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A cláusula poderá prever uma penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à primeira
reunião de mediação.
Se a cláusula não trouxer a previsão dessa penalidade, mesmo assim a parte que não comparecer será punida
tendo que pagar 50% das custas e honorários sucumbenciais caso venha a ser vencedora em procedimento
arbitral ou judicial posterior, que envolva o escopo da mediação para a qual foi convidada (art. 22, § 2º, IV,
da Lei).
“Nos litígios decorrentes de contratos comerciais ou societários que não contenham cláusula de mediação,
o mediador extrajudicial somente cobrará por seus serviços caso as partes decidam assinar o termo inicial
de mediação e permanecer, voluntariamente, no procedimento de mediação” (§ 3º do art. 22 da Lei
13.140/2015).
Em outras palavras, poderá até haver convite nesses contratos, mas, comparecendo, caso não queira dar
sequência, pela voluntariedade do procedimento de mediação, não poderá ser compelido a pagar por
serviço que não anuiu.
7. Cláusula escalonada
A cláusula escalonada é a cláusula contratual que contempla a obrigação de as partes submeterem-se à
mediação ou à conciliação previamente à arbitragem ou à jurisdição estatal, evitando que a controvérsia
chegue diretamente à heterocomposição.
Havendo cláusula contratual prevendo a mediação como meio prévio de resolução de litígios e impondo a
observância do transcurso de certo prazo ou o implemento de determinada condição antes de demandar, o
juiz ou árbitro deverão suspender os processos respectivos pelo prazo fixado ou até o advento da condição.
Ex: em um contrato firmado entre as empresas “A” e “B”, existe uma cláusula dizendo que as partes não
poderão interpor ação judicial para discutir o contrato, salvo se tiverem tentado a mediação pelo prazo
máximo de 6 meses.
Se houver uma previsão nesse sentido e uma das partes não a respeitar, ajuizando a ação mesmo antes do
prazo, o juiz deverá suspender o processo e aguardar o término do interregno estipulado.
A suspensão do processo, caso determinada, não obsta a expedição de medidas de urgência pelo juiz ou
pelo árbitro.
Contratualmente previstas, a suspensão do processo é dever do juiz e do árbitro.
A prorrogação da suspensão, depende, igualmente, da concordância expressa de ambas as partes.
8. Presença de advogado
As partes poderão ser assistidas por advogados ou defensores públicos na reunião da mediação.
Se uma das partes comparecer acompanhada de advogado ou Defensor Público e a outra estiver sem
assistência jurídica, o mediador suspenderá o procedimento até que todas estejam devidamente assistidas
(art. 10, parágrafo único da Lei).
Mediação judicial
1. Centro judiciários de solução consensual de conflitos
É dever dos tribunais a criação de centros judiciários de solução consensual de conflitos, órgãos incumbidos
da realização de reuniões, sessões ou audiências de mediação e conciliação, anteriores ou concomitantes ao
processo judicial.
Aos centros também cabe o desenvolvimento de programas que se prestem a auxiliar, orientar e estimular
a autocomposição de conflitos.
A composição e a organização dos centros devem observar o regramento do respectivo tribunal, expedido
conforme os parâmetros gerais nacionalmente estabelecidos pelo CNJ.
2. Dever de cooperação e busca do consenso
Deve o juiz estimular e promover a autocomposição a qualquer tempo e grau (STJ REsp. 1.639.721).
O princípio da cooperação exige que todos os sujeitos do processo estimulem a autocomposição (STJ REsp.
1.126.575).
O CPC/15 trouxe expressamente em seu texto o princípio da cooperação. Senão vejamos o artigo 6º do CPC:
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável,
decisão de mérito justa e efetiva.
Ademais, em seu artigo 3º, o CPC consagrou o sistema multiportas. Vejamos:
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados
por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo
judicial.
3. Autonomia relativa da vontade
Conforme já vimos, o artigo 25 da Lei de Mediação, trata que na mediação judicial, os mediadores não
estarão sujeitos à previa aceitação das partes.
Todavia, vimos que o CPC/15 traz disposição diversa. Senão vejamos:
Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada
de conciliação e de mediação.
§ 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado no tribunal.
A autonomia da vontade das partes é princípio da mediação, tanto judicial quanto extrajudicial, e, como
todos os princípios, não é absoluto, admitindo temperamentos que, no caso da mediação judicial, são mais
incisivos e marcantes.
Na mediação judicial, segundo a Lei de Mediação, o mediador designado não se submete à prévia aceitação
das partes; o que não significa, todavia, que as partes sejam proibidas de repelir o designado com
fundamento na comprovada ausência de qualidades para o desempenho da tarefa, especialmente porque
parcial, dependente ou não confiável.
O que o dispositivo legal obsta é a repulsa do designado sem qualquer justificativa plausível pela só rejeição
arbitrária de uma ou de ambas as partes.
