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Poder Judiciário do Estado de Sergipe

3ª Vara Criminal de Aracaju

Nº Processo 201920300284 - Número Único: 0019839-74.2019.8.25.0001


Autor: AUTORIDADE POLICIAL
Réu: ALDEMAR FRANCISCO DE CARVALHO NETO E OUTROS

Movimento: Julgamento >> Com Resolução do Mérito >> Improcedência

Processo nº 201920300284

AÇÃO PENAL PÚBLICA

RÉUS: ADRIANA MARIA SANTOS

ALDEMAR FRANCISCO DE CARVALHO NETO

JORGE LUIZ DANTAS DE SANTANA

JOSÉ TEÓFILO DE SANTANA NETO

ROBERTO CALASANS COSTA

ROOSEWELT PEREIRA MOURA

SENTENÇA

Vistos etc.

O Representante do Ministério Público com atribuições nesta Vara Criminal promoveu Ação Penal
Pública Incondicionada, com supedâneo nos argumentos fáticos e jurídicos delineados no procedimento
administrativo inquisitorial, em face de ADRIANA MARIA SANTOS, ALDEMAR FRANCISCO DE
CARVALHO NETO, JORGE LUIZ DANTAS DE SANTANA, JOSÉ TEÓFILO DE SANTANA
NETO, ROBERTO CALASANS COSTAe ROOSEWELT PEREIRA MOURA, qualificados nos
autos, imputando-lhes a conduta delituosa prevista no art. 4º, inciso II, “b” e “c”, da Lei nº 8.137/90.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
Conferência em www.tjse.jus.br/portal/servicos/judiciais/autenticacao-de-documentos. Número de Consulta: 2020000919011-72. fl: 1/41
Narra a Denúncia que:

“O Ministério Público do Estado de Sergipe, através da 1ª Promotoria de Justiça dos Direitos do Cidadão
de Aracaju, instaurou o Inquérito Civil nº 17.14.01.0049 e, no bojo do procedimento, requisitou a
instauração de Inquérito Policial ao Departamento de Crimes contra a Ordem Tributária e Administração
Pública – DEOTAP, tendo em vista os indícios de crimes de formação de cartel, crimes licitatórios, além
de crimes contra a Administração Pública, relacionados às empresas MEGA EMPREENDIMENTOS
PROPAGANDA E EVENTOS LTDA., TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E
EVENTOS LTDA., FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA., e ESTRUTURART
EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA., que atuaram em diversos Municípios Sergipanos,
inclusive no Município de Aracaju, através de contratos celebrados com a FUNCAJU – FUNDAÇÃO
CULTURAL CIDADE DE ARACAJU, no período de 2009 a 2014.

A investigação concluiu que os denunciados, no período de 2009 até 2014, ao desenvolver atividades
comerciais no ramo de shows e eventos, previamente ajustados e com unidade de propósitos formaram
acordos, consórcios, convênios, ajustes e alianças como ofertantes ou proponentes, visando à
contratação por inexigibilidade de licitação com municípios sergipanos, em prática de cartelização, em
detrimento da concorrência da rede de empresas, formando um cartel de empresas de eventos (crime
contra a ordem econômica).

Apurou-se a íntima relação entre JOSÉ TEÓFILO SANTANA, conhecido por TEO SANTANA (sócio da
empresa com mesmo nome – TEO SANTANA), ALDEMAR CARVALHO (procurador da MEGA) e
ROOSEWELT MOURA, conhecido por SISSINHO MOURA (sócio da FAMA). A investigação
demonstrou ser notório que os três se apresentam socialmente como parceiros negociais, inclusive
chegando a se auto denominar “time”, uma vez que faziam divulgação das empresas e dos eventos uns
dos outros. Já ADRIANA SANTOS (sócia da ESTRUTURART) era esposa de TEO SANTANA e
participou ativamente da empreitada criminosa.

De início, verificou-se, através da análise das contratações das empresas, a existência de uma estranha
coincidência, pois as quatro empresas citadas (TEO, MEGA, FAMA e ESTRUTURART) contratam os
mesmos artistas durante o mesmo lapso temporal, o que, além de revelar a parceria comercial entre elas,
põe em dúvida a regularidade das inúmeras contratações mediante inexigibilidade de licitação com
amparo na “exclusividade” da representação dos artistas.

Afora as contratações suspeitas, foi solicitado ao COAF – Conselho de Controle de Atividades


Financeiras – o relatório de inteligência financeira (RIF) para verificar se em relação às pessoas físicas e
jurídicas acima identificadas havia operações financeiras consideradas atípicas, o qual foi conclusivo e
constatou a existência de atipicidade em diversas transações financeiras. Anote-se que o relatório
destacou que as sociedades empresárias acima indicadas realizavam saques em espécie umas das contas
das outras, sugerindo a interligação entre elas e a gestão unificada.

Além do relacionamento financeiro indicado pelo RIF, os depoimentos colhidos pela autoridade policial
confirmam a interligação entre as empresas MEGA, FAMA, ESTRUTURART e TEO SANTANA, todas
geridas por TEO, podendo ser citados: DANNY IGLESIAS CUNHA GOIS, que já prestou serviços a

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TEO e afirmou que DEMAR é sócio deste e que CICINHO trabalha para ele, vendendo shows no interior
do Estado; ROBERTO CALAZANS COSTA, que apesar de ser sócio da FAMA, afirmou sobre a
existência de parceria entre CICINHO e TEO.

AUGUSTO CESAR MAIA CARDOSO que informou sobre a existência de parceria entre TEO,
CICINHO e DEMAR; LUCILENE DA SILVA GOMES, artista que afirmou ter sido representada em
contratação com a FUNCAJU pela empresa MEGA, de TEO SANTANA; GIVANILDO RIBEIRO DA
SILVA, representante do setor artístico, disse acreditar que DEMAR era proprietário da
ESTRUTURART, percebendo que TEO, CICINHO e DEMAR agiam em conjunto.

JÚLIO CÉSAR DOS REIS VIANA disse que, como representante de artistas, já fechou contratos com
TEO SANTANA, apesar de constar dos autos cessão de exclusividade em nome da FAMA, que sabe ser
de CICINHO, nunca negociou com este; RODRIGO LIMA DA CONCEIÇÃO, artista que informou já ter
cedido carta de exclusividade a MEGA, a pedido de TEO SANTANA, alegando que as empresas MEGA
EMPREENDIMENTOS, TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS e ESTRUTURART pertencem ao
empresário TEO SANTANA.

A denunciada ADRIANA MARIA SANTOS, ex-esposa de TEO que foi sócia da ESTRUTURART,
informou que este geria as empresas TEO SANTANA e ESTRUTURART, sempre assinando documentos
a pedido do então marido, afirmando que DEMAR costumava se apresentar como sócio da
ESTRUTURART e destacando que a MEGA não tem patrimônio ou equipamentos, sendo que DEMAR
somente trabalha em parceria com TEO, tendo afirmado quanto a CICINHO, que este trabalhava dentro
do escritório de TEO, mantendo parceria comercial.

Ademais, foi deferido o acompanhamento e interceptação telefônica nos autos do processo nº


201620300530, sendo que o relatório final das interceptações trouxe compilação de áudios relevantes para
a elucidação do presente caso, além de diálogos captados entre os denunciados (ou deles com terceiros),
revelando a estreita relação entre eles, bem como vinculação negocial, sob o comando de TEO
SANTANA, corroborando com as provas colhidas.

Conforme informações obtidas através do afastamento dos sigilos bancários e fiscais deferidas nos autos
de nº 201620300540, o RELATÓRIO TÉCNICO DE ANÁLISE DE DADOS produzido pelo
LAB-LD/PCSE confirmou as informações remetidas pelo COAF sobre a interligação das empresas e as
operações financeiras entre elas. Os denunciados receberam de créditos em suas contas bancárias, no
supracitado período, R$174.520.545,00, sendo que o maior volume é representado pela empresa TEO
SANTANA EMPREENDIMENTOS – R$108.173.210,00 (fls. 18/19 – Relatório LAB/LD). Além disso,
há diversas transações financeiras de débitos e créditos entre a MEGA, FAMA, ESTRUTURART, TEO
SANTANA, ALDEMAR (DEMAR), ROOSEVELT (CICINHO) e JOSÉ TEÓFILO (fls. 128/129 –
Relatório LAB/LD).

II – IMPUTAÇÃO TÍPICA

Crime contra a ordem econômica (Art. 4º, II, “b” e “c”, da Lei 8.137/1990):

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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Em data não precisada nos autos, mas sendo certo que, pelo menos, desde meados de 2009 até meados de
2015, em conluio e unidade de desígnios, os denunciados, de modo consciente e voluntário, abusaram do
poder econômico, formando acordos, convênios, ajustes ou alianças entre ofertantes, visando: a) ao
controle regionalizado do mercado pelo grupo de empresas MEGA EMPREENDIMENTOS
PROPAGANDA E EVENTOS LTDA., TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E
EVENTOS LTDA., FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA., e ESTRUTURART
EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA.; b) ao controle, em detrimento da concorrência, de
rede de distribuição ou de fornecedores. (art. 4º, inciso II, alíneas “b” e “c”, da Lei nº 8.137/90).

Os denunciados agiam deliberadamente direcionados para a obtenção de lucro indevido, se utilizando do


artifício da disponibilidade de quatro empresas que se alternavam conforme a necessidade, afastando
concorrentes e, por conseguinte, facilitando a prática de praticar preços arbitrários. Os dados levantados e
expostos na investigação demonstram claramente a simbiose entre as empresas TEO SANTANA,
ESTRUTURART, MEGA e FAMA, que atuaram no mercado de shows e eventos, prestando serviços a
entes públicos sob gestão única e comando do empresário JOSÉ TEÓFILO, substituindo umas às outras
conforme a necessidade, seja por questões administrativas ou outros interesses, até mesmo para ocultar
nepotismo na percepção de patrocínios da PETROBRAS.” (sic)

A Denúncia foi recebida em 25 de abril de 2019.

Citados, os réus apresentaram resposta à acusação, por intermédio de Advogados constituídos.

Analisadas as defesas, foi designada audiência de instrução.

Durante a instrução, foram ouvidas as testemunhas arroladas pela acusação, com exceção de Tácio dos
Santos Macedo e José Herbert dos Santos, em relação às quais houve desistência por parte do Ministério
Público, o que foi deferido por este Juízo, após a anuência das Defesas. Foram ouvidas, ainda, as
testemunhas Cleverton Albuquerque Santana, arrolada pela Defesa da ré Adriana Maria Santos; Marcos
Vinícius Rocha Santana e Enio Passos Santos, arroladas pela Defesa do réu Aldemar Francisco de
Carvalho Neto; Manoel Luís Fraga Viana, Raimundo José dos Anjos Pinto e Wellington de Andrade
Santos, arroladas pela Defesa do réu José Teófilo de Santana Neto. Por fim, procedeu-se à qualificação e
interrogatório dos réus.

Ressalte-se que a testemunha de acusação Rodrigo Lima da Conceição foi ouvida via Carta Precatória,
expedida para a Comarca de Frei Paulo/SE com tal finalidade.

Encerrada a instrução, nos termos do art. 402, do CPP, as partes não requereram diligências.

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O Ministério Público, em sede de Memoriais, requereu a absolvição dos réus, com fundamento no art.
386, inciso VII, do CPP. A Defesa dos réus José Teófilo de Santana Neto e Jorge Luiz Dantas de Santana
pugnou pelo acatamento do pedido formulado pelo Parquet, requerendo a absolvição dos acusados, com
esteio no art. 386, inciso V, do CPP; pela absolvição dos réus José Teófilo de Santana Neto e Jorge Luiz
Dantas de Santana, com amparo no art. 386, inciso III, do CPP; e, subsidiariamente, pela absolvição dos
acusados, com base no art. 386, inciso VII, do CPP.

A Defesa do réu Aldemar Francisco de Carvalho Neto pugnou pela improcedência da presente pretensão
punitiva, absolvendo-se o referido réu, com fundamento no art. 386, incisos III, V e VII, do CPP, este
último inciso requerido de forma subsidiária. A Defesa da ré Adriana Maria Santos pugnou pela
improcedência da presente pretensão punitiva, absolvendo-se a acusada, com fundamento no art. 386,
incisos III, V e VII, do CPP, este último inciso requerido de forma subsidiária.

A Defesa dos réus Roosewelt Pereira Moura e Roberto Calasans Csta pugnou pelo acolhimento do pedido
formulado pelo Ministério Público, absolvendo-se os réus, com esteio no art. 386, inciso V, do CPP; pela
absolvição dos referidos acusados, com fulcro no art. 386, inciso III, do CPP; e, subsidiariamente, pela
aplicação do Princípio do In Dubio Pro Reo, com amparo no art. 386, inciso VII, do CPP.

É o relatório. Decido.

FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de ação penal pública incondicionada instaurada com a finalidade de apurar a responsabilidade
penal dos acusados pela prática do fato delituoso narrado na Denúncia, configurador do crime tipificado
no art. 4º, inciso II, “b” e “c”, da Lei nº 8.137/90.

Inicialmente, importa ressaltar que o processo teve sua regular tramitação sem qualquer irregularidade ou
nulidade vislumbrada, sendo assegurados, na forma da lei, os princípios do contraditório e da ampla
defesa.

Inexistindo vícios, passo à apreciação dos elementos contidos nos autos.

Para a prolação da sentença condenatória é necessário o reconhecimento da existência material do fato e


da sua autoria.

ART. 4º, INCISO II, “b” e “c”, da LEI Nº 8.137/90 – FORMAÇÃO DE CARTEL

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Prescreve o art. 4º, inciso II, “b” e “c”, da Lei nº 8.137/90:

Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica:

(...)

II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando:

(...)

b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;

c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.

Trata-se de crime formal, cuja consumação se perfaz com a formação do acordo, visando à dominação do
mercado ou eliminação da concorrência por meio da prática de uma das condutas descritas nas respectivas
alíneas.

Pois bem. Examinando o acervo probatório, verifica-se a inexistência de provas suficientes acerca da
materialidade do fato, conforme será demonstrado a seguir.

A prova testemunhal é de suma importância no Processo Penal, haja vista que, muitas vezes, somente ela
é produzida, ficando o juiz adstrito à mesma, para a formação do seu livre convencimento. Vejamos:

A testemunha Danny Iglesias Cunha Gois, ao ser ouvido em Juízo, disse que conhece os réus. Afirmou
que, de 2009 a 2014, trabalhava na empresa “Nível Superior Formaturas” e prestava serviço ao réu José
Teófilo. Afirmou que, nesse período, trabalhava como prestador de produção de eventos. Afirmou que
conhece as empresas “TEO SANTANA”, “MEGA”, “FAMA” e “ESTRUTURART”. Afirmou que a
empresa “FAMA” é localizada no Município de Barra dos Coqueiros. Afirmou que as empresas “TEO
SANTANA” e “ESTRUTURART” localizam-se no mesmo endereço. Afirmou que não se recorda da
empresa “MEGA”. Afirmou que se tratam de proprietários diferentes. Afirmou, quanto à empresa “TEO
SANTANA”, que o proprietário seria o réu José Teófilo. Afirmou, quanto à empresa “MEGA”, que o
proprietário seria o réu Aldemar Francisco. Afirmou que a empresa “FAMA” é de “Sissinho”. Afirmou,
em relação à empresa “ESTRUTURART”, que se recorda como sendo do réu José Teófilo. Afirmou que
as empresas “TEO SANTANA” e “ESTRUTURART” não prestavam o mesmo tipo de serviço. Afirmou
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que a empresa “ESTRUTURART” trabalha com a parte de estrutura, de palco. Afirmou que a empresa
“TEO SANTANA” trabalha com a parte de shows, eventos, contratação de bandas. Afirmou que não
acompanhava o dia a dia dessas empresas. Afirmou que era “freelancer”, então, não ficava diariamente,
sendo que é contratado para fazer a produção de um evento. Afirmou que prestava serviço às empresas
“TEO SANTANA” e “ESTRUTURART”. Afirmou que não conhece como era internamente as empresas
“MEGA” e “FAMA”, sendo que conhece os proprietários, mas não tem amizade. Reiterou que as
empresas “TEO SANTANA” e “ESTRUTURART” eram situadas no mesmo local. Afirmou que os
proprietários das empresas “MEGA” e “FAMA” se reuniam com o réu José Teófilo, geralmente, quando
tinha algum tipo de evento, sendo que havia um encontro, em que conversavam para realizar a produção
do evento. Afirmou que não entendeu, nem acreditava que as empresas “MEGA” e “FAMA” eram do réu
José Teófilo. Afirmou que cada empresa tinha o seu proprietário e respondia por si. Afirmou que conhece
o réu Aldemar Francisco, proprietário da empresa “MEGA”, sendo que o mesmo é sócio do réu José
Teófilo em eventos, como por exemplo, o “Forró das Antigas”. Afirmou que conhece o réu Roosewelt
Pereira, que gere a empresa “FAMA”, mas não tem conhecimento em relação ao réu Roberto Calasans.
Afirmou, sobre a empresa “FAMA”, que já participou de eventos. Afirmou que, na época em que
participou como “freelancer”, não participava da parte burocrática. Afirmou que é contratado para fazer
produção de eventos, sendo que “eles fazem tudo” e chamam o depoente para tomar conta daquele
evento. Afirmou que, quando tinha os eventos, visualizava sociedade, no sentido de que, supondo que o
réu José Teófilo realizará um evento, “eles” eram chamados para entrarem numa sociedade e realizarem
um evento juntos. Afirmou que, nessa sociedade, cada um era pela sua empresa. Afirmou que conhece a
ré Adriana Maria, que é ex-esposa do réu José Teófilo. Afirmou que não tem conhecimento de ser a ré
Adriana Maria proprietária de uma das empresas citadas. Afirmou que, na condição de “freelancer”, às
vezes percebia a presença da ré Adriana Maria, participando na produção, porém, não sabe qual empresa
ela estaria representando. Afirmou que a empresa “ESTRUTURART” tinha por objeto a montagem de
palcos, estrutura de um evento. Afirmou que a empresa “TEO SANTANA” trabalha com a parte de
promoção de shows. Afirmou que, quando se monta um evento, as empresas participam de forma
destacada, havendo diferença entre quem está na frente, na captação de cantores, e montagem de palco, de
estrutura, até na identificação, de farda de funcionário. Afirmou que em todo evento destacam quem faz
parte da empresa “ESTRUTURART”, da empresa “TEO SANTANA”, sendo que qualquer empresa de
eventos terá um ramo. Afirmou que havia parceria entre essas empresas, não se recordando se essa
parceria também ocorria em eventos públicos, como o “Forró Caju”, pois participava mais em eventos
particulares. Afirmou que, quando participava de evento público, era para tomar conta de bandas, sendo
que não participava administrativamente, mas sim, na parte de produção. Afirmou que conheceu mais o
réu José Teófilo, pois começou a trabalhar com ele do início, não se recordando se a empresa “MEGA” já
existia. Afirmou que, pelo que já ouviu, o réu Aldemar Franciso é o mais antigo no ramo, mas não pode
afirmar porque não tinha contato com ele. Afirmou que, além das quatro empresas citadas, existem outras
várias que se dedicam às mesmas atividades. Afirmou, ao ser questionado sobre outras empresas, que não
se recorda da “JV PRODUÇÕES”, que se recorda da “LUZZY”, da “PRO SHOW” e da “AUGUSTUS
PRODUÇÕES”. Afirmou que essas empresas se dedicam às mesmas atividades desenvolvidas pelas
empresas deste processo. Afirmou que, na condição de “freelancer”, como participava mais dos eventos
particulares, não tinha acesso à parte documento. Afirmou que já participou de produção no “Forró Caju”,
e que se recorda de que, além dessas empresas, no Forró Caju do mesmo ano, outras também participaram
no mesmo evento com bandas, estrutura, iluminação, de modo que não se concentrava o evento nessas
empresas. Afirmou que deve conhecer o réu Aldemar Francisco desde 2011, e que conheceu o réu José
Teófilo antes. Afirmou que não teve acesso à documentação dos atos constitutivos da empresa “MEGA”.
Afirmou que conhece o réu Aldemar Francisco como proprietário da empresa “MEGA”, sendo que ele
fazia tudo o que era relacionado à “MEGA”. Afirmou que a participação era relacionada à produção.
Afirmou que não notou o réu Aldemar Francisco agindo com os outros denunciados, de forma a combinar
algum preço.

