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Direito Tributário

(Alterado por Antonio Cabral Junior)

Ponto 1

O Sistema Tributário Nacional

• Conceito: conjunto de normas jurídicas constitucionais que disciplinam a tributação em caráter nacional. Para
alguns, incluem-se as normas jurídicas infraconstitucionais.
• Constituição Federal: traz normas de estrutura do STN e competência dos entes da Federação
• Código Tributário Nacional: traz normas gerais, em atendimento ao art. 146 da CF/1988
• Leis ordinárias: editadas por cada um dos entes da Federação no exercício de suas competências, para a
instituição e regulação de cada um dos tributos
• Normas infralegais: regulamentação

1.2 Limitações constitucionais ao poder de tributar

• O poder de tributar está associado à competência tributária, que é de titularidade da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios. É o poder de criar tributos em abstrato.
• Como esse poder de invasão patrimonial tem índole compulsório, é imprescindível a existência de
balizamentos constitucionais, que são as limitações ao pode de tributar, as quais se referem aos princípios
constitucionais tributários e às imunidades tributárias.

PRINCÍPIOS:

a) Princípio da legalidade: a criação e majoração de tributos só pode ser feita por lei. Exceção para a majoração de
alíquotas: II, IE, IOF, IPI (alíquotas fixadas por decreto, dentro dos limites fixados em lei), CIDE-combustíveis
(o Poder Executivo pode reduzir e restabelecer as alíquotas) e ICMS ST (Substituição Tributária) sobre
combustíveis (alíquotas fixadas por convênio celebrado entre Estados e DF – CONFAZ) Não há mais ressalva
para a CPMF, cuja alíquota, fixada diretamente pela CF, podia ser alterada pelo Executivo.
o A EC 32/2001 veio constitucionalizar a medida provisória como meio adequado para criar ou aumentar
tributo. No entanto, antes mesmo da EC, a STF entendia ser a MP veículo normativo hábil a criar ou
majorar tributos.
o O princípio restringe-se aos elementos do tributo previstos no art. 97 do CTN (fato gerador, base de
cálculo, alíquotas, sujeitos, penalidades, disciplina relativa ao crédito tributário e à obrigação
tributária), salvo exceções constitucionais acima mencionadas.
o Segundo o STF, não estão sujeitas à reserva legal as seguintes matérias: a) obrigações acessórias; b)
prazos para pagamento de tributos; c) correção monetária da base de cálculo.
o Alguns tributos devem ser instituídos por lei complementar: imposto sobre grandes fortunas,
empréstimos compulsórios, impostos residuais da União e contribuições sociais residuais da União.

b) Princípio da isonomia: também conhecido como princípio da igualdade, veda o tratamento tributário
diferenciado para pessoas que estão na mesma condição. Não há exceções constitucionais a este princípio. A
CF foi explícita, ainda, ao dispor ser vedado aos entes tributantes instituir tratamento desigual entre
contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação
profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos
ou direitos. Isso significa que pessoas em condições diferentes podem ter tratamento tributário diferente, senão
vejamos:

TRF da 5ª Região – VIII Concurso para Juiz Federal – Pontos para a prova oral – Autor: Alexandre Henry Alves
 Tratamento jurídico diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim
definidas em lei, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas,
tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.
 As contribuições sociais previstas no inciso I do caput do art. 195 poderão ter alíquotas ou
bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de
mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
 È admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País (art. 151, I).

o Vale frisar que o STF tem jurisprudência consagrada segundo a qual não é possível ao Judiciário, por
força da isonomia, atuar como legislador positivo para colmatar lacunas que representam
inconstitucionalidades decorrentes de exclusão discriminatória de benefício tributário, sob pena de
violar o princípio da separação dos poderes.
o São desdobramentos do princípio da isonomia:
 Princípio da interpretação objetiva do fato gerador, ou princípio non olet (arts. 118 e 126 do
CTN).
 Princípio da capacidade contributiva.

c) Princípio da irretroatividade: a nova lei só alcança fatos geradores futuros. Não alcança fatos geradores
totalmente concluídos, mas alcança fatos pendentes (art. 105 do CTN). Exceção: quando a lei tratar de
penalidades, extinguindo-as ou reduzindo-as, ou quando a lei for meramente interpretativa. O STF vem
entendendo que se nós tivermos uma lei no período do ano aumentando IR, ela é aplicável e tem incidência na
declaração de renda. Súmula 584: Ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se
a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.

