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Direito Tributário

parte geral
Profª. Msc Anna Dolores Sá Malta

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Considerações iniciais

 Os arts. 145 a 162 da CF disciplinam o Sistema Constitucional Tributário.


Aqui, é muito importante a leitura dos dispositivos mencionados, pois
muitas questões são a literalidade da lei.

CONCEITO Clique para adicionar texto


 O Sistema Constitucional Tributário é um conjunto de normas jurídicas
(princípios e regras) que regula a tributação. Em outras palavras, trata-se
da ação estatal de instituir e exigir tributos.
Função da Constituição em matéria Tributária

 Inicialmente, importante consignar que a Constituição Federal não criou tributos, mas sim trouxe a
estrutura do Direito Tributário, com as hipóteses que autorizam a sua criação pela lei.
 Entende-se por competência tributária a aptidão para criar tributos. Coube à Constituição indicar os
entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) que podem criar determinado
tributo (por meio de lei). Por exemplo, a CF determina que a competência do IPTU (Imposto sobre
Propriedade Territorial Urbana) é dos Municípios.
 Obs.: Em regra, os tributos são criados por meio de lei ordinária. Contudo, há quatro casos (apenas
de tributos de competência da união) em que a criação dependerá de lei complementar, quais
sejam: empréstimo compulsório, imposto sobre grandes fortunas, impostos residuais da
união e contribuições de seguridade social residuais.
 A diferença entre lei ordinária e lei complementar está no processo legislativo constitucional. Por
exemplo, o quórum de aprovação da lei ordinária é simples, basta a maioria dos presentes; já a lei
complementar exige quórum qualificado, maioria absoluta. Ademais, quando a CF faz referência
apenas à lei, trata-se de lei ordinária. As matérias reservadas à lei complementar trazem a previsão
expressa.
 Importante consignar que, de acordo com o STF, não há hierarquia entre lei ordinária e lei
complementar. Há campos de atuação específicos delimitados pela Constituição.
Legislar sobre Tributos
 Obs.: A competência tributária (aptidão para criar tributos) não se confunde com a
competência para legislar sobre Direito Tributário que é da União, dos Estados e do DF
(competência concorrente).
 Pertinente, ainda, apontar as quatro características da competência tributária, quais
sejam:

• Privativa ou exclusiva – como a Constituição indicou exatamente o ente responsável pela


criação do tributo, não pode ser ele criado por outro ente. Por exemplo, a União é o ente
responsável pela criação do imposto sobre grandes fortunas, não pode um Estado criar tal
tributo, mesmo diante da inércia da União (até hoje não foi criado).
• Incaducável – a criação de um tributo não se submete a prazo, a qualquer momento o ente
federado poderá criar o tributo que lhe foi outorgado pela Constituição. Como exemplo, cita-se
o imposto sobre grandes fortunas ainda não criado, mas isso não retira a competência da
União para fazê-lo;
• Exercício facultativo – o ente federado possui discricionariedade (juízo de conveniência e
oportunidade) para criar ou não o tributo, nos termos do art. 8º do CTN;
• Indelegável – a competência tributária não pode ser delegada pelo ente que a recebeu da
Constituição. Por exemplo, a União é competente para criar o imposto sobre grande fortuna
não poderá delegar aos Municípios a competência para a criação.
Classificação de Tributo

 A Constituição apontou os tributos, suas espécies e suas subespécies.


 Segundo o STF, adotando a Teoria Pentapartida, há cinco espécies
tributárias, quais sejam: impostos, taxas, contribuições de melhoria,
empréstimos compulsórios e contribuições especiais.
Continuação
 A seguir breves observações sobre as espécies tributárias. Lembrando que em momento
oportuno haverá o estudo detalhado.
 1. Há quatro espécies de contribuições especiais:
a) CIP ou COSIP – para fins de custeio de iluminação pública, competência apenas dos Municípios
e do DF;
b) De interesse de categorias profissionais e econômicas – também chamadas de contribuições
corporativas. São as contribuições dos conselhos de fiscalização profissional (anuidades), a exemplo
do CREA, do CRM. Criadas por meio de lei federal, de competência da União;
c) De intervenção no domínio econômico (CIDE) – competência da União. Sua finalidade é
concretizar os princípios previstos no art. 170 da CF. Cita-se, como exemplo, a contribuição especial
para o INCRA, para o SEBRAE;
d) Sociais – subdividem-se em:
 o Gerais – são destinadas a diversas áreas, a exemplo da contribuição do salário-educação. É
de competência da União.
 o De seguridade social – é destinada as áreas da seguridade social (saúde, assistência social e
previdência social). Em regra, é criada apenas pela União. Contudo, os Estados, o DF e os
Municípios possuem competência para instituir contribuições previdenciárias sobre os seus
servidores.
 Destaca-se que a competência dos Estados, DF e Municípios não possuem competência para
instituir contribuições para saúde e para a assistência social (STF já declarou algumas leis
estaduais inconstitucionais). Somente podem criar contribuições previdenciárias de seus
Limitação ao Poder de tributar – Delimitação das repartições
tributárias.

 As limitações ao poder de tributar compreendem os princípios constitucionais tributários e as


imunidades tributárias.
 Igualmente, analisaremos em tópico específico.
 A delimitação da repartição das receitas é objeto de estudo do Direito Financeiro, prevista nos
arts. 157 a 162 da CF.
 Obs.: quando cobrado em provas, o tema tende a ser a literalidade dos artigos da Constituição.
Por isso, é de extrema importância que você leia e releia os dispositivos mencionados.
 A seguir breves considerações acerca dos dispositivos constitucionais.
 O art. 157 da CF trata da repartição direta das receitas pertencentes aos Estados e ao DF, a
primeira hipótese refere-se ao IR sobre os servidores (100% vai para o referido ente, que retém
na fonte) e a segunda hipótese refere-se aos impostos residuais (20% será destinado aos
Estados e ao DF).
 Importante destacar que em eventual ação de repetição de indébito, a União será parte ilegítima.
Como os Estados e o DF ficam com 100% da arrecadação do IR são as partes legítimas.
Súmula 447 do STJ – Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de
restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores.
Delimitação das repartições
tributárias (continuação...)

 O art. 158 da CF trata da repartição de receitas destinadas aos municípios, ficando com
100% do valor de IR retido dos seus servidores e dos servidores de suas autarquias.
 Destaca-se a Súmula 447 do STJ também se aplica aos municípios.
 Além disso, receberá, no mínimo, 50% do ITR dos imóveis localizados em seu território,
bem como 50% do valor arrecadado com IPVA licenciados em seu território. E, por fim,
25% do que for obtido com ICMS.
Delimitação das repartições tributárias
(continuação...)

