabe aos Estado e ao Distrito Federal apenas suplementar esta legislação se for o
caso.

Obs 2: O artigo 24, §2º da CF dispõe que quando a União deixar de legislar sobre
um assunto que é de sua competência, os Estados e o Distrito Federal passarão a
ter a competência plena sobre aquele assunto.

Olhem o que aconteceu com o IPVA:

O IPVA que é o imposto sobre a propriedade de veículos automotores veio bem depois
da criação do CTN e, por isso, não há previsão deste tributo no CTN. E, como não tem
previsão no CTN, a União não legislou no caso, a competência passou para os Estados e
DF.

Cada Estado então passou a legislar sobre o seu próprio IPVA.

Os contribuintes questionaram a constitucionalidade disto, mas o STF, pautado pelo


artigo 24, §2º da CF.

OBS: No caso, se a União deixar de tratar sobre uma matéria e o Estado vier a tratar,
caso no futuro a União quiser vir a tratar deste assunto ela pode, porém, neste caso, a
legislação Estadual criada ficará com sua eficácia SUSPENSA, prevalecendo a lei
federal.

Então, não haverá revogação da legislação estadual, e sim, a sua suspensão.

OBS 2: E os municípios?? Não tem competência para legislar sobre direito tributário
não?

Até tem. De acordo com o artigo 30 da CF, os municípios terão competência para
legislar o direito tributário com relação aos assuntos de interesse local e, também, para
suplementar a legislação federal, estadual e distrital no que lhe couber.

É correto dizer então, que o Município tem competência para legislar sobre Direito
Tributário?

Sim. Desde que seja para tratar sobre assuntos de interesse local e para suplementar a
legislação federal, estadual e distrital. Por força do artigo 30, I e II da CF.

Assim, completamos tudo de mais relevante sobre a parte de competência para legislar o
Direito Tributário.

-Voltando para a Competência Tributária:

Então, nós já vimos que o conceito de Competência Tributária é o poder de criar ou


majorar um tributo.
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Agora passemos à análise das principais características da Competência Tributária.

A Competência Tributária possui 05 principais características:

Eu trouxe as 5 mais relevantes.

1- INDELEGABILIDADE: a competência tributária é indelegável, ou seja,


intransferível.

A Constituição Federal dá o poder para os entes federativos criarem os tributos.

A CF mesmo quem escolhe quais serão os tributos criados por cada ente federativo. Isto
porque o ente federativo além de ter uma autonomia política ele também tem que ter
uma autonomia financeira e econômica.

A regra no nosso ordenamento jurídico é que o ente federativo que cria o tributo fique
com o dinheiro da sua arrecadação para si.

Por isso que a CF já escolhe quais seriam os tributos de cada ente federativo, de modo
que esta competência seja indelegável.

Se foi delegado à União a criação de um tributo, somente a União poderá fazê-lo.

-Vamos ver quais são os tributos de cada ente federativo:

Analisando primeiramente os impostos:

A- IMPOSTOS:

- Art. 153 e 154 da CF – impostos de competência da União.

- Art. 155 da CF – impostos de competência dos Estados e Distrito Federal.

- Art. 156 da CF – impostos de competência do Município.

O artigo 153, CF nos apresenta 07 impostos de competência da União.

Dica: PERITO

IPI – imposto sobre produtos industrializados

IE – imposto sobre exportação

IR – imposto de renda

II – imposto sobre importação

ITR – imposto sobre a propriedade territorial rural

IOF – imposto sobre operações financeiras

IGF – imposto sobre grandes fortunas


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Estes 7 impostos são de competência da União.

Observem que até hoje a União não criou o IGF.

Daí eu pergunto: Se a União não criou o IGF, poderia o Estado, o DF ou o Município


criar este imposto?

Jamais não é! Porque a primeira característica da competência tributária é que ela é


indelegável.

No caso, somente a União pode criar o IGF. A Constituição nos diz isto.

- Ainda, o artigo 154, CF nos dá mais 02 impostos que são de competência da União:

A - Imposto residual

B -Imposto Extraordinário de Guerra

O artigo 155, CF enumera 03 impostos de competência dos Estados e Distrito Federal:

- IPVA: imposto sobre a propriedade de veículos automotores.