A testemunha Givanildo Ribeiro da Silva, ao ser ouvido em Juízo, disse que conhece o réu José
Teófilo, que era o seu empresário. Afirmou que o réu José Teófilo era o empresário da sua banda,
chamada “Sanfonada”, sendo que tudo era feito através dele e o seu relacionamento era mais com ele.
Afirmou que quem cuidava das vendas da banda era o réu José Teófilo. Afirmou que conhece o
procurador da empresa “MEGA”, o réu Aldemar Francisco. Afirmou que apenas pegava a documentação,

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que era a carta de exclusividade, para levar ao cartório. Afirmou que lia contrato do show, via o nome da
empresa, mas não sabia ao certo quem era o proprietário. Afirmou que pegava o documento porque o réu
José Teófilo era o empresário da banda, então, qualquer coisa relacionada à banda passava por ele.
Afirmou que apenas tocava nos locais. Afirmou que fez bastante shows pela empresa “PRO SHOW”,
entre 2009 a 2014. Afirmou que não sabe quem é o proprietário da empresa “ESTRUTURART”.
Confirmou o que disse em sede policial a respeito de que acreditava que o réu Aldemar Francisco era
proprietário da “ESTRUTURART”. Afirmou que a empresa “ESTRUTURART” é uma empresa de
estrutura, e que não tinha muito negócio com ela. Afirmou que acreditava que o réu Aldemar Francisco
era o proprietário porque ele falava sobre estrutura com o depoente, mas não conhece nenhum fato
concreto. Afirmou que não sabe onde fica localizada a empresa “ESTRUTURART”. Afirmou que a
empresa “TEO SANTANA” teve dois endereços, um no bairro Luzia e outro na Rua Celso Oliva.
Afirmou que não ouviu falar muito da empresa “FAMA”. Afirmou que conhece o réu Roosewelt Pereira
do ramo de eventos, conhecido como “Sissinho”, mas não negociou diretamente com ele. Afirmou que
não se recorda do réu Roberto Calasans. Afirmou que não tem envolvimento de amizade com “Sissinho”,
conhecendo-o de vista. Afirmou que a sua banda era representada somente pelo réu José Teófilo, era
exclusividade. Afirmou que a carta de exclusividade funcionava para data e horário específico, e não
indicava valores. Afirmou que o repasse variava muito, sendo que recebia entre R$ 4.000,00 e R$
20.000,00, dependendo muito do local e data, nunca tendo passado de R$ 20.000,00. Afirmou que não
sabe como se diferenciava porque o seu empresário era o réu José Teófilo, então, era tudo por ele, que
tinha, inclusive, procuração para realizar qualquer coisa pelo depoente. Afirmou, em relação aos réus
Roosewelt Pereira e Roberto Calasans, ou a empresa “FAMA”, que nunca teve contato direto. Afirmou
que a carta de exclusividade era de exclusividade durante o show, na data e horário em que era marcado o
show. Afirmou que prestou serviço para a empresa “PRO SHOW”, então, esta, numa determinada data,
tinha exclusividade para a execução do show vendido pelo empresário, o réu José Teófilo. Afirmou que,
em algumas datas, com a carta de exclusividade, o seu empresário poderia promover o show para ele,
como também, poderia delegar a qualquer outra empresa com essa carta de exclusividade, que variava
muito de preço. Afirmou que conhece a “ESTRUTURART”, sabia que existia. Afirmou que conhece a ré
Adriana Maria, que era esposa do réu José Teófilo. Afirmou que chegou a presenciar muito pouco a ré
Adriana Maria em eventos. Afirmou que não sabe identificar a ré Adriana Maria como proprietária da
empresa “ESTRUTURART”, porque não tinha muito envolvimento. Afirmou, em relação às empresas
“ESTRUTURART” e “TEO SANTANA”, que, pelo que sabe, a “ESTRUTURART” trabalha com
estrutura de eventos, e o réu José Teófilo era representante de bandas. Afirmou que sempre tocou em
eventos particulares, e não sabe se o réu José Teófilo promove eventos particulares. Afirmou que conhece
o réu Aldemar Francisco, mas não tem amizade, sendo que sabe que atuava pela empresa
“ESTRUTURART”, “alguma coisa assim”, mas nunca teve vínculo. Afirmou que não tinha negócio com
ninguém, e que qualquer negócio passava pelo réu José Teófilo. Afirmou que o período em que houve a
exclusividade foi de 2009 a 2012/2013. Afirmou que era possível uma mesma banda, durante um mês,
ofertar ou delegar uma carta de exclusividade para a empresa do réu José Teófilo, por exemplo, em
determinada data, e em outra data, naquele mesmo mês, para outra empresa. Afirmou que a carta de
exclusividade era somente daquele evento. Afirmou que o contrato com o réu José Teófilo era “de boca”,
de confiança. Afirmou que não presta muita atenção nas empresas, não procura se informar muito.
Afirmou que conheceu o réu Aldemar Francisco período depois de ter conhecido o réu José Teófilo, e que
nunca teve muito contato com ele. Afirmou que às vezes via o réu Aldemar Francisco no show, mas não
sabe qual era a atividade dele. Afirmou que já ouviu falar da empresa “MEGA”, mas não sabe do que se
trata.

A testemunha Rodrigo Lima da Conceição, ao ser ouvido em Juízo via Carta Precatória nº
201968001650, disse que conhece o réu José Teófilo da empresa dele, a “TEO SANTANA”. Afirmou que
já foi contratado pela empresa do réu José Teófilo para prestar serviço. Afirmou que é artista e se
apresentava com o nome “Rodriguinho do Forró”. Afirmou que, em Aracaju, num “Forró Caju”, o
identificaram como “Rodriguinho de Frei Paulo” na programação para diferenciar de outro artista.
Afirmou que as contratações que realizou com o réu José Teófilo sempre foram como “Rodriguinho do
Forró”. Afirmou que já se apresentou no “Forró Caju” por três vezes, nos anos de 2013, 2014 e 2016,
salvo engano, sendo uma vez por meio do réu José Teófilo. Afirmou que uma vez procurou o réu José
Teófilo, que disse não ter interesse porque estava com muitas bandas. Afirmou que, no ano de 2014, salvo

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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engano, tinha exclusividade com o réu José Teófilo, mas nos outros anos não existiu exclusividade.
Afirmou que, em 2014, apenas podia se apresentar se fosse por meio do réu José Teófilo. Afirmou que,
quando não se apresentou por meio do réu José Teófilo, a empresa “MEGA” intermediou as suas
apresentações, em 2013, no “Forró Caju”, e depois a empresa “LUZZY”, sendo que até hoje é exclusivo
desta, desde 2016. Afirmou que, quando se apresentou pela empresa “MEGA” em 2013, não se recorda
com quem tratou para negociar a apresentação. Afirmou que não conhece os sócios, procuradores e
representantes da empresa “MEGA”. Afirmou que não conhece o réu Aldemar Francisco. Afirmou que
não conhece o réu Roosewelt Pereira, nem os réus Adriana Maria, Roberto Calasans e Jorge Luiz.
Afirmou que conhece as empresas “FAMA” e “ESTRUTURART” de ouvir falar. Afirmou, em relação à
empresa “ESTRUTURART”, que ver em propagandas informar que é do réu José Teófilo, mas não sabia
que a ré Adriana Maria é sócia da referida empresa. Afirmou que não se recorda se, nas apresentações que
realizava, a empresa “ESTRUTURART” fazia a montagem de estruturas, não se recordando qual era a
empresa responsável pelas estruturas. Afirmou que não sabe da relação da empresa “FAMA” com o réu
José Teófilo, nem por propaganda. Afirmou que o réu José Teófilo não chegou a lhe orientar, no sentido
de que devesse procurar alguma das empresas citadas para viabilizar apresentação sua. Afirmou que o réu
José Teófilo lhe disse para procurar outra empresa, sem nominar alguma. Afirmou que alguns colegas lhe
passaram nomes de empresas, tendo procurado a “MEGA”. Afirmou que se recorda do que disse em sede
policial. Ao ser questionado sobre o teor do seu depoimento prestado em sede policial, referente à que as
empresas “MEGA”, “TEO SANTANA” e “ESTRUTURART” pertencem ao réu José Teófilo, disse que
acreditou que fosse uma empresa só, e que entendeu mal a pergunta. Afirmou que não estava bem, pois o
seu pai havia falecido em outubro. Ao ser questionado sobre o teor do seu depoimento prestado em sede
policial, referente à que “se recorda de ter cedido a carta de exclusividade para a MEGA
EMPREENDIMENTOS, PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, para que o representasse no Forró Caju
de 2013, a pedido de TEO SANTANA, que o representou na ocasião” (p. 3547), disse que não foi até a
“MEGA” por indicação do réu José Teófilo, e que não falou que o referido acusado mandou procurar a
“MEGA”. Reiterou que não houve pedido do réu José Teófilo para procurar a “MEGA”, mas sim, outra
empresa. Afirmou que disse que o réu José Teófilo mandou procurar outra empresa, porque ele não tinha
interesse no momento. Afirmou que não sabe sobre eventual relação do réu José Teófilo com as empresas
“MEGA” e “FAMA”. Afirmou que sempre soube que a empresa “ESTRUTURART” pertencia ao réu
José Teófilo, mas por propaganda. Afirmou que já chegou a se apresentar por meio da empresa do réu
José Teófilo. Afirmou que nunca abriu empresa, mas chegou a se apresentar perante órgão público por
meio de outra empresa, “TEO SANTANA”, “MEGA”, “MARIA BONITA”, além de uma do Município
de Frei Paulo. Afirmou que era possível, num mesmo mês ou num mesmo ano, fazer show com a carta de
exclusividade para a empresa “TEO SANTANA” e para a empresa “MEGA”. Afirmou que não se recorda
de como funcionava a dinâmica da carta de exclusividade. Afirmou que a carta de exclusividade era
entregue antes do evento. Afirmou que, salvo engano, a carta de exclusividade é confeccionada com o
CNPJ da empresa e com os dados da banda, contendo a data do fato e o nome da festa. Afirmou que com
o réu José Teófilo o percentual foi de 10%, assim como com a empresa “MEGA”, salvo engano. Afirmou
que já ouviu falar da empresa “AUGUSTUS PRODUÇÕES”, por ver na televisão, mas não sabe se ela
levava aristas para o “Forró Caju”. Afirmou que não consegue detectar, no Estado de Sergipe, um cartel
de empresas que atuam nessa prestação de serviços. Afirmou que está com exclusividade junto à empresa
“MARIA BONITA PRODUÇÕES” desde 2016, e que esta empresa, em Sergipe, representa vários
artistas. Afirmou que não se recorda do motivo de o réu José Teófilo ter dito que não queria lhe
representar, sendo que apenas sabe que ele disse “não quero”, porque representava muitas bandas, não
tinha interesse e havia várias outras empresas para o depoente procurar. Afirmou que não pagou nenhum
valor para o réu José Teófilo desse evento, mas pagou a “MEGA”. Afirmou que o pagamento feito ao réu
José Teófilo se deu em razão de outro show, em que ele lhe representou, no ano de 2014, sendo 10% que
já é pago de forma descontada, pois é assim que funciona. Afirmou que não sabe se é possível a entrega
de carta de exclusividade para evento específico, sendo que tem que ser exclusivo de uma única empresa.
Afirmou que é assinado um documento, em que não se pode realizar shows por outra empresa. Afirmou
que particulares são festas pequenas, em que não cabe empresário, sendo “coisa de boca”. Afirmou que,
se a empresa fecha um negócio, lhe telefona, e, se o depoente fecha um negócio, tem que ser feito com a
empresa. Afirmou que ia a procura de show, sendo que o empresário também servia para arrumar shows.
Acrescentou que busca sozinho show particular.

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em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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A testemunha Luiz Roberto Dantas de Santana, ao ser ouvido em Juízo, disse que é irmão dos réus
José Teófilo e Jorge Luiz. Afirmou que sabe qual é o objeto desse processo. Afirmou que chegou a ser
ouvido na Deotap por duas vezes. Afirmou que o primeiro depoimento se iniciou tenso, mas depois se
identificou, começou a prestar os esclarecimentos que foram indagados pela delegada Daniele Garcia,
então, “a coisa” normalizou, sendo que não houve nenhum tipo de pressão, nem de constrangimento.
Afirmou que, no segundo depoimento, houve um equívoco relacionado ao nome do seu irmão, quando foi
quebrado o seu sigilo bancário, telefônico e fiscal. Afirmou que “ela entendia que tinha um depósito na
minha conta e pediu para eu mudar o meu depoimento, e eu, firme, disse que não mudaria de forma
alguma, porque nunca houve transação nenhuma minha com nenhum dos meus dois irmãos. Depois ela
ligou, não sei para quem foi, viram o CPF e que o depósito realmente não era na minha conta, era na
conta do meu irmão, que o nome é Jorge Luiz Dantas de Santana”, mas nada que tenha lhe ofendido.
Afirmou que conhece a ré Adriana Maria, porque ela foi casada com o réu José Teófilo, e que conhece o
réu Aldemar Francisco, pois, na época em que trabalhava na Petrobras, era gerente e foi apresentado ao
réu Aldemar Francisco por “Alisson Tojal”, e ele teve relação contratual com a Petrobras. Afirmou que
conhece o réu Roberto Calasans da Barra dos Coqueiros, e que conhece o réu Roosewelt Pereira, da
mesma forma que o réu Roberto Calasans. Afirmou que conhece todos os réus. Afirmou que o réu José
Teófilo é produtor de eventos, tem empresa junto com o réu Jorge Luiz, sendo que trabalham juntos, mas
não sabe se numa mesma empresa ou se em empresas diversas. Afirmou que sabe que tem as empresas
“TEO SANTANA” e “ESTRUTURART”, porque “eles” conversam e dialogam com o declarante como
seus irmãos. Afirmou que o que sabe é que as empresas são do réu José Teófilo, a “ESTRUTURART” e a
“TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS”. Afirmou que conhece os outros réus pela atividade
profissional também, sendo que, em relação ao réu Roosewelt Pereira, conhecia mais, o conhecia como
um agente político na Barra dos Coqueiros, mas sabe que ele também tem esse tipo de atividade, de
promoção de eventos, festas, contratação de artistas, e o réu Aldemar Francisco também. Afirmou que, na
sua percepção, todos os réus trabalham no mesmo ramo. Afirmou que não sabe se as empresas “TEO
SANTANA EMPREENDIMENTOS” e “ESTRUTURAT” são de propriedade única e exclusiva do réu
José Teófilo, sabe como empresa dele. Afirmou que a empresa “MEGA EMPREENDIMENTOS” é do
réu Aldemar Francisco. Afirmou que a empresa “FAMA EVENTOS” é do réu Roosewelt Pereira.
Afirmou que sabe de quem seria essas empresas em razão do seu trabalho, pois na sua atividade
profissional, quando trabalhava na Petrobras, conheceu quase todos os produtores de eventos de Sergipe.
Afirmou que trabalhava na gerência de comunicação, que, além de contratação para eventos da própria
Petrobras, tinha o patrocínio, que era realizado pela gerência de comunicação na Bahia, porque o
patrocínio na Petrobras é centralizado, mas a porta de entrada era na unidade de Sergipe/Alagoas, da qual
foi gerente de comunicação durante quinze anos. Afirmou que as empresas “MEGA
EMPREENDIMENTOS” e a “FAMA EVENTOS” foram contratadas pela Petrobras para promoção de
eventos ou patrocínio, sendo que, depois que a empresa “MULTICULTURAL” teve problemas com
certidão, “eles” foram patrocinados no São João, apresentaram os projetos, foram aprovados e o
patrocínio se deu. Afirmou que o contrato de patrocínio não exige licitação. Afirmou que todos os
contratos eram de patrocínio na Petrobras. Afirmou que, como o contrato de patrocínio não exige
licitação, qualquer empresa ou organização, governamental ou não governamental, pode apresentar, com
exceção de pessoa física e que não sejam eventos religiosos que contenham agressão a animais e cunho
político. Afirmou que o objeto da contratação eram eventos de São João. Afirmou que a empresa dava
entrada no projeto, que seguia um trâmite para aprovação, sendo que, depois que o projeto era aprovado, a
fiscal ou o gerente de contrato, que eram da Bahia, exigiam que as empresas apresentassem um termo das
Prefeituras, possibilitando a capacitação de recurso. Afirmou que a Prefeitura, enquanto ente público,
fornecia uma declaração à empresa interessada, dizendo que ela poderia captar recurso de patrocínio para
aquele evento, e assim era feito. Afirmou que não sabe se a Prefeitura fornecia essa carta a qualquer
empresa que solicitava ou às empresas citadas, porque era uma exigência da Petrobras, para ela poder
expor a marca dela nesses eventos como contrapartida. Afirmou que contratava estrutura, show, artistas.
Afirmou que essas empresas ficavam responsáveis por receber e contratar o respectivo artista, e que a
Prefeitura indicava o que era para pagar, dentro do valor que a Petrobras destinava para aquela Prefeitura,
sendo que, se fosse de artista, acredita que tinha contrato de exclusividade. Afirmou que era o ente
público municipal que escolhia. Afirmou que a Petrobras apenas olhava a questão formal e a contrapartida
da exposição de marca, que o patrocínio exige. Afirmou que, para cada evento em determinado ente
público municipal, apenas uma se apresentava, pois o patrocínio é para uma empresa somente. Afirmou
que era comum outras empresas participarem no patrocínio, além daquelas que citou. Afirmou que se
recorda de que a empresa “PRO SHOW” participou. Afirmou que tinha buffet que participavam, pois