Art. 159 da CF
 Trata-se de participação em fundos, a repartição poderá ser direita ou
indireta.
 Em primeiro lugar, tem-se a repartição do IR e do IPI para os Estados e DF,
na fração de 49%. Além disso, conforme as exportações, a União repartirá
10% do IPI, não podendo ultrapassar 2% por Estado. Por fim, 29% do que for
arrecado com a CIDE combustíveis ou CIDE petróleo, serão distribuídos aos
Estados e DF.
 Conforme entendimento do STF (Tema 653), a isenção de IPI e IR poderá
diminuir a repartição de receitas.
TEMA 653 STF (RE 705.423) – É constitucional a concessão regular de
incentivos, benefícios e isenções discais relativos ao Imposto de Renda e
Imposto sobre Produtos Industrializados por parte da União em relação ao Fundo
de Participação de Municípios e Respectivas quotas devidas às Municipalidades.
Delimitação das repartições
tributárias (continuação...)
 Art. 160 da CF - Prevê a proibição de retenção ou restrição de
repasses, ressalvadas as hipóteses do parágrafo único.
 Art. 161 da CF - Caberá a Lei Complementar dispor sobre as
repartições de receita tributária.
 Art. 162 da CF - Por fim, trata da divulgação dos valores arrecadados,
consagrando o princípio da publicidade, da transparência.
Limitações ao poder de tributar
 Conforme disposto no art. 146 da CF, a regulamentação ao poder de
tributar será feita por meio de lei complementar.
 Salienta-se que qualquer lei ordinária que trate sobre matéria destinada à
lei complementar será considerada inconstitucional, salvo quando tratar
de aspectos meramente procedimentais referentes à certificação, à
fiscalização e ao controle administrativo
Limitações ao poder de tributar

 Conceito: A limitação constitucional ao poder de tributar é gênero formado por


duas espécies, quais sejam: princípios constitucionais tributários e
imunidades tributárias. Em regra, estão concentradas no art. 150 da CF (rol
exemplificativo). Contudo, ao longo do Texto Constitucional, encontram-se
outras limitações.
 Classificação:
Limitações ao poder de Tributar

 Natureza jurídica: De acordo com o entendimento do STF, as limitações ao


poder de tributar devem ser consideradas como cláusulas pétreas, tendo em
vista que estão relacionadas aos direitos individuais dos contribuintes.
 Objetivos: As limitações ao poder de tributar possuem como objetivo:

• Resguardar a segurança jurídica


• Resguardar a justiça tributária
• Resguardar a liberdade
• Resguardar a federação
Princípios Gerais do Direito
Tributário.

 Antes de estudarmos os princípios constitucionais tributários,


previstos no art. 150 da CF, analisaremos os princípios gerais do
direito tributários:
São eles:
 1. Princípio da segurança jurídica;
 2. Princípio da isonomia
 3. Princípio da capacidade contributiva
 4. Princípio da capacidade de colaboração
 5. Princípio da praticabilidade da tributação
Princípio da Segurança Jurídica
na Tributação
 Conceito: É um subprincípio decorrente do Princípio do Estado Democrático de
Direito, a fim de evitar surpresas. Segundo o STF, trata-se de um sobreprincípio em
matéria tributária, ou seja, servirá de alicerce para todo o Direito Tributário.
 Certeza do direito: Busca evitar excessos e abusos, já que matéria que não é
tributada, por exemplo, não pode passar a ser do dia para noite.
Decorrem da certeza do direito:
• Princípio da legalidade;
• Princípio da anterioridade;
• Princípio da irretroatividade das leis tributárias.
Intangibilidade das posições jurídicas: É o respeito ao ato jurídico perfeito, ao direito
adquirido. Por exemplo, ao assinar um parcelamento de débito tributário, não pode o
fisco querer cancelar, pois está abrangido por um ato jurídico perfeito.
Estabilidade das situações jurídicas: Significa que há tempo determinado para cobrar,
para lançar o tributo, está ligada à prescrição e à decadência.
Devido processo legal: A tributação deve respeitar o devido processo legal (ampla
defesa, contraditório, vedação às provas ilícitas), tanto em seu enfoque formal quanto
substantivo
Princípio da Isonomia
 Sua intenção é proibir diferenciações abusivas, os chamados privilégios odiosos. Contudo, é possível distinções
razoáveis que respeitem a licitude, por exemplo, não são todas as pessoas que irão pagar IR, já que nem todas
auferem renda.
 De acordo com a doutrina, a distinção poderá ocorrer sob o enfoque da capacidade contributiva (quem ganha
mais, paga mais) e para fim extrafiscal, com o objetivo de desestimular determinado comportamento (diminuir
importação, por exemplo).
 O mesmo ocorre com a propriedade, quando não se dá a função social, será possível a cobrança de IPTU
progressivo, com a finalidade de desestimular o comportamento do proprietário (fim extrafiscal).
 O art. 146, III, b da CF permite tratamento diferente, por lei complementar, das micro e pequenas empresas,
exemplo do princípio da isonomia.
 Entendimentos jurisprudenciais:
- Isenção de taxa de inscrição em concurso público para desempregado (ADI 2672): constitucionalidade;
- IR incidente sobre produtos financeiros resultantes de atividades criminosas (STF, HC n° 77.530-RS):
possibilidade;
- Inconstitucionalidade de lei estadual que concedia isenção de IPVA aos proprietários de veículos
destinados a transporte escolar, devidamente regularizados perante uma cooperativa municipal específica
(ADIMC 1655/AP);
- Inconstitucionalidade de lei municipal que pretendeu conceder isenção de IPTU em razão da qualidade de
servidor estadual do contribuinte (AGRAG 157.871-9);
- É INCONSTITUCIONAL lei estadual que concede isenção de ICMS para operações de aquisição de
automóveis por oficiais de justiça estaduais.
- É CONSTITUCIONAL a previsão legal de diferenciação de alíquotas em relação às contribuições
previdenciárias incidentes sobre a folha de salários de instituições financeiras ou de entidades a elas
legalmente equiparáveis, após a edição da EC 20/1998.
Princípio da Capacidade
Contributiva
 O Princípio da Capacidade Contributiva encontra-se previsto no art. 145, §1º da CF.
 Conforme se observa pelo dispositivo legal, há menção apenas a impostos. Contudo, no entender do STF, na
medida do possível, tal princípio deve ser aplicado as demais espécies de tributo.
 A Súmula 677 do STF que prevê um limite para o pagamento da taxa judiciária é clássico exemplo do
princípio da capacidade contributiva. Vejamos: Súmula nº 667, STF: Viola a garantia constitucional de acesso
à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.
 A capacidade contributiva é meio termo, ou seja, compreendida entre o mínimo existencial (vital para a
sobrevivência) e o máximo (tributo com efeito confiscatório).

ASPECTOS
 a) Subjetivo – devem ser levadas em consideração as particularidades do contribuinte.
 b) Objetivo – é retratado nos signos presuntivos de riquezas, ou seja, presume-se a capacidade da pessoa
para o pagamento de tributos pelos sinais de que dispõe patrimônio. Por exemplo, o dono de uma Ferrari,
presumir-se-á sua capacidade para o pagamento de IR.
 c) Proporcional – razoabilidade da tributação, quando ultrapassada gera o caráter confiscatório.

