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SIMULADO DE PROVA – AV2 – NIVEL “A HORA DO ESPANDO”!!

Félix e Joaquim são proprietários de casas vizinhas há 5 (cinco) anos e, de comum acordo, haviam
regularmente delimitado as suas propriedades pela instalação de uma singela cerca viva.
Recentemente, Félix adquiriu um cachorro e, por essa razão, o seu vizinho, Joaquim, solicitou-
lhe que substituísse a cerca viva por um tapume que impedisse a entrada do cachorro em sua
propriedade. Surpreso, Félix negou-se a atender ao pedido do vizinho, argumentando que o seu
cachorro era adestrado e inofensivo e, por isso, jamais lhe causaria qualquer dano. Com base na
situação narrada, é correto afirmar que Joaquim:

(A) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse na sua
propriedade, contanto que arque com metade das despesas de instalação, cabendo a Félix arcar
com a outra parte das despesas.

(B) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse em sua
propriedade, cabendo a Félix arcar com as despesas de instalação, deduzindo-se desse
montante metade do valor, devidamente corrigido, correspondente à cerca viva inicialmente
instalada por ambos os vizinhos.

(C) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse em sua
propriedade, cabendo a Félix arcar integralmente com as despesas de instalação.

(D) não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a cerca viva fora instalada de
comum acordo e demarca corretamente os limites de ambas as propriedades, cumprindo, pois,
com a sua função, bem como não há indícios de que o cachorro possa vir a lhe causar danos.

Gabarito C

O caso envolve “direito de vizinhança”. A situação narrada se enquadra no disposto no art.


1.297, § 3.º, do CC, pelo qual “a construção de tapumes especiais para impedir a passagem de
animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade
deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas”.

Ou seja, quem provocou a necessidade (Félix, dono do cachorro) deve arcar com as despesas. Já
o proprietário vizinho (Joaquim), não está obrigado a concorrer com as despesas de instalação.

Vítor, Paulo e Márcia são coproprietários, em regime de condomínio pro indiviso, de uma casa,
sendo cada um deles titular de parte ideal representativa de um terço (1/3) da coisa comum.
Todos usam esporadicamente a casa nos finais de semana. Certo dia, ao visitar a casa, Márcia
descobre um vazamento no encanamento de água. Sem perder tempo, contrata, em nome
próprio, uma sociedade empreiteira para a realização da substituição do cano danificado. Pelo
serviço, ficou ajustado contratualmente o pagamento de R$ 900,00 (novecentos reais). Tendo
em vista os fatos expostos, assinale a afirmativa correta.

(A) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente de qualquer um dos


condôminos.
(B) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de Márcia, que,
por sua vez, tem direito de regresso contra os demais condôminos.

(C) A empreiteira não pode cobrar a remuneração contratualmente ajustada de Márcia ou de


qualquer outro condômino, uma vez que o serviço foi contratado sem a prévia aprovação da
totalidade dos condôminos.

(D) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de Márcia, que
deverá suportar sozinha a despesa, sem direito de regresso contra os demais condôminos, uma
vez que contratou a empreiteira sem o prévio consentimento dos demais condôminos.

Gabarito B

Somente a alternativa “B” está correta, pois, de acordo com o art. 1.318 do CC, as dívidas
contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão, e durante ela, obrigam apenas o
contratante, ou seja, a empreiteira somente poderá cobrar de Marcia; mas esta terá esta ação
regressiva contra os demais condôminos.

Timóteo e Leandro, cada qual proprietário de um apartamento no Edifício Maison, procuraram


a síndica do condomínio, Leonor, a fim de solicitar que fossem deduzidas de suas contribuições
condominiais as despesas referentes à manutenção do parque infantil situado no edifício.
Argumentaram que, por serem os únicos condôminos sem crianças na família, não utilizam o
aludido parque, cuja manutenção incrementa significativamente o valor da contribuição
condominial, bem como que a convenção de condomínio nada dispõe a esse respeito. Na
condição de advogado consultado por Leonor, assinale a avaliação correta do caso acima.

(A) Timóteo e Leandro podem ser temporariamente dispensados do pagamento das despesas
referentes à manutenção do parque infantil, retomando-se imediatamente a cobrança caso
venham a ter crianças em sua família.

(B) Timóteo e Leandro podem ser dispensados do pagamento das despesas referentes à
manutenção do parque infantil, desde que declarem, por meio de escritura pública, que não
utilizarão o parque infantil em caráter permanente.