4. Assessoria jurídica
Na mediação extrajudicial, não é obrigatória a presença do advogado, devendo, contudo, ser dada a
oportunidade de a parte constituir advogado, se a outra parte estiver representada por causídico (princípio
da paridade de armas).
Nas mediações judiciais, porém, a excepcionalidade é a ausência de advogados/defensores. Deste modo,
desde que não se trate de hipóteses de dispensa legal expressa, como ocorre no regime dos juizados
especiais, estaduais e federais, nas mediações judiciais é obrigatória a presença de advogados contratados
ou de defensores designados.
5. Audiência inicial de mediação
A designação de audiência prévia de mediação é dever do juiz, desde que não seja caso de indeferimento da
petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.
Conforme artigo 334 do CPC, se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de
improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com
antecedência mínima de 30 dias.
A audiência apenas não será realizada se: a) ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse
na composição consensual; b) quando não se admitir a autocomposição.
6. Prazo da mediação
O procedimento de mediação deve ser encerrado no prazo legal de sessenta dias, se outro não tiver sido pr
evisto no contrato ou no regulamento pertinente, admitindo-se a prorrogação por ajuste entre as partes e
submetido à deliberação do juízo.
Findo o prazo sem prorrogação deferida e chegando as partes a um acordo, os autos serão encaminhados
ao juiz que determinará seu arquivamento.
7. Homologação do acordo
Se expressamente requerido pelas partes, o juiz poderá homologar o acordo, se lícito.
A homologação é condição para a qualificação do título executivo como sendo judicial, sendo obrigatória,
quando envolver direitos disponíveis, ou obrigatória, quando envolver direitos indisponíveis.
8. Custas
Se o conflito for resolvido através da mediação antes da citação do réu, não serão devidas custas judiciais
finais.
Citado o réu, as custas judiciais finais serão devidas ainda que a mediação conduza a acordo entre as partes,
visto que a máquina judiciária foi movimentada para o ato citatório.
Em todo caso, a remuneração do mediador é devida, salvo hipótese de gratuidade legalmente imposta ou
voluntariamente assumida.
9. Julgados sobre o assunto
O juízo da causa não é prevento para homologar acordo feito nos centros judiciais de solução de conflitos
(STJ REsp 1.531.131).
RECURSO ESPECIAL - DIREITO DE FAMÍLIA - ALIMENTOS E GUARDA DE FILHOS - ACORDO
EXTRAJUDICIAL HOMOLOGADO PELO CENTRO JUDICIÁRIO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E CIDADANIA
(CEJUSC) - ALEGAÇÃO DE NULIDADE POR PREVENÇÃO SUSCITADA PELO MP ESTADUAL - AUSÊNCIA
DE PREJUÍZO ÀS PARTES - ATO QUE PASSADOS TRÊS ANOS, COMO RESSALTOU O MINISTÉRIO PÚBLICO
FEDERAL, NÃO GEROU QUALQUER NOVA CONTROVÉRSIA ENTRE OS GENITORES -
INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS - PRECEDENTES DO STJ - RESOLUÇÃO CNJ Nº 125/2010 -
INCENTIVO À AUTOCOMPOSIÇÃO COMO FORMA DE RESOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS.
Hipótese dos autos: inobstante a existência de prévia ação de alimentos junto ao Juízo da 1.ª Vara de
Família da Comarca de Rio Branco/AC, decidida por sentença homologatória de acordo, os recorridos,
conjunta e espontaneamente, procuraram os serviços do CEJUSC e, ao final da realização de audiência
de conciliação, registrada às fls. 07 (e-STJ), retificaram os termos de guarda e de prestação de
alimentos do filho, tendo sido homologada a convenção extrajudicial pelo Juízo Coordenador do
CEJUSC (fl. 12, e-STJ), nos termos do art. 9º da Resolução CNJ n.º 125/2010.
1. A decisão recorrida foi publicada antes da entrada em vigor da Lei 13.105 de 2015, estando o
recurso sujeito aos requisitos de admissibilidade do Código de Processo Civil de 1973, conforme
Enunciado Administrativo 2/2016 do Plenário do Superior Tribunal de Justiça (AgRg no AREsp
849.405/MG).
2. O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento, à luz do princípio constitucional da prestação
jurisdicional justa e tempestiva (art. 5º, inc. LXXVIII, da CF/1988), que, em respeito ao princípio da
instrumentalidade das formas (art. 244 do CPC/1973), somente se reconhece eventual nulidade de
atos processuais caso haja a demonstração efetiva de prejuízo pelas partes envolvidas.
Precedentes do STJ.
3. É inadiável a mudança de mentalidade por parte da nossa sociedade, quanto à busca da sentença
judicial, como única forma de se resolver controvérsias, uma vez que a Resolução CNJ n.º 125/2010
deflagrou uma política pública nacional a ser seguida por todos os juízes e tribunais da federação,
confirmada pelo atual Código de Processo Civil, consistente na promoção e efetivação dos meios mais
adequados de resolução de litígios, dentre eles a conciliação, por representar a solução mais
adequada aos conflitos de interesses, em razão da participação decisiva de ambas as partes na busca
do resultado que satisfaça sobejamente os seus anseios.