 A Súmula 539 do STF consolidada as explicações acima. Vejamos:


 Súmula nº 539, STF. É constitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre
imóvel ocupado pela residência do proprietário que não possua outro
Concretização do princípio da
capacidade contributiva
 Imunidades: Significa a hipótese de não incidência tributária
constitucionalmente qualificada. Será estudada em tópico próprio.
 O art. 5º, LXXVI da CF, através da imunidade, consagra o princípio da
capacidade contributiva, pois garante a não incidência de taxa.
 Isenção: É a dispensa legal do pagamento do tributo. É uma causa de
exclusão do crédito tributário, nos termos do art. 175 do CTN.
 Seletividade: Quanto mais essencial for o produto ou o serviço menor
deverá ser a tributação. Por isso, os produtos da cesta básica possuem
tributação menor e o cigarro possui uma tributação maior.
 Progressividade: Quanto mais essencial for o produto ou o serviço menor
deverá ser a tributação. Por isso, os produtos da cesta básica possuem
tributação menor e o cigarro possui uma tributação maior.
Princípio da capacidade de
colaboração
 O contribuinte possui o dever fundamental de pagar tributos, até mesmo em
razão do Estado Democrático de Direito, a fim de que os entes federados
desempenhem todas as tarefas públicas previstas na CF.
 Art. 128, CTN. Sem prejuízo do disposto neste Capítulo, a lei pode atribuir de
modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa,
vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a
responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo
do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
Princípio da Praticabilidade da
Tributação
 Indica a necessidade de buscar efetividade à tributação, garantindo direitos dos
contribuintes. E, ainda, assegura a arrecadação e a fiscalização do tributo,
evitando inadimplência e sonegação fiscal.
 Ademais, concretiza-se por presunções, ficções, padronizações, do ponto de
vista prático, na tributação. Por exemplo, substitutos tributários, pautas fiscais,
substituição tributária para frente (RE 593849).
Princípios Constitucionais do Direito
Tributário – Princípio da Legalidade
 Inicialmente, salienta-se que o Princípio da Legalidade também é chamado de:

• Legalidade Absoluta;
• Estrita Legalidade
• Reserva Absoluta de Lei Formal;
• Tipicidade Fechada (cerrada);
• Legaliteridade (Pontes de Miranda) Clique para adicionar texto
 Do ponto de vista histórico, possui sua origem na Magna Carta de João sem Terra, de 1215, em que era vedada a tributação sem
representação.
 Sua previsão encontra-se no art. 150, I da CF.
 Apesar do Texto Constitucional prever apenas “exigir” e “aumentar”, o conteúdo do Princípio da Legalidade não fica restrito à exigência e
ao aumento de tributos, deve-se observar o disposto no art. 97 do CTN (trata-se de um rol taxativo, segundo o STF).
 Portanto, apenas lei poderá: • Instituir tributos; • Extinguir tributos; • Majorar tributos; • Reduzir tributos; • Definir o fato gerador da
obrigação tributária principal; • Definir o sujeito passivo; • Fixar a alíquota do tributo; • Fixar a base de cálculo do tributo; • Cominação,
dispensa e redução de penalidades; • Exclusão, extinção e suspensão do crédito tributário.
 O prazo para o pagamento do tributo está sujeito ao Princípio da Legalidade? As hipóteses do art. 97 do CTN, segundo o
entendimento do STF, estão previstas em rol taxativo. Não há no referido dispositivo menção ao prazo para pagamento do tributo,
portanto, não se exige lei para sua fixação. Desta forma, não há impedimento que seja fixado por meio de um decreto ou de um
regulamento.
 As obrigações tributárias acessórias (fazer, não fazer) estão sujeitas ao Princípio da Legalidade? Não! O art. 97 do CTN trata
apenas da obrigação tributária principal (pagamento de tributo), não faz menção às obrigações acessórias. Portanto, como não estão
previstas nas hipóteses taxativas do dispositivo legal, não se sujeitam ao Princípio da Legalidade, podendo ser instituídas por atos
infralegais.
Mitigações ao Princípio da
Legalidade
 Importante consignar que a expressão “lei” não deve ser confundida com “legislação tributária” que é um termo genérico,
dentro do qual se encontram: a lei, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares
que tratam sobre tributos e relações jurídicas pertinentes.
 As mitigações ao Princípio da Legalidade, também chamadas de Legalidade Flexível, Atenuação ao Princípio da
Legalidade, Exceção ao Princípio da Legalidade (corrente minoritária), são hipóteses em que a fixação da alíquota do
tributo (sempre dentro dos limites mínimos e máximos) não é feita por lei.
 ATENÇÃO! A mitigação refere-se, exclusivamente, às alíquotas. Não se aplica à base de cálculo. Por isso, os arts. 21,
26 e 65 do CTN, que permitem a alteração da BC por ato infralegal, não foram recepcionados pela CF/88.
 Nos termos do art. 153, §1º da CF, o Poder Executivo, desde que observados os limites mínimos e máximos, poderá
alterar as alíquotas do imposto de importação, imposto de exportação do IPI e do IOF.
 Para que ocorra a alteração da alíquota é necessário ato do Chefe do Poder Executivo ou permite-se delegação?
De acordo com o STF, é possível que o Chefe do Poder Executivo delegue a um órgão do executivo federal a
incumbência de alterar a alíquota dos quatro impostos vistos acima. A partir da edição do Decreto n. 3.756/01 (art. 2º,
XII), foi atribuída à CAMEX, criada pelo Decreto n. 1.386/95, a fixação, dentro dos parâmetros legais, das alíquotas dos
impostos de importação e exportação, como um dos instrumentos de política de comércio exterior, atribuição reafirmada
pelos Decretos n. 3.981/01 (art. 2º, XIII e XIV), 4.732/03 (art. 2º, XIII e IV) e 10.044/2019 (art. 7º, III e IV), não havendo
que se falar em ofensa ao disposto nos arts. 153, § 1º e 84, parágrafo único, da Constituição da República, uma vez que
a CAMEX integra o Poder Executivo e a alteração de alíquota do imposto de importação não se encontra entre as
competências indelegáveis do Presidente da República
 Por fim, ressalta-se que a majoração de taxa, por portaria, é inconstitucional.
 Como visto , a taxa é uma das espécies de tributo, portanto, está sujeita ao Princípio da Legalidade. Justamente por isso,
o STF (ADI 1709) entendeu que a instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça afronta o princípio da
reserva legal. Somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das taxas judiciárias.
Legislação Tributária
 Norma tributária em branco é aquela que precisa ser complementada, por exemplo a lei que instituiu a
Contribuição do SAT não trazia a definição de atividade preponderante e nem o risco que era gerado
aos empregados (leve, médio ou grave) a complementação foi feita por ato infralegal.
 O STF entendeu que seria possível a complementação de norma tributária em branco por ato
infralegal, sem violação ao Princípio da Legalidade.
 A lei delegada, prevista no art. 68 da CF, possui força de lei ordinária. Portanto, desde que a matéria
não seja reserva à lei complementar, poderá dispor sobre matéria tributária.
 Decreto ou regulamento delegado: As causas de exclusão, suspensão e extinção do crédito tributário
devem estar previstas em lei. Ocorre que, em determinado Estado, a lei concedeu isenção, mas não
especificou os casos do benefício fiscal para o tributo, apenas estabeleceu, genericamente, a
possibilidade de isenção, que seria preenchida conforme a discricionariedade do Poder Executivo.
Perceba que a referida lei estava delegando ao PE concessão de benefício fiscal, contrariando o
disposto no art. 97 do CTN. Portanto, não é possível.
 Salienta-se que o STF tem autorizado delegação, desde que a lei preveja os requisitos mínimos.
 Além disso, o STF entende que é inconstitucional a delegação, sem parâmetro legal, aos conselhos de
fiscalização de profissões de competência para fixar ou majorar as contribuições de interesse de
categoria profissionais e econômicas.
 Medida provisória: Admite-se, salvo nos casos de matéria tributária reservada à lei complementar (art.
62, §1º, III da CF).
 E a competência para editar leis? Conforme já se manifestou o STF, a matéria tributária não é de
competência exclusiva do chefe do Poder Executivo. Assim, qualquer parlamentar pode apresentar
projeto de lei referente à matéria tributária.
 Obs.: A competência privativa refere-se, unicamente, aos casos de territórios (art. 61, §1º, II, b, da CF).
Princípio da Transcendência fiscal

