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MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS

Renato de Pretto
Direito Tributário
Aula 1

ROTEIRO DE AULA

- Instagram: @renatodepretto

O ESTADO E O PODER DE TRIBUTAR E SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

ESTADO E O PODER DE TRIBUTAR (relação jurídico-econômica-tributária)


Não se trata de uma relação de poder de império do Estado, mas sim relação jurídico-econômica-tributária. Tanto é que,
para que o tributo seja criado e cobrado, é indispensável o cumprimento das normas da CF e das leis tributárias.

* ORIGENS DO DIREITO TRIBUTÁRIO


Segundo o professor, o tributo surgiu, sobretudo, para custeio de guerras.

(i) Magna Carta de 1215 (“não há tributação sem prévia representação” ): a Magna Carta do Rei João-Sem Terra traz a
consagração da impossibilidade de tributação sem prévia representação, ou seja, com ela deixa de ser possível a criação
de tributos pelo Rei sem a análise do Parlamento. Assim, a Magna Carta de 1215 instituiu o princípio da legalidade
tributária.

(ii) Lei Tributária Alemã (1919) – sistematização do direito tributário.

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(iii) Brasil: EC 18/65 (aparecimento por meio do “direito financeiro”): Na CF de 1946, o direito tributário aparece com a
EC 18/65.

- Antes da EC 18/65, não havia “sistema tributário” (conjunto harmônico de normas tributárias), mas mero “regime
tributário” (exemplo: problemas relacionados à bitributação, a falta de base econômica e ao planejamento tributário).

- CTN foi editado como LO (Lei 5.172/66), pois a Constituição de 1946 não estabelecia distinção entre LC e LO, o que só
veio a acontecer na CF 1967.

A Lei 5.172/66 cria uma codificação de normas gerais tributárias e é recepcionada como lei complementar em razão do
disposto no 146, III, “b” da CRFB/88.

(iv) dever fundamental do contribuinte: Estado Democrático de Direito, Social e Tributário – Estado Fiscal ou Estado
Tributário.

- Dever de colaboração (princípio da capacidade de colaboração inclusive de terceiros): validação de obrigações tributárias
acessórias e de terceiros (exemplo: arts. 128, 134, 135 e 197 do CTN1).

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CTN, Art. 134. “Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem
solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:
I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles,
em razão do seu ofício;
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório.”
CTN, Art. 135. “São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados
com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.”
CTN, Art. 197. “Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que
disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros:
I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;
II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras;

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- O dever de colaboração decorre do dever fundamental de contribuir/pagar tributos.

CTN, Art. 128. “Sem prejuízo do disposto neste Capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo
crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do
contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.”

Obs.: O professor destaca que uma terceira pessoa pode ser chamada para colaborar com o Fisco em razão do dever
fundamental de pagar tributos.

* Finalidades do direito tributário:


(i) Ensejar arrecadação ao Estado (aplicação da teoria da interpretação econômica) – Possibilitando a formação de
receita pelos entes federados.
(ii) Proteção ao contribuinte – Limitações constitucionais ao poder de tributar.

- Sacha Calmon: O Direito Tributário centra-se na relação jurídica e não na atividade estatal de obtenção de receitas
(Direito Financeiro). Logo, não é Direito do Estado, mas relação jurídica entre sujeitos de direito, permeada pelos
princípios da legalidade e da igualdade.

- Benjamim Franklin: “neste mundo nada está garantido, senão a morte e os impostos”;

- John Marshall: “o poder de tributar envolve o pode de destruir”.

SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO (arts. 145/162, CF)


(i) Conceito: conjunto de normas (princípios e regras) que regula a tributação (ação estatal de exigir tributos).

- A CRFB/88 não cria tributos, ela apenas estabelece normas jurídicas relacionadas à criação dos tributos, que são
instituídos por meio de lei.

III - as empresas de administração de bens;


IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;
V - os inventariantes;
VI - os síndicos, comissários e liquidatários;
VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão.
Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o informante
esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. ”

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(ii) CF na área tributária (“a Constituição não criou tributo”):
1- Discriminou competências tributárias;
2- Classificou os tributos em espécies e subespécies;
3- Traçou a regra-matriz das várias espécies e subespécies tributárias;
4- Apontou as limitações ao “poder de tributar” (“Estatuto do Contribuinte”);
5- Delimitou a repartição de receitas tributárias (arts. 157/162, CF).

- Como a CRFB/88 não cria tributos, ela apenas discrimina as competências tributárias e relaciona quais são os tributos de
cada um dos entes federados, que devem ser criados por meio de lei (do ente competente) em razão princípio da
legalidade tributária (art. 150, §1º da CRFB/88).

COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
(i) Conceito: é a aptidão para criar, em abstrato, tributos. Pertence apenas aos entes federados (U, E, DF e M).

(ii) Criação dos tributos (sempre por lei – art. 150, I, CF):
- No Brasil, a criação de tributos é em regra realizada por meio de lei ordinária, existindo quatro exceções relacionadas a
tributos federais.
▪ Lei Ordinária (regra);
▪ Lei Complementar (exceção) - 4 hipóteses (apenas tributos federais):
- Art. 148, CF (Empréstimos Compulsórios);
- Art.153, VII, CF (Imposto sobre Grandes Fortunas);
- Art.154, I, CF (Impostos Residuais ou Inominados da União);
- Art. 195, § 4º, CF (Contribuições de seguridade social residuais).

ATENÇÃO: apenas a União possui competência para tributos (impostos e contribuições) residuais.

- Hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária? R: Não.


- A lei complementar possui quórum de aprovação de maioria absoluta, ao passo que a lei ordinária possui quórum de
aprovação de maioria de votos nos termos do art. 47 da CRFB/882.

A questão foi analisada pelo STF quando uma lei ordinária (Lei 9.430/96) revogou a isenção prevista no art. 6º, II da LC
70/91 (lei que cria a COFINS). Inicialmente, o STJ entendeu pela existência de hierarquia entre lei complementar e lei
ordinária utilizando como fundamento o quórum qualificado da lei complementar e, por consequência, concluiu pela

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CRFB/88, Art. 47. “Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas
por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.”

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ausência de validade e eficácia da revogação da isenção. Ao analisar a questão, o STF entendeu pela ausência de hierarquia
entre lei complementar e lei ordinária, ainda que a primeira possua quórum de aprovação maior que a segunda, pois a
única distinção entre ambas são os campos próprios de competência/atuação.

Obs.: A criação da COFINS por meio de LC foi uma opção do legislador, uma vez que o art. 195, caput, da CRFB/88 não
menciona expressamente a necessidade de LC. Dessa forma, embora formalmente a lei da COFINS seja lei complementar,
materialmente se trata de lei ordinária, motivo pelo qual pode ser revogada por lei ordinária.

STF, RE-377457: inexistência de hierarquia constitucional entre lei complementar e lei ordinária, espécies normativas
formalmente distintas exclusivamente tendo em vista a matéria eventualmente reservada à primeira pela própria CF. (...)
Com base nisso, afirmou-se que o conflito aparente entre o art. 56 da Lei 9.430/96 e o art. 6º, II, da LC 70/91 não se
resolve por critérios hierárquicos, mas, sim, constitucionais quanto à materialidade própria a cada uma dessas espécies
normativas. No ponto, ressaltou-se que o art. 56 da Lei 9.430/96 é dispositivo legitimamente veiculado por legislação
ordinária (CF, art. 146, III, b, a contrario sensu, e art. 150, § 6º) que importou na revogação de dispositivo inserto em
norma materialmente ordinária (LC 70/91, art. 6º, II).

- O Executivo não possui competência privativa para o início do processo legislativo tributário:
O STF entende que a CRFB/88 não prevê competência privativa do Chefe do Poder Executivo para a apresentação de
projeto de lei tributária, uma vez que a Constituição Federal estabelece a competência privativa do Presidente da
República apenas em relação aos territórios. Assim, a apresentação de projeto de lei tributária possui competência
concorrente do Chefe do Poder Executivo e dos membros do Parlamento (Deputados e Senadores).

STF: A norma não reserva à iniciativa privativa do Presidente da República toda e qualquer lei que cuide de tributos, senão
apenas a matéria tributária dos Territórios.
[ARE 743.480 RG, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 10-10-2013, P, DJE de 20-11-2013, Tema 682.].

STF: A Constituição de 1988 admite a iniciativa parlamentar na instauração do processo legislativo em tema de direito
tributário. A iniciativa reservada, por constituir matéria de direito estrito, não se presume e nem comporta interpretação
ampliativa, na medida em que, por implicar limitação ao poder de instauração do processo legislativo, deve
necessariamente derivar de norma constitucional explícita e inequívoca. O ato de legislar sobre direito tributário, ainda
que para conceder benefícios jurídicos de ordem fiscal, não se equipara, especialmente para os fins de instauração do
respectivo processo legislativo, ao ato de legislar sobre o orçamento do Estado. [ADI 724 MC, rel. min. Celso de Mello, j.
7-5-1992, P, DJ de 27-4-2001.] = RE 590.697 ED, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 23-8-2011, 2ª T, DJE de 6-9-2011.