- ICMS: imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços.

- ITCMD: imposto sobre transmissão causa mortis ou doação de quaisquer bens ou


direitos.

No artigo 156 da CF temos os impostos de competência Municipal: também são 03.

-IPTU: imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana.

-ISS: imposto sobre serviços.

-ITBI: imposto de transmissão de bens imóveis.

PARALELO: Importante entender também que existe a competência cumulativa como


diz o artigo 147 da CF.

Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o


Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais;
ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.

Distrito Federal não é dividido em territórios e, diante deste artigo nós temos que todos
os impostos que são de competência dos municípios também serão de competência do
Distrito Federal.

Assim, o Distrito Federal tem competência para criar os impostos que são de
competência dos Estados e também dos Municípios, por força do artigo 147, da CF.
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-Continuando o estudo da competência das espécies tributárias:

2- TAXAS: com relação às taxas, podemos afirmar que se tratam de competência


comum, porque todos os entes poderão criá-la.

3- CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA: também de competência comum. Todos os


entes poderão criá-las.

4- CONTRIBUIÇÃO: antes de responder quem tem a competência para criar a


contribuição precisamos esclarecer um ponto.

Atualmente nós temos tantas contribuições no nosso ordenamento jurídico que a


contribuição se tornou um gênero, digamos assim.

Nós temos 04 espécies de Contribuições:

A- Contribuições Sociais: CS

B- Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico: CIDE

C- Contribuições de interesse de categoria profissional ou econômica: CRM, CRA,


CREA

Obs: A jurisprudência entende que a OAB diferencia-se dos demais conselhos


profissionais porque, além de exercer a defesa e a fiscalização da classe dos advogados,
possui função constitucional indispensável à administração da justiça, classificando-se
como autarquia "sui generis" (único em seu gênero), não submetida às regras aplicáveis
à administração pública. Por este motivo, os valores cobrados a título de anuidade não
têm natureza tributária.

D- COSIP: Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. Também


conhecida como CIP – contribuição de iluminação pública.

Regra, é que as contribuições sejam criadas pela União; competência privativa da


União – artigo 149, CF.

Porém, existem 02 exceções a esta competência privativa:

Existem 02 contribuições que não necessariamente serão criadas pela União:

A- Contribuição Social Previdenciária do Servidor Público: artigo 149, §1º da CF:

Esta contribuição será criada pelo ente a que pertencer este servidor público.

ATENÇÃO: a exceção se dá somente sob a contribuição social previdenciária do


servidor público.
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As demais contribuições sociais do servidor público serão criadas pela União mesmo.
Competência privativa. Ex: contribuição social saúde do servidor público – competência
da União.

B- Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública – COSIP: artigo


149-A, CF.

Esta contribuição será criada apenas pelos Municípios e pelo Distrito Federal.

5- EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO: É de competência privativa da União.

Assim, nós vimos o que é Competência Tributária; entendemos quais são os entes
federativos competentes para criar cada tributo e que a sua principal característica é a
indelegabilidade.

Antes de adentrarmos nas demais características da competência tributária, importante


distinguir:

Competência Tributária X Capacidade Ativa Tributária:

Competência Tributária já sabemos que é o Poder de criar ou majorar um tributo e


que a sua principal característica é a indelegabilidade destes poderes de majoração e
criação.

Já a Capacidade Ativa Tributária: consiste nas atribuições de arrecadar e fiscalizar e


executar normas e decisões de um tributo.

Capacidade Ativa Tributária = arrecadar/ fiscalizar/ executar normas/ decisões de um


tributo. Estes poderes são cumulativos.

O artigo 7º do CTN fala que estes poderes poderão ser delegados para outra pessoa
jurídica de Direito Público.

Atenção: A competência Tributária (criar/majorar) tributos é indelegável; Porém, a


capacidade ativa tributária (arrecadar tributo, fiscalizar tributo, executar
normas/decisões de um tributo) poderá ser delegada a outra pessoa jurídica de
Direito Público, por força do artigo 7º do CTN.

Ex: é o que acontece com o ITR. O ITR é um imposto de competência da União, logo,
quem detém a competência tributária para criar ou majorar o ITR é a União, certo! Ela,
não pode delegar esta competência (privativa).