 Também chamado de princípio da transparência dos impostos ou princípio da


transparência da carga fiscal, previsto no art. 150, §5º da CF.
 Art. 150, § 5º, CF. A lei determinará medidas para que os consumidores sejam
esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.
 Apenas em 2012, com a edição da Lei 12.741/12, o dispositivo constitucional
foi regulamentado. A ideia é dar conhecimento ao consumidor sobre o valor
pago em impostos ao adquirir determinado produto ou serviço.
 Atenção! Esta matéria foi regulamentada por lei ordinária, não violando o art.
146, II da CF.
Lei específica

 Os benefícios fiscais, de maneira geral, devem ser concedidos por


intermédio de lei específica. Ou seja, lei que trata, justamente, do
tributo que está sendo utilizada/dada determinada benesse.

 Uma lei que trata de IR irá conceder os seus benefícios. Não pode uma
lei que discipline a matéria de licitação trazer benefícios relativos, por
exemplo, ao imposto de importação, conforme dispõe o art. 150, §6º da
CF, sob pena de configurar contrabando legislativo.
Correção Monetária

 Inicialmente, destaca-se que a incidência de correção monetária pressupõe previsão


lega. Contudo, a aplicação do índice de correção monetária que, tecnicamente,
aumenta o valor do tributo, não necessitará de lei, nos termos do art. 97, §2º do CTN.
 Os entes federados podem estabelecer índices próprios de correção monetária?
Como Direito Tributário é matéria de competência concorrente, os Estados e o DF
podem ter índices próprios de correção monetária. Os Municípios igualmente, em
razão de sua competência suplementar, podem ter índices próprios relativos aos seus
tributos. Importante, salientar que não podem ultrapassar o percentual superior ao
índice oficial de correção monetária (usado pela União), nos termos da Súmula 160 do
STJ.
 Súmula nº 160, STJ. É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto,
em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.
 Havendo atualização da correção monetária que ultrapasse o índice oficial, será
considerado majoração do tributo, ferindo, consequentemente, o princípio da
legalidade.
Princípio da Irretroatividade
tributária
 A irretroatividade tributária, reflexo da segurança jurídica, está prevista no art. 150, III, “a” da CF.
 Importante consignar que o Princípio da Irretroatividade será aplicado a partir da vigência da lei e
não da data da sua publicação.

Obs.: O Princípio da Anterioridade Tributária considera a data da publicação da lei.

 E a retroatividade tributária? A Constituição não prevê nenhuma hipótese de retroatividade


tributária. Contudo, na seara infralegal, há possibilidade de retroatividade tributária, nos
termos do art. 106 do CTN.
Assim, poderá retroagir:

• A lei que for meramente interpretativa, desde que não aplique penalidade;
• Atos que não foram definitivamente julgados.

Mutação jurisprudencial e irretroatividade tributária: O STJ entende que a mudança na jurisprudência,


em matéria tributária, só poderá ser aplicada aos fatos geradores que ocorreram após a mudança de
orientação. Portanto, fatos geradores ocorridos antes da alteração do entendimento jurisprudencial
não são alcançados, sob pena de violação à segurança jurídica.
Princípio da Anterioridade

 A anterioridade anual está prevista no art. 150, III, b, da CF.


 Perceba que a anterioridade é da publicação da lei, diversamente do que ocorre com a
irretroatividade que é da vigência da lei.
 O conceito de exercício financeiro é dado por lei complementar, nos termos do art. 34 da Lei
4.320/64 (lei ordinária recebida como lei complementar) corresponde ao ano civil (1º de janeiro
até 31 de dezembro).
 Por este princípio, a ideia é evitar surpresa ao contribuinte no pagamento do tributo.
 Humberto Ávila chama de princípio da calculabilidade, em que o sujeito passivo, diante da criação
ou majoração do tributo, terá um tempo para se programar, e, efetivamente, realizar o seu
pagamento.
 Basicamente, a ideia é o pagamento do tributo criado ou majorado apenas no ano seguinte.
 ATENÇÃO! Não se confunde com o extinto princípio da anualidade tributária, segundo o qual,
para a cobrança de tributo, seria necessária a autorização pela lei orçamentária.
 O STF declarou o princípio da anterioridade como cláusula pétrea. Em 1993, a EC 3/93, instituiu o
IPMF (imposto provisório sobre movimentação financeira) garantindo a criação por lei, sendo
desnecessário a observância do referido princípio. Diante disso, alguns contribuintes alegaram a
inconstitucionalidade da EC 03/93, tendo em vista que violava direito individual.
 No julgamento, o STF declarou a inconstitucionalidade de parte da EC 03/93, autorizando a
criação do IPMF pela União, mas devendo respeitar o princípio da anterioridade.
Exceções ao Princípio da
Anterioridade Tributária
 A regra é que uma lei tributária, ao criar ou aumentar um tributo, só passará a exercer
seus efeitos no ano seguinte. Contudo, a própria CF traz algumas exceções, vejamos:
 a) Art. 150, §1º, primeira parte, da CF.
 Assim, ao empréstimo compulsório de calamidade pública ou de guerra externa, ao
imposto de importação, ao imposto de exportação, ao IPI, ao IOF e aos impostos
extraordinários da União (lançados por motivo de guerra) não será aplicado o princípio
da anterioridade anual. Portanto, podem ser exigidos no mesmo exercício financeiro
em que foram instituídos ou majorados.
 b) Art. 155, §4º, IV, c da CF
 c)Art. 177, §4º, I, b da CF
 d) Art. 195, §6º da CF
 Trata-se das contribuições sociais de seguridade social (saúde, assistência social e
previdência), que poderão ser exigidas no mesmo exercício financeiro, desde que
respeitado o prazo de 90 dias (anterioridade especial – veremos abaixo).
Resumindo...
Princípio da Anterioridade mínima, de
90 dias, noventária ou nonagesimal

 Encontra-se no art. 150, III, c, da CF.