(FCC - 2019 / TJ-AL / Juiz de Direito) Prefeito Municipal Aristóbulo ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade contra
lei de iniciativa do Poder Legislativo Municipal que acrescentou artigo ao Código Tributário Municipal, concedendo

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isenção do pagamento da Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP) às unidades
consumidoras dos órgãos da Administração direta e indireta do Município, situado no Estado de Alagoas. À luz da
disciplina constitucional pertinente e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, trata-se de ato
A) inconstitucional, pois ocorre vício formal de iniciativa, uma vez que cria despesa sem a correspondente previsão de
custeio para a Administração Municipal.
B) inconstitucional, pois significa alteração de tributo sem lei que o estabeleça.
C) constitucional, diante do reconhecimento da natureza tributária da COSIP, bem como da competência concorrente
para iniciar processo legislativo em matéria tributária.
D) inconstitucional, porquanto caracteriza usurpação da competência tributária da União.
E) inconstitucional, porquanto a isenção da taxa viola a Constituição Estadual de Alagoas, bem como a Constituição
Federal.
Gabarito: C

(iii) Competência para legislar sobre direito tributário (“legislar sobre tributo já instituído”):
Direito tributário é matéria de competência legislativa concorrente entre a União, os estados e DF.

CF, Art. 24, I. “Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;”

- A competência suplementar dos Municípios está prevista no art. 30 da CRFB/88. Assim, os Municípios não possuem
competência legislativa concorrente em matéria tributária como os demais entes.

(iv) Competência tributária para impostos – CF 88:


O professor destaca que, para memorizar os impostos de competência de cada ente, o aluno pode focar nos municipais
(3) e estaduais (3). O restante será de competência da União.

1) Federais (arts. 153 e 154, CF): II, IE, IR, IPI, IOF, ITR, IGF, Impostos Residuais e Impostos Extraordinários;

2) Estaduais e distritais (art. 155, CF): ITCMD, ICMS e IPVA;

3) Municipais e distritais (art. 156 c/c o art. 147, parte final, CF): IPTU, ITBI e ISS.
- Distrito Federal: possui competência cumulativa ou múltipla para os impostos municipais e estaduais (art. 147, parte
final e art. 155, ambos da CF3).

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CRFB/88, Art. 147. “Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em
Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.”
CRFB/88, Art. 155. “Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

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- (2019/FCC/TJ-AL/Juiz Substituto) (2016/MPE-SC/Promotor de Justiça – Matutina)

(v) Características principais da competência tributária:


a) Privativa ou exclusiva (art. 6º, p.ú., CTN): a competência do ente é prevista na CRFB/88 (exemplo: art. 153, VII, da
CRFB/884 - apenas a União pode criar o imposto sobre grandes fortunas).

Neste ponto, privativa e exclusiva são palavras que podem ser utilizadas como sinônimas. O professor destaca, entretanto
que, conforme José Afonso da Silva, no tema “repartição de competências” (direito constitucional), esses temas não
seriam sinônimos.

Art. 6º, CTN. A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena,
ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito
Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei.
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público
pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.

- Súmula nº 69, STF: “A constituição estadual não pode estabelecer limite para o aumento de tributos municipais.”
Se o tributo é municipal, a competência tributária é do município e, portanto, a constituição estadual não pode
estabelecer limite para o aumento de tributos municipais (pois isso violaria a forma federativa de Estado).

b) incaducável (≠ capacidade tributária ativa) – Não há prazo para a criação do tributo. Exemplo: o IGF não foi criado
ainda, mas pode ser criado a qualquer momento.
Cuidado: a capacidade tributária ativa (cobrança do tributo) se submete a prazo decadencial e prescricional.

c) de exercício facultativo (art. 8º, CTN) – O ente federado que recebeu a competência para a criação do tributo não é
obrigado a criá-lo.

Art. 8º, CTN. O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela
a que a Constituição a tenha atribuído.

- Possível exclusão, contudo, de transferências voluntárias (art. 11, p.ú., LC 101/00)

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;


II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
III - propriedade de veículos automotores”
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CRFB/88, Art. 153. "Compete à União instituir impostos sobre: (...) VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.”

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As transferências voluntárias estão proibidas para o ente federado que não cumpriu toda a competência tributária
prevista em lei.

Art. 11, LC 101/00. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva
arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no
que se refere aos impostos.

d) indelegável (art. 7º, CTN) (≠ capacidade tributária ativa).


A criação de tributos é indelegável. Entretanto, a capacidade tributária ativa (cobrança) é delegável.

Art. 7º, CTN. A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou
de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de
direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público
que a conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha
conferido.
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de
arrecadar tributos.

