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ESTADO DO AMAZONAS
PODER JUDICIÁRIO
COMARCA DE Manaus
JUÍZO DE DIREITO DA 2ª Vara da Fazenda Pública
Juiz de Direito - Leoney Figliuolo Harraquian

Autos n°: 0815867-14.2020.8.04.0001


Ação: Ação Civil Pública/PROC
Requerente: Ministério Público do Estado do Amazonas - Primeiro Grau
Requerido: Simone de Souza Guimarães e outros

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LEONEY FIGLIUOLO HARRAQUIAN, liberado nos autos em 29/07/2022 às 10:09 .
SENTENÇA
I. RELATÓRIO.
Vistos, etc...
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAZONAS propõe Ação
Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa contra JOSÉ ROBERTO
TADROS, SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES E TROPICAL COMÉRCIO DE
DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA.
Em síntese, o Parquet informa que a presente ação tem como
fundamento a investigação realizada no Inquérito Civil nº
030.2017.000014, instaurado para apurar possíveis atos de improbidade
administrativa referentes ao contrato nº 06/2015, celebrado entre o
Serviço Social do Comércio – SESC/AM e a sociedade empresarial TROPICAL
COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA, bem como pertinente ao
contrato nº 03/2016, celebrado entre o SESC/AM e a SOCIEDADE SBA
ENGENHARIA LTDA.
Narra o autor que paralelamente à investigação realizada por ele,
o Tribunal de Contas da União, por meio do processo TC 020802/2016-1
também instaurou procedimento interno para investigar ilicitudes
relacionadas ao Contrato 06/2015 e 13/2016 celebrados pelo SESC/AM.
Aduz que o SESC/AM celebrou contrato de locação de imóvel (nº
06/2015) com TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA
sobre o imóvel localizado na Rua Henrique Antony, nº 76/78 – Centro,
nesta cidade, no valor mensal de R$ 18.000,00, pelo período de 24 meses,
com objetivo de desenvolver suas atividades na área de educação e que tal
contrato fora assinado por SIMONE GUIMARÃES (Diretora Regional do
SESC/AM) e por CARLOS RANGEL DA SILVA (Auxiliar Administrativo –
Representante legal da Tropical Comércio de Derivados de Petróleo).

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Entretanto, salienta que a sociedade empresarial TROPICAL DO


COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA foi constituída no ano de
1987 pelos sócios JOSÉ ROBERTO TADROS, TEREZA DE JESUS MONTEIRO
NOVOA (mãe de José Roberto Tadros) e VANIA MARIA TEREZA NOVOA

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TADROS (esposa de José Roberto Tadros) e que à época da celebração do
contrato 06/2015, JOSÉ ROBERTO TADROS, exercia cargo de Presidente do
SESC/AM e era sócio majoritário da TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS
DE PETRÓLEO LTDA, tendo atuado, simultaneamente, como locador e
locatário.
Requer, portanto, a condenação dos requeridos na seguinte
forma:
JOSÉ ROBERTO TADROS: pela prática dos atos de improbidade
previstos no artigo 9º, caput, inciso XI, artigo 10, caput, incisos I, XI, XII e
artigo 11, caput, inciso I, da Lei nº 8.429/92, sendo CONDENADO às
sanções previstas no art. 12, I, II e III, do referido diploma legal;
SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES: pela prática dos atos de
improbidade previstos no artigo 10, caput, incisos I, XI e XII e artigo 11,
caput, inciso I, da Lei nº 8.429/92, sendo CONDENADA às sanções previstas
no art. 12, II e III, do referido diploma legal; e
TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA: pela
prática dos atos de improbidade previstos no artigo 9º, caput, inciso XI e
artigo 10, caput, incisos I, XI e XII, da Lei nº 8.429/92, sendo CONDENADA
às sanções previstas no art. 12, I e II, do referido diploma legal;
Instrui a inicial com os documentos de fls. 49/3499.
Às fls. 3502, decisão indeferindo a Liminar.
Às fls. 3512/3522, defesa prévia apresentada por TROPICAL
COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA.
Às fls. 3553/3588, defesa prévia apresentada por JOSÉ ROBERTO
TADROS, SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES E SESC/AM.
Às fls. 3824/3832, decisão recebendo a inicial.
Às fls. 3869/3875, decisão concedendo a liminar.
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Às fls. 3923/3961, contestação de JOSE ROBERTO TADROS e


SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES.
Às fls. 3986/3995, contestação de TROPICAL COMÉRCIO DE
DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA.