 A ideia geral sobre o princípio da anterioridade é a cumulação do previsto nas alinhas b (anual) e
c (nonagesimal).
 A anterioridade mínima, criada para evitar surpresas, foi inserida pela EC 42/2003, tendo em
vista que, muitas vezes, o tributo era criado ou aumentado no último trimestre do ano (03 de
outubro)
 Não se aplica aos casos de mera prorrogação de alíquotas. Ou seja, caso em que se aumenta a
alíquota por um determinado período e, posteriormente, prorroga-se o aumento por mais tempo.
 Exceções a esse princípio:
a) Empréstimo compulsório decorrente de calamidade pública ou guerra externa e sua
iminência;
b) Imposto de importação, imposto de exportação, imposto de renda e imposto sobre
operações financeiras;
c) Fixação de base de cálculo do IPVA e do IPTU.
 Obs.: para a fixação de alíquota deve ser observado, tendo em vista que a exceção é APENAS
para a base de cálculo.
 ATENÇÃO! IPI exceção de anterioridade anual. IR exceção de anterioridade mínima.
Princípio da vedação ao tributo
confiscatório ou razoabilidade da carga
tributária
 Encontra-se positivado no art. 150, IV da CF.
 Conforme prevê a Constituição, veda-se a utilização de TRIBUTO com efeito de confisco.
 A vedação aplica-se à multa tributária (compreendida na obrigação tributária principal)? R: O STF já se
manifestou, entendeu que o inciso IV do art. 150 da CF deve ser interpretado extensivamente, a fim de
que seja vedada a aplicação de multa tributária com a finalidade confiscatória.
 Obs.: O STF considera que não é confiscatória a multa moratória no importe de 20%. Em relação à
multa punitiva, considera que haverá efeito confiscatório apenas quando exceder o montante de 100%
do valor do tributo.
 No Brasil, não há objetividade de quando se tem efeito confiscatório. De acordo com o STF, deve ser
analisado a partir do caso concreto. Ademais, na análise do caso concreto, não se deve considerar o
tributo individualmente, mas sim à luz da carga tributária total (múltiplas incidências tributárias – STF).
 Por meio do princípio da vedação ao efeito confiscatório do tributo, veda-se, igualmente, a aplicação
de sanções políticas ao devedor tributário. Por sanções políticas entende-se qualquer embaraço ao
livre exercício da atividade econômica, tais como interdição de estabelecimento comercial, apreensão
de mercadoria.
 Neste tópico, pertinente a análise das súmulas 70, 323 e 547 todas do STF.
Súmula. 70, STF: É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para
cobrança de tributo.
Súmula. 323, STF: É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para
pagamento de tributos.
Súmula. 547, STF: Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira
Princípio da liberdade do tráfego
de pessoas e bens

Encontra-se positivado no art. 150, V da CF.


 Possui como fundamento o direito de locomoção (direito de ir e vir), previsto
no art. 5º, XV, da CF.
 O ICMS é uma exceção ao referido princípio, bem como o II e o IE.
 Em relação ao pedágio, surge a dúvida acerca de sua natureza, se taxa
(natureza tributária) ou se preço público ou tarifa.
 O STF, inicialmente, ao analisar o caso do selo pedágio determinou que
possuía natureza de taxa de serviço. Portanto, seriam aplicáveis os princípios
tributários. Em 2014, o STF declarou que pedágio não possui natureza jurídica
de tributo, não é taxa. Logo, ao pedágio não são aplicados os princípios
constitucionais tributários, como da legalidade e da anterioridade. Entendeu
que possui natureza de preço público ou de tarifa, seria uma forma de
concessão ou permissão de serviço público, nos termos do art. 175, parágrafo
único da CF (dispõe sobre o sistema tarifário).
Princípio da uniformidade
geográfica

 Tal princípio está disposto no art. 151, I da CF.


 Também chamado de princípio da carga tributária idêntica ou princípio da
limitabilidade da tributação, encontra fundamento no princípio da isonomia (já
estudado).
 A ideia é que o tributo deve ser o mesmo (uniforme) em todo o território
brasileiro. Contudo, poderá haver distinções justificadas para promover o
equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diversas regiões do
Brasil, a exemplo da Zona Franca de Manaus.
 De acordo com o STF, é possível que contribuintes que desempenham a
mesma atividade, mas que estejam em regiões distintas, tenham tributação
diversas.
Princípio da isonomia dos títulos da dívida pública
e da tributação dos rendimentos de seus servidores

 Encontra-se no art. 151, II da CF.


 Também chamado de princípio da “carga tributária idêntica” ou da
“limitabilidade da tributação”, derivado do princípio da isonomia.
Consagra a ideia de igualdade na tributação dos títulos da dívida pública
federal, estadual e municipal, bem como na tributação dos servidores
públicos dos entes federados.
 Em relação ao IR, incide para evitar uma concorrência desleal entre os
entes federados.
 Bom exemplo foi a declaração da inconstitucionalidade do parágrafo
único, do art. 4º da EC 41/03, conhecida como reforma da previdência,
que previa a distinção da cobrança entre os servidores públicos,
determinando que os servidores estaduais, distrais e municipais
pagariam mais contribuição previdenciária.
Princípio da vedação das isenções
heterônomas ou heterotópicas

 Disposto no art. 151, III da CF.


 Significa que a toda e qualquer isenção deve ser autonômica, ou seja, quem cria
o tributo é o único que pode isentá-lo, visa consagrar o princípio federativo.
 Assim, por exemplo, somente o município poderá conceder isenção de IPTU;
somente o estado poderá conceder isenção de IPVA.
 Não confundir com a imunidade que é a não incidência constitucionalmente
qualificada, SEMPRE heterônima.
 Destaca-se que, nos termos da Súmula 178 do STJ, o INSS (autarquia federal)
não poderá gozar de isenção do pagamento de custas e emolumentos da Justiça
Estadual, tendo em vista que estas taxas são instituídas pelos Estados, assim não
poderia a União conceder isenção de um tributo que não é de sua competência.
 Evidentemente, que lei estadual poderá isentar o INSS do pagamento da taxa
judiciária, como ocorre no Estado de SP.
E os tratados internacionais?