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poderia pagar, inclusive, buffet. Afirmou que se recorda de que as empresas “AUGUSTUS
PRODUÇÕES” e “ESPAÇO MARKETING” participaram, com esse mesmo objeto, dentro do projeto de
patrocínio. Afirmou que não tinha exclusividade para essas empresas, sendo que qualquer empresa ou
qualquer artista que a Prefeitura indicasse poderia ser pago, na Petrobras. Afirmou que, na Petrobras, não
era mais comum as empresas que citou se apresentarem, sendo que elas já eram patrocinadas e, como
havia divisão de recursos por Município, dependia do Município, de modo que só não podiam receber o
dinheiro do patrocínio essas mesmas empresas. Afirmou que o recurso da Petrobras era dirigido à
empresa, e ela faria os pagamentos que fossem necessários. Afirmou que a empresa não recebia o
dinheiro, ela tinha que prestar conta do que pagou. Afirmou que a empresa não ficava com o recurso da
Petrobras diretamente. Afirmou que a empresa apresentava uma planilha de custos, e tinha filmagem,
fotografia e notas fiscais da comunicação. Afirmou que não sabe se as empresas “MEGA
EMPREENDIMENTOS”, “FAMA EVENTOS”, “TEO SANTANA” e a “ESTRUTURART” tinham
alguma relação comercial entre si. Afirmou que pouco dialoga com o irmão sobre as empresas, até para
evitar qualquer tipo de comentário ou suposição em relação a sua pessoa. Afirmou que veio tomar
conhecimento de que a ré Adriana Maria participava da empresa “ESTRUTURART” quando foi prestar
depoimento na Deotap, sendo que, até aquele momento, não sabia que ela era sócia da empresa. Afirmou
que, salvo engano, quando a ré Adriana Maria saiu da Ambev e ficou desempregada por um tempo,
acredita que ela prestou assessoria na empresa com o réu José Teófilo. Afirmou que acreditou que a ré
Adriana Maria estava assessorando, ajudando o réu José Teófilo nas atividades, sendo que não sabia que
ela era sócia da empresa “ESTRUTURART”. Afirmou que a ré Adriana Maria sofre depressão há algum
tempo, tendo uns quatro ou cinco anos que ela convive com isso. Afirmou, em relação à contratação de
bandas e estruturas, que, quando se deparava com esse tipo de situação, eram empresas distintas. Afirmou
que, como não era fiscal e gerente de contrato, pouco participava da análise de documentos, mas “passava
alguma coisa por mim”, então, pessoas da sua equipe, por algumas vezes, foram fotografar, fiscalizar, ver
se o evento estava sendo realizado e no formato que foi proposto no contrato. Afirmou que várias
empresas poderiam participar do patrocínio, a depender da indicação de cada Prefeitura que estivesse
participando do projeto. Afirmou que havia uma análise dos preços ofertados pelas empresas junto às
Prefeituras, e eram valores pequenos quando partilhavam, então, geralmente os artistas que se
apresentavam com o patrocínio da Petrobras eram artistas de pequeno porte compatíveis com os valores
de mercado. Afirmou que viveu isso durante quinze anos, então, conhecia preços, sabia a rotina das
produções de eventos em Aracaju, até porque tinha determinado envolvimento com o processo como um
todo, em relação a patrocínio e às contratações diretas da Petrobras para os shows. Afirmou que é normal
que cada empresário tenha as suas cartas de exclusividades em relação às bandas. Afirmou, sobre as
cartas de exclusividade, que pode haver variação de preço de acordo com a data e época em que são
oferecidas para determinada contratação, em determinado Município. Afirmou que artistas nacionalmente
conhecidos às vezes mantêm o preço, mas, em relação às bandas de axé, por exemplo, no São João o valor
é um e no Carnaval é outro, do mesmo modo, as bandas de forró, durante o período junino o preço é um, e
fora desse período o preço é outro, varia de acordo com a época e da música que vai se tocar. Afirmou
que acontecia de um empresário, que tivesse carta de exclusividade em nível estadual, transferir uma carta
de exclusividade para empresários que atuam em Municípios, para que possam explorar também a
contratação dentro daquele Município. Afirmou que está fora dessa situação há quatro anos, então, fala
até o momento em que presenciou. Afirmou que tem artistas que apenas são contratados por cartas de
exclusividade de determinado produtor, e ele passa a carta de exclusividade para aquele que esteja
realizando um evento ou que ganhou uma licitação, sendo isso uma prática de mercado comum. Afirmou
que, quando a Petrobras patrocinou o São João através da empresa “FAMA”, os proprietários, segundo
contrato social apresentado, eram os réus Roosewelt Pereira e Roberto Calasans. Afirmou que o que disse
sobre cartas de exclusividade era a prática de mercado. Afirmou que não era habitual a Petrobras contratar
banda. Afirmou que dentro dos patrocínios, como era uma indicação direta da Prefeitura, dificilmente era
exigido pela Petrobras carta de exclusividade, pois ela apenas fazia o repasse do recurso para pagamento
direto e, então, ficava por conta da relação da empresa para com a Prefeitura, ou outro empreendedor ou
produtor de eventos. Afirmou que qualquer empresa poderia participar do patrocínio em relação às
Prefeituras, até porque o patrocínio da Prefeitura não pagava a festa toda, sendo que era parcela da
Prefeitura, a empresa indicava e era feito o pagamento, a qualquer empresa, seja de eventos, estrutura,
iluminação, buffet, segurança, som. Afirmou que até o ano de 2015 esteve à frente da diretoria de
comunicação da Petrobras. Afirmou que, nesse período, não se recorda de ter sido concedido patrocínio a
empresa “TEO SANTANA”. Afirmou que, legalmente, “ele” até poderia ser patrocinado pela Petrobras,
porque o declarante não era gerente de contrato, nem fiscal de contrato, então, não havia uma relação

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em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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direta entre a sua pessoa com esse tipo patrocínio, tanto é que não há nenhum contrato ou liberação de
recurso assinados pelo declarante, mas moralmente não era salutar, porque tinha uma primeira análise sua,
pois fazia um filtro, até para ver se a proposta de patrocínio estava de acordo com o que era exigido pela
companhia. Afirmou que fazia essa primeira análise e encaminhava para a gerência de comunicação da
Bahia, que ia para o Rio de Janeiro e, em último grau, para a Secretaria de Comunicação do Governo
Federal. Afirmou que “ele” não tinha contrato dentro da Petrobras, relacionado a esse tipo de evento
como empresa, nem apresentou qualquer tipo de patrocínio, sendo que nem “ele”, nem o réu Jorge Luiz.
Ao visualizar o documento de fl. 2825 (p. 3070), disse que se recorda da empresa “FAMA”, e da
FUNCAJU, sendo que, em relação a esta, era o projeto do Forró Caju e o patrocínio era direto com ela por
ser fundação, então, não havia um rito diferenciado de aprovação se fosse com administração direta, em
que era necessário chegar ao nível de Conselho da Petrobras, porque era recurso diretamente para as
prefeituras. Afirmou que a empresa “ALMEIDA E XIMENES” foi do Arraiá do Povo, que é realizado na
Orla pelo governo do Estado, e que da mesma forma foi apresentado projeto de patrocínio. Afirmou que,
em 2015, a empresa “AGOGO” era a empresa que representava o Forró Caju, sendo que foi uma opção da
Prefeitura em não realizar com a FUNCAJU, salvo engano, por questão de Certidão que a FUCAJU não
tinha e a empresa “AGOGO”, que era a empresa que realizava eventos para a Prefeitura, apresentou
projeto para o Forró Caju daquele ano. Afirmou que “Wilson Santarosa” e “Fernando” eram gerentes de
comunicação institucional da Petrobras no Rio de Janeiro, sendo que passava por esse crivo. Afirmou que
não conseguia enxergar, nos eventos do Forró Caju, nos anos de 2009 a 2014, um cartel das quatro
empresas citadas. Afirmou que foi tomar ciência da possibilidade de cartel quando foi prestar depoimento
na Deotap. Afirmou, sobre a relação constante à fl. 2842 (p. 3088), que já ouviu falar das empresas “JV
PRODUÇÕES E EVENTOS”, “LUZZY PRODUÇÕES ARTÍSTICAS”, “CLASSE A”, “PRO SHOW”,
“PLANETA CAJU PRODUÇÕES”, “BEIJA FLOR PRODUÇÕES”, mas não se recorda da empresa
“PLANETA EMPREENDIMENTOS”. Afirmou que se recorda de que essas empresas prestaram serviço
na mesma área de atuação, e que são empresas conhecidas. Afirmou que trabalhava não apenas com
patrocínio, mas também, com imprensa, licenciamento ambiental, relações institucionais, pois era uma
gerência ampla. Afirmou que, dentro da modalidade patrocínio/convênio, conheceu vários produtores de
eventos, inclusive, as empresas citadas. Afirmou que a empresa “TEO SANTANA” também realiza
eventos privados, pois ver propagandas, sendo que, por vezes, indica quando pedem. Afirmou que
conheceu o réu Aldemar Francisco através de “Alisson da Pro Show” há mais de dez anos, e que na época
já estava à frente da gestão na Petrobras. Afirmou que entrou para a gerência da Petrobras em 2001 e saiu
no final de 2015. Afirmou que o réu Aldemar Francisco já atuava no ramo de produção artística. Afirmou
que dentro dos patrocínio de São João, salvo engano, o réu Aldemar Francisco foi contratado pela
empresa anterior que realizava, a “MULTICULTURAL”, em 2008/2009. Afirmou que a empresa
“MULTICULTURAL” teve problemas com certidão negativa e não atingia mais as exigências da
Petrobras e, como o réu Aldemar Francisco era do ramo, ele apresentou o projeto para ser patrocinado
pela Petrobras pela empresa “MEGA”. Afirmou que passou um período em que era o patrocínio pela
“MEGA” e, posteriormente, o réu Aldemar Francisco teve problema na empresa dele, sendo que a
empresa “FAMA” na sequência apresentou o projeto, já sob a responsabilidade do réu Roosewelt Pereira.
Reiterou que a Prefeitura fornecia uma carta para captação de recurso, sendo esse um documento exigido
pela fiscalização, e fazia uma relação do que deveria ser quitado e pago com aquele recurso direcionado
para o Município. Afirmou que o réu Aldemar Francisco participou com a empresa
“MULTICULTURAL”, mas como contratado em alguma Prefeitura. Afirmou que, quando o réu Aldemar
Francisco trabalhava pela empresa “MEGA”, ele trabalhava sozinho, sendo que era ele quem levava
prestação de conta para entregar na fiscalização e recibo para poder liberar recurso. Afirmou que não fazia
fiscalização, nem gerenciava contrato, pois era uma prática da companhia de que as unidades locais
apenas realizavam uma análise inicial e diziam do interesse do patrocínio. Afirmou que várias empresas
atuavam no ramo, com exceção da empresa do réu José Teófilo, pois, quando o declarante conheceu os
réus Aldemar Franciso e Roosewelt Pereira, ele era funcionário da Ambev, sendo que ele ainda não
trabalhava com produção de eventos. Afirmou que algumas empresas têm carta de exclusividade com
determinados artistas e, no mercado local, apenas contrata determinado artista aquela empresa com a carta
de exclusividade, e que é comum passar uma carta de exclusividade para outra empresa. Afirmou, em
relação ao réu Aldemar Francisco, que, enquanto produtor de evento, acredita que ele tinha carta de
exclusividade com algum artista ou banda, como também, recebia carta de exclusividade de outros
produtores. Acrescentou que essa era uma prática comum no mercado.

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A testemunha Augusto Cesar Maia Cardoso, ao ser ouvido em Juízo, disse que fez uma declaração,
dizendo que estava sendo prejudicado em algumas licitações feitas no Estado, sendo que viu alguns itens
serem colocados numa licitação em que não eram pedidos. Afirmou que sabe o que está sendo
investigado neste processo. Afirmou que não conhece a ré Adriana Maria. Afirmou que conhece o réu
Aldemar Francisco, e que o conhece junto com o réu José Teófilo, não sabendo se exercem a mesma
atividade, nem se aquele é um funcionário. Afirmou que conheceu o réu Jorge Luiz trabalhando no
escritório junto com o réu José Teófilo. Afirmou que não se recorda do réu Roberto Calasans. Afirmou
que já viu “Sissinho” junto com os réus José Teófilo e Aldemar Francisco. Afirmou, em relação ao réu
Roosewelt Pereira, que, se for quem está pensando, já o viu junto com “Sissinho” e o réu Aldemar
Francisco. Afirmou que tudo que consta em seus depoimentos foi dito de livre e espontânea vontade.
Afirmou que é sócio da empresa “MCM STUDIO LTDA”. Afirmou que as licitações eram no âmbito da
FUNCAJU, mas também poderiam ser em outro Estado ou outro Município. Afirmou que o seu trabalho é
de transmissão de imagem. Afirmou que o “pcmart” era um documento do CREA, onde se exige que
tenha capacete, cinto de segurança, mas a sua estrutura possui 2,5 m de altura, a tela. Afirmou que a
empresa “MCM STUDIO LTDA” tinha por objeto a projeção de imagem e filmagem, mas também,
produziu dvd’s, fez comerciais, e atuou como diretor. Afirmou que penhoraram tudo da sua empresa
“MCM STUDIO LTDA”. Afirmou que tem formação em cinema. Afirmou que grava banda, e não
contrata banda. Afirmou, em relação ao que disse em seu depoimento a respeito de que foi chamado por
algumas pessoas para não participar de alguma licitação, que quem lhe chamou foi o “Nitinho”, que na
época era presidente da FUNCAJU, e que “Nitinho” lhe disse “Faça o seguinte, você não participa dessa
licitação. Você coloca um led no palco Luiz Gonzaga”, sendo isso para a realização do Forró Caju.
Afirmou que “Nitinho” lhe disse para colocar o led “lá” e “segurar a onda” que ele mandaria pagar ao
depoente. Afirmou que licitação é preço. Afirmou, após ser questionado sobre qual o motivo de “Nitinho”
ter lhe pedido para não participar da licitação, que “Nitinho” pensava que a empresa do depoente ainda
estava atuando e porque os seus preços eram baixos. Afirmou que havia, então, uma possibilidade
concreta de ganhar a licitação. Afirmou que foi exigido o documento “pcmart”, sendo que foi colocado
esse tipo de exigência nas licitações. Afirmou que entende que esse tipo de colocação era para excluir
licitantes e para que alguém dolosamente ganhasse, não tendo dúvidas disso. Afirmou que não sabe quem
colocou. Afirmou, sobre o seu depoimento prestado na Polícia Federal, que houve um pedido para que
não participasse da licitação, sendo que pensavam que a sua empresa estava atuando, mas não estava
mais. Afirmou que teriam lhe feito esse pedido para não participar da licitação, pois, caso participasse, o
seu preço seria o menor. Afirmou que as empresas “TEO SANTANA”, “MEGA”, “FAMA” e
“ESTRUTURART” não fazem o serviço de projeção de imagem. Afirmou que não tem dúvida de que
essas empresas teriam alguma vantagem em o depoente não participar da licitação, sendo que a vantagem
seriam valores. Afirmou que as empresas citadas não faziam o que o depoente fazia. Afirmou que o réu
José Teófilo não tem led e projetor, porém, ele terceirizaria com o próprio compadre dele, “Edinho”.
Afirmou que chegou a conclusão de que a sua não participação na licitação era para beneficiar o réu José
Teófilo através da contratação de “Edinho”. Afirmou que a FUNCAJU ainda lhe deve. Afirmou que, pelo
que lhe falaram, a empresa “ESTRUTURART” pertence ao réu José Teófilo. Afirmou que o que chama
de “laranjas” são empresas que não possuem nada, tem a documentação toda certa, coloca preços altos.
Afirmou que permanece fazendo a afirmação de que o réu José Teófilo se utiliza de laranja para participar
de licitações, tal como consta no seu depoimento prestado na Polícia Federal. Afirmou que tem gravação
feita ao vivo de uma das licitações, por exemplo, onde tinham pessoas que não estavam nem participando,
como “Edinho”, cuja empresa não podia participar, mas ele estava na licitação entregando documento ao
pregoeiro, sendo essa a licitação de Carmópolis. Afirmou que não apenas foi ameaçado, como também,
esteve num supermercado com seu irmão, e um cidadão entrou de ré na entrada do supermercado.
Afirmou que “os dois” ficaram olhando para o depoente. Afirmou que “Marcos” não lhe fez ameaça.
Afirmou que “Marcos”, assim como outras pessoas, lhe disse para não levar “isso” à frente, pois poderia
sofrer represália. Afirmou que foi até uma empresa de eventos, onde lhe disseram “Cuidado! Porque vão
te matar. Só não te mataram ainda por causa da imprensa nacional”. Afirmou que tem print de uma
conversa de WhatsApp, em que lhe disseram “Cuidado com os bandidos”. Afirmou que lhe chamaram
para pagar, mas não lhe pagaram. Afirmou, sobre ter sido aconselhado por “Nitinho”, pelo réu José
Teófilo e por “Edinho” a não participar de uma licitação, que eles não sabiam que o depoente não tinha
condições de participar, pois pensavam que a empresa do depoente estava atuando. Afirmou que não teve
tempo hábil para impugnar as licitações, sendo que foi marcada licitação sem chance de impugnar.
Afirmou que não tinha estrutura na sua empresa, não tinha contrato de exclusividade com artistas para

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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poder fazer vendas a Prefeituras, Estados e Municípios, sendo que apenas tinha a possibilidade de colocar
projetores e filmar. Afirmou que, quando participou, a licitação era por item. Afirmou que já foi
contratado por diversas vezes. Afirmou, em relação ao que diz, que é referente à aquisição de led, locação
de filmagem com transmissão, projetor. Afirmou que não sabe quem são os sócios da empresa
“ESTRUTURART”. Afirmou que não conhece a ré Adriana Maria, que, se não se engana, é ex-esposa do
réu José Teófilo, mas nunca a viu presente. Afirmou que conhece a empresa “TEO SANTANA”, mas
hoje não sabe quem são os sócios. Afirmou que, quando a licitação é feita, no caso do painel de led, por
exemplo, a contratação daquela empresa é feita para o ano todo. Afirmou que a pessoa, para a licitação,
não necessariamente precisa ter todos os itens. Afirmou que é permitida a contratação separada por itens.
Afirmou que possa ser que conheça o dono da empresa “FAMA”. Afirmou que nunca trabalhou com carta
de exclusividade em licitações. Afirmou que chegou a prestar boletim de ocorrência quanto às ameaças,
na Polícia Federal, na Deotap e no Ministério Público. Afirmou que não chegou a sofrer ameaças por
parte dos réus Roberto Calasans e Roosewelt Pereira. Afirmou que participou de licitação com diversas
empresas, mas não se recorda da empresa “FAMA”. Afirmou que não possui crédito a receber da empresa
do réu José Teófilo, mas sim, da FUNCAJU. Afirmou que a empresa do réu José Teófilo já participou de
procedimento licitatório, no qual o depoente também participou. Afirmou que já gravou alguma coisa
para o réu José Teófilo, e que ele o pagou. Afirmou que a sua empresa não é concorrente da empresa do
réu José Teófilo, pois prestam serviços diferentes. Afirmou que não prestava serviços de eventos, de
shows. Afirmou que já ouviu falar da empresa “PRO SHOW”. Afirmou que não ouviu falar das empresas
“LUZZY”, “JV PRODUÇÕES”, “CLASSE A PRODUÇÕES”. Afirmou que já ouviu falar da empresa
“BEIJA FLOR PRODUÇÕES” apenas de nome. Afirmou que conhece o réu Aldemar Francisco há muito
tempo com o réu José Teófilo, mas não sabe qual a função dele. Afirmou que o nome da empresa
“MEGA EMPREENDIMENTOS” lhe é familiar, mas não sabe qual é a atividade que essa empresa
desenvolve. Afirmou que a sua parte é apenas de filmagem, projeção e transmissão, não tendo nada a ver
com banda ou palco.