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Às fls. 4012/4020 e 4021/4032, réplica.
Às fls. 4040/4043, decisão que concedeu efeitos suspensivos no
Agravo de Instrumento de nº 4007988-84.2021.8.04.0000, o que
prejudicou a celeridade da presente demanda.
Às fls. 4088, termo de audiência de instrução e julgamento.
Às fls. 4093/4105, alegações finais de JOSÉ ROBERTO TADROS e
SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES.
Às fls. 4106/4107, alegações finais de TROPICAL COMÉRCIO DE
DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA.
Às fls. 4108/4122, alegações finais do Ministério Público.
Após, vieram-me conclusos os autos.
É o relatório necessário. DECIDO.
II. FUNDAMENTAÇÃO.
DA PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA SUSCITADA POR TROPICAL
COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA.
Afirma a empresa requerida que não é aplicável a lei de
improbidade administrativa às empresas privadas sem vinculação com
agente público.
Todavia, conforme já apontado pela decisão de fls. 3824/3832,
não merece acolhimento a referida preliminar haja vista o art. 1º da LIA
determinar que é sujeito passivo da improbidade administrativa qualquer
entidade pública ou particular que tenha participação de dinheiro público
em seu patrimônio ou receita anual.
Desta forma, uma vez que o SESC, pessoa jurídica de direito
privado em cooperação governamental, é responsável por prestar serviço
social autônomo por força de lei e, especialmente, em razão da maioria de
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seu custeio – acima de 50% - ser coberto pelas receitas oriundas das
contribuições parafiscais, recolhidas compulsoriamente pelos
contribuintes, tal entidade deve ser enquadrada no supracitado art. 1º da
LIA.

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DO MÉRITO.
A ação civil pública é o principal instrumento existente no
ordenamento jurídico brasileiro para a tutela de direitos transindividuais.
Trata-se de ação disciplinada, principalmente, pela Lei nº 7347/85 (LACP) e
que, de acordo com sua redação atual, visa à tutela de qualquer interesse
difuso ou coletivo, ou seja, de interesses que transcendem o âmbito
estritamente individual. Como instrumento de proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos, foi recepcionada no artigo 129, III, da CF/88.
Sobre o tema discorre Mazzilli:
"A pretexto de conceder tutela de interesses transindividuais, não pode o
poder Judiciário administrar em lugar do administrador ou impor ao Poder
Executivo diretrizes de oportunidade e conveniência que só a este incumba
considerar. Isso afasta, em princípio, a possibilidade de ajuizamento de
ações civis publicas ou coletivas em matérias cujo juízo discricionário seja
conferido pela lei estritamente ao administrador (o chamado mérito do ato
administrativo discricionário).
Nessa esteira, torna-se necessário perquirir se a concretização de
direitos sociais prestacionais e a definição de políticas públicas podem ser
sindicadas pelo Judiciário ou se constituem questão de conveniência e
oportunidade (mérito administrativo).
Sob esse aspecto, se terá uma decisão de mérito válida, e como
tal, insindicável pelo Poder Judiciário, uma vez que, como bem observado
por Mazzilli, não cabe ao Judiciário, em sede de Ação Civil Pública “impor
diretrizes, critérios ou prioridades de ação do administrador: este é que
escolhe as atividades que vai fiscalizar, as obras que vai fazer, as que vai
empreender de imediato e as que vai postergar para momento oportuno”.
Na Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa seu
objeto é a averiguação de prática de ato ímprobo por parte de agentes
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públicos. E, para a configuração do ato de improbidade, deve-se levar em


conta a ilegalidade qualificada pela comprovação da má intenção do
agente, demonstrando-se a malícia e desonestidade do envolvido.
Nesses termos:

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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. BEM PÚBLICO OCUPADO DE FORMA
IRREGULAR POR PARTICULAR. CIÊNCIA E INÉRCIA DA ADMINISTRAÇÃO .
COBRANÇA INDEVIDA DE NUMERÁRIO. FAVORECIMENTO DE TERCEIROS.
CONFIGURAÇÃO DA CONDUTA ÍMPROBA. A ação civil pública é a via
adequada para resguardar o erário e garantir a observância dos princípios
da legalidade, moralidade e impessoalidade no trato da coisa pública, tendo
efeito sobre todos os agentes públicos, inclusive políticos, de que trata o art.
2.º da Lei n.º 8.429/92. O elemento subjetivo necessário à configuração da
improbidade administrativa é o dolo genérico, consistente na vontade de
realizar ato que atente contra os princípios da Administração Pública ou o
simples conhecimento ou consciência da ilicitude do ato praticado.
Precedentes do STJ. As sanções previstas na Lei nº 8.429/92 devem ser
aplicadas de forma proporcional e na medida da atuação do agente na
prática do ato ímprobo. Reexame não conhecido, em virtude do Tema n.º
1.042 do STJ. Recurso de apelação conhecido e provido. V .V.P. Diante da
comprovada ocorrência de infração dos princípios que regem a
administração pública, quais sejam, da legalidade, da impessoalidade e da
moralidade administrativa, nos termos da Lei n.º 8.429/92, deve ser
condenada a parte por ato de improbidade administrativa.
(TJ-MG - AC: 10000170797914003 MG, Relator: Luzia Divina de Paula
Peixôto (JD Convocada), Data de Julgamento: 06/08/2021, Câmaras Cíveis /
3ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 10/08/2021)

Deve haver a demonstração contundente de dolo ou culpa na


conduta do agente público, requisitos oriundos da exegese da Lei nº
8.429/92. Ou seja, se exige dolo, ainda que genérico, nas imputações
fundadas nos arts. 9º e 11 da Lei 8.429/1992 (enriquecimento ilícito e
violação a princípio), e ao menos culpa, nas hipóteses do art. 10 da mesma
norma (lesão ao erário).
Trago precedente:
RECURSO ESPECIAL Nº 1887863 - SP (2020/0009351-4) DECISÃO Trata-se de
recurso especial interposto contra acórdão do Tribunal a quo, assim
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ementado: Apelações. Ação Civil Pública. Improbidade Administrativa.


Preliminares do apelante José Manoel de litispendência e sentença extra
petita afastadas. Ação ajuizada pelo Ministério Público autuada sob o nº
1003161-16.2016.8.26.0624 que difere na causa de pedir em relação ao
presente feito. Causa de pedir nesta ação que consiste nos aumentos

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salariais conferidos aos ocupantes de cargos comissionados, com base na
Lei Municipal 3.706/2005, enquanto que na ação referida a causa de pedir
consiste em desvio de função por parte de servidores concursados, com
base na mesma lei. Partes diversas e pedidos também distintos em ambas
as ações. Causa de pedir que é firmada na descrição dos fatos e não em sua
qualificação jurídica, que cabe ao juiz. Preliminar de cerceamento de defesa
trazida pela recorrente Mara Rubia afastada. Documentos suficientes ao
julgamento. Desnecessidade de dilação probatória. Inteligência do art. 355
do CPC. Aumento dos vencimentos da requerida Mara Rubia Fornazari por
meio de Portaria baseada na Lei Municipal 3.706/2005, que não prevê
referência de salário para os cargos em comissão no Município de Tatuí.
Referência de salário para cargo em comissão que foi fixada pela lei que
criou o cargo e não em lei diversa. Lei Municipal nº 1.242/75, que prevê a
referência salarial G-III para a função ocupada por Mara Rubia. Improbidade
configurada. Aumento de vencimento que é ato vinculado e não poderia ter
sido efetivado com discricionariedade, em referência salarial eleita por meio
de critérios subjetivos. Culpa da ex-servidora comissionada que não restou
demonstrada, tampouco indícios de que tenha agido em conluio com o
Chefe do Executivo à época. Boa-fé e caráter alimentar dos pagamentos.
Devolução indevida. Precedentes. Sentença parcialmente reformada.
Recurso de José Manoel improvido e de Mara Rubia Gornazari provido. Os
embargos de declaração foram rejeitados, conforme fls. 1.036-1.038. No
apelo especial (e-STJ fls. 1.032-1.077), o recorrente "José Manoel Correa
Coelho alega dissídio jurisprudencial e ofensa aos artigos 10 e 11 da Lei
8.429/92, aduzindo a ausência de dolo em sua conduta e ausência de dano
ao erário, e ainda, ausência de ilegalidade no ato praticado". Com
contrarrazões. Parecer do MPF às fls. 1.310-1.314, pelo não provimento do
recurso especial. Decisão de conversão à fl. 1.316. É o relatório. Passo a
decidir. De inicio, a Corte de origem ao condenar o recorrente em
improbidade administrativa, assim se manifestou (e-STJ fl. 997): [...] Assim é
que a portaria pela qual foi alterada a referência da remuneração da
funcionária Mara Rubia, ato emanado do então Prefeito José Manoel,
enquadra-se perfeitamente no artigo 10, caput, da Lei nº 8.429/92, porque
referida alteração importou na majoração dos ganhos mensais daquela
servidora, de R$ 943,57 para R$ 2.463,90. Resulta evidente, portanto, a
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lesão ao erário público. A conduta do apelante José Manoel, subsume-se ao


no artigo 11, caput e inciso IV, da Lei nº 8.429/92, porque violou os
princípios que norteiam a Administração Pública, mormente os princípios da
legalidade e da publicidade. [...] Com efeito, em relação ao enquadramento
da conduta como incurso nas previsões da Lei de Improbidade

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Administrativa, esta Corte Superior possui entendimento uníssono segundo
o qual é necessária a demonstração do elemento subjetivo,
consubstanciado pelo dolo para o tipo previsto no art. 11 da aludida
legislação. Nesse sentido: CONSTITUCIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAÇÃO DE PRINCÍPIOS. ATO ÍMPROBO.
ART. 11 DA LEI N. 8.429/92. DOLO NÃO CONFIGURADO. REEXAME DE
MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ. 1. O STJ ostenta
entendimento uníssono segundo o qual, para que seja reconhecida a
tipificação da conduta do réu como incurso nas previsões da Lei de
Improbidade Administrativa, é necessária a demonstração do elemento
subjetivo, consubstanciado pelo dolo para o tipo previsto no art. 11 da
aludida legislação. [...] 3. Agravo regimental a que se nega provimento (AgRg
no AREsp 630605 / MG, Rel. Min. Og Fernades, Segunda Turma, DJe
19/06/2015, grifo nosso). RECURSO ESPECIAL. ATO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. ART. 11 DA LEI Nº 8.429, DE 1992. ELEMENTO SUBJETIVO.
DOLO. IMPRESCINDIBILIDADE. [...] 2. A Primeira Seção do Superior Tribunal
de Justiça já decidiu que "para que o ato praticado pelo agente público seja
enquadrado em alguma das previsões da Lei de Improbidade Administrativa,
é necessária a demonstração do elemento subjetivo, consolidado no dolo
para os tipos previstos nos arts. 9º e 11 e, ao menos, pela culpa nas
hipóteses do art. 10 da Lei nº 8.429/92" (AgRg no EREsp nº 1.260.293, PR,
relator o Ministro Humberto Martins, DJe de 03.10.2012). [...] 4. Recurso
especial provido (REsp 1504791 / SP, Rel. Min. MARGA TESSLER (JUÍZA
FEDERAL CONVOCADA DO TRF 4ª REGIÃO), Primeira Turma, DJe
16/04/2015, grifo nosso). Do mesmo modo, à luz da atual jurisprudência do
STJ, para a configuração dos atos de improbidade administrativa previstos
no art. 10 da Lei de Improbidade Administrativa (atos de Improbidade
Administrativa que causam prejuízo ao erário), exige-se a presença do
efetivo dano ao erário (critério objetivo) e, ao menos, culpa. Nesse sentido:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 10 DA LEI N. 8.429/92.
NÃO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. NECESSIDADE
DE FAZER FRENTE À OUTRAS DESPESAS. AUSÊNCIA DE SUBSUNÇÃO DO ATO
REPUTADO ÍMPROBO AO TIPO PREVISTO INDIGITADO DISPOSITIVO. 1. A
configuração dos atos de improbidade administrativa previstos no art. 10 da
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Lei de Improbidade Administrativa (atos de Improbidade Administrativa que


causam prejuízo ao erário), à luz da atual jurisprudência do STJ, exige a
presença do efetivo dano ao erário (critério objetivo) e, ao menos, culpa.
Precedentes: AgRg no Ag 1.386.249/RJ, Relator Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, DJe 13/4/2012; EREsp 479.812/SP, Relator