- (2018/VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto)

Classificação e Regra-Matriz das Espécies Tributárias


SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO (arts. 145/162, CF)

CF na área tributária (“a Constituição não criou tributo”):


1- Discriminou competências tributárias;
2- Classificou os tributos em espécies e subespécies;
3- Traçou a regra-matriz das várias espécies e subespécies tributárias;
4- Apontou as limitações ao “poder de tributar” (“Estatuto do Contribuinte”);
5- Delimitou a repartição de receitas tributárias (arts. 157/162, CF).

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ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS – CF 88
O STF entende que a CRFB/88 adota a teoria pentapartida, existindo, portanto, cinco espécies tributárias.

- Adoção da teoria pentapartida ou pentapartite ou quinquipartite ou quinquipartida (STF, RE 146.733):


1) Impostos (art. 145, I) – U, E, DF e M;
2) Taxas (art. 145, II) - U, E, DF e M;
3) Contribuição de Melhoria (art. 145, III) - U, E, DF e M;
4) Empréstimos Compulsórios (art. 148) – só a União pode instituir empréstimos compulsórios.
5) Contribuições Especiais (art. 149 e art. 149-A):
As contribuições especiais se subdividem em quatro espécies:

5.1) Sociais (art. 149, caput, CF):


- Gerais – só U;
- De seguridade social (*) – regra: U (art. 194 da CF – Saúde, assistência social e previdência social).

O art. 149, §1º da CRFB/88 permite a instituição de contribuições previdenciárias por E, DF e M em relação a servidores
ativos, inativos e pensionistas.

5.2) de intervenção no domínio econômico - CIDE (art. 149, caput, CF) – só U;

5.3) de interesse de categorias profissionais/econômicas (art. 149, caput, CF) – só U;

5.4) CIP (ou COSIP) (art. 149-A) – M e DF.

→ Impostos, taxas e contribuição de melhoria:


- Impostos: tributo não vinculado;
Exemplo: o IPVA não se vincula a prestação estatal específica e não está destinado à conservação de rodovias públicas.
- Taxas e contribuição de melhoria: tributos vinculados;
Obs.: A vinculação se refere à existência de prestação estatal.

- Empréstimos Compulsórios e Contribuições Especiais: tributos qualificados pela finalidade ou pela destinação.
O art. 5º do CTN5 deve ser lido à luz da CRFB/88: o CTN é anterior à CRFB/88, que acolheu, de acordo com a jurisprudência
do STF, os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais como espécies tributárias.

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CTN, Art. 5º “Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.”

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Os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais são tributos qualificados pela finalidade ou pela destinação,
de forma que não são classificados como vinculados ou não vinculados.

Exemplo: tributação em razão do custeio do serviço de iluminação pública = COSIP; tributação que possui como finalidade
a concretização dos princípios da ordem econômica previstos no art. 170 da CRFB/88 = CIDE.

- Art. 4º, CTN: derrogação (revogação parcial):


▪ Recepção quanto aos impostos, taxas e contribuição de melhoria (art. 5º, CTN);
▪ Não recepcionado quanto aos empréstimos compulsórios e às contribuições especiais, haja vista a relevância da
destinação legal da arrecadação desses dois tributos.

CTN, Art. 4º. “A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo
irrelevantes para qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.”

O art. 4º, II do CTN foi derrogado (revogado parcialmente) no que tange aos empréstimos compulsórios e as contribuições
especiais, pois neles a destinação deve ser observada.

IMPOSTOS
IMPOSTOS (arts. 16 e ss., CTN)
(i) Conceito – art. 16, CTN: trata-se de tributo não vinculado à atuação estatal.

CTN, Art. 16. “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade
estatal específica, relativa ao contribuinte.”

(ii) O imposto possui caráter contributivo (≠ taxas e contribuição de melhoria, as quais detêm caráter retributivo ou
comutativo): o pagamento do imposto é realizado com fundamento no princípio da contribuição.

(iii) Princípio informador: capacidade contributiva (art. 145, § 1º, CF) - possível aplicação, porém, do princípio da
capacidade contributiva a todas as espécies tributárias (STF, RE 176.382);

CRFB/88, Art. 145, § 1º. “Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade
econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte.”

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- O princípio da capacidade contributiva observa a capacidade do contribuinte - aquele que possui maior capacidade
realiza pagamento maior quando comparado àquele que possui menor condição econômica (exemplo: alíquotas
diferenciadas do imposto sobre a renda).

- O STF entende que o princípio da capacidade contributiva, por ser um princípio geral, deve ser aplicado sempre que
possível a todas as espécies tributárias e não apenas aos impostos.

