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Direito Civil

PBH
Prof. Élio Vasconcellos
DIREITOS REAIS
-Direitos Reais: Capítulo V – “DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA”

- Art. 1.277 ao Art. 1.313, Código Civil;

- Implica em flexibilização do Direito de Propriedade – Acaba por sofrer


limitações; Regular os direitos entre os particulares, evitar conflitos e
manter a ordem entre os vizinhos;

- Vizinho: Para fins do Código Civil, vizinho é todo aquele que pode ser
alcançado por eventual ofensa/interferência de outros proprietários ou
possuidores – Não é apenas aquele confrontante.
DIREITO DE VIZINHANÇA
- USO ANORMAL DA PROPRIEDADE – Art. 1.277 ao 1.281, CC – Direito de
fazer cessar interferências prejudiciais à segurança, sossego e saúde
(ofensas) dos que habitam determinado prédio que porventura sejam
provocadas pela propriedade vizinha; Atenção: Proprietário ou Possuidor;

- Fatores que caracterizam o uso anormal I – Excesso (Exemplo: som alto


como já tratado), II – Pré-ocupação (Exemplo: “quem chegou primeiro” –
morador residia em local antes, chega novo vizinha que gera interferência),
III – Localização do imóvel (Exemplo: identificações de bairros residenciais
x bairros comerciais x bairros industriais);
DIREITO DE VIZINHANÇA
- Espécies de Interferências: (i) Ilegais: oriunda de um ato ilícito (atear
fogo no lixo vizinho); (ii) Abusivas: Está no exercício de um direito, mas é
extrapolado a finalidade deste direito (som alto); (iii) lesivas: Não
decorrem diretamente do uso anormal, mas embora sejam atos mesmo
que pré-autorizados pelo Poder Público geram os prejuízos mencionados
(indústria cuja fuligem prejudica os prédios e os moradores);
- Previsões e soluções legais (Art. 1.278 ao Art. 1.281): Se for tolerável:
não é possível exigir sua cessação (barulhos de carros em ruas ou comércio
local, por exemplo); Se intolerável: É possível requerer a redução ou
cessação; Se intolerável, mas de interesse social: Neste caso, não é
cabível requerer sua cessação;
DIREITO DE VIZINHANÇA
- Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece
quando as interferências forem justificadas por interesse público, caso
em que o proprietário ou o possuidor, causador delas, pagará ao vizinho
indenização cabal.
-Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as
interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação,
quando estas se tornarem possíveis.
-Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do
prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína,
bem como que lhe preste caução pelo dano iminente.
DIREITO DE VIZINHANÇA
- Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém
tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do
autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual.
-AÇÕES CABÍVEIS  Cominatória – Art. 1.279, CC – Obrigar o vizinho a
cessar a interferência, sob pena de pagamento de multa;
- Dano Infecto – Art. 1.280 e 1.281, CC – Se houver problema de
construção ou risco de ruína de um prédio – requerer a demolição, adeque
a construção e ainda preste caução para suportar os prejuízos;
- Indenizatória – Dependerá do caso, conforme os danos – Se porventura
o prejuízo já houver sido provocado;
DIREITO DE VIZINHANÇA
- ÁRVORES LIMÍTROFES - Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha
divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios
confinantes.
Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do
prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo
proprietário do terreno invadido.
Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao
dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular. (e se
caírem em local público? R.: Mesmo proprietário de onde a árvore está)
- Raízes, troncos, ramos e frutos...
- Cabível ação indenizatória por prejuízos causados...
DIREITO DE VIZINHANÇA
- PASSAGEM FORÇADA - Art. 1.285, CC – O vizinho é obrigado a conceder
ao outro – Encravamento absoluto (Não há saída para via pública rua,
rodovia ou outra, tornando-se imprescindível a passagem pelo imóvel
vizinho – o rumo é determinado judicialmente – não confundir com difícil
acesso); É possível a mera tolerância entre os vizinhos, caso haja acordo...
- Naturalmente encravado (imóvel fica sem acesso à via pública por
alguma causa alheia aos vizinhos – exemplo: fazendas distantes das vias,
vias destruídas);
-Se um dos vizinhos for o causador do encravamento, o causador será o
único obrigado a ceder a passagem, não podendo os demais serem
prejudicados em razão da passagem forçada;
DIREITO DE VIZINHANÇA
- Indenização: O proprietário que for obrigado a ceder a passagem terá
direito à respectiva indenização;

- Nestes casos, autores e réus de eventual ação serão os proprietários;