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Ministro Teori Albino Zvascki, Primeira Seção, DJe 27/09/2010; e AgRg no
AREsp 21.662/SP, Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira
Turma, DJe 15/2/2012. [....] 6. Recurso especial provido (REsp 1206741/SP,
Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 24/04/2015, grifo nosso).
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. FRAUDE NO PAGAMENTO DE BENEFÍCIOS
DO INSS. TRIBUNAL DE ORIGEM QUE CONSIGNA NÃO CARACTERIZAÇÃO DO
ATO ÍMPROBO E A NÃO OCORRÊNCIA DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO OU DE
DANO AO ERÁRIO COM RELAÇÃO A ALGUNS DOS RÉUS. REVISÃO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. 1. A configuração dos atos de
improbidade administrativa previstos no art. 10 da Lei de Improbidade
Administrativa (atos de Improbidade Administrativa que causam prejuízo ao
erário), à luz da atual jurisprudência do STJ, exige a presença do efetivo
dano ao erário (critério objetivo) e, ao menos, culpa, o mesmo não
ocorrendo com os tipos previstos nos arts. 9º e 11 da mesma lei
(enriquecimento ilícito e atos de Improbidade Administrativa que atentam
contra os princípios da Administração Pública), os quais se prendem ao
volitivo do agente (critério subjetivo), exigindo-se o dolo.2. O Tribunal de
origem, soberano em matéria de fatos e provas, com suporte em análise
circunstancial do acervo fático-probatório, consignou que de "suma
importância separar, primeiramente, os servidores que, efetivamente,
emitiram os cheques, daqueles que, apenas, preencheram os Formulários
de Cheques Emitidos, porque estes não tinham a atribuição ou obrigação de
exercer a fiscalização ou mesmo o controle dos cheques que eram listados",
e, porquanto, as condutas realizadas "não se afiguram ímprobas
(desonestas e desleais), porque não há prova que houve enriquecimento
ilícito (artigo 9º); porque não ficou demonstrado que de suas condutas
resultaram ou contribuíram em prejuízos ao Erário Público (artigo 10) e
porque não ficou configurada infringência a princípios da Administração
Pública (artigo 11)". 3. Uma vez tendo a instância ordinária asseverado a
não ocorrência de dano ao erário e enriquecimento ilícito, não
comprovação do ato de improbidade, e, ainda, não infringência a princípios
da Administração Pública, rever esta conclusão esbarra na Súmula n. 7 desta
Corte Superior. 4. Agravo regimental não provido (AgRg no Ag 1.386.249/RJ,
Relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 13/4/2012, grifo
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nosso). ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LICITAÇÃO.
ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL A QUO DE AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA
CONDUTA DOLOSA. PRETENSÃO RECURSAL QUE ESBARRA NO ÓBICE DA
SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. É firme a jurisprudência do

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Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, para que seja configurado o
ato de improbidade de que trata a Lei 8.429/99, "é necessária a
demonstração do elemento subjetivo, consubstanciado pelo dolo para os
tipos previstos nos artigos 9º e 11 e, ao menos, pela culpa, nas hipóteses do
artigo 10" (REsp 1.261.994/PE, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, Primeira
Turma, DJe 13/4/12). 2. O Tribunal de origem concluiu, diante do caso
concreto, pela ausência dos elementos aptos à configuração do ato de
improbidade administrativa. 3. A inversão do julgado, nos termos propostos
pelo Ministério Público Federal, demandaria o reexame do conjunto fático-
probatório, procedimento vedado nos termos da Súmula 7/STJ. 4.
Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, "a tipificação da
lesão ao patrimônio público (art. 10, caput, da Lei 8.429/92) exige a prova
de sua ocorrência, mercê da impossibilidade de condenação ao
ressarcimento ao erário de dano hipotético ou presumido" (REsp
939.118/SP, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe 1º/3/11). 5. Agravo
regimental não provido (AgRg no AREsp 107.758/GO, Primeira Turma, Rel.
Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJe 10/12/2012, grifo nosso). Na hipótese, o
Tribunal de origem ao condenar o ora recorrente nos artigos 10 e 11 da Lei
de Improbidade Administrativa, não cuidou de demonstrar a existência do
elemento subjetivo necessário para a configuração do ato improbo,
merecendo ser reformada. Ante o exposto, dou provimento ao recurso
especial para determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem para
que profira novo julgamento observando a jurisprudência desta Corte.
Publique-se. Intimem-se. Brasília, 12 de abril de 2021. Ministro Benedito
Gonçalves Relator
(STJ - REsp: 1887863 SP 2020/0009351-4, Relator: Ministro BENEDITO
GONÇALVES, Data de Publicação: DJ 13/04/2021)

