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Comentário do Professor:  

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A questão trata sobre a  PASSAGEM FORÇADA, prevista no artigo 1.285  do CC/02. Muitos confundem esse instituto com a servidão de passagem, porém não são a mesma coisa.
A  servidão de passagem é um direito real da coisa  sobre imóvel alheio que se constitui em proveito de um prédio, chamado de dominante, sobre outro, denominado serviente,
pertencentes a proprietários diferentes. Os prédios não precisam ser contíguos, basta que sejam próximos. 

Já a passagem forçada está prevista no capítulo de Direito de Vizinhança e, nas palavras do doutrinador  Caio Mário da Silva Pereira, "para ter direito à passagem forçada, exigível
diretamente ou em Juízo, é requisito básico o encravamento. Somente o prédio sem saída para a via pública, nascente ou porto o tem". Sendo assim, o prédio que não tem saída em
razão do encravamento, necessita da passagem para poder transitar. 

No caso da questão, o imóvel de Abílio ficou em situação de encravamento, haja vista estar cercado de imóveis e a residência de José, impedindo o seu translado para vias públicas.
Portanto, Abílio poderá exigir a passagem pelo imóvel de José, com base no artigo 1.285 do CC/02.

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Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar
passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.

§ 1 o  Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem.

§ 2 o  Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.

§ 3 o   Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste
constrangido, depois, a dar uma outra.

 Vamos às alternativas: 

A alternativa (A) está INCORRETA:  como explicado, não há direito real de servidão de passagem, uma vez que essa é  direito real de coisa alheia e decorre de uma melhor
comodidade ou conveniência para o proprietário vizinho, que não precisa transitar por prédio alheio e surge, por vontade das partes. Ademais, a servidão de passagem só é adquirida
por meio da usucapião após o prazo prescricional de 10 anos com justo título e, se não houver, após 20 anos. (art. 1.379, CC/02). 

A alternativa (B) está INCORRETA:  não houve nulidade no negócio jurídico, posto que a questão não informa que o mesmo feriu algum preceito de ordem pública (exemplos: fraude
contra credores, simulação). No caso da questão, a compra e venda foi válida. 

A altenativa (C) está CORRETA: como explicado anteriormente, Abílio terá direito a passagem forçada pelo imóvel do josé em razão do seu encravamento, ou seja, impossibilidade de
transitar para vias públicas. 

A alternativa (D) está INCORRETA:  o negócio jurídico firmado não tem caráter personalíssimo uma vez que o objeto da compra e venda era o imóvel. Ademais, José não pode
impossibilitar a passagem de Abílio. 

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