 Um tratado internacional celebrado pelo Brasil pode conceder a isenção de tributos estaduais,
distrais e municipais? Os entes federados afirmavam que não, pois a concessão era relativa a
um tributo que não lhe pertencia. Quando a questão chegou ao STF, foi decidido que poderia
haver a concessão das isenções, pois seria uma relação externa, não interna.
 PARA RELEMBRAR: etapas de celebração de um tratado internacional
1) Assinatura do tratado pelo Presidente da República (art. 84, VIII, CF);
2) Referendo pelo Congresso Nacional (art. 49, I, CF);
3) Ratificação (troca ou depósito) pelo PR;
4) Publicação de decreto presidencial, constando em língua portuguesa o texto do tratado
internacional.
Destaca-se que o art. 98 do CTN prevê a revogação da legislação interna por tratado
internacional.
Atualmente, a melhor interpretação é que o tratado internacional suspende a lei interna e não
revoga, pois, havendo denúncia do tratado, a legislação interna não deixa de existir.
Princípio da não discriminação
tributária
 Encontra-se previsto no art. 152 da CF.
 Perceba que se refere apenas aos Estados, DF e Municípios, não se
aplica à União.
 Determinados Estados estipulavam alíquotas diferenciadas para o IPVA
de carros importados, o que foi considerado inconstitucional pelo STF,
por violar o art. 152 da CF.
Imunidade Tributária
 De acordo com o professor Eduardo Sabbag, imunidade tributária é uma norma constitucional de exoneração
tributária, justificada no conjunto de caros valores proclamados na Carta Magna, inibe negativamente a atribuição de
competência impositiva e credita ao beneficiário o direito público subjetivo de “não incomodação” perante o ente
tributante.
 Para melhor compreensão, analisar-se-á cada parte do conceito separadamente.
 Norma constitucional: Significa que possui sede na própria constituição, diferente do que ocorre com as normas
de isenção (possui o mesmo efeito prático: não pagamento), de remissão (perdão) que estão previstas na legislação
infraconstitucional. Por isso, pode-se dizer que a CF contém normas imunizantes, imunizadoras ou imunitórias,
espalhadas ao longo de seu texto. Por exemplo, quando afirma que não incide tributo em uma situação
determinada.
 Norma de exoneração: Significa que possui sede na própria constituição, diferente do que ocorre com as normas
de isenção (possui o mesmo efeito prático: não pagamento), de remissão (perdão) que estão previstas na legislação
infraconstitucional. Por isso, pode-se dizer que a CF contém normas imunizantes, imunizadoras ou imunitórias,
espalhadas ao longo de seu texto. Por exemplo, quando afirma que não incide tributo em uma situação
determinada.
 Norma de valores relevantes: Significa que a não incidência será alicerçada em valores como: liberdade religiosa,
liberdade política, liberdade sindical, liberdade de expressão etc. Percebe-se que estudar imunidade não é estudar
Direito Tributário, mas sim estudar a CF, tendo em vista que estamos diante uma matéria eminentemente
constitucional.
 Norma inibidora de competência impositiva: Significa que a imunidade é a face negativa de competência
tributária. Para alguns, é chamada de “norma de incompetência tributária”.
 Norma de não incomodação: Significa que nada e ninguém poderão contrariar os limites impostos pela norma de
imunidade tributária. Assim, o Poder Executivo, por meio dos auditores-fiscais, nas autuações “não poderá” cobrar
tributos de pessoas imunes. Caso cobre, por entender não ser caso de imunidade, caberá ao advogado tributarista
promover a anulação. Da mesma forma, o Poder Legislativo, representante do povo, não poderá editar leis
ordinárias que desafiem a norma constitucional de imunidades, eis que a norma de imunidade está prevista na CF.
Por fim, não poderá o Poder Judiciário, através das sentenças, deverá zelar pela norma constitucional.
Falsas isenções e Normas
imunizantes
 Há normas na CF que se referem a isenções, art. 195, §7º da CF e art. 184,
§5º da CF, mas, na realidade, tratam de imunidades, conforme STF, STJ e
doutrina, vejamos:
- Art. 184, § 5º São isentas IMUNES de impostos federais, estaduais e
municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados
para fins de reforma agrária.
- Art. 195, § 7º São isentas IMUNES de contribuição para a seguridade
social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei.
 Já as normas imunizantes: A previsão da imunidade tributária não está
restrita a um único artigo. Pelo contrário, as normas que consagram
imunidades encontram-se espalhadas ao longo do texto constitucional, não
se restringem a expressão “são/estão imunes”.
 Lembrem-se: imunidade é a não incidência de tributo.
Exemplos de normas imunizantes

 ART. 149, §2º, I DA CF : Art. 149, §2º As contribuições sociais e de intervenção


no domínio econômico de que trata o caput deste artigo:
 I – não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação.
 Em prova, cobra-se a letra da lei ou uma situação hipotética (historinha).
Segundo o professor, quem sabe a “historinha” sabe a letra da lei, mas a
recíproca nem sempre é verdadeira. Assim, para melhor compreensão do art.
149, §2º, I (que também será analisado posteriormente), segue a história.
 Determinada empresa obtém receita com exportação. A Receita Federal
está exigindo CIDE e contribuições federais sociais, tal conduta é
permitida? R: NÃO! Tendo em vista que a referida empresa é imune, não
podendo ser “incomodada” pela Receita Federal, nos termos do inciso I do art.
149, §2º da CF
Exemplo de normas imunizantes
(continuação...)

 ART. 156, §2º, I DA CF : Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
 §2º - O imposto previsto no inciso II (ITBI)
 I – não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa
jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de
fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil – hipótese de incidência (sublinhado)
 Havendo transferência de bens imóveis, no caso de fusão de duas empresas, não haverá incidência de
ITBI, tendo em vista a norma imunizante. Contudo, não haverá imunidade quando a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, a locação de bens imóveis
ou o arrendamento mercantil.
 A empresa “A” incorporou a empresa “B”, adquirindo, consequentemente, seus bens. Haverá a incidência
de ITBI? R: NÃO! Tendo em vista que a referida incorporação é causa de imunidade tributária.
 A empresa “A”, com atividade preponderante de compra e venda de bens imóveis, fundiu-se com a
empresa “B”, adquirindo, consequentemente, seus bens. Haverá, neste caso, a incidência de ITBI? R:
SIM! Tendo em vista que se trata da ressalva prevista no art. 156, §2º, I da CF, com o intuito de evitar
fraudes
Exemplo de normas imunizantes
(continuação...)
ART. 150, VI DA CF - É o dispositivo mais importe sobre o tema.
 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
 VI - instituir impostos sobre:
 a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
 b) templos de qualquer culto;
 c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais
dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos
os requisitos da lei; Quatro pessoas jurídicas protegidas de impostos.
 d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.
 e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como
os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de
mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013)
Destaca-se que o referido artigo se refere a impostos, portanto, haverá a incidência de outros tributos, tais
como: taxas, contribuição de melhoria.
Espécie de Imunidades
 Analisar-se-á, aqui, os incisos as alinhas do incido VI do art. 150 da CF.
(A) PATRIMÔNIO RENDA OU SERVIÇOS UNS DOS OUTROS
 Trata-se da IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA.
 A União, os Estados, o DF e os Municípios não poderão cobrar impostos uns dos outros.
 Trata-se de uma proteção ao federalismo ou ao pacto federativo ou ao federalismo de equilíbrio ou ao federalismo cooperativo,
consagrando a isonomia entre os entes. De modo sofisticado, pode-se afirmar que se trata da ausência de capacidade
contributiva de pessoas políticas (o patrimônio é da coletividade e não da entidade política).
 Essa imunidade funciona como um instrumento de preservação e calibração do pacto federativo, impedindo que os impostos
sejam utilizados como instrumento de pressão indireta de um ente sobre outro (Min. Joaquim Barbosa).
 Esta alinha veda, por exemplo, que os Estados cobrem IPVA de veículos pertencentes aos Municípios; que estes cobrem IPTU
relativo à propriedade de prédio pertencente à União.
 Impostos afastados
 Não poderá haver a cobrança de impostos que incidem sobre patrimônio (IPTU, IPVA), sobre renda (IR) e serviços (ISS)
 A não incidência é restrita aos impostos sobre patrimônio, renda e serviços? R: NÃO! A proteção deve ser ampla quanto
aos demais tipos de impostos. Assim, por exemplo, o imposto de importação (II) e o imposto sobre operação financeira (IOF)
também podem ser afastados, ainda que não se enquadrem no rol classificatório. O rol classificatório aparece em vários pontos
do texto constitucional, exigindo, em todos eles, a mesma interpretação ampla, na esteira do entendimento do STF: art. 150, VI,
“a” e “c”, CF; art. 150, §§ 2º, 3º e 4º, CF
 Extensão da imunidade recíproca
 A proteção é extensiva às autarquias, fundações públicas, nos termos do §2º do art. 150 da CF, desde que sejam vinculadas a
suas finalidades ou às delas decorrentes.
 Destaca-se que, aqui, a imunidade recíproca será vinculada. Ou seja, o objeto da tributação, para ser imune, deve estar vinculado
a finalidade das autarquias ou fundações públicas, havendo verdadeiro condicionamento.
 Por exemplo, tratando-se de prédio destinado à autarquia, sendo destinado a suas finalidades não haverá incidência de IPTU,
mas, se o prédio não estiver atrelado ao propósito institucional, haverá a tributação.
Espécie de imunidades
(continuação...)