(C) Leonor deverá dispensar tratamento isonômico a todos os condôminos, devendo as despesas
de manutenção do parque infantil ser cobradas, ao final de cada mês, apenas daqueles
condôminos que tenham efetivamente utilizado a área naquele período.

(D) Todos os condôminos, inclusive Timóteo e Leandro, devem arcar com as despesas referentes
à manutenção do parque infantil, tendo em vista ser seu dever contribuir para as despesas
condominiais proporcionalmente à fração ideal de seu imóvel.

Gabarito D

Segundo o art. 1.340 do CC apenas as despesas relativas às partes comuns de uso exclusivo de
um condômino ou de alguns condôminos é que podem ser atribuídas a estes. No caso em tela,
Timóteo e Leandro, apesar de não usarem o parque, não estão impedidos de fazê-lo, de modo
que não poderão se valer da regra do dispositivo legal mencionado, sendo correta, assim,
apenas a alternativa “D”.

Segundo a legislação civil, o adquirente do imóvel em condomínio edilício responde pelos


débitos condominiais, ainda que anteriores à data de sua aquisição. Nesse contexto, a referida
obrigação denomina-se:

(A) obrigação eficacial.

(B) obrigação com ônus pessoal.

(C) obrigação propter rem ou obrigação híbrida.

(D) obrigação natural.

Gabarito C

A obrigação propter rem é aquela que persegue a coisa, independentemente de quem usufruiu
do serviço.

George vende para Marília um terreno não edificado de sua propriedade, enfatizando a
existência de uma “vista eterna para a praia” que se encontra muito próxima do imóvel, mesmo
sem qualquer documento comprovando o fato. Marília adquire o bem, mas, dez anos após a
compra, é surpreendida com a construção de um edifício de vinte andares exatamente entre o
seu terreno e o mar, impossibilitando totalmente a vista que George havia prometido ser eterna.
Diante do exposto e considerando que a construção do edifício ocorreu em um terreno de
terceiro, assinale a afirmativa correta.

(A) Uma vez transcorrido o prazo de 10 anos, Marília pode pleitear o reconhecimento da
usucapião da servidão de vista.

(B) Mesmo sem registro, Marília pode ser considerada titular de uma servidão de vista por
destinação de George, o antigo proprietário do terreno.

(C) Mesmo sendo uma servidão aparente, as circunstâncias do caso não permitem a usucapião
de vista.

(D) Sem que tenha sido formalmente constituída, não é possível reconhecer servidão de vista
em favor de Marília.

Gabarito D

A: incorreta, pois a não construção do imóvel no terreno de terceiro não induz a posse à pretensa
servidão de vista. Apenas as servidões aparentes ensejam proteção possessória; B: incorreta,
pois não houve formal constituição de referida servidão; C: incorreta, pois não se trata de
servidão aparente. A servidão aparente é a que se revela, a que se exterioriza, como a servidão
de passagem; D: correta, pois há necessidade de formal constituição para se reconhecer tal
direito real.

Mateus é proprietário de um terreno situado em área rural do estado de Minas Gerais. Por meio
de escritura pública levada ao cartório do registro de imóveis, Mateus concede, pelo prazo de
vinte anos, em favor de Francisco, direito real de superfície sobre o aludido terreno. A escritura
prevê que Francisco deverá ali construir um edifício que servirá de escola para a população local.
A escritura ainda prevê que, em contrapartida à concessão da superfície, Francisco deverá pagar
a Mateus a quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). A escritura também prevê que, em caso
de alienação do direito de superfície por Francisco, Mateus terá direito a receber quantia
equivalente a 3% do valor da transação. Nesse caso, é correto afirmar que

(A) é nula a concessão de direito de superfície por prazo determinado, haja vista só se admitir,
no direito brasileiro, a concessão perpétua.

(B) é nula a cláusula que prevê o pagamento de remuneração em contrapartida à concessão do


direito de superfície, haja vista ser a concessão ato essencialmente gratuito.

(C) é nula a cláusula que estipula em favor de Mateus o pagamento de determinada quantia em
caso de alienação do direito de superfície.

(D) é nula a cláusula que obriga Francisco a construir um edifício no terreno.

Gabarito C

A: incorreta, pois o instituto do direito de superfície reclama, inclusive, que haja fixação de prazo
determinado para a fruição (art. 1.369, caput, do CC); B: incorreta, pois a concessão de superfície
pode ser gratuita ou onerosa, nos termos do art. 1.370 do CC; C: correta, nos termos do art.
1.372, parágrafo único, do CC; D: incorreta, pois o objetivo da concessão de superfície é
justamente para a construção em um terreno, podendo ser também para a plantação neste (art.
1.369, caput, do CC).