(iv) Princípio da não-afetação do produto da arrecadação dos impostos (art. 167, IV, CF)
Por esse princípio, o valor arrecadado a título de imposto não pode, como regra, ficar vinculado a órgão, fundo ou despesa.

- A afetação dos impostos é feita pela lei orçamentária anual - a lei não pode, como regra, ao instituir o imposto, vincular
o valor arrecadado a órgão, fundo ou despesa.

- ≠ Taxas (que podem ter citada afetação): as taxas podem ter afetação, ou seja, a lei que as institui pode estabelecer a
vinculação do valor arrecadado a órgão, fundo ou despesa (exemplo: lei estadual de custas e emolumentos, ao criar uma
taxa, pode estabelecer a vinculação do valor arrecadado a órgão do Poder Judiciário).

CRFB/88, Art. 167. “São vedados:


(...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da
arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos
de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária,
como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de
crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; “

STF (ADI 2.059/PR) – vinculação possível quanto às receitas derivadas de taxas:


1. Preceito contido em lei paranaense, que destina 0,2% [zero vírgula dois por cento] sobre o valor do título do imóvel ou
da obrigação, nos atos praticados pelos cartórios de protestos e títulos, registros de imóveis, títulos e documentos e
tabelionatos, ao Fundo de Reequipamento do Poder Judiciário — FUNREJUS não ofende o art. 167, inciso IV, da
Constituição do Brasil. Precedentes. 2. A norma constitucional veda a vinculação da receita dos impostos, inexistindo, na
Constituição, preceito análogo pertinente às taxas. Pedido julgado improcedente.

São constitucionais as normas estaduais que destinam parte da arrecadação obtida com os emolumentos cobrados
pelos notários e registradores para os fundos de financiamento da estrutura do Poder Judiciário ou de órgãos e funções
essenciais à Justiça, como, por exemplo, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Advocacia Pública.

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STF. Plenário. ADI 3704/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/4/2021 (Info
1014).

É inconstitucional lei estadual que destine parcela da arrecadação de emolumentos extrajudiciais a fundos não
dedicados ao financiamento da estrutura do Poder Judiciário ou de órgãos e funções essenciais à Justiça
STF derruba repasse de taxas cartoriais de Goiás para fundos não ligados à Justiça: Plenário considerou que os valores
cobrados pelos serviços notariais e de registro devem financiar somente a estrutura do Judiciário ou de órgãos e funções
essenciais à Justiça – ADI 5.539

(v) Art. 146, III, “a”, CF (uniformidade de incidência tributária): necessidade de lei complementar para Fato Gerador,
Base de Cálculo e Contribuintes dos impostos (*);

CRFB/88, Art. 146. “Cabe à lei complementar:


(...) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos
respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;”

Atenção: O art. 146, III da CRFB/88 se aplica apenas aos impostos.

TAXAS (arts. 77/80, CTN)


(i) Conceito – art. 145, II, CF (*): trata-se de tributo vinculado à prestação estatal.

CRFB/88, Art. 145, II. “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
(...) II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;”

(ii) Espécies:
A- Taxa de Polícia;
B- Taxa de Serviço Público:
trata-se de tributo vinculado à prestação estatal.

O art. 145, II da CF recepcionou as normas dos arts. 77 a 80 do CTN.

- (2017/MPE-PR/Promotor Substituto)

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- Inexistência de taxa de uso de espaços públicos: Recentemente, o STF declarou a inconstitucionalidade da taxa de uso
de espaços públicos (não há previsão na CF).

O uso de espaço público não corresponde à prestação de serviços públicos, de forma que a “taxa de uso de espaços
públicos” não pode ser considerada como taxa de serviço público. Por não se enquadrar no art. 145, II da CRFB/88, a taxa
de uso de espaços públicos foi considerada inconstitucional pelo STF.

Tema n. 261 (RE nº 581.947/RO - Taxa – Ocupação – Poste – Energia), que transitou em julgado em 20/5/2021, com a
seguinte tese:
“É inconstitucional a cobrança de taxa, espécie tributária, pelo uso de espaços públicos dos municípios por
concessionárias prestadoras do serviço público de fornecimento de energia elétrica”.

- Taxa de emissão de guias de recolhimento de tributos?


R: Não.

O STF entendeu pela inconstitucionalidade da taxa de emissão de guias de recolhimento de tributos, por não ser serviço
público específico e divisível.