- Passagem Forçada (caso de encravamento – decorre por força de lei e há


imposição pelo interesse social) x Servidão De Passagem (Decorre de
ajuste/acordo entre as partes e proporciona melhoria das condições e
utilidade do imóvel, não está condicionada ao encravamento)
DIREITO DE VIZINHANÇA
- PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES – Art. 1.286 e Art. 1.287, CC – O
vizinho deve suportar que cabos e tubulações passem pelo seu imóvel, se
for necessário;
- Obras e seus custos serão de responsabilidade do vizinho que irá se
favorecer e poderá o vizinho sujeito à passagem escolher o modo menos
oneroso;
- Se o vizinho favorecido pela passagem quiser mudar de lugar, poderá
aquele que está se sujeitando se recusar se essa mudança prejudicar o
imóvel;
-Caberá ao vizinho sujeito à passagem indenização pela desvalorização do
imóvel. (Exemplo: gasodutos em áreas rurais para trazer benefícios de
interesse social).
DIREITO DE VIZINHANÇA
- DAS ÁGUAS – Art. 1.288 ao Art. 1.296, CC – Águas pluviais e águas
nascentes (Código de águas  Decreto Nº 24.643/34  Domínio público).
- Águas Pluviais  Art. 1.288, CC  Prédio Superior e Prédio Inferior  O
inferior obriga-se a suportar o curso natural da água que corre do superior;
- É autorizado ao proprietário/possuidor do prédio superior captar essas
águas para utilização (Art. 1.289 e Art. 1.292, CC), MAS essa captação
artificial NÃO pode gerar o agravamento do prédio inferior pelas obras de
eventuais escoamentos do prédio superior  Nestes casos caberá a
indenização;
- É vedado ao proprietário/possuidor do prédio inferior a realizar obras que
embaracem o fluxo das águas advindas do prédio superior;
DIREITO DE VIZINHANÇA
- Águas supérfluas: Sobras de águas captadas artificialmente pelo prédio
superior podem ser captadas pelo inferior sem qualquer implicação –
Servidão de águas supérfluas – Art. 1.290, CC;
-Art. 1.291, CC – Não pode o prédio superior poluir as águas a serem
utilizadas para as necessidades de vida daqueles do prédio inferior; as
demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes
sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial
das águas.
- Em se tratando de águas nascentes NÃO poderá haver essa captação ou
desvio de curso sem licença ambiental;
DIREITO DE VIZINHANÇA
- Servidão de Aquedutos – Art. 1.293, CC – Um prédio para possuir maior
utilidade, para melhorar a condição, este prédio pode optar em suportar
essa passagem, mediante o pagamento de uma indenização;

- ATENÇÃO: Em se tratando de servidão, NÃO HÁ IMPOSIÇÃO, há ajuste


para melhoria das condições. Notem, não há a necessidade;
DIREITO DE VIZINHANÇA
- DOS LIMITES ENTRE PRÉDIOS – Art. 1.297 e Art. 1.298, CC – Em regra, a
limitação dos imóveis observa a Escritura Pública;
- Para aqueles casos em que a demarcação e delimitação não esteja clara –
“reavivado” – Despesas são divididas proporcionalmente (Ação
Demarcatória – Art. 569 ao 587, CPC);

- Ambos os vizinhos são proprietários/possuidores dessa linha


demarcatória compreendendo muros, cercas e outros (Art. 1.297, §1º e
§2º, CC)  Se houver árvores, plantas, sebes vivas (cercas) somente
poderão ser arrancadas ou cortadas em comum acordo entre os
proprietários;
DIREITO DE VIZINHANÇA
- Direito de Tapagem – É o direito do vizinho cercar/tapar/murar/vedar a
sua propriedade e/ou proteger sua posse – “Tapumes” (não é o material
de madeira utilizado em obra, mas qualquer material utilizado para
vedar/cercar o imóvel);
- Se construído sobre a linha divisória, ambos são responsáveis; Se
construído dentro da área interna do imóvel, apenas este será responsável;

- Art. 1.297, §3º, CC – A construção de tapumes especiais para impedir a


passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser
exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que
não está obrigado a concorrer para as despesas.
DIREITO DE VIZINHANÇA
- Art. 1.298, CC
- Se confusos os limites entre os prédios – Regra: Posse Justa determinará;
- Se não for possível provar a posse justa: Terreno contestado se dividirá
por partes iguais entre os prédios; ou,
- Não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante
indenização ao outro.
DIREITO DE VIZINHANÇA
- DIREITO DE CONSTRUIR – Art. 1.299 ao Art. 1.313, CC – Em virtude de
realização de obras, podem surgir adversidades entre os proprietários e
possuidores, desde o barulho até o desabamento/desmoronamento;
- DEVASSAMENTO DA PROPRIEDADE VIZINHA – Art. 1.301, CC – NÃO SE
PODE CONSTRUIR janelas, eirados, terraços a menos de 1,5m da linha
divisória do terreno vizinho; Já janelas que não incidam sobre a linha
divisória, não poderão ser abertas a menos de 75 cm (0,75m);
- EXCEÇÃO: §2º Art. 1.301, CC – Aberturas para luz/ventilação, não maiores
de dez 10 largura x 20 comprimento (10cmx20cm) e construídas a mais de
2 metros de altura de cada piso.
DIREITO DE VIZINHANÇA
- Águas e Beirais – Art. 1.300 – O proprietário construirá de maneira que o
seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho. (Por
exemplo: é vedado construir calhas cujo escoamento lance as águas para
dentro do imóvel do vizinho);

- Paredes Divisórias e regras – Art. 1.305 ao Art. 1.312, CC – Não se


confundem com tapumes – É a parede estrutural do imóvel – Pode ser
construída na linha divisória (pré-ocupação) – Lembrando que se for sobre
a linha divisória, ambos vizinhos são proprietários desta parede;
DIREITO DE VIZINHANÇA
- Uso do Prédio Vizinho – Art. 1.313, CC – O proprietário/possuidor é
obrigado a tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso:
I- utilizar temporariamente, quando indispensável à reparação, construção,
reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório;
II- apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem
casualmente (uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, poderá
ser impedida a sua entrada no imóvel);
- Aplica-se aos casos de limpeza ou reparação de esgotos, goteiras,
aparelhos higiênicos, poços e nascentes e ao aparo de cerca viva.
-Se houver algum dano do direito assegurado, terá o prejudicado direito a
ressarcimento.

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