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Fundo público e política social: financiamento e alocação de

recursos

Alocar recursos, portanto, significa destinar dinheiro para algum lugar com
um objetivo específico. Se você investe, por exemplo, está alocando parte do
seu capital em um investimento, visando alcançar uma meta estabelecida.
Seguridade social consiste num conjunto de ações e políticas sociais que
visam promover o estabelecimento de uma sociedade mais igualitária e justa,
auxiliando os cidadãos e suas famílias em determinadas situações, como a
velhice, o desemprego e a doença. A carga tributária é um misto entre os
impostos que o governo recolhe e o PIB (Produto Interno Bruto) do país.
Superávit primário é o resultado positivo de todas as receitas e despesas do
governo, excetuando gastos com pagamento de juros.

• O comportamento da alocação de recursos para políticas sociais mais


global não é tão profundamente eficiente porque não atenua de forma
certeira e definitiva aquela desigualdade social, trata-se de uma maneira
parca de tentativa de solução, com investimentos sendo poupados
• O orçamento da seguridade social não pode ser compreendido sem
remeter à estruturação da carga tributária brasileira. A carga tributária
envolve todos os entes federativos, mas de acordo com Boschetti e
Salvador, 60% está concentrada na União (ente que tem maior
capacidade de tributação e financiamento), Governo Federal, ou seja,
está centralizado quando não deveria. Além disso, está concentrada em
dívidas públicas e para políticas sociais que são financiadas pelo
orçamento fiscal, como a educação e reforma agrária, que não estão
contempladas na constituição como restrita seguridade social.
• Ademais, temos uma carga tributária regressiva, que incide sobre os
trabalhadores, no entanto não tem retorno de redistribuição de renda,
haja vista que temos uma carga tributária de consumo de 49% e 21,1%
de tributação de renda, segundo o Relatório de Análise de Contas do
Governo. Isso quer dizer que o retorno de políticas sociais não vem na
mesma proporção dos nossos pagamentos desses tributos. Ou seja,
está concentrada também. O sistema tributário foi edificado para
privilegiar a acumulação capitalista e onerar os mais pobres e os
trabalhadores assalariados, que efetivamente pagam a “conta”.
• O mecanismo de manipulação dos orçamentos é muito pernicioso
porque no final só é contabilizado o que foi gasto (superavit primário),
sem considerar se foi destinado para o destino correto. No período de
2002 a 2004, foram desviados do orçamento da seguridade social 45, 2
bilhões que deveriam ser utilizados para políticas de previdência, saúde
e assistência social e deixa de ampliar direitos dessas políticas sociais.
Fica claro que o mecanismo do superávit primário é o maior adversário
do orçamento da seguridade social.
• As dívidas públicas em juros são muito grandes e isso impacta nos
investimentos sociais que deixam de ser feitos. Dá pra perceber a
grande relação entre política social e política econômica. Esses dados
compreender a condição das políticas socias e da seguridade social pela
perspectiva econômica.
• Apesar da diversificação de contribuições, fonte para a seguridade
social, não há retorno para os trabalhadores que tanto contribuem
através de contribuições sociais e pelo consumo. O sistema tributário
brasileiro tem sido um instrumento a favor da concentração de renda,
agravando o ônus fiscal dos mais pobres e aliviando o das classes mais
ricas. Os ricos neste país continuam não pagando impostos, pois suas
rendas estão isentas da tributação. Ao mesmo tempo em que a maior
parcela do orçamento é destinada ao capital portador de juros, por meio
do pagamento de juros e amortização da dívida pública.
• O orçamento público não se limita a uma peça técnica e formal ou a um
instrumento de planejamento; ele é, desde suas origens, uma peça de
cunho político. No orçamento é que são definidas as prioridades de
aplicação dos recursos públicos e a composição das receitas, ou seja,
sobre quem vai recair o peso do financiamento tributário. Não se trata de
uma escolha somente econômica, mas principalmente resultado de
opções políticas, refletindo a correlação de forças sociais presente na
sociedade

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