d) Princípio da anterioridade: É vedado cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada
a lei que os instituiu ou aumentou. Diz respeito à publicação, não à vigência da lei. Não se aplica quando
benéfica ao contribuinte. Há duas modalidades – anterioridade de exercício e anterioridade nonagesimal (ou
mitigada). Na primeira, exige-se que a lei que institua ou aumente o tributo tenha sido publicada no exercício
anterior. Na segunda, exige-se uma vacatio legis de 90 dias. Há exceções aos dois prazos:

• Anterioridade de exercício: II, IE, IPI, IOF, CIDE-combustíveis (no que tange apenas ao
restabelecimento da alíquota), Empréstimo Compulsório para custear guerra ou calamidade, impostos
extraordinários de guerra, ICMS (só alíquotas) e contribuições sociais.
• Anterioridade nonagesimal: II, IE, IOF, Imposto de Renda, Empréstimo Compulsório para custear guerra
ou calamidade, impostos extraordinários de guerra, alterações da base de cálculo do IPVA e IPTU.

• Anterioridade e MP: MP que implique instituição ou majoração de impostos, exceto o II, IE, IPI, IPF e o IE
de guerra só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o
último dia daquele em que foi editada. Não se aplica tal regra a outros tributos, só impostos.
• O prazo de 90 dias da anterioridade nonagesimal, segundo o STF, é contado da data de publicação da MP,
não havendo interrupção sempre que ela for convertida sem alteração substancial.
• Para o STF, a modificação do prazo para pagamento é exigível de imediato, pois não é aumento.
• Para o STF, o princípio em tela é cláusula pétrea.
• Não existe mais o princípio da anualidade (CF/46), em que se exige a prévia autorização orçamentária.
• Revogação de isenção e anterioridade: segundo o art. 104, III do CTN, lei que extinga ou reduza isenção
relativa a imposto sobre o patrimônio ou a renda entra em vigor apenas no exercício seguinte. O STF, no
entanto, tem precedentes no sentido de que a revogação de isenção não se submete à anterioridade
tributária. Revogada a isenção, o tributo pode ser imediatamente exigível. Cabe ressaltar, porém, que esses
precedentes versavam, no caso concreto, sobre o antigo ICM (atual ICMS), que é imposto sobre a produção
e circulação, enquanto que o CTN trata de imposto sobre patrimônio e renda.

e) Princípio do não-confisco: veda a exigência de tributos que tenham caráter confiscatório, sendo tal termo de
difícil definição. Porém, pode-se adotar a definição de confisco como sendo a exigência tributária que
inviabiliza a existência ou o desenvolvimento das pessoas jurídicas, ou que priva as pessoas físicas de suas

TRF da 5ª Região – VIII Concurso para Juiz Federal – Pontos para a prova oral – Autor: Alexandre Henry Alves
necessidades básicas. Por isso o STF já decidiu que o caráter de confisco deve ser avaliado não apenas em
função de um determinado tributo, isoladamente, e sim tendo em conta a totalidade da carga tributária
suportada pelo contribuinte em face de um Ente Político.

f) Princípio da liberdade de tráfego: o trânsito de pessoas e mercadorias não pode ser restringido por meio da
imposição de tributos. Obs.: pedágio pode, pois é previsto constitucionalmente.

g) Princípio da uniformidade geográfica: a tributação deve ser uniforme em todo o território geográfico do ente da
Federação, mas são permitidos os incentivos fiscais para desenvolvimento regional.

h) Princípio da não-discriminação tributária em razão da procedência ou do destino dos bens : não pode haver
discriminação só porque o bem vem deste ou daquele lugar. Procura evitar a “guerra fiscal”.

i) Princípio da capacidade contributiva: sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte. Isso significa que quem pode mais, paga mais. A maioria dos
autores entende que esse princípio só se aplica aos impostos ditos “pessoais” (ex.: Imposto de Renda, não o
ITR). Tal princípio, na CF/46, aplicava-se aos tributos, de forma genérica, e não apenas aos impostos, como na
CF/88. As técnicas mais importantes para sua efetivação são:

• a) autorização legal para exclusão, da base de cálculo, de gastos essenciais (deduções): procura-se
tributar somente a renda disponível.
• b) progressividade: significa incidência de maiores alíquotas quanto maior for a base de cálculo. Os
impostos progressivos, segundo a CF, são:
- o IR (art. 153, §2º, I)
- o IPTU: antes da EC 29/00, a progressividade variava apenas com base na função social da
propriedade (art. 182, §4º, II). Após, passou a poder variar com base no valor do imóvel,
seu uso e localização (art.156, §1º, I e II). Súmula 668, STF: É inconstitucional a lei municipal
que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o
IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana.
- o ITR: progressividade com o fito de desestimular a manutenção de propriedades
improdutivas, trazida pela EC 42/2003 (art. 153, §4º, I). Tem caráter extra-fiscal, para
prestigiar a função social da propridade.