A testemunha de Defesa (do réu José Teófilo de Santana Neto) Manoel Luís Fraga Viana, ao ser
ouvido em Juízo, disse que conhece as empresas “MEGA”, “FAMA”, “ESTRUTURART” e “TEO
SANTANA”. Afirmou que, nos anos de 2013 e 2014, desempenhou função na FUNCAJU. Afirmou que,
no ano de 2013, foi vice-presidente e, em 2014, foi presidente da FUNCAJU. Afirmou que se recorda de
que, no período em que foi vice-presidente e presidente, as empresas citadas foram contratadas para
prestar serviços, notadamente, na contratação de artistas para o Forró Caju. Afirmou que, na época em
que ocupou as funções de vice-presidente e presidente, queriam valorizar os artistas da terra, e todos
tinham cartas de exclusividade com as suas empresas, sendo que quem movimentava era a diretoria da
FUNCAJU. Afirmou que há o setor jurídico e o setor de documentação, e uma verba solicitada para o
Forró Caju, sendo que dividiram e todas as empresas foram chamadas com os seus próprios artistas, e os
seus artistas compareciam com documentos, que, na época, poderia ser com cartas de exclusividade
confirmadas. Afirmou que o próprio artista escolhia a empresa. Afirmou que era permitida a cessão dessa
carta para mais de uma empresa, ainda que em lapso temporal curto, mas essa questão era passada para o
setor jurídico. Afirmou que a própria FUNCAJU tinha um setor de licitação, mas esta não é feita lá, pois o
prefeito João Alves concentrou tudo na Controladoria Geral interna do Município. Afirmou que todas as
licitações foram feitas na Controladoria, na Prefeitura. Afirmou que, no período em que esteve
trabalhando na FUNCAJU, várias empresas colocaram vários artistas, tinham mais de dez empresas.
Afirmou que várias empresas contratavam, sendo que quem escolhia era o próprio artista. Afirmou que a
empresa “JV PRODUÇÕES” já contratou com o Município de Aracaju para o Forró Caju, assim como as
empresas “LUZZY PRODUÇÕES ARTÍSTICAS”, sendo que a maioria das bandas locais contratavam
com a “LUZZY”, “PRO SHOW”, “AUGUSTUS PRODUÇÕES”, “PLANETA EMPREENDIMENTOS”.
Afirmou que não se recorda da empresa “BEIJA FLOR”. Afirmou que nunca existiu a reunião
mencionada pela testemunha Augusto Cesar Maia Cardoso, e que este foi por várias vezes até a
FUNCAJU, cobrando ao depoente uma dívida antiga da gestão anterior. Afirmou que, numa reunião com
a testemunha Augusto Cesar Maia Cardoso, em sua sala, perdeu a paciência, por ele ter cobrado e
insistido. Afirmou que o serviço prestado pela testemunha Augusto Cesar Maia Cardoso não ocorreu na
sua gestão. Afirmou que sugeriu à testemunha Augusto Cesar Maia Cardoso participar da licitação, mas
ele estava com problema quanto às certidões. Afirmou que participou de uma das licitações, foi
acompanhar, e a testemunha Augusto Cesar Maia Cardoso foi eliminado pela Prefeitura porque a

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documentação dele não estava regularizada. Afirmou que atua nesse ramo há trinta anos. Afirmou, em
relação à empresa “TEO SANTANA”, que conhece como sócio o réu José Teófilo. Afirmou, em relação à
empresa “ESTRUTURART”, que a sócia sempre foi a ré Adriana Maria, mas o réu José Teófilo também
atuava. Afirmou que não se recorda se a empresa “ESTRUTURART” prestou serviço ao Município de
Aracaju, na época em que trabalhou na FUNCAJU, pois quem ganhou a licitação foi a empresa “TEK
MIX”. Afirmou que as empresas “TEO SANTANA” e “ESTRUTURART” não concorriam entre si, pelo
objeto. Afirmou que da empresa “MEGA” apenas se recorda das bandas com carta de exclusividade, e
que se recorda do réu Aldemar Francisco como sócio. Afirmou, em relação à empresa “FAMA”, que
conhece “Sissinho”, o réu Roosewelt Pereira. Afirmou que não existia entre as empresas citadas algum
tipo de conluio na contratação dos artistas, na sua época. Afirmou que cada banda escolhia a sua empresa.
Afirmou que limitaram valores de patamar por cada artista, dentro do mercado. Afirmou que havia bandas
que tinham uma projeção maior. Afirmou que já ouviu falar da empresa “FAMA”. Afirmou que, na época
da sua gestão na FUNCAJU, chegou a fazer contrato com a empresa “FAMA”. Afirmou que, na época da
sua gestão na FUNCAJU, não existia apenas as empresas “MEGA”, “FAMA”, “ESTRUTURART” e
“TEO SANTANA”, sendo que contratou com outras empresas, como “PRO SHOW”, “JV”, “DESTAK” e
“LUZZY”. Afirmou que conhece o réu Roosewelt Pereira por “Sissinho”. Afirmou que não sabe quem
são os sócios da empresa “Fama”. Afirmou que conhece o réu Aldemar Francisco há muito tempo, sendo
que ele atuava no ramo de produção de eventos e era representante da empresa “MEGA”. Afirmou que
trabalha com evento há muitos anos. Afirmou que, durante a sua gestão na FUNCAJU, chegou a tratar
com o réu Aldemar Francisco em relação às bandas. Afirmou que o valor era acertado na direção artística
da FUNCAJU, que passava para o depoente e concretizava. Afirmou que havia uma triagem prévia, sendo
que não era um preço determinado. Afirmou que o réu Aldemar Francisco intermediava contratação de
artistas. Afirmou que, em janeiro de 2013, foi vice-presidente da FUNCAJU, e, de abril a outubro de
2014, foi presidente. Afirmou que não sabe dizer se as empresas “MEGA”, “FAMA”, ESTRUTURART”
e “TEO SANTANA” possuem alguma relação entre si, seja comercial ou financeira. Afirmou que as
contratações realizadas pela FUNCAJU, quanto à estrutura, eram sempre feitas por licitação, sendo que,
em relação às bandas, era por carta de exclusividade. Afirmou que não tinha licitação para banda.
Afirmou, ao ser questionado sobre o procedimento das Prefeituras na contratação tanto de estrutura
quanto de bandas de artistas, que a licitação sempre existiu para estruturas, sendo que na maioria das
Prefeituras que conhece era assim. Afirmou que não conhece Carmópolis, e que nunca fez serviço lá.
Afirmou que, na época, a contratação de bandas era por carta de exclusividade, sendo que, depois de
2016, teve mudança. Afirmou que, na época, as bandas escolhiam a sua empresa, “vinha com
exclusividade”, e na FUNCAJU a meta era olhar o patamar de preço de cada produto. Afirmou que
passou doze anos trabalhando na banda Calcinha Preta, de “peão” a gerente geral. Afirmou que não sabe
se havia de alguma forma de transações comerciais com outra empresa da mesma natureza, gerenciadora
de banda, pois não era consigo, sendo que tinha a empresa e era feito com carta de exclusividade.
Afirmou que a banda, na sua época, tinha CNPJ. Afirmou que era só um CNPJ da banda Calcinha Preta.
Afirmou que trabalhava mais com a questão musical e produção geral, sendo que, quanto às contratações
e negociações de Prefeitura, o responsável era “Gilton”.

A testemunha de Defesa (do réu José Teófilo de Santana Neto) Raimundo José dos Anjos Pinto, ao
ser ouvido em Juízo, disse que conhece as empresas “TEO SANTANA”, “MEGA”, “FAMA” e
“ESTRUTURART”. Afirmou que sua irmã e sua cunhada tinham uma empresa de shows, “CENTRAL
DO SAMBA”, sendo que sempre ajudava e, por estar no meio, sabe por ouvir dizer. Afirmou que a
“CENTRAL DO SAMBA” é uma empresa de shows, que realizava shows de samba. Afirmou que a
empresa “CENTRAL DO SAMBA” não chegou a prestar serviços para ente público, e que a banda “Forte
Desejo”, que era da empresa, já fez alguns shows para “TEO SANTANA”. Afirmou, em relação à banda
“Forte Desejo”, que não se recorda se a carta de exclusividade era da empresa “CENTRAL DO SAMBA”
e foi passada para o réu José Teófilo. Afirmou, quanto à carta de exclusividade, que não se recorda bem,
mas a carta de exclusividade tinha um período e, durante aquele período, as contratações eram para “tal
empresa”, que tivesse a carta de exclusividade. Afirmou que sempre “a gente” seguia as normas exigidas.
Afirmou, ao ser questionado se enxergava um cartel em que o ente público direcionava as contratações
para as empresas “TEO SANTANA”, “MEGA”, “FAMA” e “ESTRUTURART” em detrimento de
outras, que observa que toda empresa depende da sua competência, sendo que, ao chegar uma data
comemorativa, competia a cada empresário “correr” para se organizar, ter um casting de artistas para

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poder vender. Afirmou que não enxergava direcionamento, prestigiando empresas. Afirmou que, além das
empresas mencionadas, prestavam esse tipo de serviços a “JV”, “PRO SHOW”, “PLANETA
EMPREENDIMENTOS”, “CLASSE A”, “LUZZY”, então, outras empresas prestavam os mesmos
serviços que as empresas “TEO SANTANA”, “MEGA”, “FAMA” e “ESTRUTURART”, e a empresa
“CENTRAL DO SAMBA”. Afirmou que conhece a ré Adriana Maria. Afirmou que se recorda de que a
ré Adriana Maria é ex-esposa do réu José Teófilo. Afirmou que já presenciou a ré Adriana Maria
trabalhando, mas não se recorda em qual empresa. Afirmou, ao ser questionado se as empresas
“ESTRUTURART” e “TEO SANTANA” tinham objetos iguais ou distintos, que se recorda de que uma
empresa era direcionada à estrutura, pois num dos shows que a sua cunhada promoveu houve contratação
de estrutura. Afirmou que já ouviu falar da empresa “FAMA”. Afirmou que conhece o réu Roosewelt
Pereira, que trabalha na área de shows e eventos, e é envolvido com política. Afirmou que não se recorda
se chegou, ou sua irmã e cunhada, a participar de algum evento com a empresa do réu Roosewelt Pereira
também, pois a empresa “CENTRAL DO SAMBA” atuava mais no segmento de samba e a maioria dos
artistas de samba eram representados por lá. Afirmou, em relação à banda “Forte Desejo”, que era
possível que outras pessoas pedissem a carta de exclusividade para atuar em um evento determinado,
então, em alguns eventos poderia ser a empresa “CENTRAL DO SAMBA”, como também, outras
empresas. Afirmou que conhece o réu Aldemar Francisco, que trabalha com eventos e shows. Afirmou
que conhece o réu Aldemar Francisco há muitos anos. Afirmou que não se recorda se réu Aldemar
Francisco atuava sozinho ou em nome de alguma empresa. Afirmou que nunca participou de licitação, e
que já houve contratação do réu Aldemar Francisco com o poder público. Afirmou que acredita que a
empresa do réu Aldemar Francisco era sociedade. Afirmou que, no período de 2009 a 2014, não se
recorda se o Forró Caju foi com o réu Aldemar Francisco ou com o réu José Teófilo. Afirmou que não se
recorda se a empresa “CENTRAL DO SAMBA” já tratou com o réu Aldemar Francisco.

A testemunha de Defesa (do réu José Teófilo de Santana Neto) Wellington de Andrade Santos, ao
ser ouvido em Juízo, disse que os réus são seus clientes. Afirmou que conhece as empresas “TEO
SANTANA”, “MEGA”, “FAMA” e “ESTRUTURART” e alguns sócios. Afirmou, em relação à empresa
“TEO SANTANA”, que os proprietários são os réu José Teófilo e Jorge Luiz. Afirmou que o proprietário
da empresa “FAMA” é “Sissinho”. Afirmou que o proprietário da empresa “MEGA” é o réu Aldemar
Francisco. Afirmou que a proprietária da empresa “ESTRUTURART” é a ré Adriana Maria. Afirmou que
quem te contratava sempre era o réu José Teófilo, em razão dos shows, sendo que prestava serviços de
sonorização e iluminação, e que a empresa “ESTRUTURART” nunca te contratou. Afirmou que o ramo
de atuação da empresa “ESTRUTURART” é estrutura. Afirmou que as empresas “TEO SANTANA” e
“ESTRUTURART” não prestam o mesmo serviço, mas são concorrentes, pois uma empresa trabalha
apenas com estrutura e o réu José Teófilo trabalha com show. Afirmou que não entende muito da área de
show e inexigibilidade. Afirmou que direcionamento não se tem no ramo “da gente”, pois a concorrência
é muito grande. Afirmou que, em 2014, a sua empresa prestou serviço para o Forró Caju. Afirmou que
não se recorda se, nesses eventos, além das empresas mencionadas, outras prestavam serviços de shows,
na contratação de artistas, de bandas. Afirmou que por muitos anos a estrutura era da empresa “PRO
SHOW”, e a empresa “LUZZY” era a responsável pela maioria das bandas, mas “a gente” não tinha
acesso ao processo. Afirmou que o seu apelido é “Edinho”. Afirmou que a testemunha Augusto Cesar
Maia Cardoso era um concorrente, sendo que hoje ele saiu do mercado por incompetência. Afirmou que
nunca existiu a reunião comentada pela testemunha Augusto Cesar Maia Cardoso, sendo que todas as
licitações em Sergipe são processos legítimos, não existia na FUNCAJU, era no Centro Administrativo,
então, não existe direcionamento. Afirmou que o serviço que presta sempre ocorria por licitação, de modo
que não tem dispensa, nem inexigibilidade, mas apenas licitação, e o melhor preço que ganha. Afirmou
que, além da empresa da testemunha Augusto Cesar Maia Cardoso e do depoente, outras empresas
também concorriam. Afirmou que sempre são as mesmas “figurinhas”, não muda. Afirmou que o
administrador de cada empresa responde por ela, sendo que “eles” se conhecem, porque no ramo todos se
conhecem, mas de estarem todos juntos, para se beneficiarem, o depoente nunca viu. Afirmou que já
chegou a prestar serviços para as empresas “FAMA”, “MEGA” e “TEO SANTANA”, para a
“ESTRUTURART” não. Afirmou que conhece a ré Adriana Maria, como sócia e administradora da
empresa “ESTRUTURART”, sendo que por algumas vezes precisou de peças de alumínio e “a gente”
sempre trocava esses materiais, mas a ré Adriana Maria não lhe contratava porque o segmento dela era
outro. Afirmou que quem contrata mais a parte de iluminação é quem trabalha com banda. Afirmou que

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apenas teve contato com a ré Adriana Maria em troca de equipamentos, permutas. Afirmou que não sabe
dizer se, em algum momento, a empresa “ESTRUTURART” passou a ser gerenciada pelo réu José
Teófilo, em razão de problemas de saúde da ré Adriana Maria. Afirmou que apenas conhece “Sissinho”
como sócio-administrador da empresa “FAMA”. Afirmou que, quando participa de um processo
licitatório, é o evento inteiro, não tendo como ser num dia por uma empresa e em outro dia por outra
empresa. Afirmou que a Prefeitura é quem “nos” contrata para executar o serviço. Afirmou que “a gente”
praticamente não tem contato com as produtoras, mas apenas com os técnicos das bandas, que entram em
contato para questionar o material oferecido pelo Município, sendo que muitas vezes não é o que pedem,
então, as próprias bandas contratam complemento “com a gente” de iluminação. Afirmou que conhece o
réu Aldemar Francisco há uns doze anos, e que ele representava a empresa que era no nome do pai dele,
“MEGA”. Afirmou que já trabalhava com contratação junto ao poder público. Afirmou que o ramo do réu
Aldemar Francisco, que era de show, não era muito a sua área, e que não tem conhecimento se ele tinha
carta de exclusividade. Afirmou que, no período de 2009 a 2014, não tem conhecimento se o réu Aldemar
Francisco chegou a participar de produções artísticas no Município de Aracaju, pois nessa época era mais
“PRO SHOW”, “TEO SANTANA”, eram outras empresas. Afirmou que conhece “Sissinho” de mais
tempo. Afirmou que os réus José Teófilo, Aldemar Francisco e Roosewelt Pereira são conhecidos do
ramo, mas não sabe dizer se são amigos de andar juntos. Afirmou que os réus José Teófilo, Aldemar
Francisco e Roosewelt Pereira têm rede social, e que os segue. Afirmou que os réus José Teófilo,
Aldemar Francisco e Roosewelt Pereira não formaram um time para fins de eventos, sendo que afirma
que não devido à concorrência, pois eles são concorrentes entre si. Afirmou que não sabe dizer se os réus
os réus José Teófilo, Aldemar Francisco e Roosewelt Pereira, enquanto empresa, já tiveram relação
comercial entre eles.

A testemunha de Defesa (da ré Adriana Maria Santos) Cleverton Albuquerque Santana, ao ser
ouvido em Juízo, disse que trabalhou junto com a ré Adriana Maria. Afirmou que trabalhou na empresa
“ESTRUTURART” quando funcionava na Praça da Leste, por nove meses, como montador de estrutura.
Afirmou que a ré Adriana Maria andava nas obras “com a gente”, para questão de almoço, logística.
Afirmou que conheceu o réu José Teófilo. Afirmou que a ré Adriana Maria, por problemas de saúde, teve
que se afastar da empresa, uns dois ou três meses antes de o depoente sair da empresa, sendo que acredita
que, nesse período, a ré Adriana Maria ainda estava casada com o réu José Teófilo. Afirmou que, no
período em que trabalhou na empresa “ESTRUTURART, o réu José Teófilo sempre gerenciava, sendo
que nunca viu a ré Adriana Maria ter contato com o escritório, era sempre no escritório da
“ESTRUTURART”. Afirmou que a ré Adriana Maria não cuidava do escritório da empresa do réu José
Teófilo, mas apenas da logística da “ESTRUTURART”. Afirmou que nunca viu a ré Adriana Maria
celebrar contrato. Afirmou que faziam montagem no Mercado, em Carmópolis, em Santa Rosa, e a ré
Adriana Maria sempre acompanhava. Afirmou que conhece “Sissinho”, sendo que o via sempre na
empresa “lá”. Afirmou que não ouviu falar do réu Roberto Calasans. Afirmou que não ouviu falar da
empresa “Fama”. Afirmou que via “Sissinho” na empresa “ESTRUTURART”. Afirmou que quem
andava com “a gente” na logística de montagem era a ré Adriana Maria. Afirmou que pela
“ESTRUTURART” não chegou a fazer montagem no Forró Caju ou em eventos assim. Afirmou que, nos
eventos em que chegou a fazer montagem, sempre tinha o pessoal responsável pelo led, pelo som, pela
iluminação, sendo que, sempre que tem montagem de estrutura, outras empresas fazem outras montagens.
Afirmou que conhece os réus Aldemar Francisco e José Teófilo. Afirmou que não sabe quem diretamente
administrava a empresa “ESTRUTURART”.