Angélica concede a Otávia, pelo prazo de vinte anos, direito real de usufruto sobre imóvel de
que é proprietária. O direito real é constituído por meio de escritura pública, que é registrada
no competente Cartório do Registro de Imóveis. Cinco anos depois da constituição do usufruto,
Otávia falece, deixando como única herdeira sua filha Patrícia. Sobre esse caso, assinale a
afirmativa correta.

(A) Patrícia herda o direito real de usufruto sobre o imóvel.

(B) Patrícia adquire somente o direito de uso sobre o imóvel.

(C) O direito real de usufruto extingue-se com o falecimento de Otávia.


(D) Patrícia deve ingressar em juízo para obter sentença constitutiva do seu direito real de
usufruto sobre o imóvel.

Gabarito C

A, B e D: incorretas, pois o usufruto fica extinto com a morte do usufrutuário (art. 1.410, I, do
CC); C: correta, pois, como se viu, o usufruto fica extinto com a morte do usufrutuário (art. 1.410,
I, do CC).

De acordo com o que dispõe o Código Civil a respeito do usufruto, do uso e da habitação, assinale
a opção correta.

(A) O uso é o direito real temporário de ocupação gratuita de casa alheia, para moradia do titular
e de sua família.

(B) A habitação é direito real limitado, personalíssimo, temporário, indivisível, intransmissível e


gratuito.

(C) O usufruto é direito real que, a título gratuito ou oneroso, autoriza uma pessoa a retirar,
temporariamente, de coisa alheia todas as utilidades para atender às próprias necessidades e
às de sua família.

(D) Pode-se transferir o usufruto por alienação.

Gabarito B

A: incorreta (art. 1.412 do CC), pois essa é a definição de “habitação”, e não de “uso”; B: correta
(art. 1.414 do CC); C: incorreta (art. 1.394 do CC), pois essa é a definição de “uso”, e não de
“usufruto”; D: incorreta (art. 1.393 do CC), vale lembrar que só o exercício do direito de usufruto
é que pode ser cedido.

Vitor e Paula celebram entre si, por escritura particular levada a registro em cartório de títulos
e documentos, contrato de mútuo por meio do qual Vitor toma emprestada de Paula a quantia
de R$ 10.000,00, obrigando-se a restituir o montante no prazo de três meses. Em garantia da
dívida, Vitor constitui em favor de Paula, por meio de instrumento particular, direito real de
penhor sobre uma joia de que é proprietário. Vencido o prazo estabelecido para o pagamento
da dívida, Vitor procura Paula e explica que não dispõe de dinheiro para quitar o débito. Propõe
então que, em vez da quantia devida, Paula receba, em pagamento da dívida, a propriedade da
coisa empenhada. Assinale a opção que indica a orientação correta a ser transmitida a Paula.

(A) Para ter validade, o acordo sugerido por Vitor deve ser celebrado mediante escritura pública.

(B) O acordo sugerido por Vitor não tem validade, uma vez que constitui espécie de pacto
proibido pela lei.
(C) Para ter validade, o acordo sugerido deve ser homologado em juízo.

(D) O acordo sugerido por Vitor é válido, uma vez que constitui espécie de pacto cuja licitude é
expressamente reconhecida pela lei.

Gabarito D

A e C: incorretas, pois não existem tais exigências no Código Civil; B: incorreta, pois somente é
inválida a cláusula que obriga o devedor aceitar previamente que, em caso de não pagamento
da dívida, o credor fique com o bem empenhado (art. 1.428, caput, do CC); porém, se após o
vencimento da dívida o devedor quiser espontaneamente dar a coisa empenhada em
pagamento desta, a lei permite tal conduta de forma expressa (art. 1.428, parágrafo único, do
CC); D: correta, pois, de acordo com o art. 1.428, parágrafo único, do CC, “após o vencimento,
poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida”.

De acordo com as regras atinentes à hipoteca, assinale a afirmativa correta.

(A) O Código Civil não admite a divisibilidade da hipoteca em casos de loteamento do imóvel
hipotecado.

(B) O ordenamento jurídico admite a instituição de nova hipoteca sobre imóvel hipotecado,
desde que seja dada em favor do mesmo credor.