j) Princípio da vedação às isenções heterônomas: é vedado à União instituir isenções de tributos da competência
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A CF, por óbvio, pode trazer exceções. O STF entende
que tratados internacionais podem conceder isenções relativas a tributos da competência dos Estados ou
dos Municípios, pois, nesses casos, a União não é mero ente federado da ordem interna, mas a pessoa que
representa o Estado brasileiro na ordem externa.

IMUNIDADES: são normas constitucionais de estrutura que delimitam a competência tributária, impedindo a
atuação do legislador

a) Imunidade recíproca: é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos
sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. A regra é extensiva às autarquias e às fundações, no que
se refere ao patrimônio, renda ou serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou delas decorrentes. Trata-
se de cláusula pétrea, fundada no pacto federativo.
• Imunidade do ente público como contribuinte de fato: A jurisprudência do STF já decidiu nos dois
sentidos, que existe a imunidade e que inexiste.(Baleeiro, limitações), O Ministro Bilac Pinto
posicionou contrariamente a imunidade como contribuinte de fato, na doutrina Paulo de Barros
Carvalho também é contra. A argumento favorável é de que a imunidade é matéria constitucional, não
podendo, assim, valer-se de sutilezas o legislador ordinário, instituindo um contribuinte de direito que
não seja o que expressou a capacidade econômica, em fraude à disposição constitucional (Aliomar
Baleeiro é favorável a imunidade). Ver mais a respeito no ponto 03, na parte relativa ao IPI.
• O STF entendeu que o Estado está amparo pela imunidade recíproca quando faz aplicações no
mercado financeiro

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b) Imunidade religiosa: é vedado instituir impostos sobre templos de qualquer culto, regra que abrange apenas o
patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as atividades essenciais das entidades. Fundada na
liberdade religiosa. O STF tem uma visão ampla, reconhecendo imunidade de imóveis alugados, desde que o
produto seja revertido em prol das atividades essenciais. No caso de ICMS, havia acirrada controvérsia, mas o
STF entendeu pela não incidência do imposto nas vendas de mercadorias, desde que o lucro fosse destinado às
finalidades do templo.

c) Imunidade dos partidos políticos e sindicatos dos trabalhadores: é vedado instituir impostos sobre o patrimônio,
a renda e os serviços relacionados com as atividades essenciais dos partidos políticos, inclusive suas fundações,
e das entidades sindicais dos trabalhadores (não abrange sindicatos patronais). Súmula 724, STF: Ainda
quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas
pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de
tais entidades. A idéia tem sido estendida a outras hipóteses de imunidade.

d) Imunidade das instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos: é vedado instituir impostos
sobre o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais dessas entidades,
atendidos os requisitos da lei. A doutrina entende que os requisitos devem estar previstos em lei complementar.
O art. 14 do CTN delineia o conteúdo da expressão “sem fins lucrativos”. No caso das entidades de assistência
social, existe outra regra específica de imunidade, aplicável a todas as contribuições de seguridade social, desde
que atendam às exigências legais (art. 195, §7º). Não se aplica às entidades de previdência social privada,
quando exista contribuição por parte do futuro beneficiário. Súmula 730, STF: A imunidade tributária
conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente
alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.

e) Imunidade cultural: é vedado instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão. Conforme STF, não alcança o serviço de composição gráfica, nem a renda da entidade. Alcança,
todavia, os serviços prestados pela empresa jornalística na veiculação de anúncios e propagandas, desde que
estejam impressos no corpo do jornal ou do periódico (folheto separado, não). A extensão da imunidade a
publicações em meios eletrônicos, a softwares, CD´s, DVD´s ou qualquer outro meio que não seja o papel não
é aceita pelo STF. Súmula 657, STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

