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AULA 16 – 22/06/2021

ARBITRAGEM
INSTITUIÇÃO FORÇADA DA ARBITRAGEM
Há vários artigos da Lei de Arbitragem que fazem menção à parceria do árbitro com o juiz estatal, dentre eles estão:

- a instituição forçada da arbitragem: quando uma das partes se recusa a cumprir o convencionado na cláusula
compromissória (art. 7°);
- fixação de honorários dos árbitros (art.11, parágrafo único);
- nomeação de terceiro árbitro (art. 13, § 2°);
- substituição de árbitro suspeito (art. 20, §§1º. e 2º.);
- depoimento de testemunhas (art. 22, §2º.);
- resolução de questão incidental sobre direito indisponível (art.25);
- hipóteses em que pode ser arguida a nulidade da sentença arbitral (art.33);
- reconhecimento de sentença arbitral estrangeira no Brasil (art. 35)

Para a instauração do procedimento judicial de instituição da arbitragem (artigo 7º da Lei n.º 9.307/96), são
indispensáveis: a existência de cláusula compromissória e a resistência de uma das partes à sua instituição.
AÇÃO ANULATÓRIA
As sentenças arbitrais não estão imunes ao controle do Poder Judiciário, conforme dispõe o art. 33 da LA, que confere
expressamente ao interessado o direito de demandar perante o Estado-juiz a desconstituição da decisão (ação anulatória
ou de nulidade) que lhe causou gravame.

A ação anulatória prevista no art. 32 da Lei de Arbitragem tem caráter subsidiário, entendendo-se como tal o fato de que,
enquanto cabível impugnação no âmbito da arbitragem contra a solução do mérito, o controle estatal fica obstado. Assim,
para fazer uso da tutela estatal, o interessado haverá de utilizar todos os esforços dentro da própria jurisdição privada para
atingir seu intento, de maneira a tentar reverter de alguma forma a decisão arbitral e tentar evitar o acesso ao Poder
Judiciário.

Para o ajuizamento da ação anulatória fundada no art. 32 c/c art. 33 da LA, deverá o interessado dirigir-se ao órgão
competente do Poder Judiciário e propor a demanda nos moldes do art. 319 do CPC.

PERGUNTA: É possível o ajuizamento de ação anulatória contra sentença arbitral parcial?

Para a propositura da Ação Anulatória da sentença arbitral (LA, art. 33, caput), o interessado haverá de observar o prazo
decadencial estabelecido, que é de noventa dias, a contar da data de recebimento da notificação da sentença parcial ou
final ou intimação pessoal; se tiverem sido opostos pedidos de esclarecimentos (embargos de declaração), conta-se o
prazo decadencial a partir da nova comunicação a respeito do aditamento ou da rejeição dos pedidos.

Decorrido o prazo de 90 dias, verifica-se a preclusão, passando a incidir os efeitos de coisa julgada arbitral com o
perecimento do direito de demandar pretensão desconstitutiva da sentença perante o Estado-juiz, salvo se tratando de
sentença arbitral condenatória para pagamento de soma, não cumprida espontaneamente, que ficará na dependência de
postulação do vencedor ao Poder Judiciário, nos termos do art. 523 e seguintes do CPC.
Em nenhuma hipótese, a decisão proferida pelo Estado-juiz haverá de substituir a sentença arbitral impugnada no tocante
ao mérito submetido ao conhecimento do árbitro; limitar-se-á em desconstituir a sentença arbitral com base no art. 32 da
LA; se for o caso, o juiz determinará que o árbitro ou tribunal arbitral profira nova sentença (art. 33, parag. 2º, LA).

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ARBITRAL

Proferida a sentença arbitral (parcial ou final) e transcorrido o prazo para a interposição do pedido de esclarecimentos ou se
formulados e decididos, intimadas as partes, passados 5 dias a contar do recebimento da notificação do último ato
decisório, transita em julgado a sentença arbitral, cabendo o sucumbente cumpri-la espontaneamente.

Se a sentença arbitral não for cumprida espontaneamente pelo vencido, o seu cumprimento forçado haverá de ser pleiteado
pelo vencedor, junto ao Estado-juiz competente.