A testemunha de Defesa (do réu Aldemar Francisco de Carvalho Neto) Marcos Vinícius Rocha
Santana, ao ser ouvido em Juízo, disse que sabe do que se trata o processo. Afirmou que conhece as
empresas “TEO SANTANA”, “ESTRUTURART”, “FAMA” e “MEGA”. Afirmou que sabe quem são os
titulares das empresas citadas. Afirmou que é empresário do ramo artístico, sendo que teve trio elétrico e
banda de forró. Afirmou que não tem mais empresa, e que tinha a “MVS”. Afirmou que trabalha com
música desde 1990, inclusive, em outros Estados. Afirmou que trabalhou muito para o réu Aldemar
Francisco. Afirmou que já chegou a fazer produção para eventos organizados pelo poder público, no
Município de Aracaju, inclusive, no período de 2009 a 2014, vendendo a banda e com carta de
Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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exclusividade. Afirmou que, quando o prefeito lhe contrata, geralmente tem uma pessoa para administrar
o evento e, então, dava a exclusividade para poder participar do evento. Afirmou que “nossa” banda cedia
um documento legal para o administrador do evento. Afirmou que conhece o réu Aldemar Francisco e
trabalhou com ele várias vezes, desde a década de 90. Afirmou que o réu Aldemar Francisco trabalhava
sempre só. Afirmou que, pelo Estado ser pequeno, acaba por ter contato com outros empresários. Afirmou
que o réu Aldemar Francisco era representante da empresa “Mega”, que era do pai dele. Afirmou que, no
período de contratação e produção de eventos para o Forró Caju, não procede que as empresas “TEO
SANTANA”, “ESTRUTURART”, “MEGA” e “FAMA” estariam agindo com o propósito de formar um
cartel para fechar o mercado apenas para elas. Afirmou que havia outras empresas que atuavam, como
Gilton da banda Calcinha Preta. Afirmou que não conhece as empresas “JV” e “CLASSE A”, e que
conhece as empresas “LUZZY” e “PRO SHOW”, sendo que todas essas empresas que conhece
participavam. Afirmou que não tinha licitação porque era carta de exclusividade. Afirmou que a
concorrência era aberta, de modo que não existia um comércio fechado para as quatro empresas citadas,
pois não havia nem condições. Afirmou que não conhece a ré Adriana Maria. Afirmou que já ouviu falar
da empresa “ESTRUTURART”, que tinha estruturas para locação de palco, estruturas móveis. Afirmou
que conhece o réu José Teófilo, que contrata show, loca material, e administrava eventos para os
Municípios. Afirmou que não sabe quem tratava das negociações na empresa “ESTRUTURART”.
Afirmou que já ouviu falar da empresa “FAMA”, mas não se recorda dos proprietários. Afirmou que
conhece “Sissinho”, sendo que o conheceu como vice-prefeito do Município da Barra dos Coqueiros, e
ele já trabalhava com eventos. Afirmou que não conhece o réu Roberto Calasans. Afirmou que para a
carta de exclusividade havia uma especificação, por exemplo, carta de exclusividade para a Festa do
Milho em Lagarto, e que tudo era feito em cartório, com firma reconhecida, então, não tinha como burlar
a exclusividade. Afirmou que a sua empresa era a “MVS”. Afirmou que, quando se concedia a carta de
exclusividade para aquele evento, era apenas para aquele evento, sendo que, para evento em outro
Município, seria necessária outra carta com outra data, mas poderia ser pela mesma ou outra empresa.
Afirmou que a carta de exclusividade era por questão de valores, para não ter licitação. Afirmou que, se a
banda é de conhecimento público, não há licitação, então, para provar que a banda é sua, é preciso
fornecer um documento que autorize a pessoa que está administrando o evento a vender o seu produto.
Afirmou que a carta de exclusividade não burla a licitação. Afirmou que, se uma determinada banda
confere carta de exclusividade a uma empresa, em tese, para um determinado período o valor será o
mesmo. Afirmou que para cada evento tem uma carta de exclusividade. Afirmou que não conhece a ré
Adriana Maria, e que conhece o réu Aldemar Francisco. Afirmou que não conhece o réu Jorge Luiz, e que
conhece o réu José Teófilo. Afirmou que não conhece o réu Roberto Calasans, e que conhece o réu
Roosewelt Pereira como “Sissinho”. Afirmou que acredita que as quatro empresas citadas possuem uma
relação normal, não comercial. Afirmou que não sabe dizer se as quatro empresas citadas possuem entre
si relação comercial.

A testemunha de Defesa (do réu Aldemar Francisco de Carvalho Neto) Enio Passos Santos, ao ser
ouvido em Juízo, disse que sabe do que trata este processo. Afirmou que as empresas “TEO SANTANA”,
“MEGA”, “FAMA” e “ESTRUTURART” trabalham no mercado e não são concorrentes suas. Afirmou
que é empresário, e que a sua empresa é a “PLANETA EMPREENDIMENTOS”. Afirmou que produz
eventos, vende bandas. Afirmou que conhece o réu Aldemar Francisco, como empresário artístico, há
mais de vinte anos. Afirmou que já vendeu artista para o poder público, assim como o réu Aldemar
Francisco. Afirmou que não enxerga um conluio entre as quatro empresas citadas para formarem um
cartel, pois “todo mundo” vende banda e existem mais de trinta empresas. Afirmou que vendem bandas as
empresas “PLANETA EMPREENDIMENTOS”, “PRO SHOW”, “AUGUSTOS PRODUÇÕES”,
“CLASSE A”, “LUZZY”, “BEIJA FLOR”. Afirmou que não é um mercado fechado. Afirmou que, hoje,
é contrato, e que antigamente era carta de exclusividade. Afirmou que era oferecida a carta de
exclusividade ao poder público, sendo que para oferecer a banda teria que ter a carta de exclusividade.
Afirmou que a exclusividade, antigamente, era para data específica, até 2015 ou 2016, se não se engana.
Afirmou que, antigamente, um mesmo artista cedia a carta de exclusividade e num outro dia cedia para
outra empresa, pois funcionava assim, até 2015. Afirmou que, se não se engana, existe algum documento
do Tribunal de Contas a respeito da carta de exclusividade. Afirmou que era o preço de mercado. Afirmou
que o preço pode sofrer variações de acordo com o período, pois, além da procura e oferta, valoriza o
dólar. Afirmou que não sabe se as empresas “TEO SANTANA”, “MEGA”, “FAMA” e

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em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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“ESTRUTURART” agiam em conjunto ou se tinham relações comerciais entre si. Afirmou que,
antigamente, a empresa produtora fazia o evento todo, mas hoje cada uma tem o seu representante e
exclusividade. Afirmou que a produtora levava um pacote para determinado evento. Afirmou que até o
ano de 2016 poderia vender, sendo que isso era geral. Afirmou que existia de um empresário ter uma carta
de exclusividade e ceder a outro para determinado dia. Afirmou que não conhece a ré Adriana Maria.
Afirmou que nunca teve relações com a empresa “ESTRUTURART”, sendo que ver em eventos,
divulgação. Afirmou que trabalha apenas com bandas. Afirmou que já ouviu falar da empresa “FAMA”
no meio artístico, e que conhece como administrador “Sissinho”. Afirmou que não chegou a participar de
licitação com essas empresas, porque não trabalha com licitação, vende bandas. Afirmou que não se
recorda se já teve um casting de artistas, que tanto fosse possível outra empresa utilizar como o depoente.
Afirmou que “todo mundo” vendia banda para o Forró Caju, Forró Siri. Afirmou que a sua empresa é
“PLANETA EMPREENDIMENTOS”. Afirmou que, no período de 2009 a 2014, vendeu a banda
“Mauricinhos do Forró” para o Forró Caju, sendo que chegou a vender shows de artistas para o Forró
Caju. Afirmou que trabalhava diretamente com as bandas e nunca participou de licitação, então, não sabe
como se dava a licitação. Afirmou que o relacionamento da empresa com o poder público ocorre por meio
de licitação ou inexigibilidade de licitação, não é a banda diretamente. Afirmou que oferecia a banda ao
Município, à FUNCAJU, e a contratação era direta. Afirmou que, quando vendeu a banda “Mauricinhos
do Forró”, da qual tinha a exclusividade, a ofereceu, de modo que não houve processo de licitação, pois
banda é vendida diretamente. Afirmou que oferece a banda, se houver interesse e o preço for de mercado,
a banda é contratada. Afirmou que acredita que não há diferenças entre a sua empresa e as empresas
citadas, e que, pelo que sabe, o procedimento é exatamente o mesmo, vender banda. Afirmou que não
sabe dizer se as empresas citadas possuem relação comercial entre si. Afirmou que já comprou bandas de
outras empresas, e já lhe compraram. Afirmou que, ao vender bandas, já se utilizou de carta de
exclusividade. Afirmou que, tendo a exclusividade, tem poder para vender. Reiterou que vendia banda por
meio de carta de exclusividade.

A ré Adriana Maria Santos, em sua qualificação e interrogatório em Juízo, negou a prática delitiva.
Afirmou que apenas não conhece o réu Roberto Calasans, somente de nome. Afirmou que foi sócia da
empresa “ESTRUTURART”. Afirmou que não participava da parte financeira, mas apenas da parte
operacional, e que o réu José Teófilo era quem cuidava dessa parte da empresa, sendo que ele não era
sócio, porém, por ser esposo da interroganda, ele cuidava. Afirmou que tem conhecimento das
especulações da mídia, acerca de que as empresas se juntaram para formar um cartel, mas não reconhece
como tal, e não sabe sobre isso. Afirmou que trabalhava na parte estrutural e de recursos humanos.
Afirmou que se afastou da empresa antes de 2014. Afirmou que se separou do réu José Teófilo há cerca
de quatro anos. Afirmou que não tinha envolvimento com a parte financeira da empresa, e era ele quem
gerenciava essa parte de campo, e, inclusive, tinha uma procuração com poderes. Afirmou que, quando ia
montar o palco, não sabia qual era a empresa do cantor porque era um processo muito complexo. Afirmou
que o seu negócio era deixar tudo nos padrões de segurança dentro do prazo. Afirmou que, que quando o
réu José Teófilo lhe apresentava documentos, assinava sem ler, por ter confiança. Afirmou que adquiriu
uma depressão e bipolaridade crônica. Afirmou que a empresa “ESTRUTURART” não tem ligação com a
empresa “TEO SANTANA”, sendo que são duas coisas distintas. Afirmou que a empresa
“ESTRUTURART” trabalhava com a parte de montagem, e a “TEO SANTANA” com música.

O réu Aldemar Francisco de Carvalho Neto, em sua qualificação e interrogatório em Juízo, negou a
prática delitiva. Afirmou que conhece todos os outros réus. Afirmou que teve relações comerciais com o
réu José Teófilo. Afirmou que era procurador da empresa “MEGA EMPREENDIMENTOS”. Afirmou
que, como trabalha no setor artístico, acontecia de um contratar a banda do outro, por ser exclusivo.
Afirmou que desde 2012, quando o pai faleceu, encerrou as atividades e não fez mais nenhuma transação.
Afirmou que, entre os anos de 2009 e 2012, teve contato com o réu José Teófilo para contratar bandas.
Afirmou que era a prática fazer contratações das bandas com o representante dela no Estado. Afirmou
que, se um prefeito quer realizar um evento com determinada banda que fosse de outro empresário, iria
atrás do representante empresarial e fechava o contrato. Afirmou que apenas teve esse tipo relação com o
réu José Teófilo. Afirmou que o réu Jorge Luiz é sócio da empresa “TEO SANTANA”. Afirmou, sobre o

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pagamento, que após a realização do show a prefeitura lhe pagava e quem bancava a banda era a empresa.
Afirmou que recebia o pagamento e repassava para o representante da banda. Afirmou que esses valores
eram sempre passados de pessoa jurídica para pessoa jurídica. Afirmou que tinha carta de exclusividade
com artistas e em todos esses shows recebiam carta de exclusividade, porém, hoje não pode porque o
prazo mínimo agora é de um ano. Afirmou que, entre os anos de 2009 e 2012, representou diversos
artistas. Afirmou que esses não eram suficientes porque o contratante escolhe a banda que vai tocar e às
vezes não representava aquela banda. Afirmou que, quando se apresentava para as prefeituras, nunca foi
com o réu José Teófilo. Afirmou que o seu pai era sócio da empresa “MEGA EMPREENDIMENTOS”.
Afirmou que a empresa “MEGA EMPREENDIMENTOS” atuava no mesmo ramo das demais. Afirmou
que não participou de licitação para bandas, mas para estrutura sim. Afirmou que as outras empresas não
participaram. Afirmou que participou de diversas licitações na FUNCAJU, para contratação de estruturas.
Afirmou que, no início, algumas licitações eram globais, porque às vezes colocavam por item e mais de
uma empresa ficava responsável, mas alguns itens chegavam e outros não. Afirmou que teve parceria
comercial com o réu José Teófilo, de contratar banda “na mão dele” e repassar para a Prefeitura. Afirmou
que ele também tinha empresa de estrutura. Afirmou que já atuou com o réu José Teófilo em eventos
particulares. Afirmou que, entre os anos de 2009 e 2014, outras empresas venderam shows para
FUNCAJU. Afirmou que os valores eram sempre em cima do cachê do artista nacionalmente. Afirmou
que atua nesse ramo desde antes da criação dessas empresas. Afirmou que o mercado, antigamente, fazia
a carta de exclusividade para apenas o show, mas hoje tem o prazo mínimo de um ano. Afirmou que a
carta de exclusividade era da empresa “MEGA EMPREENDIMENTOS”, mas pagavam por pegar o
exclusivo. Acrescentou que essa forma de pagamento se dava com diversas outras empresas.

O réu Jorge Luiz Dantas de Santana, em sua qualificação e interrogatório em Juízo, negou a prática
delitiva. Afirmou que conhece todos os acusados. Afirmou que era sócio da empresa “TEO SANTANA”.
Afirmou que não participou de formação de cartel. Afirmou que trabalha na parte de estrutura e
montagem. Afirmou que a empresa “TEO SANTANA” trabalhava com a parte de estrutura também.
Afirmou que não lidava com a parte financeira, que era tratada pelo réu José Teófilo. Afirmou que não
tem conhecimento sobre depósitos feitos por outras empresas em nome da empresa “TEO SANTANA”.
Afirmou que sua participação na sociedade em percentual é mínima. Afirmou que hoje é apenas
funcionário da empresa “TEO SANTANA”. Acrescentou que trabalhava apenas para o réu José Teófilo.

O réu José Teófilo de Santana Neto, em sua qualificação e interrogatório em Juízo, negou a prática
delitiva. Afirmou que conhece todos os acusados. Afirmou que é sócio apenas da empresa “TEO
SANTANA”. Afirmou que fez contratos com as outras empresas. Afirmou que as outras empresas
contratavam seus artistas, e que o inverso não ocorreu. Afirmou que sua ex-esposa lhe passou uma
procuração, para que administrasse a parte financeira da empresa “ESTRUTURART”. Afirmou que era
detentor da carta de exclusividade dos artistas que cedia. Afirmou que nunca pegou artista das outras
empresas. Afirmou que passava a carta de exclusividade para o show que eles iam executar, e esse
formato era de praxe até o ano de 2014, de modo que a carta de exclusividade era para o show e,
posteriormente, mudou. Afirmou que poderiam ocorrer casos, em que a banda realizasse dois shows numa
noite e tivesse duas cartas de exclusividade. Afirmou que era o representante do artista, e que havia um
contrato para representar a banda. Afirmou que toda contratação de artista ocorre por inexigibilidade (de
licitação). Afirmou que não sabe dizer o motivo de os prefeitos buscarem o réu Aldemar Francisco e não
diretamente o interrogando, já que é o representante. Afirmou que existem mais de trezentas empresas de
evento no Estado de Sergipe. Afirmou que nunca procurou prefeito em conjunto com o réu Aldemar
Francisco. Afirmou que tinha procuração para a empresa “ESTRUTURART” e, em relação às empresas
“MEGA” e “FAMA”, não tinha nenhum poder. Afirmou que recebia valores das empresas que buscavam
seus artistas, e essas empresas ganhavam a comissão pelos shows deles. Afirmou que recebia valores em
dinheiro, cheque e transação bancária, bem como pagava dessas formas. Afirmou que o pagamento para
as bandas poderia ser nesses formatos, não tinha um padrão, e dependia da banda. Afirmou que a empresa
“TEO SANTANA” também trabalhava com estrutura, antes de surgir a empresa “ESTRUTURART”,
sendo que depois ajustaram isso e a empresa “ESTRUTURART” trabalhava especificamente na área de
estrutura. Afirmou que geria a empresa “ESTRUTURART” e, em nenhum momento, ela concorreu com a

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empresa “TEO SANTANA”. Afirmou que se a empresa “TEO SANTANA” fosse promover um evento
privado, a “ESTRUTURART” montaria toda a estrutura. Afirmou que a empresa “ESTRUTURART”
trabalhava com diversos outros eventos não relacionados à “TEO SANTANA”, que montou eventos na
Bahia, sambas no Nordeste, todas as Odonto Fantasy, eventos da família Augustus, feiras do SEBRAE.
Afirmou que não conhece Rodrigo Lima da Conceição. Afirmou que, antes de 2014, era comum a
presença de empresários locais que faziam a interlocução com eventos nos municípios do estado. Afirmou
que, após 2014, esses empresários deixaram de existir em virtude da mudança de procedimento. Afirmou
que dentro da contratação não está somente o cachê do artista, tem, ainda, todo o traslado, hospedagem,
alimentação, etc. Afirmou que com alguns fornecedores era comum o pagamento em dinheiro. Afirmou
que sabia que sua esposa tinha uma condição patológica que a impedia de gerenciar a empresa
“ESTRUTURART”. Afirmou que conhece os proprietários da empresa “FAMA”, e que já teve parceria
comercial. Afirmou que foi ele quem o contratou. Afirmou que, como pessoa física, já contratou
“Sissinho” para eventos particulares, ajudando a fazer produção. Afirmou que foram criados juntos e
conhece a família dele, e que são amigos de infância. Afirmou que as empresas “TEO SANTANA” e
“FAMA” tinham a mesma atividade, mas nunca formaram cartel. Afirmou que já aconteceu de ceder a
carta de exclusividade, em razão de desinteresse de promover o evento. Afirmou que possuía contrato de
cessão de exclusividade com as bandas, que permitia fazer a gestão da banda. Afirmou que havia prazo
nesse contrato, e dependia do artista. Afirmou que, entre os anos de 2009 e 2014, diversas outras
empresas apresentaram. Afirmou que não havia conluio entre empresas para valor, e o que estabelece o
valor do cachê é o período e o sucesso da banda. Afirmou que houve transferências de valores com a
empresa “MEGA”, em razão da cessão de carta de exclusividade. Acrescentou que atuou com outras
empresas em eventos particulares.