Porém, o artigo 153, §4º, III da CF determina que a União poderá passar para o
Município os poderes de arrecadar e fiscalizar este tributo.
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Então, a competência tributária do ITR é da União e, a sua capacidade ativa tributária é


do Município.

Neste caso, prestar atenção, porque a Constituição não está passando a Competência
Tributária da União para os Municípios, mas somente a capacidade ativa.

A competência é indelegável.

Outro exemplo se dá quanto às contribuições de interesse de categoria profissional ou


econômica.

Estas contribuições estão previstas no artigo 149 da CF como já vimos e, no caso, são
arrecadadas e fiscalizadas pelo próprio Conselho Regional.

Quando acontece esta delegabilidade da capacidade ativa tributária, devemos observar


algumas considerações feitas pelo artigo 7º do CTN:

§1º: diz que junto com a capacidade ativa tributária, vão também as garantias e
privilégios processuais, ou seja, por exemplo, se a União tiver alguma garantia ou
privilégio processual que o Município não tenha, estes também valerão para o
Município.

§2º: diz que a capacidade ativa tributária pode retomar ao ente que detém a competência
tributária a qualquer tempo e de forma unilateral.

Em 2007 ocorreu um caso em que a União pegou de volta para si a capacidade ativa
tributária sobre as contribuições sociais previdenciárias.

Até 2007 quem arrecadava e fiscalizava as contribuições sociais previdenciárias era o


INSS e, a partir de 2007, com a Lei 11.457, criou-se o que muitos chamaram de
“SÚPER RECEITA”.

Isto foi legal, devido ao disposto no artigo 7º, § 2º do CTN.

ATENÇÃO:

O § 3º do artigo 7º do CTN dispõe que:

-Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado,


do encargo ou da função de arrecadar tributos.

O que este artigo quer dizer? Quer dizer que um pessoa jurídica de direito privado pode
ter a função de arrecadar um tributo e, neste caso, não se está delegando a capacidade
ativa tributária.
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Para que a pessoa tenha a capacidade ativa tributária, ela deve arrecadar e fiscalizar o
tributo e, neste caso, a pessoa jurídica de direito privado somente tem a função de
arrecadar o tributo, o que demonstra que ela não recebeu a capacidade ativa tributária.
Ela só tem a função de arrecadar, algum ente pediu para ela arrecadar.

Um exemplo disso está na relação entre Empregador e Empregado, quando o


Empregador paga o salário ao Empregado, se for um salário de 10.000,00 por exemplo,
a lei determina que o empregador faça a retenção do IRRF (imposto de renda retido na
fonte). Assim, o empregado receberá seu salário já descontado o IR.

Porém, o empregador não fica com este IR que foi retido, ele repassa no caso para a
UNIÂO. O empregador apenas arrecada o imposto para evitar possíveis prejuízos à
União, com possíveis sonegações.

Então, neste caso, não é delegado nem a competência tributária e nem a capacidade
ativa tributária de um tributo à pessoa jurídica de direito privado.

Continuemos à análise então das características da Competência Tributária:

2-FACULTATIVIDADE: esta característica significa dizer que o ente federativo cria


ou majora um tributo se ele quiser. Ele tem esta faculdade.

A questão se dá pelo descrito no artigo 145 da CF: que determina que o Ente Federativo
“PODE” criar ou majorar tributos.

Por isso então a facultatividade.

Tanto isso, que a União até hoje não criou o IGF, porque a competência para cria-lo é
facultativa.

OBS: E com relação à Lei Complementar 101/2000, que é a Lei de responsabilidade


fiscal?

A lei de responsabilidade fiscal diz que a Competência Tributária é obrigatória. Porém,


entre a Lei complementar e a nossa Constituição Federal prevalece a CF! A CF é
hierarquicamente superior à LC. E a CF diz que a competência tributária é facultativa.

DETALHE: o artigo 11 da Lei Complementar 101/2000 determina que a competência


tributária seja obrigatória e, o § único desse artigo diz que o Ente que não criar o tributo
que é de sua competência receberá uma sanção.

Esta sanção é de que o Ente não receberá as receitas tributárias voluntárias.