 Imagine que determinada autarquia possui um prédio. O Município cobrou da autarquia IPTU por causa desse imóvel.
A autarquia invocou sua imunidade tributária. O Município respondeu dizendo que a imunidade não poderia ser
aplicada em relação àquele imóvel porque ele não estaria relacionado com as finalidades essenciais da entidade
autárquico. De quem é o ônus da prova da não afetação do bem imóvel com o propósito autárquico ? R: (Dizer o
Direito) O art. 150, VI, “a”, da CF/88 prevê que a União, os Estados/DF e os Municípios não poderão cobrar impostos uns dos
outros. Essa imunidade também vale para as autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público no que se
refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes (art. 150, § 2º
da CF/88). Existe uma presunção de que os bens das autarquias e fundações são utilizados em suas finalidades essenciais.
Assim, o ônus de provar que determinado imóvel não está afetado à destinação compatível com os objetivos e finalidades
institucionais de entidade autárquica recai sobre o ente tributante que pretenda, mediante afastamento da imunidade tributária
prevista no § 2º do art. 150 da CF, cobrar o imposto sobre o referido imóvel. AgRg no AResp. 304.126/RJ (informativo 527).
 Responsabilidade por sucessão imobiliária
 Ainda, dentro da imunidade recíproca, importante tratar da hipótese de responsabilidade tributária por sucessão imobiliária,
prevista no art. 130 do CTN. ] Caso a União torne-se responsável tributário por sucessão imobiliária, os débitos
anteriores, estarão abrangidos pela imunidade recíproca? Haverá imunidade superveniente ? R: (Dizer o Direito) O STF
concluiu que a imunidade tributária recíproca não afasta a responsabilidade tributária por sucessão, na hipótese em que o
sujeito passivo era contribuinte regular do tributo devido. A imunidade tributária prejudica, em certa medida, a expectativa de
arrecadação dos entes federados. Essa perda somente é tolerada pelos entes para satisfazer a outros valores, tão ou mais
relevantes, previstos na Constituição (como o pacto federativo). O instituto da responsabilidade tributária dos sucessores (art.
130 do CTN) protege justamente o Fisco da inadimplência que poderia ocorrer em decorrência do desaparecimento jurídico
do contribuinte. Na sucessão, o sucessor fica tanto com os eventuais créditos, como também com os débitos. Assim, deve
arcar com as dívidas tributárias, ainda que se trate de um ente federado.RE 599.176 (informativo 749).
Espécie de imunidades (continuação...)
Excluídos da imunidade recíproca
 Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista não estão, como regras, imunes a incidência de impostos.
 O STF garantiu a imunidade para certas empresas públicas e sociedades de economia mista que desempenham
serviços típicos de Estado. Cita-se como exemplo:
 • INFRAERO (empresa pública): ISS (AgR-RE 363.412/BA, em 2007);
 • CAERD (Cia. Águas e Esgotos de Rondônia – SEM) (Ação Cautelar 1.550-2, em 2007)
 • CORREIOS-ECT (empresa pública): IPTU (STF: RE 773.992, de out. 2014); IPVA (STF: ACO 879, de nov. 2014);
ICMS (STF: ACO 1.095, de out. 2015 e RE 627.051, de nov. 2014).
(B) TEMPLOS DE QUALQUER CULTO
 É vedado à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios instituírem impostos sobre templos de qualquer culto, visa
consagrar a liberdade de religião.
 Assim, não haverá a incidência, por exemplo, de:
 • IPTU, sobre o local destinado ao culto;
 • IPVA, sobre o carro da Igreja;
 • IR, sobre o dízimo.
 Casos concretos importantes
 Imunidade (IPTU) para a casa do chefe religioso – quando for cedida para o religioso morar. A casa pertence à Igreja;
 Imunidade (IR) para a renda oriunda de gráfica da Igreja, caso todo o rendimento da gráfica seja voltado para o
propósito religioso;
 Imunidade (IPTU) para o apartamento, de propriedade do templo, locado a terceiros;
 Imunidade (IPTU) para o bem imóvel, de propriedade do templo, usado para estacionamento de fiéis;
 Imunidade (IPTU) para o bem imóvel, de propriedade do templo, usado para cemitério (sepultamento de fiéis).
Espécie de imunidades (continuação...)

 A Igreja como inquilina/locatária incide IPTU? Sim, não está abrangida pela imunidade. Nota-se
que, nesse caso, a Igreja não é proprietária do bem imóvel, pois o proprietário é o sujeito
passivo legalmente determinado para pagar o imposto. Portanto, haverá a legítima incidência,
não tendo valor eventual cláusula de responsabilidade tributária firmada entre locador e
locatário, que deverá ser resolvida no âmbito do Direito Civil, eis que o contrato não faz força
perante o visco, nos termos do art. 123 do CTN.
 Ressalta-se que lei municipal poderá conferir isenção.
 Imagine que a Igreja contrate uma pessoa jurídica com o intuito de confeccionar jornal por
encomenda (serviço de composição gráfica). Haverá a incidência de ISS? Sim, pois o serviço
de composição gráfica não é realizado pela Igreja, mas sim por terceiro, conforme entendimento
do STF (AgR-RE 434.826/MG)
Ressalta-se que as Lojas de Maçonaria, segundo o STF, não se confundem com templos
religiosos, portanto, não são imunes.

EC em 2022: § 1º-A O imposto previsto no inciso I do caput deste artigo (IPTU) não incide sobre
templos de qualquer culto, ainda que as entidades abrangidas pela imunidade de que trata a alínea
"b" do inciso VI do caput do art. 150 desta Constituição sejam apenas locatárias do bem imóvel.
Espécie de imunidades (continuação...)