O réu Roberto Calasans Costa, em sua qualificação e interrogatório em Juízo, negou a prática delitiva.
Afirmou que conhece todos os réus. Afirmou que é sócio da empresa “FAMA EVENTOS”. Afirmou que,
entre os anos 2009 e 2014, não manteve contato com as empresas. Afirmou que não tem nenhum vínculo
com as outras empresas. Afirmou que, nesse período, estava afastado e quem gerenciava era o réu
Roosewelt Pereira, seu amigo e também sócio. Afirmou que estava cuidando dos seus outros negócios.
Afirmou que apenas sabe da acusação pelas notícias. Afirmou que, entre os anos de 2009 a 2014, estava
cuidando de seu restaurante na Praia da Costa, e que não recebia dinheiro da empresa “FAMA
EVENTOS”. Afirmou que foi Secretário de Cultura do Município de Barra dos Coqueiros, entre os anos
de 2008 e 2009, e o réu Roosewelt Pereira era prefeito, e que resolveram abrir a empresa juntos, mas
permaneceu apenas por cerca de seis meses. Afirmou que, nesse período, também foi assessor técnico da
Casa Civil do Estado. Afirmou que pediu a ele para sair da sociedade de forma informal. Afirmou que
tinha 50% da empresa. Afirmou que é compositor e imaginava trabalhando com edição de música e
direitos autorias, e a parte de eventos seria com “Cincinho”, mas viu que não seria assim e foi executar
outras atividades. Afirmou que não participou de pregão ou cessão de carta de exclusividade. Afirmou
que não tem conhecimento de cartel entre a empresa “FAMA” e outra do ramo.

O réu Roosewelt Pereira Moura, em sua qualificação e interrogatório em Juízo, negou a prática delitiva.
Afirmou que conhece todos os réus. Afirmou que é sócio da empresa “FAMA EVENTOS”, e o outro
sócio é o réu Roberto Calasans. Afirmou que manteve ajustes comerciais com o réu José Teófilo. Afirmou
que, em relação a algumas bandas, tinha que buscar através do réu José Teófilo, porque ele tinha
exclusividade com as bandas, sendo que sempre que tentava ligar direto para as bandas e mandavam ligar
para ele. Afirmou que procurava as Prefeituras para vender as bandas, e o ajuste era feito por meio de
inexigibilidade. Afirmou que não realizou esse ajuste com os réus Aldemar Francisco ou Jorge Luiz.
Afirmou que o réu Roberto Calasans não ajudava na administração e, quando criaram a empresa, queriam
fazer edição de música no início, em 2009, sendo que começou a usar a empresa em 2012. Afirmou que o
réu Roberto Calasans não participou de nenhum desses ajustes. Afirmou que, quando ia até as Prefeituras,
sempre foi sozinho. Afirmou que já houve transferências bancárias entre as empresas em razão da cessão
de carta de exclusividade. Afirmou que já trabalhou com a empresa “TEO SANTANA” para eventos
particulares. Afirmou que a empresa está ativa, mas não trabalha mais. Acrescentou que algumas
transações eram feitas com dinheiro.

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Diante das provas coligidas, atesta-se que, não obstante haja indícios de materialidade delitiva, inexistem
no presente feito provas aptas a corroborarem o teor da Denúncia ofertada. O conjunto probatório
amealhado aos autos não foi capaz de comprovar que os acusados, de fato, praticaram o crime
previsto no art. 4º, inciso II, “b” e “c”, da Lei nº 8.137/90, que lhes fora imputado.

Não foram confirmados os indícios de materialidade, de modo que não há nos autos elementos capazes de
ensejar uma condenação.

Vejamos.

Preliminarmente, cumpre relembrar que se imputa aos réus a conduta descrita no art. 4º, inciso II, “b” e
“c”, da Lei nº 8.137/90, porquanto, no período compreendido entre os anos de 2009 e 2014, em conluio e
unidade de desígnios, os denunciados, de modo consciente e voluntário, teriam abusado do poder
econômico, formando acordos, convênios, ajustes ou alianças entre ofertantes, visando: ao controle
regionalizado do mercado pelo grupo de empresas MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E
EVENTOS LTDA, TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA,
FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA, e ESTRUTURART EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO
E SERVIÇOS LTDA; e ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de
fornecedores.

Nesse ínterim, com base na farta documentação juntada aos autos, importa explanar algumas
considerações acerca das empresas MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS
LTDA, TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, FAMA
EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA e ESTRUTURART EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E
SERVIÇOS LTDA.

Às pp. 251/253, encontra-se encartado o “Contrato Social de Sociedade por Quotas de Responsabilidade
Limitada” relativo à empresa MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA.
Neste contrato, figuram como sócios da empresa Carla Dória Prata e José Dória de Carvalho, estando
disposto que a sociedade terá por objetivo social eventos, propaganda e promoção artística em geral, além
de serviços de iluminação e de locação de palco em geral, podendo o objetivo ser ampliado ou reduzido a
critério das partes, por meio de alteração contratual.

Foram encartadas ao feito, também, duas alterações contratuais. Na primeira (pp. 256/259), opera-se a
venda das quotas da, então, sócia Carla Dória Prata, que passa os seus direitos e obrigações como ativo e
passivo para o sócio José Dória de Carvalho, assim como admite-se como sócio Marques Anderson de
Souza Amorim. Na segunda (pp. 261/262), amplia-se o valor global do capital social.

Ademais, segundo indica a “Certidão Simplificada” oriunda da Junta Comercial do Estado de Sergipe –
JUCESE (p. 221), as atividades da empresa tiveram início em 10/04/2003. E, além dos serviços

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anteriormente citados, constam como objeto social da empresa locação de estruturas metálicas em
alumínio, locação de sonorização, consultoria e marketing.

Ainda no tocante à empresa MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA,


verifica-se a existência de diversos contratos celebrados entre o Município de Aracaju, através da
Fundação Cultural Cidade de Aracaju – FUNCAJU, e a empresa em comento, assim como entre o
Município de Aracaju, através da Fundação Cultural Cidade de Aracaju – FUNCAJU, e artistas/bandas,
através da empresa MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA.

Tais contratos encontram-se acostados às pp. 409/414, 420/422, 453/458, 514/518, 537/543, 561/566,
604/606, 613/615, 622/627, 633/638, 644/646, 651/656, 662/667, 674/679, 730/735, 752/754, 792/797,
809/813, 820/825, 834/839, 846/851, 858/863, 875/880, 888/890, 897/902, 909/914, 921/926, 933/938,
945/950, 957/962, 969/974, 981/986, 993/998, 1011/1016, 1023/1028, 1035/1040, 1047/1052, 1059/1064,
1074/1079, 1086/1091, 1098/1103, 1110/1115, 1122/1127, 1134/1139, 1146/1151, 1158/1163,
1170/1175, 1182/1187, 1194/1199, 1206/1211, 1223/1228, 1234/1238, 1245/1250, 1257/1262,
1282/1283, 1292/1297, 1304/1309, 1316/1321, 1328/1333, 1340/1345, 1352/1357, 1376/1378,
1383/1385, 1392/1397, 1401/1403, 1408/1411, 1420/1423, 1433/1436, 1445/1448, 1457/1460,
1469/1472, 1487/1490, 1500/1503, 1513/1516, 1526/1529, 1537/1540, 1549/1552, 1560/1564,
1574/1577, 1586/1589, 1599/1602, 1610/1613, 1622/1625, 1634/1637, 1646/1649, 1664/1667,
1676/1678, 1689/1692, 1701/1704, 1713/1716, 1726/1729, 1737/1740, 1749/1752, 1762/1765,
1775/1778, 1787/1790, 1800/1803, 1812/1815, 1826/1829, 1839/1842, 1852/1855, 1870/1873,
1882/1885, 1894/1898, 1911/1915, 1925/1928, 1937/1940, 1952/1955, 1965/1968, 1978/1981. E, os seus
objetos variam entre a contratação de empresa especializada em locação, montagem e desmontagem de
palcos, apresentações musicais de artistas/bandas e patrocínios.

No que concerne à empresa TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS


LTDA, às pp. 263/267, encontra-se encartado o “Contrato de Constituição”, no qual figuram como sócios
da empresa os réus José Teófilo de Santana Neto e Jorge Luiz Dantas de Santana. Como objeto social da
empresa, listam-se as seguintes atividades: organização, promoção de eventos musicais; produção
musical; serviços de empresário artístico; atividade de trio elétrico; aluguel, locação de equipamentos para
iluminação de eventos; aluguel de palcos, coberturas e outras estruturas de uso temporário, exceto
andaimes; espetáculo de som e luz; espetáculo pirotécnico; marketing de propaganda política; consultoria
em marketing; organização, promoção de eventos de teatro; organização, promoção de eventos de dança;
serviço de vigilância e segurança privada; serviços de fornecimento de som para casas de espetáculos;
aluguel, locação de geradores; e aluguel de sanitários químicos.

No bojo desta Ação Penal, foram encartadas, ainda, quatro “Alteração do Contrato Social”. Na primeira
alteração (pp. 269/272), opera-se a exclusão de serviços de empresário artístico e consultoria em
marketing do objeto social da empresa. Na segunda alteração (pp. 273/276), incluem-se as seguintes
atividades no objeto social da empresa: locação de contêineres; locação de projetores; locação de painéis
eletrônicos para publicidade; filmagem de festas e eventos; serviços de organização de feiras, congressos,
exposições e festas; atividades de sonorização e de iluminação; produção de espetáculos de rodeio,
vaquejadas e similares; casas de festas e eventos; montagem e desmontagem de estruturas metálicas
tubulares temporárias para usos diversos (arquibancadas, palcos, etc...) exceto por conta de terceiros.

Na terceira alteração (pp. 277/280), modificou-se a sede e domicílio da empresa. Na quarta alteração (pp.
281/284), ampliou-se o valor do capital social. À p. 175, consta “Certidão Simplificada” oriunda da Junta

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em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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Comercial do Estado de Sergipe – JUCESE, consoante a qual as atividades da empresa TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA tiveram início em 23/10/2009.

Perlustrando o feito, é possível observar também a existência de contratos celebrados entre o Município
de Aracaju, através da Fundação Cultural Cidade de Aracaju – FUNCAJU, e a empresa TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, bem como entre o Município de Aracaju,
através da Fundação Cultural Cidade de Aracaju – FUNCAJU, e artistas/bandas, através da aludida
empresa.

Os contratos citados, acostados às pp. 1997/1999, 2007/2009, 2018/2020, 2029/2031, 2040/2042,


2051/2053, 2064/2066, 2079/2081, 2090/2092, 2101/2103, 2114/2117, 2126/2128, 2138/2140,
2150/2152, 2159/2161, 2167/2169, 2179/2183, 2192/2196, 2206/2208, 2218/2220, 2233/2235,
2245/2247, 2256/2258, 2268/2270, 2285/2288, 2299/2304, 2313/2319, versam sobre apresentações
musicais de artistas/bandas, assim como sobre locação, montagem e desmontagem de estruturas e
equipamentos.

No que tange à empresa FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA, às pp. 285/289, está
encartado o “Contrato Social”. No referido contrato social, figuram como sócios da empresa os réus
Roosewelt Pereira Moura e Roberto Calasans Costa, e elencam-se as seguintes atividades como objetivo
social: produção musical; espetáculo pirotécnico; locação de contêineres; locação de geradores; locação
de projetores; filmagem de festas e eventos; serviços de organização de feiras, congressos, exposições e
festas; atividades de sonorização e de iluminação; aluguel de palcos, coberturas e outras estruturas de uso
temporário; produção de espetáculos de rodeios, vaquejadas e similares; e casas de festas e eventos.

Por meio da “Alteração Contratual” de pp. 292/293, operou-se a modificação da sede da referida empresa.
A “Certidão Simplificada” oriunda da Junta Comercial do Estado de Sergipe – JUCESE (p. 208) aponta
que as atividades da empresa FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA foram iniciadas em
06/11/2008.

Tal como ocorre em relação às empresas MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS


LTDA e TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, verifica-se a
existência de contratos celebrados entre o Município de Aracaju, através da Fundação Cultural Cidade de
Aracaju – FUNCAJU, e artistas/bandas, através da empresa FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL
LTDA. Os contratos encontram-se encartados às pp. 2382/2384, 2390/2392, 2399/2402, 2409/2412,
2419/2422, e possuem como objeto apresentações musicais de artistas/bandas.

Quanto à empresa ESTRUTURART EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA, às pp.


294/296, encontra-se encartado o “Contrato de Constituição”, no qual figuram como sócias Maria
Arquileia dos Santos e Dayanne da Costa. Como objeto social da empresa, enumeram-se as seguintes
atividades: organização, promoção de eventos musicais; produção musical; atividade de trio elétrico;
aluguel, locação de equipamentos para iluminação de eventos; aluguel de palcos, coberturas e outras
estruturas de uso temporário, exceto andaimes; espetáculo de som e luz; espetáculo pirotécnico;
marketing de propaganda política; organização, promoção de eventos de teatro; organização, promoção de
eventos de dança; serviço de vigilância e segurança privada; serviço de fornecimento de som para casas
de espetáculos; locação de geradores; locação de contêineres; locação de projetores; locação de painéis

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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eletrônicos para publicidade; aluguel de sanitários químicos; filmagem de festas e eventos; serviços de
organização de feiras, congressos, exposições e festas; atividades de sonorização e de iluminação;
produção de espetáculos de rodeios, vaquejadas e similares; e casas de festas e eventos.

Foram encartadas ao feito três “Alteração do Contrato Social”. Na primeira alteração (pp. 298/301),
operou-se a inclusão da atividade de montagem e desmontagem de estruturas metálicas tubulares
temporárias para usos diversos (arquibancadas, palcos, etc...) exceto por conta de terceiros, no objeto
social da empresa. Na segunda alteração (pp. 302/305), modifica-se o endereço da sede social da empresa,
assim como são incluídas as atividades de fabricação de estruturas metálicas e fabricação de esquadrias de
metal, no objeto social.

Na terceira (pp. 306/309), altera-se a atividade principal da empresa para fabricação de estruturas
metálicas. Às pp. 191/192, consta nos autos a “Certidão Simplificada”, oriunda da Junta Comercial do
Estado de Sergipe – JUCESE, a qual assinala que a empresa ESTRUTURART EQUIPAMENTOS
LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA teve as suas atividades iniciadas em 25/02/2011.

Nota-se, também, a existência de contratos celebrados entre o Município de Aracaju, através da Fundação
Cultural Cidade de Aracaju – FUNCAJU, e artistas/bandas, através da empresa ESTRUTURART
EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA. Os contratos, acostados às pp. 2431/2434,
2442/2445, 2453/2457, possuem como objeto apresentações musicais de artistas/bandas.

Vale salientar que todas as contratações, anteriormente expostas, com o poder público, isto é, com o
Município de Aracaju, através da Fundação Cultural Cidade de Aracaju – FUNCAJU, enquadram-se no
interstício temporal havido entre os anos de 2009 e 2014.

Desse modo, não remanescem dúvidas de que as empresas MEGA EMPREENDIMENTOS


PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E
EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA, e ESTRUTURART
EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA, de fato, contrataram com o poder público.

Como já fora sinalizado, após minuciosa análise do conjunto probatório amealhado aos autos, conclui-se
que as provas carreadas ao feito não são suficientes para comprovar a materialidade delitiva atinente ao
delito previsto no art. 4º, inciso II, “b” e “c”, da Lei nº 8.137/90.

É cediço que, para se proferir um decreto condenatório, se revela imprescindível a existência de um


conjunto probatório apto a conduzir, de forma inequívoca, a autoria e a materialidade delitiva, o
que não ocorreu no caso em tela.

Evidenciadas tais noções elementares, cumpre, por oportuno, aprofundar a análise do artigo 4º, inciso II,
“b” e “c”, da Lei nº 8.137/90.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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O art. 4º, inciso II, “a”, “b” e “c”, da Lei nº 8.137/90, estabelece crime contra a ordem econômica, cuja
conduta objetiva é formar acordo, convênio, ajuste, aliança entre ofertantes, visando à fixação artificial de
preços ou quantidades vendidas ou produzidas; ao controle regionalizado do mercado por empresa ou
grupo de empresas; e ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de
fornecedores.

Exige-se, então, a comprovação de que os acordos, ajustes ou alianças entre os ofertantes tinham por
propósito o domínio de mercado.

É o que se extrai do julgado a seguir colacionado, oriundo do Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ART. 90 DA LEI 8.666/93. PRESCRIÇÃO DA


PRETENSÃO PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. ART. 96 DA LEI 8.666/93. CRIME
MATERIAL. RESULTADO NATURALÍSTICO. NÃO DEMONSTRAÇÃO DO PREJUÍZO À
FAZENDA PÚBLICA. ART. 4º, II, DA LEI 8.137/93. CARTEL. AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO DO PODER ECONÔMICO. AGRAVO IMPROVIDO.

1. Transcorrido lapso temporal superior a 8 anos entre a data dos fatos e não existindo recebimento da
denúncia até a presente data, configura-se a perda da pretensão punitiva estatal quanto ao delito do art. 90
da Lei 8.666/93, notadamente porque os fatos são anteriores à Lei 12.234/2010.

2. O tipo penal do art. 96 da Lei 8.666/93, por se tratar de delito material, exige a ocorrência do resultado
naturalístico, com descrito prejuízo à Fazenda Pública.

3. Ausente a demonstração do prejuízo causado à Fazenda Pública, sequer descrito, mormente porque a
empresa que adjudicou o objeto da licitação não integrava o cartel referido na denúncia, vê-se a
atipicidade da conduta imputada.

4. O delito do art. 4º, II, da Lei 8.137/90 exige a demonstração que os acordos, ajustes ou alianças
entre os ofertantes tinham por objetivo domínio de mercado.

5. Não havendo descrição fática suficiente da concentração do poder econômico, ou de que os


acordos ajustados teriam sido efetivamente implementados com domínio de mercado, não há falar
em formação de cartel, porquanto não demonstrada ofensa à livre concorrência.