O requerimento deverá estar instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter o
nome completo, CPF ou CNPJ do exequente e do executado, o índice de correção monetária adotado, os juros aplicados e
as respectivas taxas, o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados, o período e a indicação dos
bens penhoráveis.

Deverá também juntar com a inicial: o título executivo judicial, a convenção arbitral, o termo de arbitragem, a procuração
dos advogados das partes e os respectivos contratos sociais, se for pessoa jurídica.

Processar-se-á uma execução de título judicial, abrindo em favor do executado a possibilidade jurídica de impugná-la, com
o fim de desconstituir o título (sentença arbitral).
PERGUNTA: Cabe Mandado de Segurança contra decisão proferida pelo árbitro ou tribunal arbitral?

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA


(PROCEDIMENTOS/INCIDENTES/CONFLITO DE COMPETÊNCIA NO STJ)

Sentença arbitral estrangeira é toda aquela decisão proferida por árbitro ou tribunal arbitral fora do território nacional, que
por sua vez, será reconhecida e executada no Brasil, em conformidade com os tratados internacionais, com eficácia no
ordenamento jurídico interno e se, ausente, estritamente de acordo com os termos da Lei 9307/96.

A homologação de sentença estrangeira é o meio de reconhecimento e execução de decisões proferidas por tribunais
estrangeiros.

A competência para a homologação é do Superior Tribunal de Justiça, sendo esta a única exigência para a sua execução
no Brasil.

Somente depois de homologada pelo STJ com decisão transitada em julgado é que a sentença estrangeira terá eficácia no
Brasil e com possibilidade de alegação da parte interessada ou através de conhecimento de ofício da mencionada exceção,
extinguindo-se o processo nacional ainda em tramitação sem resolução de mérito.

A competência será exclusiva da autoridade judicial brasileira se a lide versar sobre imóveis, inventário ou partilha de bens
situados no Brasil (art. 23, I e II do CPC). De outra parte, não se verificando nenhuma dessas hipóteses, a circunstância de
uma das partes litigantes ter domicílio no Brasil não a impede de submeter-se ao juízo arbitral no exterior e
consequentemente, a homologação da decisão pelo tribunal competente do país em que ocorreu a arbitragem, se for o
caso.
Os requisitos positivos para o reconhecimento da sentença arbitral estrangeira são aqueles que devem estar presentes
para o acolhimento do pedido de homologação. Enquanto os negativos, são os elementos impeditivos para a
admissibilidade e reconhecimento da decisão estrangeira perante o território nacional.

Primeiramente, o reconhecimento será feito com base nos tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e
na ausência destes, nos termos da Lei 9307/1996.

Há de ser homologada sentença arbitral estrangeira, proferida por autoridade competente no país de origem, transitada em
julgado, autenticada pelo cônsul brasileiro e traduzida por tradutor juramentado no Brasil, enquanto a convenção de
arbitragem deverá contar com a chancela consular e estar devidamente traduzida.

A sentença arbitral não poderá ofender a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana ou a ordem pública. A
sentença arbitral tem que ser reconhecida como válida a produzir seus efeitos no país de origem.

OBS: O STF já determinou que não se homologa sentença proferida no estrangeiro, sem prova de trânsito em julgado
(Súmula 420).

O procedimento de homologação de sentença estrangeira não autoriza o reexame do mérito da decisão homologada,
excepcionadas as hipóteses em que se configurar afronta à soberania nacional ou à ordem pública, de modo a repelir atos
e efeitos jurídicos absolutamente incompatíveis com o sistema jurídico brasileiro.
O FUTURO DA ARBITRAGEM

A UTILIZAÇÃO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO PROCESSO ARBITRAL

- É juridicamente possível criar e designar um sistema computacional como árbitro?

- O uso da tecnologia e da inteligência artificial garante a observância aos princípios da


independência e imparcialidade do árbitro?

- Como deve ser valorada a prova por meio da inteligência artificial?

- Quais os impasses jurídicos na elaboração de sentenças arbitrais com a aplicação das tecnologias
disruptivas?

- Afinal, quais são as possibilidades atuais de aplicação da inteligência artificial na arbitragem?


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