Mas isto não seria inconstitucional? Pq o artigo 145 da CF diz que é facultativo, não
podendo receber sanção pela não criação.
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Neste sentido, o STF ao julgar a ADI 2238, de 21/08/2019 concluiu que o § único do
art. 11 da LC 101/2000 não é inconstitucional.

Ele alegou que se houvesse vedação com relação às receitas tributárias obrigatórias aí
sim seria inconstitucional, mas como é uma vedação com relação à receitas voluntárias,
não caracteriza inconstitucionalidade.

PARALELO: Receita Obrigatória de Repasse X Receita Voluntária de Repasse

Receitas Obrigatórias de Repasse:

Na CF nós temos 1 capítulo chamado de “Repartição das Receitas Tributárias


Obrigatórias” que também pode ser chamada de “Repasse das Receitas Tributárias
Obrigatórias”.

Esta Repartição de Receitas Tributárias determina que alguns entes, com relação a
alguns tributos, terão que repassar uma porcentagem da sua arrecadação para outro ente.

Os artigos que estão relacionados a este tema são:

Artigo 153, §5º da CF e artigos 157 a 159 da CF.

REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

No art. 153,§ 5o da CF – A União é obrigada a repassar 30% da arrecadação do IOF


incidente sobre o ouro ativo financeiro para o Estado, conforme a origem e 70% para o
Município, conforme a origem.

§ 5o - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial,


sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput"
deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento,
assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos:

I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;

II - setenta por cento para o Município de origem.

De acordo com o art. 157 da CF competem aos Estados e Distrito Federal:

a) 100% da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer


título, pelos Estados, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;

b) 20% do produto da arrecadação do imposto residual.

Nos termos do art. 158 da CF competem aos Municípios:

a) 100% da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer


título, pelos Municípios, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e
mantiverem;
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b) 50% do ITR, como via de regra, e 100% do ITR quando o Município detiver a
capacidade ativa tributária, ou seja, a função de arrecadar, fiscalizar esse imposto.

c) 50% do IPVA

d) 25% do ICMS

O art. 159 da CF, prevê que a União entregará 49% da arrecadação do Imposto sobre
Renda e proventos de qualquer natureza (IR) e sobre produtos industrializados (IPI) da
seguinte forma:

a) 21,5% ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal;

b) 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios;

c) 3% para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões


Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter
regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao
semi-árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei
estabelecer;

d) 1% ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro


decêndio do mês de dezembro de cada ano

e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no
primeiro decêndio do mês de julho de cada ano; (Incluída pela Emenda Constitucional
no 84, de 2014)

Os incisos II e III do art. 159 da CF determinam que:

a) 10% da arrecadação do Imposto sobre produtos industrializados será repassado aos


Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações
de produtos industrializados.

b) 29% do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio


econômico prevista no art. 177, § 4º aos Estados e o Distrito Federal, distribuídos na
forma da lei, observada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido parágrafo.

No caso do ITR então, por exemplo, a Constituição diz: Ei União, vamos pegar uma
porcentagem do ITR e passar para os Municípios.

O artigo 158, II da CF determina que a União tem que repassar “no mínimo” 50% da
arrecadação do ITR para o Município em que estiver localizado o imóvel rural.

Obs: o artigo 158, II da CF ainda dispõe que se o Município exercer a Capacidade Ativa
Tributária (arrecadar e fiscalizar o ITR), tiver um convênio para isso, a União terá de
repassar para o Município 100% do produto da arrecadação e não só 50%.
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Todos ou a maioria dos Municípios celebram este convênio para ficar com 100% da
arrecadação.

Atenção: mesmo sem o convênio a União tem que repassar 50% do produto da
arrecadação, por força do artigo 158, II da CF.

Outro exemplo: é o que ocorre com o IPVA.

Nós sabemos que o IPVA é de competência dos Estados e Distrito Federal.

Porém a CF no artigo 158, III, determina que 50% da arrecadação do IPVA seja
destinada para o Município em que estiver licenciado o veículo automotor. O Estado/DF
é obrigado constitucionalmente a repassar 50% do IPVA arrecadado ao Município.

Outro exemplo: o artigo 158, IV também determina o repasse de 25% da arrecadação


do ICMS para o Município.

Então, a regra é que o Repasse das Receitas Tributárias Obrigatórias é


obrigatório.