Pois bem.
Sobre o tema da natureza civil dos atos de improbidade, veja-se
lição de Alexandre de Moraes (Constituição do Brasil Interpretada. 2ª ed.
São Paulo: Atlas, 2003, p. 2.648.), in verbis:
“A natureza civil dos atos de improbidade administrativa decorre da redação

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constitucional, que é bastante clara ao consagrar a independência da


responsabilidade civil por ato de improbidade administrativa e a possível
responsabilidade penal, derivadas da mesma conduta, ao utilizar a fórmula
‘sem prejuízo da ação penal cabível’.
Para embasar a fumaça do bom direito em relação à ocorrência

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dos atos de improbidade administrativa, o Ministério Público possui o
dever de demonstrar, mesmo por meio de indícios, que a conduta do réu
possui lastro de plausibilidade indiciária perante o escopo da Lei nº
8.429/1992.
Na mesma senda, assim já afirmou o Superior Tribunal de Justiça,
nas palavras do hoje Ministro da Suprema Corte, Luiz Fux:
"É cediço que a má-fé é premissa do ato ilegal e ímprobo.
Consectariamente, a ilegalidade só adquire o status de improbidade quando
a conduta antijurídica fere os princípios constitucionais da Administração
Pública coadjuvados pela má-fé do administrador. A improbidade
administrativa, mais que um ato ilegal, deve traduzir, necessariamente, a
falta de boa-fé, a desonestidade..." (REsp 480.387 SP 2002/0149825-2 – 1ª
Turma – Rel. Min. Luiz Fux – DJU 16-3-2004).
Com efeito, da análise aos autos, tem-se que restou comprovado
o dolo e lesão aos princípios constitucionais da legalidade, moralidade e
eficiência que norteia a Administração Pública, propositadamente,
conforme exige a Lei.
Isto porque a escolha do imóvel locado pelo SESC/AM, objeto do
contrato 06/2015, se mostrou fraudada, com o fito de atender interesse
particular do presidente à época, o réu JOSÉ ROBERTO TADROS.
Ora, o réu JOSÉ ROBERTO TADROS, à época dos fatos, era o
Presidente do SESC/AM e sócio majoritário da sociedade empresarial
TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA e atualmente
ocupando o cargo de Presidente da Confederação Nacional do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo – CNC.
Logo, a escolha para locação do imóvel de propriedade da
empresa da qual o réu era sócio majoritário contou com a Diretora
Regional à época, também requerida, SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES.

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Frisa-se que da análise dos documentos acostados aos autos


restou efetivamente comprovado o recebimento de vantagem indevida por
JOSE ROBERTO TADROS, correspondente ao valor de R$ 536.341,28
oriundos dos cofres do SESC/AM, incorporado ao seu patrimônio em razão

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da celebração do contrato de locação nº 06/2015, sendo tal valor pago
mesmo com o imóvel locado encontrando-se fechado, sem realizações de
atividades institucionais do SESC/AM.
Ainda, restou comprovado que JOSÉ ROBERTO TADROS teria
recebido a vantagem indevida no valor de R$ 679.001,06, referente ao
valor da reforma no prédio locado, também oriundo dos cofres do
SESC/AM e que teria sido incorporado em seu patrimônio.
Conforme documentação anexa, o prédio locado de propriedade
do requerido, estava em péssimo estado de conservação e, por força de
cláusula contratual, o SESC/AM ficou impossibilitado de ter qualquer tipo
de abatimento no valor do aluguel ou ser indenizado pelas benfeitorias
realizadas.
Assim, sobre o requerido JOSÉ ROBERTO TADROS, há provas
acerca de percepção de vantagem indevida de forma dolosa, o qual,
aproveitando-se de sua condição de Presidente do SESC/AM e,
simultaneamente, de sócio do TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE
PETRÓLEO LTDA, em convergência de interesses, auferindo R$ 536.341,2,8
por dois anos, tempo de vigência do contrato de locação 06/2015, o que
fere os princípios gerais da administração pública e gera grandes danos ao
erário.
Acerca da requerida SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES, tem-se que
a mesma atuou como Diretora Regional do SESC/AM entre 2015 e 2018 e,
conforme provas contidas no processo, a mesma teria sido a responsável
pela assinatura do contrato 06/2015 celebrado com a TROPICAL
COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA, fato este que demonstra
evidente enriquecimento ilícito pela ré, causando danos ao patrimônio do
SESC/AM e violando princípios administrativos.
E, por fim, sobre o réu TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE
PETRÓLEO LTDA, restou demonstrado nos autos que, por meio de seus
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representantes legais, teria se beneficiado e concorrido com os atos de