STF, Tema 721 (Relator(a): MIN. DIAS TOFFOLI, Leading Case: RE 789218) - Constitucionalidade de taxa cobrada em razão
da expedição de guias de recolhimento de tributos.
Tese:
“São inconstitucionais a instituição e a cobrança de taxas por emissão ou remessa de carnês/guias de recolhimento de
tributos”.

(FGV – 2022/ TJ-AP / Juiz de Direito) José recebeu carnê de pagamento de contribuição de melhoria do Município Alfa
referente à obra pública municipal que valorizou seu imóvel rural. Verificou que, no carnê, havia também a
discriminação de pequeno valor de cobrança de taxa relativa ao custo de expedição do carnê, nos termos de nova lei
municipal criadora dessa taxa.
A respeito desse cenário e à luz do entendimento dominante do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que:
A) a expedição de carnê de pagamento de tal tributo não pode ser remunerada por taxa;
B) a expedição de carnê de pagamento de tal tributo pode ser remunerada por taxa, em razão de configurar serviço
público específico e divisível;
C) a expedição de carnê de pagamento de tal tributo pode ser remunerada por taxa, em razão de configurar exercício do
poder de polícia;
D) o Município Alfa não detém competência tributária para instituir tal contribuição de melhoria;
E) o Município Alfa não pode instituir tal contribuição de melhoria referente a imóvel localizado em área rural.

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Gabarito: A

A) Taxa de Polícia (ou Taxa “de fiscalização” – art. 78, CTN):


- Poder de Polícia é o mecanismo de frenagem de direitos fundamentais em prol da coletividade (art. 78, CTN6).
O poder de polícia restringe os direitos fundamentais, geralmente por meio da atividade de fiscalização, motivo pelo qual
é chamado de taxa de polícia ou taxa de fiscalização.
Exemplos: taxa de fiscalização de anúncios; taxa de localização e funcionamento de estabelecimento; TCFA (taxa de
controle e fiscalização ambiental); taxa de fiscalização da CVM (S. 665, STF7); taxa de passaporte.

“Os Estados possuem competência para dispor sobre instituição de taxas de polícia cobradas em função de atividades tais
como: fiscalização e vistoria em estabelecimentos comerciais abertos ao público (casas noturnas, restaurantes, cinemas,
shows); expedição de alvarás para o funcionamento de estabelecimentos de que fabriquem, transportem ou
comercializem armas de fogo, munição, explosivos, inflamáveis ou produtos químicos; expedição de atestados de
idoneidade para porte de arma de fogo, tráfego de explosivos, trânsito de armas em hipóteses determinadas; e atividades
diversas com impacto na ordem social, no intuito de verificar o atendimento de condições de segurança e emitir as
correspondentes autorizações essenciais ao funcionamento de tais estabelecimentos.”
[STF, ADI 3.770, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 13-9-2019, P, DJE de 26-9-2019.]

*Taxa e exercício efetivo do poder de polícia?


A taxa do poder de polícia pressupõe o exercício efetivo do poder de polícia. Entretanto, o STF entende que há exercício
efetivo do poder de polícia quando o ente federado tributante tem órgão fiscalizador devidamente disciplinado e
implementado.

Exemplo: Determinado comerciante recebeu a cobrança de uma taxa de fiscalização de funcionamento de seu
estabelecimento e impugnou a cobrança por não ter sido realizada qualquer fiscalização dentro do ano corrente. Contudo,
o STF entendeu pela existência de presunção do exercício do poder de polícia quando o ente federado tributante possui

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CTN, Art. 78. “Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem,
aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação
dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da
lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio
de poder.”
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Súmula nº 665, STF. “É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários instituída pela Lei 7.940/89.”

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órgão próprio de fiscalização (exemplo: câmera de monitoramento que auxilia na fiscalização do horário de
funcionamento de um estabelecimento).

DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TAXA DE LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO DE
ESTABELECIMENTO. CONSTITUCIONALIDADE. BASE DE CÁLCULO. PROPORCIONALIDADE COM O CUSTO DA ATIVIDADE
ESTATAL DE FISCALIZAÇÃO. PRECEDENTES. 1. Nos termos da jurisprudência da Corte, a taxa de renovação de licença de
funcionamento é constitucional, desde que haja o efetivo exercício do poder de polícia, o qual é demonstrado pela mera
existência de órgão administrativo que possua estrutura e competência para a realização da atividade de fiscalização(...).
(STF; RE 856185; Primeira Turma; Rel. Min. Roberto Barroso; Julg. 04/08/2015; DJE 24/09/2015; Pág. 25).