Porém, o artigo 160 da CF determina 2 possibilidades para não ocorrer esta obrigação:

1- Caso o ente não utilize nada do dinheiro para a saúde.


2- Se o ente que receberia o dinheiro assim como suas autarquias tenham dívida
perante o ente federativo que faria o repasse.

Ex: tomando como exemplo o IPVA, se o Município ou uma autarquia Federal sua
estiver devendo para o Estado, este pode negar o repasse do tributo.

RESUMO: Há o repasse da Receita Tributária Obrigatória como previsto na CF,


porém, autoriza a própria CF que em 2 casos este repasse não aconteça: 1- o Município
não estiver destinando nada do dinheiro para a saúde; 2- se o ente que receberia o
dinheiro, bem como suas autarquias tenham dívida perante o ente que faria este repasse.

Receita Voluntária: o próprio nome diz, o ente repassa sem a menor obrigação de faze-
lo; repassa de bom grado. Não tem previsão legal.

Voltando ao raciocínio anterior, o artigo 11, parágrafo único da LC 101/2000 determina


que o ente que não criar o tributo ao qual tem obrigação não vai receber nenhum repasse
de receita voluntária. E isto não é inconstitucional, pq a receita tributária voluntária não
tem previsão constitucional.

Se fosse vedação ao recebimento da receita obrigatória seria inconstitucional.

Este foi o julgamento da ADIN 2238.

Voltando às características da Competência Tributária:


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3- INCADUCÁVEL: significa que o ente federativo não perde seu direito de criar ou
majorar o tributo.

Como exemplo, mais uma vez, o caso da União que não criou até hoje o IGF. Não tem
problema então, ela pode criar quando quiser porque a competência tributária é
incaducável.

4- INALTERÁVEL (POR LEI INFRACONSTITUCIONAL):

A competência Tributária é inalterável por Lei infraconstitucional, porém poderá ser


alterada por Emenda Constitucional.

Ex: A Contribuição de Iluminação Pública. Uma Emenda à Constituição inseriu o artigo


149-A na Constituição para dizer que os Municípios e o DF tem competência para criar
a Contribuição de Iluminação Pública.

Então, isto é legal. O que não é legal é alterar a competência tributária por meio de lei
infraconstitucional.

Outro exemplo: O IPTU tem previsão no artigo 156, I da CF, que diz que quem vai
pagar o IPTU é o proprietário de imóvel urbano.

Acontece que este imposto também tem previsão no artigo 32 do CTN e, neste
dispositivo já diz outra coisa: diz que quem deve pagar o IPTU é o proprietário ou
possuidor ou detentor de domínio útil de imóvel urbano.

Notamos que o CTN diz mais coisas do que a CF.

Porém, proprietário tem muito mais direitos sob um imóvel do que um possuidor certo?!

Aqui acontece aquele problema que já passei p vocês, de que o CTN é anterior à CF e
neste caso prevalece a disposição da CF que é hierarquicamente superior ao CTN. Neste
caso então, quem deve pagar o IPTU é o proprietário do imóvel urbano.

Porém, isto não significa que podemos ignorar o artigo 32 do CTN.

Este artigo foi recepcionado pela CF para dizer que quem deve pagar o IPTU hoje é o
proprietário do imóvel urbano ou o detentor do domínio útil e ou o possuidor do imóvel,
estes dois últimos casos desde que tenham o chamado “animus domini” que é o animus
de ser dono da coisa.

Então, por conta disso, o possuidor que detém o animus domini do imóvel urbano é
quem será o contribuinte do IPTU. ex: promitente comprador que já esteja na posse do
imóvel urbano (possuidor com animus domini).

5- IRRENUNCIÁVEL:

O ente federativo não pode renunciar a Competência Tributária.


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Ele pode não exercê-la, porque tem a faculdade disto, mas ele tem que aceitar que a
competência é dele.

Ex: a União aceitou que a competência para criar o IGF é dela, porém ela ainda não
exerceu esta competência.

Assim, nós fechamos as 5 principais características da competência tributária:

1- INDELEGÁVEL
2- FACULTATIVA
3- INCADUCÁVEL
4- INALTERÁVEL (por Lei Infraconstitucional – Emenda Constitucional – Sim!)
5- IRRENUNCIÁVEL

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