6. Agravo regimental improvido.

(AgRg no REsp 1810038/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
10/12/2019, DJe 12/12/2019)

Outrossim, considerada em si mesma, a conduta relativa à efetivação de ajustes e acordos entre empresas
não configura qualquer ilicitude, desde que o seu próprio escopo ou as atividades decorrentes não
conduzam de qualquer modo para o abuso do poder econômico, na medida em que acarretem o domínio
do mercado ou a restrição à competição.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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De acordo com as lições de Andreucci[1], a formação de cartel trata-se de uma forma de oligopólio, em
que empresas legalmente independentes, atuantes num mesmo setor, promovem acordos entre si, com a
finalidade de obter o domínio de determinada oferta de bens ou serviços. A forma mais conhecida de
cartel consiste na fixação de preços iguais ou, ao menos, muito semelhantes, entre as empresas
envolvidas, reduzindo as chances da concorrência leal. O consumidor é prejudicado com a formação de
cartéis, uma vez que o seu direito de escolha é restringido.

Analisando os autos e desvendando o conjunto probatório a ele carreado, constata-se que toda a prova
produzida pelo Ministério Público, com o intuito de demonstrar o fato constitutivo do seu direito (autoria
e materialidade do delito imputado aos réus, em suas vertentes da tipicidade, antijuridicidade e
culpabilidade), consiste dos documentos acostados ao feito e nos depoimentos prestados pelas
testemunhas de acusação.

Revela-se despiciendo afirmar que no processo penal o ônus da prova é da acusação, não incumbindo ao
réu o ônus de demonstrar a sua inocência. Em outras palavras, deverá o Parquet, no curso da instrução
processual e sob o crivo do contraditório (CPP, art. 155), produzir todas as provas aptas à prolação de um
juízo condenatório, sendo cediço que a dúvida sempre favorecerá o réu.

Assim sendo, a ABSOLVIÇÃO é medida que se impõe.

Compulsando os documentos juntados aos autos, inclusive, os contratos já explanados, não se verifica a
existência de provas que atestem, com a certeza necessária, a formação de cartel imputada aos réus.

Em Juízo, não foi produzida prova em prejuízo dos réus.

No que concerne à prova testemunhal colhida na instrução, destaque-se que a testemunha de acusação
Danny Iglesias Cunha Gois relatou que, além das empresas MEGA EMPREENDIMENTOS
PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E
EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA e ESTRUTURART
EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA, outras se dedicam às mesmas atividades.

A testemunha em referência explicou que já participou de produção no “Forró Caju”, aduzindo que se
recorda de que, no “Forró Caju” do mesmo ano, outras empresas também participaram com bandas,
estrutura, iluminação, de modo que o evento não se concentrava nas empresas MEGA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E EDITORA
MUSICAL LTDA e ESTRUTURART EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA. Relatou,
ainda, que não percebeu o réu Aldemar Francisco agindo em conluio com os demais denunciados, a fim
de combinarem preço.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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A testemunha de acusação Rodrigo Lima da Conceição asseverou que não detecta, no Estado de Sergipe,
um cartel de empresas que atuam neste ramo de serviços. Esclareceu que, numa determinada
oportunidade, procurou o réu José Teófilo, para que este o representasse, porém, o aludido acusado
manifestou desinteresse e orientou a testemunha a buscar outra empresa, sem nominar especificamente
uma empresa. Acrescentou, ainda, que procurou a empresa MEGA EMPREENDIMENTOS
PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, após colegas terem lhe passado os nomes de algumas empresas,
pontuando que a dita empresa intermediou as suas apresentações, em 2013, no “Forró Caju”.

Frise-se que às pp. 1574/1577 está acostado o contrato celebrado entre o Município de Aracaju, através da
Fundação Cultural Cidade de Aracaju – FUNCAJU, e Rodriguinho de Frei Paulo, através da empresa
MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, cujo objeto é a apresentação
musical do mencionado artista no dia 29 de junho de 2013, no evento “Forró Caju”.

A testemunha de acusação Luiz Roberto Dantas de Santana informou que não visualizava, nos eventos do
“Forró Caju”, entre os anos de 2009 e 2014, um cartel formado pelas empresas MEGA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E EDITORA
MUSICAL LTDA e ESTRUTURART EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA. Demais
disso, afirmou não saber se as mencionadas empresas possuíam entre si alguma relação comercial.

Ao visualizar a relação de empresas constante à p. 3088, a testemunha Luiz Roberto Dantas de Santana
disse já ter ouvido falar de algumas delas, como por exemplo, JV PRODUÇÕES E EVENTOS
ARTÍSTICOS LTDA, LUZZY PRODUÇÕES ARTÍSTICAS e PRO SHOW – PROD., EVENT. E
PUBLICIDADE LTDA, salientando que se recorda de que essas empresas prestam serviços na mesma
área de atuação. A referida testemunha narrou que trabalhou na gerência de comunicação, na Petrobras,
explanando que, além de contratação para eventos da própria Petrobras, havia patrocínios, tendo por
objeto da contratação eventos de São João.

Narrou que as empresas MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA e FAMA


EVENTOS E EDITORA MUSICAL foram contratadas pela Petrobras, para promoção de eventos ou
patrocínio. Destacou que o contrato de patrocínio não exige licitação, esclarecendo que, após a empresa
dar entrada no projeto, é seguido um trâmite para aprovação. E, sendo o projeto aprovado, exigia-se que
as empresas apresentassem um termo proveniente das Prefeituras, para possibilitar a captação de recurso.
Acrescentou que diversas empresas poderiam participar do patrocínio, a depender da indicação de cada
Prefeitura que estivesse fazendo parte do projeto, exemplificando que as empresas AUGUSTUS
PRODUÇÕES E EVENTOS LTDA e ESPAÇO MARKETING EVENTOS LTDA já participaram do
projeto de patrocínio, com o mesmo objeto.

Ressalte-se que às pp. 311/322 e 331/342 encontram-se encartados dois contratos de patrocínio celebrados
entre PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. – PETROBRAS e FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL,
cujos objetos são o patrocínio ao projeto “Forró no Arraiá”. Às pp. 351/363 e 375/387, constam também
contratos de patrocínio celebrados entre PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. – PETROBRAS e MEGA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, cujos objetos são o patrocínio ao projeto
“São João é Sergipano”.

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em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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A testemunha de acusação Augusto Cesar Maia Cardoso relatou que fez uma declaração, dizendo que
estava sendo prejudicado em algumas licitações feitas no Estado, que ocorriam no âmbito da FUNCAJU,
como também, poderiam ocorrer em outros Estados ou Municípios. Confirmou ter sido aconselhado por
“Nitinho”, pelo réu José Teófilo e por Wellington de Andrade Santos (“Edinho”) para não participar de
uma licitação, tendo “Nitinho” lhe dito para não participar da licitação e colocar um led no palco Luiz
Gonzaga, para a realização do Forró Caju, e que ele mandaria lhe pagar.

Ao ser questionada sobre o motivo de terem lhe pedido para não participar da licitação, a testemunha em
comento alegou que “Nitinho” acreditava que a sua empresa ainda atuava, bem como que os seus preços
eram baixos, de forma que, caso participasse, o seu preço seria o menor. Expressou, ainda, que chegou a
conclusão de que a sua não participação na licitação seria para beneficiar o réu José Teófilo através da
contratação de Wellington de Andrade Santos (“Edinho”), afirmando que o réu José Teófilo se utiliza de
“laranja” para participar de licitações.

Ocorre que, malgrado tenha proferido declarações graves e relevantes, de modo firme, não avisto
elementos de prova que corroborem o teor das afirmações sustentadas pela testemunha Augusto Cesar
Maia Cardoso, mormente pelo fato de as testemunhas Wellington de Andrade Santos (“Edinho”) e
Manoel Luís Fraga Viana, em Juízo, terem atestado que a “reunião” mencionada por Augusto Cesar Maia
Cardoso nunca existiu.

A testemunha de Defesa do réu José Teófilo de Santana Neto, Manoel Luís Fraga Viana, informou que
exerceu as funções de vice-presidente e presidente da FUNCAJU, nos anos de 2013 e 2014,
respectivamente. Asseverou que não existia entre as empresas MEGA EMPREENDIMENTOS
PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E
EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA e ESTRUTURART
EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA algum tipo de conluio, no que tange à contratação
de artistas, não sabendo informar se as referidas empresas possuem entre si alguma relação, seja
comercial ou financeira.

Narrou que, no período em que foi vice-presidente e presidente da FUNCAJU, as empresas mencionadas
foram contratadas para prestar serviços, na contratação de artistas para o Forró Caju, pontuando que
outras empresas também, como por exemplo, JV PRODUÇÕES E EVENTOS ARTÍSTICOS LTDA e
LUZZY PRODUÇÕES ARTÍSTICAS, já contrataram com o Município de Aracaju para o “Forró Caju”.

Além disso, como já fora sinalizado, esclareceu a testemunha Manoel Luís Fraga Viana que nunca existiu
a “reunião” mencionada por Augusto Cesar Maia Cardoso. Afirmou que sugeriu à testemunha Augusto
Cesar Maia Cardoso participar de licitação, porém, o mesmo estava com problemas quanto às certidões.
Afirmou, também, que participou de uma das licitações, tendo presenciado Augusto Cesar Maia Cardoso
ser eliminado pela Prefeitura, em razão da documentação não estar regularizada. Acrescentou que, na
época da sua gestão na FUNCAJU, não existiam apenas as empresas MEGA EMPREENDIMENTOS
PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E
EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA e ESTRUTURART
EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA, tendo celebrado contrato também com outras
empresas.

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em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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A testemunha de Defesa do réu José Teófilo de Santana Neto, Raimundo José dos Anjos Pinto, informou
que a sua irmã e a sua cunha possuíam uma empresa de shows, a “Central do Samba”. Ao ser questionada
sobre uma possível formação de cartel, em que o ente público direcionava as contratações para as
empresas MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E EDITORA
MUSICAL LTDA e ESTRUTURART EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA em
detrimento de outras, aduziu a testemunha em comento que observa que toda empresa depende da sua
competência, competindo a cada empresário se organizar e dispor de um casting de artistas para poder
vender.

Asseverou que não enxergava direcionamento, de modo a prestigiar empresas, salientando que outras
empresas prestavam os mesmos serviços que as empresas MEGA EMPREENDIMENTOS
PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E
EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA e ESTRUTURART
EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA, como por exemplo, JV PRODUÇÕES E
EVENTOS ARTÍSTICOS LTDA, PRO SHOW – PROD., EVENT. E PUBLICIDADE LTDA e LUZZY
PRODUÇÕES ARTÍSTICAS.

A testemunha de Defesa do réu José Teófilo de Santana Neto, Wellington de Andrade Santos, informou
que prestava serviços de sonorização e iluminação, e que o serviço que presta sempre se dava por
licitação. Narrou que não há direcionamento, visto que a concorrência é alta. Acrescentou que nunca
existiu a “reunião” comentada pela testemunha Augusto Cesar Maia Cardoso, pontuando que todas as
licitações em Sergipe são processos legítimos, não existindo direcionamento.

Aduziu que empresários se conhecem, porque no ramo todos se conhecem, mas nunca visualizou estarem
todos juntos, para se beneficiarem. Aduziu, também, que os réus José Teófilo, Aldemar Francisco e
Roosewelt Pereira não formaram um time, uma vez que são concorrentes entre si, salientando que não
sabe se, enquanto empresa, já tiveram relação comercial entre si.

A testemunha de Defesa do réu Aldemar Francisco de Carvalho Neto, Marcos Vinícius Rocha Santana,
informou que é empresário do ramo artístico. Relatou que não procede o fato de que as empresas MEGA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E EDITORA
MUSICAL LTDA e ESTRUTURART EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA estariam
agindo com o propósito de formar um cartel, para fechar o mercado apenas para elas, havendo outras
empresas também atuavam. Asseverou que a concorrência era aberta, de modo que não existia um
comércio fechado para as empresas mencionadas, pois não havia condições para isso.

Acrescentou que não sabe informar se as empresas MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E


EVENTOS LTDA, TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA,
FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA e ESTRUTURART EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO
E SERVIÇOS LTDA possuem relação comercial entre si.

A testemunha de Defesa do réu Aldemar Francisco de Carvalho Neto, Enio Passos Santos, informou que é
empresário, proprietário da empresa PLANETA EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS LTDA,
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em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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produzindo eventos e vendendo bandas. Narrou que não visualiza um conluio entre as empresas MEGA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E EDITORA
MUSICAL LTDA e ESTRUTURART EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA para
formarem um cartel, já que todos vendem bandas, inclusive, para o “Forró Caju” e “Forró Siri”, e existem
no mercado mais de trinta empresas.

Esclareceu que não se trata de um mercado fechado, exemplificando que as empresas PLANETA
EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS LTDA, PRO SHOW – PROD., EVENT. E PUBLICIDADE
LTDA e LUZZY PRODUÇÕES ARTÍSTICAS vendem bandas. Afirmou não saber se as empresas
MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E EDITORA
MUSICAL LTDA e ESTRUTURART EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA agiam em
conjunto ou se possuíam relações comerciais entre si. Acrescentou que chegou a vender shows de artistas
para o “Forró Caju”, no período compreendido entre os anos de 2009 e 2014.

A ré Adriana Maria Santos, em Juízo, informou ter sido sócia da empresa ESTRUTURART
EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA. Aduziu ter conhecimento sobre as especulações da
mídia, acerca de que as empresas teriam se juntado para formarem um cartel. Porém, não reconhece como
tal e não tem conhecimento sobre isso.

O réu Aldemar Francisco de Carvalho Neto narrou ter sido procurador da empresa MEGA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, bem como que efetuou relações
comerciais com o réu José Teófilo. E, salientou que, entre os anos de 2009 e 2014, outras empresas
venderam shows para a FUNCAJU.

O réu Jorge Luiz Dantas de Santana informou que era sócio da empresa TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA. Asseverou que não participou de
formação de cartel.

O réu José Teófilo de Santana Neto expôs que é sócio da empresa TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, e já celebrou contratos com outras
empresas, que contratavam os seus artistas. Destacou que existem mais de trezentas empresas de evento
no Estado de Sergipe, esclarecendo que as empresas TEO SANTANA EMPREENDIMENTOS
PROPAGANDA E EVENTOS LTDA e FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL LTDA realizavam a
mesma atividade, mas nunca formaram cartel. Frisou, ainda, que não havia conluio entre empresas para
ajuste de valor.

O réu Roberto Calasans Costa narrou que é sócio da empresa FAMA EVENTOS E EDITORA
MUSICAL LTDA, e, entre os anos de 2009 e 2014, não manteve contato com as empresas, período no
qual estava cuidando do seu restaurante. Narrou que não possui vínculo com as outras empresas, e que
não tem conhecimento sobre cartel formado entre a empresa FAMA EVENTOS E EDITORA MUSICAL
LTDA e outra do ramo. Explicou, ainda, que juntamente ao réu Roosewelt Pereira Moura resolveram
abrir a empresa juntos, contudo, apenas permaneceu por cerca de seis meses.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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O réu Roosewelt Pereira Moura afirmou ser sócio da empresa FAMA EVENTOS E EDITORA
MUSICAL LTDA, sendo o outro sócio o réu Roberto Calasans Costa. Disse já ter mantido ajustes
comerciais com o réu José Teófilo.

Todos os acusados negaram a prática delitiva.

Destarte, as provas testemunhal e documental refutam a narrativa do Ministério Público, disposta na


inicial acusatória.

As informações prestadas pelos réus e pelas testemunhas são incapazes de dar certeza acerca da
materialidade delitiva.

Outrossim, para além da ausência de provas específicas quanto à formação de cartel, faz-se necessário
tecer algumas considerações acerca da Resolução nº 298/2016, do Tribunal de Contas do Estado de
Sergipe.

Inicialmente, cumpre ressaltar que tal Resolução dispõe sobre a regulamentação dos procedimentos a
serem adotados para contratação de bandas, grupos musicais, profissionais ou empresas do setor artístico,
sujeitos ao exame do Tribunal, e dá outras providências.

De acordo com a prova oral colhida na instrução criminal, pode-se inferir que a contratação de
artistas/bandas, enquanto prática comum de mercado, não era precedida da realização de certame
licitatório, mas sim, se dava por meio das denominadas cartas de exclusividade.

Ao versar sobre as hipóteses de inexigibilidade de licitação, preceitua a Lei nº 8.666/93:

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:

(...)

III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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A partir da análise do dispositivo acima transcrito, depreende-se que a inexigibilidade do procedimento
licitatório para a contratação de profissionais do setor artístico pode ser realizada na pessoa do
empresário, desde que detenha poderes para representar, com exclusividade, o artista e este seja
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

Isto posto, vê-se que, excepcionalmente, em face de situações de inviabilidade de competição, a lei fixa
hipóteses de inexigibilidade de licitação, permitindo à Administração a realização de contratação direta,
como nos casos de contratação de profissionais do setor artístico.

Como bem explica o Desembargador Alberto Romeu Gouveia Leite, em seu voto constante no Acórdão
nº 201926587[2], no que pertine à contratação direta com empresário exclusivo, trata-se de um critério
que demanda cuidado pelo julgador, a fim de evitar interpretação que inviabilize a aplicabilidade do
procedimento previsto no art. 25, inciso III, da Lei nº 8.666/93.

Prossegue o citado Desembargador, esclarecendo que os artistas que detêm determinado reconhecimento
no mercado firmam em cada Estado, ou mesmo, Região contratos com produtoras locais, para facilitar e
agilizar a contratação de novos shows. Ressalta, também, que seria praticamente impossível uma banda
ou artista, que realiza diversos shows em meses festivos, depender de apenas um empresário exclusivo
para fechar os seus contratos em todas as localidades, inclusive, nos distantes Municípios do interior de
cada Estado.

Como consequência, surgiria a possibilidade de serem formalizados contratos de representação, com


cláusula de exclusividade.

Por oportuno, colaciono a ementa do julgado ao qual fiz referência:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.


INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO. REALIZAÇÃO DE SHOW EM 2011 NA CIDADE DE SÃO
DOMINGOS. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. NECESSIDADE
DE COMPROVAÇÃO DO ELEMENTO VOLITIVO. PRECEDENTES DO STJ. NÃO
COMPROVAÇÃO DE SUPERFATURAMENTO. CONTRATAÇÃO REGULAR E EM
CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS EXIGIDOS PELA LEI 8.666/93. EFETIVA PRESTAÇÃO DOS
SERVIÇOS À POPULAÇÃO. INOCORRÊNCIA DE DOLO. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME.

I - Em relação ao critério do reconhecimento pela crítica especializada ou pela opinião pública, restou
evidente que se tratam de bandas de renome regional e nacional, com ampla divulgação nas mídias,
portanto se enquadrando no referido critério.

II - Quanto à contratação direta com empresário exclusivo, deve ser feita uma relativização deste
requisito. Diante da grande procura em épocas festivas e o grande número de shows feitos por esses
artistas, os mesmos mantém sempre em cada Estado ou Região contratos com produtoras locais para
facilitar e agilizar a contratação de novos shows.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
Conferência em www.tjse.jus.br/portal/servicos/judiciais/autenticacao-de-documentos. Número de Consulta: 2020000919011-72. fl: 33/41
III - Entendo que o caso em tela se enquadra na modalidade de inexigibilidade de licitação, diante das
condições fáticas demonstradas, bem como que a contratação se deu de forma regular e em cumprimento
dos requisitos exigidos pela lei 8.666/93. Logo, não se caracteriza como ato de improbidade sujeito às
penalidades legais.