(VUNESP - 2021 / TJ-SP / Juiz de Direito) No que diz respeito a taxas, é correto afirmar:
A) a simples disponibilização dos serviços, ainda que não de natureza compulsória, admite exigir a taxa de serviço.
B) o simples exercício do poder de polícia não enseja a cobrança da taxa de polícia, mas sim o desempenho efetivo da
atividade dirigida ao administrado. Assim, por exemplo, não é jurídico cobrar taxa de fiscalização se a pessoa política não
mantém órgão fiscalizatório ou não desenvolve tal atividade.
C) o caráter retributivo das taxas também está presente quando fixada e cobrada antecipadamente à disponibilização do
serviço, como forma para sua viabilização.
D) o princípio da capacidade contributiva também é de aplicação obrigatória na instituição das taxas.
Gabarito: B

B) Taxa de Serviço Público (“ou de utilização” – art. 79, CTN): pressupõe a prestação de serviço público específico e
divisível.

- Taxa abrange apenas serviço público singular ou “uti singuli”: o serviço público deve ser específico e divisível - apenas o
serviço público individual e mensurável pode ser objeto de tributação por meio de taxa.

CTN, Art. 79. “Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade
administrativa em efetivo funcionamento;
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades
públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.”

- Referido serviço público, então, tem que ser:

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* Específico (unidades autônomas) e divisível (utilização separada) – art. 79, CTN;
- Serviço público, enfim, individual e mensurável;

- Jurisprudências
- Inconstitucionalidade da taxa de iluminação pública:
A iluminação pública é um serviço público, mas, por não ser específica e divisível, não pode ser cobrada por meio de taxa.
Por esse motivo, o STF declarou a inconstitucionalidade de leis municipais que instituíram a taxa de iluminação pública.

Súmula nº 670, STF. “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.”

Súmula Vinculante nº 41, STF. “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.”

Todavia, a EC 39/2002 cria a contribuição de iluminação pública no art. 149-A da CRFB/88, que foi declarada constitucional
pelo STF.

(CESPE / CEBRASPE - 2021 / MPE-SC / Promotor de Justiça) Acerca de conceitos e definições referentes às espécies
tributárias e de temas afins do direito tributário, julgue o item a seguir.
É permitido obter remuneração de serviços de iluminação pública mediante o estabelecimento de taxa.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito: Errado.

- Limpeza pública e conservação de vias/logradouros públicos: inconstitucionalidade;

- Taxa de segurança pública: inconstitucionalidade (a segurança pública é um serviço público que não é prestado de forma
específica e divisível);

- Taxa de incêndio ou de combate a sinistros: inconstitucionalidade (STF) (*):

- Município e taxa de combate a sinistros:


A segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se, no campo da atividade precípua, pela unidade
da Federação, e, porque serviço essencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município
a criação de taxa para tal fim. (STF, RE 643247/SP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 1º.8.2017).

Essa é a tese do Tema 16 da repercussão geral fixada pelo Plenário — Informativo 866.

- Estado e taxa de combate a sinistros - inconstitucionalidade:

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A atividade desenvolvida pelo Estado no âmbito da segurança pública é mantida ante impostos, sendo imprópria a
substituição, para tal fim, de taxa.
(STF. Plenário. ADI 4411, Rel. Marco Aurélio, julgado em 18/08/2020, Informativo 992).

(CESPE / CEBRASPE - 2021 / MPE-SC / Promotor de Justiça) Acerca de conceitos e definições referentes às espécies
tributárias e de temas afins do direito tributário, julgue o item a seguir.
Os municípios têm competência para criar taxas destinadas ao custeio de atividades de prevenção e combate a incêndios.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito: Errado.

(FGV – 2021/TJ-PR/ Juiz de Direito) Marcos, domiciliado em imóvel próprio localizado no Município Alfa (Estado Beta),
recebeu notificação em 2021 referente ao pagamento de taxa municipal de combate a incêndio quanto a esse imóvel,
bem como outra notificação do Estado Beta cobrando taxa estadual de combate a incêndio. À luz do conceito de taxa
presente na Constituição da República de 1988 e no Código Tributário Nacional, bem como do entendimento do
Supremo Tribunal Federal, tal taxa de combate a incêndio:
A) não poderia ser cobrada nem pelo Município Alfa nem pelo Estado Beta;
B) poderia ser cobrada pelo Município Alfa, por ser o local da situação do imóvel;
C) poderia ser cobrada pelo Município Alfa, em razão da atuação da Defesa Civil Municipal;
D) poderia ser cobrada pelo Estado Beta, ente federado que mantém o Corpo de Bombeiros;
E) poderia ser cobrada tanto pelo Município Alfa como pelo Estado Beta.
Gabarito: A

≠ Coleta domiciliar de lixo - constitucionalidade: SV 19, STF (*);

- (2018/VUNESP/TJ-RS/Juiz de Direito Substituto)

Ainda que questionada sob o fundamento de não ser um serviço público específico e divisível, o STF entendeu pela
constitucionalidade da taxa de coleta domiciliar de lixo.