ALCANÇA NÃO ALCANÇA


As operações de importação, produção e circulação Os rendimentos decorrentes das atividades das
de bens enunciados como imunes (IPI, II e ICMS) empresas que produzem ou comercializam os bens
imunes
Papel fotográfico, inclusive para a fotocomposição Publicações em meio diferente de papel
por laser, e papel para telefoto
Filmes fotográficos, sensibilizados, não Tinta, solução de base alcalina concentrada e
impressionados, para imagens monocromáticas quaisquer máquinas, utilizados na impressão ou
fabricação dos bens imunes
Películas de polímero de propileno utilizadas em Tiras de plástico para amarrar jornais
capas de livros, integrando-se ao produto final
Listas telefônicas, ainda que veiculem anúncios e Encartes ou folhetos de propaganda comercial
publicidade separados do corpo do jornal e distribuídos com ele
Serviço de veiculação de anúncios e propaganda em Calendários, manuais ou papéis impressos de
jornais e revistas, impressos em seu corpo propaganda mercantil, industrial ou profissional
Apostilas didáticas e álbuns de figurinha Agenda de anotações

f) Outras imunidades:

• Imunidade das receitas decorrentes de exportação a contribuições sociais e de CIDE. Afasta apenas as
contribuições cujo fato gerador seja obtenção de receita (não a CSLL e a CPMF).

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• Imunidade ao ITR das pequenas glebas rurais definidas em lei, quando as explore o proprietário que
não possua outro imóvel.
• Imunidade do ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, que se
sujeita apenas ao IOF e à CPMF.
• Imunidade ao ICMS de operações que destinem mercadorias para o exterior e sobre serviços prestados
a destinatários no exterior.
• Imunidade ao ICMS nas prestações de serviços de comunicação nas modalidades de radiodifusão
sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita
• Imunidade a todos os impostos nas operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de
reforma agrária.

1.3 Repartição de competências

• Impostos: a competência é discriminada exaustivamente na Constituição, que faculta apenas à União Federal
criar impostos residuais, mas por lei complementar, não-cumulativos e desde que não incidam sobre a mesma
base de cálculo ou fato gerador dos demais impostos já discriminados.
• Taxas: a competência é concorrente, ou seja, todos os entes podem instituir taxas, bastando que tenham
competência para prestar o serviço ou exercer o poder de polícia (ex.: taxa de emissão de passaporte só a União
Federal pode criar, pois só ela tem a competência para tanto).
• Contribuições de melhoria: competência concorrente. Institui a contribuição de melhoria o ente de realiza a
obra pública.
• Empréstimos compulsórios: competência exclusiva da União Federal.
• Contribuições gerais: a competência é, em regra, da União Federal. Exceção para as contribuições para
iluminação pública, de competência dos municípios e do DF, bem como para o custeio da previdência dos
servidores.

• Impostos:

o Federais: Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre Produtos Industrializados,


IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio, Seguros e Títulos e Valores Mobiliários), Imposto
sobre a Renda, Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, Imposto sobre Grandes Fortunas,
impostos residuais, impostos extraordinários.
o Estados: Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, ICMS (imposto sobre operações
relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior),
Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doações de quaisquer bens e direitos.
o Municípios: Imposto sobre Serviços, Imposto sobre a Propriedade Territorial e Predial Urbana,
Imposto sobre a Transmissão “Inter Vivos” por ato oneroso de bens imóveis e direitos reais sobre
imóveis (exceto os de garantia).

Terminologias de competências tributárias para os impostos:

COMPETÊNCIA É a competência “exclusiva” da


Todos os entes políticos
PRIVATIVA entidade impositora.
É a competência “remanescente”
COMPETÊNCIA dada com exclusividade à União
Só a União tem a competência residual
RESIDUAL para a instituição de impostos
“novos”.
É a competência afeta à União no
COMPETÊNCIA tocante à instituição do IMPOSTO
Só a União tem a competência extraordinária.
EXTRAORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIO DE
GUERRA (IEG – artigo 154, CF)
COMPETÊNCIA É a competência afeta aos DF
CUMULATIVA IMPOSTOS no DF e nos territórios. (artigo 155, caput, c/c artigo 147, in fine)
(impostos estaduais e municipais)

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TERRITÓRIOS
Com municícipios Sem municípios
União é competente para a União competente para
instituição dos impostos a instituição dos
federais, estaduais e impostos federais e
municipais estaduais

• Competência extraordinária – regras gerais:


o Guerra externa ou sua eminência: são circunstâncias que permitem a criação do imposto, mas jamais
serão seus fatos geradores.
o Terão a mesma hipótese de incidência, base de cálculo e fato gerador de imposto ordinário já instituído
pela União, Estados, DF ou Municípios; ou seja, ele é repetitivo, é uma clonagem tributária, que vai
conviver, simultaneamente, com o imposto ordinário ou residual já existente. Ou seja, poderá haver a
bitributação (quando duas pessoas exigem tributo do mesmo sujeito passivo sobre a mesma hipótese de
incidência) e o bis in idem (quando a mesma pessoa exige tributos sobre o mesmo fato gerador).
o Não exige não-cumulatividade.
o Devem ser transitórios, mas podem perdurar por 5 anos depois da celebração da paz (art. 76 do CTN).
o Podem ser instituídos por lei ordinária ou MP.
o Não se submetem ao princípio da anterioridade simples e nonagesimal.