(C) Segundo o Código Civil, o adquirente de bem hipotecado não pode remir a hipoteca para que
seja extinto o gravame pendente sobre o bem sem autorização expressa de todos credores
hipotecários.

(D) A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou condicionada, desde que
determinado o valor máximo do crédito a ser garantido.

Gabarito D

A: incorreta, pois o Código Civil admite sim essa divisibilidade (art. 1.488, caput, do CC); B:
incorreta, pois a nova hipoteca pode se darem favor do mesmo ou de outro credor (art. 1.476
do CC); C: incorreta, pois o adquirente do bem hipotecado pode remir a hipoteca para que seja
extinto o gravame pendente sem que seja necessária autorização expressa de todos os credores
hipotecários, bastando que o adquirente cite os credores hipotecários e proponha importância
não inferior ao preço porque o adquiriu e não haja impugnação pelos credores,
independentemente de autorização expressa destes (art. 1.481, caput e § 2.º, do CC); D: correta
(art. 1.487, caput, do CC).
Pedro, para garantir dívida de R$ 100 mil contraída com Lúcia, deu sua casa, que vale R$ 200
mil, em hipoteca. Pagos R$ 50 mil do débito, Pedro procurou Lúcia e requereu exoneração
correspondente da garantia hipotecária. Considerando a situação hipotética apresentada,
assinale a opção correta à luz do Código Civil.

(A) A exoneração pretendida por Pedro ocorrerá parcialmente e de pleno direito à medida que
o débito for sendo quitado.

(B) A exoneração requerida não poderá ser aceita por Lúcia, visto que a hipoteca possui natureza
obrigacional.

(C) A pretensão de Pedro é permitida pela lei quando o montante do débito não representar
mais de 20% do valor do bem hipotecado.

(D) O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente
da garantia.

Gabarito A

Art. 1.421 do CC.

Os negócios de Clésio vão de mal a pior, e, em razão disso, ele toma uma decisão difícil: tomar
um empréstimo de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) com Antônia, dando, como garantia de
pagamento, o penhor do seu relógio de ouro e diamantes, avaliado em R$ 200.00,00 (duzentos
mil reais). Antônia, por sua vez, exige que, no instrumento de constituição do penhor, conste
uma cláusula prevendo que, em caso de não pagamento da dívida, o relógio passará a ser de sua
propriedade. Clésio aceita a inserção da cláusula, mas consulta seus serviços, como advogado(a),
para saber da validade de tal medida. Sobre a cláusula proposta por Antônia, assinale a
afirmativa correta.

(A) É válida, tendo em vista o fato de que as partes podem, no exercício de sua autonomia
privada, estipular esse tipo de acordo.

(B) É nula, tendo em vista o fato de que o Código Civil brasileiro proíbe o pacto comissório.

(C) É válida, uma vez que Clésio como proprietário do bem, não está impedido de realizar o
negócio por um preço muito inferior ao de mercado, não se configurando a hipótese como pacto
comissório.

(D) É válida, ainda que os valores entre o bem dado em garantia e o empréstimo sejam díspares,
nada impede sua inserção, eis que não há qualquer vedação ao pacto comissório no direito
brasileiro.

Gabatiro B
A: incorreta, pois o princípio da autonomia privada das partes se aplica até onde não haja
vedação expressa de Lei. No caso em tela, o art. 1.428 CC proíbe que o credor fique com a coisa
empenhada; B: correta, pois o Código Civil de fato proíbe o pacto comissório, isto é, é nula a
cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da
garantia, se a dívida não for paga no vencimento. Isso para evitar que haja abusos por parte do
credor em ficar com o objeto da garantia, pois é possível que em muito exceda o valor da dívida;
C: incorreta, pois apesar de Clésio não estar impedido por lei de realizar o negócio por um valor
muito abaixo ao de mercado, está nítido que há uma situação desproporcional, onde por
desespero ele acaba cedendo às exigências da credora. A Lei protege Clésio nesse caso. Na
hipótese de o negócio ser realizado, ele pode ser anulado pelo vício da lesão (art.157 CC). Se
eventualmente a cláusula for inserida no contrato, ela é considerada nula por configurar pacto
comissório (art. 1.428 CC); D: incorreta, pois o CC expressamente proíbe o pacto comissório no
art. 1.428 CC, onde está previsto que o credor não pode pegar para si o objeto de garantia da
dívida. A Lei visa principalmente a coibir situações como essa, em que o valor do objeto
empenhado seja consideravelmente maior do que a dívida, pois assim haveria um
enriquecimento sem causa por parte do credor.

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