IV – Sentença mantida.

V – Recurso conhecido e improvido.

(Apelação Cível nº 201900815131 nº único0000185-47.2014.8.25.0011 - 2ª CÂMARA CÍVEL, Tribunal


de Justiça de Sergipe - Relator(a): Alberto Romeu Gouveia Leite - Julgado em 24/09/2019)

No bojo da presente Ação Penal, verifico que foram acostados dois pareceres jurídicos (pp. 1899/1900 e
1941/1942), ambos da lavra da assessoria jurídica da Fundação Cultural Cidade de Aracaju – FUNCAJU
e datados de 12/06/2013. O teor dos pareceres jurídicos mencionados justifica as contratações por
inexigibilidade (considerando-as legal), com fulcro no art. 25, inciso III, da Lei nº 8.666/93, de bandas,
através da empresa MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, para a
realização de apresentações artísticas.

Em sede de contraponto com a prova testemunhal produzida em Juízo, importa destacar o relato de
testemunhas acerca da matéria ora discutida. A testemunha de acusação Givanildo Ribeiro da Silva disse
que a sua banda era representada apenas pelo réu José Teófilo, sendo exclusividade. Disse, também, que a
carta de exclusividade era específica para determinado show, data e horário, pontuando que, em certas
datas, com a carta de exclusividade, o seu empresário poderia promover o show para ele, bem como
poderia delegar a qualquer outra empresa. Acrescentou ser possível uma mesma banda, durante um mês,
ofertar ou delegar uma carta de exclusividade, numa determinada data, para a empresa do réu José
Teófilo, por exemplo, e noutra data para outra empresa.

A testemunha de acusação Rodrigo Lima da Conceição narrou que era possível, num mesmo mês ou ano,
realizar show, por meio de carta de exclusividade, para a empresa TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA e para a empresa MEGA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA. Narrou, ainda, que, salvo engano, a carta
de exclusividade é elaborada com o CNPJ da empresa e os dados da banda, dispondo a data e o nome do
evento.

A testemunha de acusação Luiz Roberto Dantas de Santana afirmou ser normal cada empresário ter as
suas cartas de exclusividades em relação às bandas. Esclareceu que pode haver variação de preço, de
acordo com a data e época em que há oferecimento para contratação, e ocorria de um empresário, que
tivesse carta de exclusividade em nível estadual, transferir uma carta para empresários que atuam em
Municípios para que pudessem explorar também a contratação dentro daquele Município.

Relatou que existem artistas que somente são contratados por cartas de exclusividade de determinado
produtor que passa a carta de exclusividade para aquele que esteja realizando um evento ou que ganhou
uma licitação, sendo esta uma prática comum de mercado. Explanou que algumas empresas possuem
carta de exclusividade com artistas e, no mercado local, apenas se contrata determinado artista aquela
empresa com a carta de exclusividade, sendo passar uma carta de exclusividade para outra empresa.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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Acrescentou, em relação ao réu Aldemar Francisco, que, atuando como produtor de evento, acredita que o
mesmo tinha carta de exclusividade com alguns artistas, como também, recebia carta de exclusividade de
outros produtores.

A testemunha de Defesa do réu José Teófilo de Santana Neto, Manoel Luís Fraga Viana, narrou que, na
época em que ocupou as funções de vice-presidente e presidente da FUNCAJU, almejavam valorizar os
artistas da terra, e todos tinham carta de exclusividade com as suas respectivas empresas. Informou que
existiam os setores jurídico e de documentação, e uma verba solicitada para o “Forró Caju”, de modo que
dividiram e todas as empresas foram chamadas com os seus próprios artistas, que compareciam munidos
de documentos, os quais, na época, poderiam ser cartas de exclusividade confirmadas.

Informou que o próprio artista escolhia a empresa, e era permitida a cessão da carta de exclusividade para
mais de uma empresa, ainda que em lapso temporal curto, sendo essa uma questão passada para o setor
jurídico. Relatou que a própria FUNCAJU tinha um setor de licitação, que, entretanto, não era realizada
na FUNCAJU, pois foi concentrado na Controladoria Geral interna do Município.

Explanou que as contratações realizadas pela FUNCAJU, quanto à estrutura, eram sempre feitas por
licitação e, em relação às bandas, se dava por carta de exclusividade, de forma que não havia licitação
para banda, porém, depois de 2016 teve mudança. Explicou que, na época, as bandas escolhiam a sua
empresa, cedia a carta de exclusividade e, na FUNCAJU, a meta era observar o patamar de preço de cada
produto.

A testemunha de Defesa do réu José Teófilo de Santana Neto, Raimundo José dos Anjos Pinto, relatou
que a carta de exclusividade era referente a determinado período, durante o qual, as contratações eram
realizadas para a empresa que tivesse a carta de exclusividade. Exemplificou, em relação à banda “Forte
Desejo”, que era possível outras pessoas pedirem a carta de exclusividade para atuarem num evento
determinado, de modo que, em alguns eventos poderia ser a empresa “CENTRAL DO SAMBA”, bem
como outras empresas.

A testemunha de Defesa (do réu Aldemar Francisco de Carvalho Neto), Marcos Vinícius Rocha Santana,
narrou que já chegou a fazer produção para eventos organizados pelo poder público em Aracaju,
inclusive, no período compreendido entre 2009 e 2014, vendendo banda e com carta de exclusividade.
Esclareceu que, quando o prefeito lhe contrata, geralmente há uma pessoa responsável pela administração
do evento e, então, cedia a exclusividade para poder participar do evento.

Asseverou que não havia licitação porque era carta de exclusividade. Narrou que para a carta de
exclusividade se tinha uma especificação, e os procedimentos eram feitos em cartório, com firma
reconhecida, não sendo possível burlar a exclusividade. Informou que, quando era concedida a carta de
exclusividade, era, tão somente, para aquele evento, de modo que, para evento realizado em outro
Município, seria necessária outra carta de exclusividade com outra data, contudo, poderia ser pela mesma
ou por outra empresa.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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Narrou que, se a banda é de conhecimento público, não há licitação, então, para se provar que a banda é
sua, era preciso fornecer um documento que autorizasse a pessoa responsável pela administração do
evento a vender o produto. Destacou que a carta de exclusividade não burla a licitação.

A testemunha de Defesa do réu Aldemar Francisco de Carvalho Neto, Enio Passos Santos, relatou que,
antigamente, trabalhava-se com carta de exclusividade, mas, hoje, é por contrato. Informou que era
oferecida a carta de exclusividade ao poder público e, para oferecer a banda, era necessário ter a carta de
exclusividade. Informou, também, que a carta e exclusividade, até o ano de 2015 ou 2016, era referente à
data específica, de modo que um mesmo artista cedia a carta de exclusividade e, em outro dia, cedia para
outra empresa, sendo assim como funcionava.

Destacou que, salvo engano, há um documento do Tribunal de Contas a respeito da carta de


exclusividade, bem como que o preço era de mercado, podendo sofrer variações de acordo com o período,
pois, além da procura e oferta, existe a valorização do dólar. Afirmou que era possível um empresário ter
uma carta de exclusividade e ceder a outro para determinado dia. Narrou que trabalhava diretamente com
as bandas e nunca participou de licitação, esclarecendo que o relacionamento da empresa com o poder
público ocorre por meio de licitação ou inexigibilidade de licitação, não sendo a banda diretamente.

Relatou que oferecia a banda ao Município, à FUNCAJU, e a contratação era direta, sendo banda vendida
diretamente. Afirmou já ter comprado bandas de outras empresas, como também, já lhe compraram.
Asseverou que, ao vender bandas, já se utilizou de carta de exclusividade, de modo que, tendo a
exclusividade, se tem poder para vender.

O réu Aldemar Francisco de Carvalho Neto, em Juízo, expôs que, como trabalha no setor artístico, ocorria
de um empresário contratar a banda do outro, por ser exclusivo. Narrou que era a prática comum realizar
contratações de bandas com o respectivo representante no Estado. Esclareceu que, se um prefeito pretende
realizar um evento com determinada banda que fosse de outro empresário, buscaria o representante
empresarial e firmava o contrato, salientando que apenas teve esse tipo de relação com o réu José Teófilo.

Explanou que tinha carta de exclusividade com artistas e em todos os shows recebiam carta de
exclusividade, porém, hoje não é permitido por ser o prazo mínimo de um ano. Afirmou não ter
participado de licitação para contratação de bandas, mas sim, para estrutura. Narrou ter tido parceria
comercial com o réu José Teófilo, no sentido de contratar banda a ele e repassar para a Prefeitura.
Acrescentou que a carta de exclusividade era destinada apenas para o show, pontuando que a carta de
exclusividade era da empresa MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA,
porém, pagavam por pegar o exclusivo.

O réu José Teófilo de Santana Neto relatou que era detentor de carta de exclusividade dos artistas, que
cediam, nunca tendo pego artistas de outras empresas. Informou que passava a carta de exclusividade para
o show que os artistas iriam executar, sendo esse o formato rotineiro até o ano de 2014. Informou,
também, que era possível ocorrer casos, em que a banda realizasse dois shows numa noite e tivesse duas
cartas de exclusividade.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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Asseverou que era o representante do artista, assim como que havia um contrato para representar a banda,
de modo que toda contratação de artista ocorre por inexigibilidade de licitação. Narrou que, antes de
2014, era comum a presença de empresários locais que faziam a interlocução com eventos nos Municípios
do Estado, no entanto, após 2014, esses empresários deixaram de existir em razão da mudança de
procedimento. Esclareceu que na contratação não está incluso somente o cachê do artista, mas também,
todo o traslado, além de hospedagem e alimentação.

Afirmou já ter cedido carta de exclusividade, em virtude de desinteresse em promover o evento. Explanou
que possuía contrato de cessão de exclusividade com as bandas, o que permitia executar a gestão da
banda, salientando que havia prazo nesse contrato, que dependia do artista. Acrescentou que, entre os
anos de 2009 e 2014, diversas empresas apresentaram, bem como que houve transferências de valores
com a MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, em razão da cessão de
carta de exclusividade.

O réu Roberto Calasans Costa asseverou não ter participado de pregão ou cessão de carta de
exclusividade.

O réu Roosewelt Pereira Moura, em relação a algumas bandas, narrou que precisava buscar através do réu
José Teófilo, pois ele detinha a exclusividade com as bandas, pontuando que, sempre que tentava entrar
em contato direto com as bandas, lhe diziam para telefonar para ele. Informou que procurava as
Prefeituras para vender as bandas, sendo o ajuste feito por meio de inexigibilidade de licitação. Destacou
que já houve transferências bancárias entre empresas, em virtude da cessão de carta de exclusividade.

Assim, como já fora sinalizado, extrai-se dos elementos de prova carreados ao feito que a contratação de
artistas/bandas ocorria por meio de cartas de exclusividade, não se recorrendo a certames licitatórios, em
observância ao disposto no art. 25, inciso III, da Lei nº 8.666/93.

Infere-se que tais cartas de exclusividade eram cedidas às respectivas empresas e tinham por objeto a
realização de apresentações/shows de artistas/bandas numa determinada data, em horários e eventos
específicos. Deste modo, conclui-se que, para cada apresentação a ser realizada numa data ou localidade
distintas, era necessária uma carta de exclusividade própria. As cartas de exclusividade consistiam, ainda,
em instrumentos de negociação entre empresários, de forma que era possível a viabilização da cessão por
aquele empresário que detivesse poderes exclusivos de representação.

Cotejando os documentos acostados às pp. 3744/4400, é possível verificar


Cartas/Declarações/Atestado/Contrato de Exclusividade, além de Contratos de Cessão de Direitos e
Obrigações, Contrato de Cessão Exclusiva e Carta de Exclusividade de Representação Artística, por meio
dos quais artistas/bandas concederam poderes exclusivos às empresas TEO SANTANA
EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA e ESTRUTURART EQUIPAMENTOS
LOCAÇÃO E SERVIÇOS LTDA.

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em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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No entanto, com o advento da Resolução nº 298, de 15 de setembro de 2016, do Tribunal de Contas do
Estado de Sergipe, a matéria passou a ser regulamentada da seguinte forma:

Art. 2º No caso de inexigibilidade prevista no art. 25, inciso III, da Lei de Licitações, presente a
consagração do artista pela crítica especializada ou pela opinião pública, o órgão ou entidade
responsável encaminhará ao gestor exposição de motivos, solicitando a contratação de determinada
empresa, banda, grupo musical ou profissional do setor artístico, devidamente autuada, protocolizada e
numerada, gerando processo administrativo, instruído com os seguintes dados/documentos:

(...)

Parágrafo único. Considera-se empresário exclusivo aquele que gerencia o artista de forma permanente,
vedada a adoção de representação mediante carta de exclusividade ou documento análogo, que limite a
representação a determinados dias, eventos, ou à localidade do evento. (grifo nosso)

Assim sendo, a prática de mercado outrora reconhecida como comum ou rotineira passou, no ano de
2016, a ser vedada com base na referida Resolução. Nesta perspectiva, é importante acentuar que pesa
contra os acusados a acusação de que, no período compreendido entre os anos de 2009 e 2014, em conluio
e unidade de desígnios, de modo consciente e voluntário, teriam abusado do poder econômico, formando
acordos, convênios, ajustes ou alianças entre ofertantes, visando: ao controle regionalizado do mercado
pelo grupo de empresas MEGA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, TEO
SANTANA EMPREENDIMENTOS PROPAGANDA E EVENTOS LTDA, FAMA EVENTOS E
EDITORA MUSICAL LTDA, e ESTRUTURART EQUIPAMENTOS LOCAÇÃO E SERVIÇOS
LTDA; e ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.

Portanto, a vigência da Resolução supracitada não compreende o lapso temporal das contratações
contestadas pelo Ministério Público.

Destarte, os elementos probatórios amealhados aos autos não incutem neste Magistrado a necessária
certeza, no que diz respeito à efetiva comprovação da materialidade delitiva, referente à prática do crime
previsto no art. 4º, inciso II, “b” e “c”, da Lei nº 8.137/90.

Apesar dos indícios, não há prova suficiente de que os réus cometeram o delito.

Diante de tais fatos, não há, pois, outra alternativa senão absolver os acusados.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
em 17/05/2020 às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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Acrescente-se que, para a instauração da Ação Penal, bastam indícios de autoria e prova da
materialidade do crime, contudo, para que seja acolhida a pretensão punitiva, exige-se a existência
material do fato criminoso e a certeza da respectiva autoria.

Prescreve o art. 156 do CPP, primeira parte, que a prova da alegação incumbirá a quem a fizer. O ônus da
prova cabe ao titular da ação, que deve levar para os autos os elementos de prova necessários para
convencer o Órgão Julgador.

Submete-se, portanto, a parte que alega, a fazer prova do que alegou, sofrendo um risco quando não
demonstra o que alega.

O réu, não se deve olvidar, goza da presunção de inocência.

A parte acusadora não logrou nos autos provar a materialidade do fato.

In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus favorabilior est: “Na dúvida, pela liberdade! Em todos os
assuntos e circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor”.(Gaio – Digesto)

Inexiste prova segura de que os acusados cometeram o ilícito descrito na peça incoativa, impondo-se sua
absolvição.

Ora, se ao longo da instrução criminal as dúvidas que pairam acerca da materialidade do delito não forem
rechaçadas, é imperativo a aplicabilidade do Princípio do In Ddubio Pro Reo.

A homenagem ao referido princípio encontra abrigo num outro Princípio Constitucional, qual seja, o da
Presunção de Inocência, repelido apenas quando da existência de provas capazes de elidir a dúvida acerca
da materialidade e autoria delitivas. É cediço que cumpre ao Ministério Público demonstrar os fatos que
incriminem os réus e apontem para sua incontestável autoria.

Nas precisas lições de Gustavo Henrique Badaró in “O Ônus da Prova no Processo Penal” fls. 227, “Se o
Ministério Público, no exercício da ação penal afirma que uma pessoa é culpada e pede a sua condenação
está assumindo o ônus de provar que o acusado cometeu o delito que lhe é imputado.”

No caso em apreço, não existem provas suficientes nos autos que comprovem a prática do crime descrito
no art. 4º, inciso II, “b” e “c”, da Lei nº 8.137/90.

Assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª Vara Criminal de Aracaju,
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Quando da existência de fatos nebulosos, controversos e conflitantes sobre a materialidade e autoria
do delito, cumpre ao magistrado a imperativa absolvição por insuficiência de elementos probatórios
aptos a lastrear uma condenação, razão pela qual devem os denunciados serem absolvidos.

DISPOSITIVO

Ante as razões explanadas e por tudo o mais que dos autos consta, JULGO IMPROCEDENTE a
Pretensão Punitiva Estatal, para ABSOLVER os réus ADRIANA MARIA SANTOS, ALDEMAR
FRANCISCO DE CARVALHO NETO, JORGE LUIZ DANTAS DE SANTANA, JOSÉ TEÓFILO
DE SANTANA NETO, ROBERTO CALASANS COSTA e ROOSEWELT PEREIRA MOURA,
alhures qualificados, com supedâneo no art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal.

Preclusas as vias impugnativas, oficiem-se ao Instituto de Identificação da Secretaria de Estado da


Segurança Pública de Sergipe e ao Instituto Nacional de Identificação, órgãos de estatística judiciária
criminal, acerca da absolvição dos denunciados, para suprimir de seus escaninhos as anotações relativas
ao fato, tido como delituoso, aqui apurado, em cumprimento ao disposto no art. 809, do CPP.

Intimem-se as partes da sentença e certifique-se o trânsito em julgado, no prazo legal.

Não logrando êxito na localização dos réus nos endereços informados nos autos, determino que os
mesmos sejam intimados da sentença, por Edital, com prazo de 60 (sessenta) dias, nos moldes do art. 392,
inciso VI, e § 1°, segunda parte, do CPP.

P.R.I.

Aracaju/SE, 17 de maio de 2020.

Dr. Pedro Rodrigues Neto

Juiz de Direito

[1] ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 14 ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva,
2019.

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[2] BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe. Apelação Cível nº 201900815131 nº único
0000185-47.2014.8.25.0011 - 2ª CÂMARA CÍVEL. Relator: Alberto Romeu Gouveia Leite. Aracaju/SE.
Julgado em: 24/09/2019. Disponível em:
<https://www.tjse.jus.br/tjnet/jurisprudencia/relatorio.wsp?tmp_numprocesso=201900815131&tmp_numacordao=2

Documento assinado eletronicamente por PEDRO RODRIGUES NETO, Juiz(a) de 3ª


Vara Criminal de Aracaju, em 17/05/2020, às 19:03:36, conforme art. 1º, III, "b", da
Lei 11.419/2006.

A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico


www.tjse.jus.br/portal/servicos/judiciais/autenticacao-de-documentos, mediante
preenchimento do número de consulta pública 2020000919011-72.

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