4. A providência de buscar a composição da lide quando o conflito já foi transformado em demanda
judicial, além de facultada às partes, está entre os deveres dos magistrados, sendo possível conclamar
os interessados para esse fim a qualquer momento e em qualquer grau de jurisdição, nos termos do
art. 125, inc. IV, do Código de Processo Civil de 1973 ("o juiz dirigirá o processo, competindo-lhe tentar,
a qualquer tempo, conciliar as partes").
5. O papel desempenhado pelo juiz-coordenador do CEJUSC tão-somente favoreceu a materialização
do direito dos pais de decidirem, em comum acordo, sobre a guarda de seus filhos e a necessidade ou
não do pagamento de pensão, razão pela qual, passado mais de três anos da homologação da
convenção extrajudicial entre os genitores no âmbito do CEJUSC, sem a notícia nos autos de qualquer
problema dela decorrente, revela-se inapropriada a cogitação de nulidade do ato conciliatório em
face de eventual reconhecimento de desrespeito à prevenção pelo juízo de família.
6. Recurso especial desprovido.
(REsp 1531131/AC, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 07/12/2017, DJe
15/12/2017)
A homologação judicial de autocomposição pode ocorrer após o trânsito em julgada de sentença (STJ.
EDivREsp. 978.154).
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.
HOMOLOGAÇÃO DE TRANSAÇÃO PREVISTA NA LC N. 110/01 APÓS TRÂNSITO EM JULGADO DA
DECISÃO PROFERIDA NO PROCESSO DE CONHECIMENTO. AUTOCOMPOSIÇÃO NA VIA
ADMINISTRATIVA. POSSIBILIDADE.
INSTITUTO PREVISTO EM NORMA ESPECIAL QUE NÃO PREVÊ VEDAÇÃO À HOMOLOGAÇÃO PELO
JUÍZO COMPETENTE. RESTABELECIMENTO DA SENTENÇA QUE DETERMINOU A EXTINÇÃO DA
PRETENSÃO EXECUTÓRIA.
1. Embargos de divergência interpostos pela Caixa Econômica Federal em que questiona a viabilidade
da homologação judicial de acordo firmado com fundistas, mas apresentado em Juízo após o trânsito
em julgado da decisão do processo de conhecimento.
2. O instituto da transação previsto no artigo 7º da Lei Complementar n. 110/01 não se submete à
forma disciplinada no artigo 842 do Código Civil, pois inserido em lei específica, que, se observada,
autoriza a sua homologação na via judicial. Nesse sentido: REsp 889.190/RS, Rel. Ministro Teori Albino
Zavascki, Primeira Turma, DJ 19/04/2007; e REsp 1151094/BA, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe 06/08/2010.
3. O comando normativo inserto no artigo 7º da Lei Complementar n.
110/01 permite a transação e não faz a ressalva de que o acordo extrajudicial só poderia ser firmado
e/ou homologado judicialmente até decisão final na fase de cognição. Se a lei especial não incluiu
essa restrição ao tratar do "litígio judicial", não cabe ao intérprete fazê-lo. Incide ao caso a máxima
inclusio unius alterius exclusio.
4. Embargos de divergência providos.
(EREsp 978.154/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013,
DJe 29/10/2013)
A notícia de autocomposição importa na perda de objeto do recuso (STJ. AgIntAREsp 1.330.712).
A homologação arbitral dispensa a judicial (STJ. Edcl. DESIS. AResp. 1.094.553).
Deve ser recusada a homologação de acordo cuja licitude seja duvidosa (STJ. REsp. 1.090.695).
Pela visão tradicional do Direito Administrativo, em caso de conflitos envolvendo em um dos polos uma
pessoa jurídica de direito público, a questão deveria ser, obrigatoriamente, resolvida por meio de sentença
judicial. Isso porque, segundo a posição clássica, o princípio da indisponibilidade do interesse público
impediria que a Administração Pública se submetesse à conciliação, mediação ou arbitragem.
Essa visão tradicional está atualmente superada. O art. 1º, § 1º da Lei n.° 9.307/96 (com redação dada pela
Lei n.° 13.129/2015) prevê que a administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da ARBITRAGEM
para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
A Lei n.° 13.140/2015 autoriza e incentiva que a Administração Pública preveja e resolva seus conflitos por
meio da conciliação e mediação (art. 32).
A criação de centros de solução consensual de litígios entre administração pública e cidadãos deve ser
estimulada, especialmente no que se refere a temas complexos como ambientais e previdenciários.
A Lei n.° 13.140/2015 e o CPC 2015 afirmam que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão criar câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos.
No âmbito federal, existe, desde 2007, a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal.