Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
No modelo produtivo brasileiro, o Estado participa direta e indiretamente através da transferência de renda, impostos,
incentivos, subsídios, fornecimento de bens públicos, entre outras formas. Um aspecto relevante é analisar, por meio
dos princípios gerais de tributação, a realidade tributária brasileira. Através da classificação dos tributos podemos
distinguir o sistema tributário brasileiro e seu impacto sobre a ordem econômica.
A Dívida pública interna consiste na dívida realizada pelo governo com pessoas da sociedade para financiar os seus
gastos que não são cobertos pela arrecadação de tributos ou quando o governo tem como objetivo exercer sua função
estabilizadora na economia. Na realidade mundial atual, é importante analisar a estrutura da dívida interna para
entender a eficácia ou não do financiamento das políticas governamentais.
A Constituição Federal de 1988 e a legislação complementar tratam da questão da tributação e do orçamento. Assim
como é importante conhecer os princípios gerais de tributação, o mesmo acontece com os princípios gerais
orçamentários para podermos criticar o modelo orçamentário adotado no país.
Bons estudos!
OBJETIVOS
FUNÇÃO DISTRIBUTIVA
Quando o governo afeta a distribuição de renda através do sistema tributário ou por meio de programas
governamentais. Ajustes distributivos tornam-se necessários ao se observar injustiça na distribuição da renda e da
riqueza, e o governo implementa medidas fiscais (impostos e transferências) visando reduzir a desigualdade de renda.
No Brasil, o sistema de tributação progressiva do imposto de renda pessoal e de programas sociais se enquadram
neste modelo.
Como categoria de função distributiva, observa-se, em primeiro lugar, os programas de assistência pública, em que o
governo atua no sentido de prover condições mínimas de subsistência às famílias necessitadas. Em determinadas
situações, torna-se imprescindível esta ajuda, em face das consequências negativas que a pobreza poderá causar à
economia e ao meio ambiente. Em segundo lugar, observam-se os programas de seguro social, em que o governo
assiste aos indivíduos que necessitam deste auxílio em função de alguma fragilidade frente à sociedade. A
aposentadoria por idade, do trabalhador agrícola, e o seguro desemprego são exemplos de programas de seguro
social.
FUNÇÃO ESTABILIZADORA
Quando o governo interfere na economia procurando alcançar um elevado nível de emprego, estabilidade de preços e
um alto nível de crescimento econômico. O sistema de mercado impede que seja alcançado automaticamente o pleno
emprego e a estabilidade de preços, tornando-se necessária a atuação do governo no desenvolvimento da função
estabilizadora da política fiscal.
A irredutibilidade salarial existente em nossa legislação não permite um rápido ajuste quando se verifica um
desequilíbrio no mercado de trabalho. Por outro lado, um desequilíbrio entre os níveis de demanda e oferta na
economia, poderá gerar um processo inflacionário, com danos ao sistema de mercado. Em ambos os casos, é
necessária a intervenção do governo para restaurar o equilíbrio no mercado.
Para obter um elevado nível de crescimento econômico, o governo poderá atuar no fornecimento de infraestrutura
básica (estradas, portos etc.) ou na concessão de incentivos à produção e no financiamento de recursos de longo
prazo ao setor privado.
FUNÇÃO ALOCATIVA
Quando o governo fornece bens e serviços públicos que não são oferecidos pelo setor privado ou são oferecidos em
quantidade insuficiente. O bem ou serviço público puro tem como característica a impossibilidade de excluir seu
acesso por qualquer indivíduo e a ausência de custos pelo acesso de outro indivíduo aos seus benefícios. Portanto, o
princípio da exclusão não se aplicaria ao bem ou serviço público puro, pois a participação de outro indivíduo não
implicaria em redução do uso pelos demais. Como exemplos, incluem-se as praças públicas e o sistema de iluminação
pública das rodovias.
A Constituição Federal brasileira de 1988 (glossário) atribuiu responsabilidade adicional ao governo para fornecer
educação e saúde à população, seja porque o setor privado não é capaz de atender toda a população, seja porque, pelo
princípio da exclusão, parcela significativa da população poderia ser excluída de seu acesso pela incapacidade de arcar
com os custos dos serviços.
A impossibilidade de uma parte da população em financiar o ensino de seus filhos em uma instituição particular, exige
a atuação do governo no fornecimento de ensino público. O mesmo processo ocorre no que tange à saúde, em que o
setor privado é incapaz de fornecer este serviço a toda população, e parcela da sociedade não dispõe de recursos para
usufruir da rede privada de atendimento.
A dívida pública interna consiste na dívida realizada pelo governo com pessoas da sociedade para financiar seus
gastos que não são cobertos pela arrecadação de tributos ou quando o governo tem como objetivo exercer sua função
estabilizadora na economia.
Os bancos que desenvolvem atividades no mercado financeiro, mantêm, em suas carteiras, uma parte significativa
dessa dívida, ao deterem títulos da Dívida Pública que lastreiam, basicamente, o endividamento do governo federal.
Particulares ou empresas podem adquirir estes títulos da Dívida Pública, mas costumam comprar títulos nos bancos
(títulos de renda fixa etc.) que dão suporte a estes títulos da dívida interna.
O Superávit primário surge quando o montante de arrecadação de tributos excede o montante de gastos do governo.
Uma política fiscal em que haja déficit tem dois aspectos. Por um lado, pode levar a um estímulo da atividade
econômica, pois o governo gasta mais e reduz tributos (política fiscal expansionista). Por outro, como essas duas
medidas tendem a elevar a renda de que a população dispõe para consumir, o aumento de gastos do governo pode
gerar muita acelaração na economia e acabar resultando em inflação.
A política fiscal para conter a inflação deve ser contracionista (redução dos gastos do governo e elevação dos
tributos).
Primeira classificação
Os tributos podem ser:
Segunda classificação
Os tributos podem ser:
A dificuldade em definir justiça na questão tributária resultou na coexistência de duas correntes de pensamento que
resumem este conceito em:
PRINCÍPIO DO BENEFÍCIO
Cada indivíduo deve contribuir na proporção dos serviços públicos recebidos do governo. No caso do sistema tributário brasileiro,
as taxas poderiam ser aplicadas a este princípio. Como exemplo, o indivíduo contribuiria com a taxa de lixo no montante
despendido pelo governo para realizar a coleta de seu lixo.
A má distribuição de renda em determinadas regiões pode comprometer a equidade quando são aplicados valores semelhantes a
indivíduos com rendas variadas.
Princípio da Neutralidade
O tributo, para ser ideal, não deve afetar os preços relativos praticados no mercado. A decisão de um investidor em
alocar seu investimento em determinada região não deve ser baseada em vantagens tributárias e sim por fatores
competitivos que venham atrair o capital.
Os incentivos fiscais concedidos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, visando promover o desenvolvimento
industrial da região e reduzir a desigualdade de renda, pode resultar no esvaziamento econômico em outras áreas,
gerando os problemas sociais e econômicos advindos desse processo.
No entanto, a aplicação de alíquotas de imposto diferenciadas sobre o consumo de determinados bens (bebidas
alcoólicas, cigarros etc.) poderá reduzir gastos governamentais em saúde ou melhorar a produtividade do trabalho, na
medida em que aumenta os preços e reduz o consumo de bens que podem vir a causar danos à saúde.
Saiba Mais
, Alguns especialistas consideram também o conceito da Simplicidade, em que o tributo deve ser de fácil operacionalização,
simples o suficiente para a população entender o seu funcionamento e conhecer o montante de tributos despendido por cada
contribuinte. A vasta gama de tributos existente no sistema tributário brasileiro, seja federal, estadual ou municipal, acaba
confundindo o contribuinte que tem dificuldade de perceber o tamanho da carga tributária além de encarecer em demasia o
processo de cobrança e fiscalização.
A Constituição Federal de 1988 e a legislação complementar tratam sobre a questão da tributação e do orçamento.
Observe:
O parágrafo 1º. do art. 145 da Constituição Federal de 1988 enfatiza a importância da progressividade dos tributos
como princípio da equidade, privilegiando a capacidade de pagamento. Observe:
Além disso, a neutralidade e equidade na questão tributária estão presentes na Constituição Federal de 1988 em dois
momentos:
No inciso II do art. 150, que veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tratamento
desigual entre contribuintes que se encontre em situação equivalente.
No inciso I do art. 151 que veda à União instituir tributo que não seja uniforme em todo território nacional ou que
implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro.
A definição de tributo está contida no art. 3º. do Código Tributário Nacional - Lei nº. 5.172/66 (glossário) como:
Portanto, o tributo é uma prestação de caráter obrigatório, realizada em moeda, deve estar instituído em lei, não se
constituindo em sanção de ato ilícito, devendo ser cobrada em atividade vinculada pelo Estado ou por entidades não
estatais que tenham como objetivo o interesse público.
IMPOSTOS
São tributos não vinculados à atuação do Estado. O art. 16 do Código Tributário Nacional define “imposto é o tributo cuja
obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”.
Podemos citar como exemplo, o Imposto estadual sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) que não está vinculado a
uma contraprestação ao contribuinte, podendo o Estado utilizar os recursos provenientes deste tributo com o objetivo de realizar
pagamentos de salários dos funcionários públicos ou como instrumento de política monetária (redução do meio circulante).
TAXAS
São tributos instituídos em razão do exercício do poder de polícia pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.
Podemos citar como exemplos:
• A taxa de lixo, que é cobrada mediante a prestação do serviço público de coleta de lixo;
• A taxa de incêndio, que deve estar vinculada ao serviço de combate ao incêndio pelo corpo de bombeiro.
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA
São tributos arrecadados dos proprietários de imóveis beneficiados por obras públicas. Uma vez concluída a obra pública, é
fundamental que esta venha a causar uma valorização dos imóveis beneficiados. O valor a ser cobrado de cada beneficiário não
poderá exceder à vantagem que sobreveio para o contribuinte com a obra pública.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
São tributos de competência da União, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas.
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
Estão incluídos no sistema tributário nacional, de competência da União e se destinam a atender a despesas extraordinárias,
decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência, e no caso de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional.
Atenção
, O art. 149-A da Constituição Federal brasileira, incluído pela emenda Constitucional no. 39 de 2002 concedem poder aos
Municípios e ao Distrito Federal para instituir contribuição para custeio do serviço de iluminação pública.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
Podemos destacar alguns trechos de legislações que tratam da questão orçamentária. Veja:
Os incisos I, II e III do art. 165 preveem que “as Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I- o plano
plurianual; II- as diretrizes orçamentárias; III- os orçamentos anuais”.
O parágrafo 4º. do mesmo art. prevê “os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta
Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional”.
Os princípios orçamentários previstos na Constituição Federal brasileira, na Lei do Orçamento e nas Leis de Diretrizes
Orçamentárias (LDOs) (glossário) são os seguintes:
UNIDADE
Cada esfera de governo deve possuir apenas um orçamento baseado em uma única política orçamentária.
O art. 2º. da Lei no. 4.320/64 diz que “A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e da despesa, de forma a evidenciar
a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e
anualidade”.
UNIVERSALIDADE
A Lei orçamentária deve incorporar todas as receitas e despesas, sendo que não deve ser excluída nenhuma instituição pública.
O art. 3º. da Lei 4.320/64 determina que “a lei do Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as operações de crédito
autorizadas em lei”.
ANUALIDADE
É determinado um período de tempo para o orçamento, geralmente um ano.
O § 5º. do art. 165 da Constituição Federal brasileira determina que “A lei orçamentária anual compreenderá [...]”.
LEGALIDADE
O orçamento é objeto de uma lei específica.
A base para este princípio encontra-se no art. 166 da Constituição Federal brasileira de 1988 em que “Os projetos de lei relativos
ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas
do Congresso Nacional, na forma do regimento comum”.
EXCLUSIVIDADE
A lei orçamentária deverá conter apenas questões orçamentárias e financeiras, não sendo incluídas normas pertencentes a outros
campos jurídicos.
O § 8º. do art. 165 da Constituição Federal brasileira determina que “A Lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à
previsão da receita e à fixação da despesa [...]”.
ESPECIFICAÇÃO
Também chamado de especialização ou discriminação, define que a autorização legislativa se restrinja às despesas específicas e
não a autorizações globais.
O art. 5º. da Lei 4.320/64 define “A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a
despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras [...]”.
PUBLICIDADE
O orçamento deve ser divulgado ao ser aprovado e transformado em lei.
O art. 37 da Constituição Federal brasileira de 1988 diz que “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência [...]”.
EQUILÍBRIO
As receitas e despesas que fazem parte do orçamento devem manter uma paridade, sem apresentar déficits ou superávits
excessivos.
O inciso III do art. 167 da Constituição Federal brasileira de 1988 veda “a realização de operações de créditos que excedam o
montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade
precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta”.
ORÇAMENTO BRUTO
As receitas e despesas que fazem parte do orçamento devem aparecer pelo valor bruto sem quaisquer deduções.
O art. 6º. da Lei no. 4.320/64 determina que “todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais,
vedadas quaisquer deduções”.
A descentralização tributária que vinha tomando forma desde os finais dos anos 1970, foi consolidada na Constituição
Federal brasileira de 1988. A redução dos recursos da União no bolo tributário, mediante um aumento das
transferências de tributos, e as restrições ao poder da União em conceder isenções nos impostos estaduais e
municipais, promoveram, maior participação e autonomia tributária dos demais entes da federação na esfera tributária.
Entretanto, o Governo Federal incorporou outras funções na sociedade, de natureza social e trabalhista, ao mesmo
tempo em que vinha perdendo participação na arrecadação tributária. Com isso, o Governo Federal provocou um
aumento dos tributos não transferíveis, como as contribuições sociais, ao mesmo tempo em que os estados e
municípios aumentaram o imposto sobre determinados bens e serviços como forma de fazer frente ao aumento de
seus gastos.
ATIVIDADE
Vamos exercitar os seus conhecimentos!
Leia a matéria jornalística “Nova CPMF reforça sistema tributário que penaliza os mais pobres” (glossário) e, em
seguida, comente sobre os tópicos a seguir:
Resposta Correta
, Você poderá, também, exercitar os conhecimentos que aprendeu nesta aula através de uma lista de exercícios que preparamos., ,
Para acessar à lista de exercícios, clique aqui. (galeria/aula4/docs/a04_09_02.pdf)
Glossário