Súmula Vinculante nº 19, STF. “A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.”

* Natureza jurídica das custas e emolumentos:

(...) II. Custas e emolumentos. Serventias judiciais e extrajudiciais. Natureza jurídica. É da jurisprudência do Tribunal
que as custas e os emolumentos judiciais ou extrajudiciais tem caráter tributário de taxa. III. Lei Tributária. Prazo

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nonagesimal. Uma vez que o caso trata de taxas, devem observar-se as limitações constitucionais ao poder de tributar,
dentre essas, a prevista no art. 150, III, c, com a redação dada pela EC 42/03. Prazo nonagesimal para que a Lei Tributária
se torne eficaz.
(STF; ADI 3.694-7; AP; Tribunal Pleno; Rel. Min. Sepúlveda Pertence; Julg. 20/09/2006; DJU 22/11/2006; Pág. 30).

A natureza jurídica das custas e emolumentos é de taxa de serviço público.

CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL QUE DESTINA 3% DOS EMOLUMENTOS PERCEBIDOS PELOS SERVIÇOS NOTARIAIS E
REGISTRAIS AO FUNDO PARA INSTALAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E APERFEIÇOAMENTO DAS ATIVIDADES DOS JUIZADOS
CÍVEIS E CRIMINAIS. Os emolumentos têm natureza tributária e caracterizam-se como taxas remuneratórias de serviços
públicos (não incidência do art. 167, inc. IV, da CF). A cobrança de parcela do valor total desses emolumentos para a
formação de fundo de desenvolvimento da Justiça local é cabível, uma vez que o Poder Judiciário tem competência
constitucional de fiscalizar os atos praticados pelos notários, oficiais de registro e prepostos. Pedido de liminar indeferido.
(STF; ADI-MC 2129; MS; Tribunal Pleno; Rel. Min. Eros Grau; Julg. 10/05/2000; DJU 11/03/2005).

(iii) Base de cálculo das taxas – art. 145, § 2º, CF


- Custo da atividade estatal

Art. 145, § 2º, CF. As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Art. 77, p.ú., CTN. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto, nem
ser calculada em função do capital das empresas.

- É admissível o cálculo das custas judiciais com base no valor da causa, considerando que se respeita a correlação com o
custo da atividade prestada, e desde que haja a definição de valores mínimo e máximo:

É legítima a cobrança das custas judiciais e das taxas judiciárias tendo por parâmetro o valor da causa, desde que fixados
valores mínimos e máximos.

A fixação desses valores mínimos e máximos deve ser feita para se atender ao entendimento sumulado do STF:
Súmula 667-STF: Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor
da causa.
(STF, Plenário, ADI 5688/PB, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 22/10/2021) (Info
1035).

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É inconstitucional norma estadual que institui sanções processuais diversas da legislação federal para litigantes que
abusem do seu direito à prestação jurisdicional e um procedimento mais restritivo para requerer o benefício da gratuidade
de justiça. Isso porque compete à União legislar sobre direito processual (CF/1988, art. 22, I) e já existe, no Código de
Processo Civil, expressão legislativa exaustiva sobre a matéria. Além disso, as custas e os emolumentos classificam-se
como tributo da espécie taxa, cuja aplicação é direcionada ao sistema de justiça e, por essa razão, não podem ter como
fato gerador principal um ato ilícito.
É constitucional norma estadual que fixa custas processuais mais elevadas para causas consideradas de alto valor ou
alta complexidade. Com efeito, há pertinência entre o valor das custas e o custo do serviço judicial prestado, o que se
revela como efetiva progressividade tributária. No entanto, a determinação de “dobra de custas” sem a necessária
correlação entre o valor da taxa e o custo dos serviços prestados constitui afronta ao texto constitucional (CF/1988, art.
145, II). Portanto, se o critério adotado é a qualidade do usuário do serviço, resta evidente a falta dessa referibilidade.
Com base nesses e em outros entendimentos, o Plenário, por unanimidade, julgou parcialmente procedente a ação para
declarar a inconstitucionalidade dos arts. 15-A; 15-B, caput; e 15-F a 15-I da Lei 3.350/1999, e arts. 135-D a 135-H do
Decreto-Lei 5/1975, acrescidos respectivamente pelos arts. 1º e 2º da Lei 9.507/2021, todos do Estado do Rio de Janeiro.
(STF, ADI 7063/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 3.6.2022).

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