• Competência residual – regras gerais:


o Pode ser utilizada a qualquer tempo.
o Exige lei complementar.
o Exige não-cumulatividade
o Exige inovação do fato gerador e base de cálculo
o São permanentes (não há exigência de natureza temporária)
o Submetem-se ao princípio da anterioridade e à noventena.

1.4 Delegação de arrecadação

• A competência tributária é indelegável.


• Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função
de arrecadar tributos.
• Ou seja: é possível delegar a arrecadação, inclusive para pessoas jurídicas de direito privado, como acontece
usualmente em relação aos bancos, que formam a rede arrecadadora.
• Não é delegação de fiscalização! Só de arrecadação.
• É revogável a qualquer tempo por ato unilateral.

1.5 Definição de tributo

Tributo é toda:

• prestação pecuniária: dar dinheiro


• compulsória: ou seja, é prestação obrigatória, não-facultativa, não-contratual
• em moeda ou sujo valor nela possa se exprimir: não pode ser em algo que não seja economicamente
apreciável ou que não possa ser transformado em pecúnia. Podem-se utilizar indexadores (ex. UFIR)
• que não constitua sanção de ato ilícito: não se paga tributo como punição, pelo contrário, o fato gerador do
tributo é sempre lícito, embora possa derivar de uma causa ilícita (teoria do “non olet”: não importa a
ilegalidade da atividade que deu origem ao fato gerador, o tributo será cobrado ainda assim – não como
sanção, mas simplesmente porque ocorreu o fato gerador. Ex.: a renda obtida por um agenciador de
mulheres é tributável pelo IR)

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• criada por lei: lei aqui é no sentido de norma produzida pelo Poder Legislativo (ex.: lei ordinária) ou que
passe pelo seu crivo para ter validade permanente (ex.: medida provisória)
• cobrada mediante atividade administrativa: quem exige o tributo é a Administração Pública, por meio de
seus servidores, não podendo o tributo ser instituído e fiscalizado por entidades privadas
• plenamente vinculada: a atividade de imposição de tributos é vinculada, não havendo espaço para a
discricionariedade (ocorrido o fato gerador, o tributo deve ser obrigatoriamente exigido e nos exatos termos
determinados pela lei).

1.6 Espécies de tributos

• A corrente doutrinária clássica (escola tricotômica), baseando-se no Código Tributário Nacional, entendia
haver apenas três espécies tributárias. Para diferenciá-las, bastava analisar a hipótese de incidência:
o impostos
o taxas
o contribuições de melhoria

• A visão mais moderna do Direito Tributário, inclusive com respaldo do STF, reconhece a existência de cinco
espécies (classificação qüinqüipartida), com base na Constituição Federal:
o impostos
o taxas
o contribuições de melhoria
o contribuições sociais
o empréstimos compulsórios

• A jurisprudência do STF firmou-se antes de existir a contribuição de iluminação pública (CIP), introduzida
pela EC 39/2002. Não se sabe, ainda, se será considerada pelo STF uma sexta espécie tributária ou se será
classificada no gênero das contribuições.

• Imposto: tributo não vinculado a qualquer contraprestação estatal específica, que tem a finalidade de custear
serviços públicos gerais e universais (uti universi), não remunerados por taxas
• Taxa: tributo cobrado pelo exercício regular do poder de polícia ou pela prestação, efetiva ou potencial, de
serviços públicos.
• Contribuição de melhoria: tributo cobrado em decorrência da valorização de imóvel particular em virtude de
uma obra pública.
• Empréstimos compulsórios: tributo restituível e vinculado a causas específicas (guerra ou sua iminência,
calamidade, investimentos públicos urgentes e relevantes).
• Contribuições sociais: tributos cujo produto da arrecadação tem destinação específica.