(C) PATRIMÔNIO, RENDA OU SERVIÇOS DOS PARTIDOS POLÍTICOS, INCLUSIVE SUAS


FUNDAÇÕES, DAS ENTIDADES SINDICAIS DOS TRABALHADORES, DAS INSTITUIÇÕES DE
EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, SEM FINS LUCRATIVOS, ATENDIDOS OS
REQUISITOS DA LEI
Conceito
 São imunidades não autoaplicáveis, ou seja, dependem de lei. Ressalta-se que é a única
imunidade que depende de lei, por isso é uma imunidade condicionada.
Pessoas abrangidas
 Garante a não incidência de impostos sobre patrimônio, renda e serviços para quatro pessoas
jurídicas:
 Partidos políticos, incluindo suas fundações – visa consagrar o pluralismo político;
 Entidades sindicais de trabalhadores – visa proteção dos direitos sociais;
 Instituições de educação (escolas, faculdade, museus, bibliotecas) – visa consagrar o direito à
educação previsto na CF;
Obs.: Faculdade particular, cumpridos os requisitos legais, poderá ser imune.
 Instituições de assistência social – igualmente, visa proteger as entidades beneficentes,
consagradas na CF. É imune a impostos e a contribuições sociais.
Espécie de imunidades (continuação...)

 A lei a que se refere a parte final da alinha “c” é uma lei complementar, nos termos do art.
146, II, da CF.
 A Lei Complementar, em questão, trata-se do CTN (lei ordinária, com status de lei
complementar), que em seu art. 14 regula a fruição da norma imunizante, prevista na CF.
 Assim, para que a imunidade seja aplicada, deve-se observar o seguinte:
• Havendo lucro, não poderá ser distribuído para os mantenedores, mas sim totalmente
revertido para o propósito institucional. Destaca-se que não se proíbe o lucro, proíbe-se a
distribuição do lucro;
• A receita obtida deve ser aplicada integralmente no país, não podem enviar para o
exterior;
• Manter a contabilidade em dia – trata-se de uma obrigação acessória.
Obs.: Aqui, não se aplica a máxima “o acessório segue o principal”, uma vez que não terão que
pagar (obrigação principal), mas as obrigações acessórias, a exemplo de manter a contabilidade
em dia, devem ser cumpridas.
 O não cumprimento dos requisitos acima poderá suspender o benefício de imunidade.
 O pagamento de salários para os mantenedores da instituição, ao contrário do que
determinava a legislação, não caracteriza a distribuição de lucro, conforme entendimento do
STF.
Espécie de imunidades (continuação...)

Finalidades institucionais
 Para que ocorra a não incidência de impostos (lembrar a interpretação ampliativa do STF), o patrimônio, a
renda e os serviços devem estar relacionados com as finalidades institucionais das quatro pessoas
jurídicas (partidos políticos, incluindo suas fundações; entidades sindicais de empregados; instituições de
educação; instituições de assistência social).
 Nesse sentindo, a Súmula 724 (buscava-se o que era essencial para a entidade) e a SV 54 (busca-se o
atrelamento da receita conexa à motivação, à constituição da entidade). Observe:
SÚMULA 724, STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a
qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja
aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.
SÚMULA VINCULANTE N. 52 – Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo artigo 150, inciso VI, alínea “c”, da Constituição Federal,
desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.
 Fundos de pensão são entidades fechadas de previdência social privada, alguns destas entidades podem
equivaler a uma entidade de assistência social. De modo que, em tese, gozariam de imunidade tributária,
desde que financiem integralmente as contribuições dos empregados.
 Nesse sentido, importante destacar a Súmula 730 do STF.
SÚMULA N. 730, STF: “A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos
pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se
não houver contribuição dos beneficiários.
 Ressalta-se, ainda, que as entidades do SISTEMA S (serviços sociais autônomos), conforme decidiu o
STF, possuem imunidade para o ITBI na aquisição de imóvel pelo SENAC.
Espécie de imunidades (continuação...)
LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL DESTINADO À SUA IMPRESSÃO
 Não se confunde com as hipóteses vistas acima que afastam impostos de “pessoas”. Aqui, ocorre a não incidência de imposto (ICMS, IPI e
II) sobre coisas/bens (livros, jornais e periódicos), bem como sobre insumo (papel), a de que ocorra a difusão do conhecimento, da cultura,
bem como da liberdade de expressão.
 Trata-se de uma imunidade objetiva, ao passo que as hipóteses anteriores são imunidades subjetivas.

Questões pertinentes

a) Livros digitais
 Segundo afirmou o STF, a imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88 não abrange apenas os livros produzidos pelo “método gutenberguiano”.
Antes de prosseguir na explicação do julgado, é importante esclarecer uma curiosidade: Johann Gutenberg foi um alemão que, no século XV,
teria inventado (ou aperfeiçoado) a máquina de impressão tipográfica. Antes dele, os livros eram todos manuscritos. Assim, o primeiro livro
impresso do mundo foi feito na máquina desenvolvida por este alemão. Trata-se de uma Bíblia em latim, que ficou historicamente conhecida
como a “Bíblia de Gutemberg”. Desse modo, quando o STF fala em livro produzido pelo “método gutenberguiano”, o que ele está querendo
dizer é livro impresso. – SÚMULA VINCULANTE 57.

b) Leitor de livros digitais


 O STF entendeu que os aparelhos confeccionados para a leitura de livros digitais são imunes. Contudo, não significa que há imunidade para
IPAD, Tablet e smartfones.

c) Álbum de figurinhas
 É entendimento pacificado do STF que o álbum de figurinha é imune.

d) Lista telefônica
 Entendimento pacificado. Para o STF, é imune, em razão da utilidade social do bem.

e) Insumos :Compreende apenas o papel utilizado para a confecção. Os demais insumos (tinta, maquinário) serão tributados, STF faz uma
interpretação restritiva.
 Salienta-se que o STF estende a imunidade para materiais que se mostrem assimiláveis ao papel, abrangendo, em consequência, para esse
efeito o papel para telefoto, o papel fotográfico (para fotocomposição por laser) e os filmes fotográficos, sensibilizados ou não impressionados
Espécie de imunidades (continuação...)

(E) FONOGRAMAS E VIDEOFONOGRAMAS MUSICAIS PRODUZIDOS NO BRASIL


CONTENDO OBRAS MUSICAIS OU LITEROMUSICAIS DE AUTORES BRASILEIROS
E/OU OBRAS EM GERAL INTERPRETADAS POR ARTISTAS BRASILEIROS BEM
COMO OS SUPORTES MATERIAIS OU ARQUIVOS DIGITAIS QUE OS CONTENHAM,
SALVO NA ETAPA DE REPLICAÇÃO INDUSTRIAL DE MÍDIAS ÓPTICAS DE LEITURA
A LASER.
 É conhecida como imunidade musical, foi inserida pela EC 75/2013 que foi resultado
de movimentação popular e de cunho profissional, com o intuito de baratear os
produtos, evitando, assim, a pirataria.
 Visa desonerar impostos da obra artística musical brasileira, atacando o fantasma da
pirataria/contrafação e difundindo a cultura.
 Garante:
• Proteção para o som (fonograma) gravado e para a imagem/som (videofonograma)
gravados;
• Proteção para os suportes materiais (CDs, DVDs, desde que contenham os fonogramas
ou videofonogramas)
• Proteção para arquivos digitais.

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