improbidade administrativa ora denunciados, tendo gerado danos ao
erário através de enriquecimento ilícito.
Frisa-se que na época sequer houvera publicidade para a escolha

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do imóvel, o que foi confirmado pela equipe técnica do TCU, o demonstra
grave restrição da possibilidade de escolha do melhor imóvel que
atendesse o interesse público, de forma que no presente caso, em
confronto com a legislação que rege o tema, houve a sobreposição do
interesse particular.
Neste diapasão, acerca dos atos ímprobos praticados pelos réus,
entendo pela aplicação da imposição prevista pelos arts. 9º, XI, 10, I, XI, XII
e 11, I da Lei 8429/92:
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando
enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas
ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
art. 1° desta lei;

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao


erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao
patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas
ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
art. 1º desta lei;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes
ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça
ilicitamente;

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Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os
deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada
por uma das seguintes condutas:

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I - Praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso
daquele previsto, na regra de competência;

Devendo, portanto, serem aplicadas as penalidades previstas


pelo art. 12, I, II e III da LIA em desfavor do réu JOSÉ ROBERTO TADROS; as
penas previstas pelo art. 12, II e III em desfavor da ré SIMONE DE SOUZA
GUIMARÃES e as penas previstas pelo art. 12, I e II em desfavor da empresa
ré TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA.
III. DECISÃO
Diante do exposto, ainda que a decisão anexa às fls. 4040/4043
que concedeu efeitos suspensivos no Agravo de Instrumento de nº
4007988-84.2021.8.04.0000 tenha gerado certa estranheza a este Juízo
ante sua fundamentação genérica, nos termos da fundamentação supra,
JULGO TOTALMENTE PROCEDENTE os pedidos formulados pelo Ministério
Público do Estado do Amazonas.
CONDENO os requeridos a, solidariamente, efetuarem o
pagamento de ressarcimento ao erário no montante de R$ 7.292.054,04
em favor dos autores, cujo valor deverá ser atualizado pelo IPCA-E da data
do ajuizamento e juros de de mora de 1% ao mês a contar da citação.
CONDENO o réu JOSÉ ROBERTO TADROS nas penas descritas pelo
art. 12, I, II e III da Lei 8429/92:
- Efetuar o ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;
- Perda da função pública de Presidente da Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo - CNC;
- Suspensão dos direitos políticos de dez anos;
- Pagamento de multa civil de duas vezes o valor do dano;
- Proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
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ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo de dez anos.
CONDENO a ré SIMONE DE SOUZA GUIMARÃES nas penas
previstas pelo art. 12, II e III da Lei 8429/92:

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- Perda da função pública de Secretária-Geral da Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo - CNC;
- Ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio;
- Suspensão dos direitos políticos de oito anos;
- Pagamento de multa civil de duas vezes o valor do acréscimo
patrimonial;
- Proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo de cinco anos;
CONDENO a empresa ré TROPICAL COMÉRCIO DE DERIVADOS DE
PETRÓLEO LTDA nas penas previstas pelo art. 12, I e II da Lei 8429/92:
- Efetuar o ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;
- Pagamento de multa civil de duas vezes o valor do dano;
- Proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo de dez anos.
Transitada em julgada a decisão, providencie-se a devida
anotação no Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de
Improbidade Administrativa do Conselho Nacional de Justiça e oficie-se a
Secretaria Municipal de Finanças, a Secretaria de Fazenda do Estado do
Amazonas e o Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Amazonas – TRE/AM
do teor da decisão.
Custas processuais na forma da Lei.
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fls. 4138

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Sem honorários, face a natureza do Autor.


Sem reexame necessário haja vista não incidir nas hipóteses do
art. 496 do CPC.
Manaus, 27 de julho de 2022

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