• Outras classificações:
o Tributos vinculados: fato gerador é alguma atividade específica do Estado relativa ao contribuinte.
o Tributos não vinculados: fato gerador não é nenhuma atividade específica do Estado direcionada ao
contribuinte.

o Tributos de arrecadação vinculada: receita está previamente destinada ou afetada a determinado órgão,
fundo ou despesa.
o Tributos de arrecadação não vinculada: não há prévia vinculação constitucional do produto de sua
arrecadação

o Tributos de natureza fiscal: têm por finalidade preponderante arrecadar dinheiro e prover de recursos o
Estado.
o Tributos de natureza extrafiscal: têm finalidade diversa da simples obtenção de recursos.

TRF da 5ª Região – VIII Concurso para Juiz Federal – Pontos para a prova oral – Autor: Alexandre Henry Alves
o Tributos diretos: o contribuinte eleito pela lei é aquele que, efetivamente, suporta o ônus.
o Tributos indiretos: o contribuinte eleito pela lei (contribuinte de direito) é o que tem a obrigação de
efetuar o pagamento do tributo, mas não é ele quem, efetivamente, suporta o ônus tributário, que é
repassado a um terceiro (contribuinte de fato).

o Tributos reais: são os que a lei valoriza, objetivamente, a operação ou o bem envolvidos na relação
jurídica tributária, desconsiderando as características pessoais do contribuinte.
o Tributos pessoais: são os que a lei valoriza as características pessoais do contribuinte, para o fim de
determinar o alcance da imposição tributária.

o O CTN divide os impostos em quatro grupos, a saber (com as devidas atualizações, de acordo com a
CF): a) impostos sobre o comércio exterior (II e IE); b) impostos sobre o patrimônio e a renda (IR,
ITR, IGF, IPVA, ITCD, IPTU, ITBI); c) impostos sobre a produção e a circulação (IPI, ICMS, IOF E
ISS); d) impostos especiais (IEG).

1.7 Discriminação constitucional das rendas tributárias

• Trata-se de uma expressão genérica que abrange a partilha entre a União, os Estados, o DF e os municípios do
poder de tributar, ou seja, a competência para instituir tributos e legislar sobre eles, bem como a distribuição da
receita tributária, que é a divisão entre os entes da Federação do produto da arrecadação do tributo por um deles
instituído.
• Repartição de competências: já visto acima.

• Repartição de receitas tributárias (sempre ocorre do ente federado maior para o menor):

a) Taxas: pertencem a quem instituiu.


b) Contribuições de melhoria: pertencem a quem instituiu.
c) Empréstimos compulsórios: pertencem exclusivamente à União, mas devem ser restituídos ao contribuinte.
d) Contribuições Sociais:
• sobre os rendimentos dos servidores, para custeio da previdência: pertencem ao ente que
instituiu a contribuição;
• CIDE-combustíveis:
o União Federal: 71%
o Estados: 29%
o Municípios: 25% do valor repassado aos Estados

e) Impostos:

• Imposto sobre a Renda:


o 21,5 % vai para os Fundo de Participação dos Estados (FPE)
o 22,5% vai para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM)
o 3% são destinados a custeio de programas de desenvolvimento das regiões NO, NE e Centro-
Oeste
o Retido dos servidores: o IR pertence ao ente que fez a retenção
• IPI:
o 21,5 % vai para os Fundo de Participação dos Estados (FPE)
o 22,5% vai para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM)
o 3% são destinados a custeio de programas de desenvolvimento das regiões NO, NE e Centro-
Oeste
o 10% para os Estados, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos
industrializados (desse montante, ¼ deve ser repassado aos municípios)
• ITR:
o União Federal: 50%

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o Município onde se localiza o imóvel: 50%
o Obs: município fica com 100% se assinar convênio com a União Federal para arrecadar e
fiscalizar o ITR
• IOF sobre o ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial:
o 30% para o Estado da lavra
o 70% para o município da lavra
• Impostos residuais:
o 80% para União
o 20% para Estados
• IPVA:
o 50% para o Estado
o 50% para o município de emplacamento
• ICMS:
o 75% para o Estado
o 25% para os municípios, sendo:
 ¾ com base no valor adicionado
 ¼ de acordo com o que dispuser a legislação estadual

• Proíbe-se, como regra, a retenção dos valores a serem repartidos. Exceções:


a) a possibilidade de a União e os Estados condicionarem a entrega dos recursos ao pagamento de seus
créditos, inclusive de suas autarquias;
b) a possibilidade de a União e os Estados condicionarem a entrega à aplicação de recursos mínimos no
financiamento da saúde pública.

• Classificam-se, comumente, as participações das unidades no produto da arrecadação dos impostos como
diretas e indiretas, sendo as últimas efetivadas por meio de fundos de participação ou fundos compensatórios.

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