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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCELO AUGUSTO DE BARROS e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo,

protocolado em 23/06/2020 às 16:31 , sob o número 10526769820208260100.


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Cylmar Pitelli Teixeira Fortes Fernanda Elissa de Carvalho Awada


Marcelo Augusto de Barros Vinicius de Barros
Orlando Quintino Martins Neto Mohamad Fahad Hassan
Patricia Costa Agi Couto Thaís de Souza França
Eduardo Galvão Rosado Rosana da Silva Antunes Ignacio
Denis Andreeta Mesquita Thiago Albertin Gutierre
Maria Claudia Ribeiro Xavier Gabriela Rodrigues Ferreira
Mayara Mendes de Carvalho Romário Almeida Andrade
Marsella Medeiros Araujo Bernardes Antonio Carlos Magro Junior
Natalia Grama Lima Bianca Castello Novaes

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1052676-98.2020.8.26.0100 e código 938B098.
Roberto Caldeira Brant Tomaz Lara Grama Soares
Déborah Joia Fernanda Allan Salgado
Victor Gimenes Tanchella Godoy Bianca Corrêa de Lima
Aline Nery Marconi Veruska Marins Pereira Gonçalves
Viviane Ramos Nogueira

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL


DA COMARCA DE SÃO PAULO

OCEAN ASSET FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS


CREDITÓRIOS, fundo de investimento inscrito no CNPJ/ME sob o nº
26.984.508/0001-65, com sede na Avenida Brigadeiro Faria Lima nº
1355, 3º andar, Jardim Paulistano, São Paulo-SP, CEP 01452-002, e-
mail intimações@fortes.adv.br, por seus advogados signatários
(instrumento de mandato anexo), com fundamento no art. 381 e
seguintes do Código de Processo Civil, vem apresentar

AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS

em face de L.A.F DO BRASIL INDÚSTRIA DE CABOS E FIOS


GRANULADOS EIRELI, empresa individual inscrita no CNPJ/ME sob
o nº 11.328.730/0001-32, com sede na Avenida Montemagno nº
1117, Vila Formosa, São Paulo-SP, CEP 03371-000, e-mail
diretoria2@lafbrasil.com.br, e MICROSAL INDÚSTRIA E
COMÉRCIO LTDA., sociedade empresária inscrita no CNPJ/ME sob o
nº 54.111.737/0001-00, com sede na Rodovia Campinas-Tietê-SP (SP
101), s/nº, km 43, bairro Verde, Capivari-SP, CEP 13360-000, e-mail
microsal@microsal.com.br, segundo as razões que passa a submeter
à elevada apreciação de Vossa Excelência.

Avenida Indianópolis, 867 | Moema | 04063-001 | São Paulo – SP | Tel.: (11) 3147-1800 – (11) 3149-2000
contato@fortes.adv.br | www.fortes.adv.br
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I. CABIMENTO DA PRESENTE MEDIDA

1. O art. 381 do Código de Processo Civil dispõe sobre as hipóteses de admissão do pedido
de produção antecipada de provas. Veja-se:

“Art. 381. A produção antecipada de provas será admitida nos casos em que:

I – haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a


verificação de certos fatos na pendência da ação;

II – a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro


meio adequado de solução de conflito;

III – o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento da


ação”.

2. O inciso III, especificamente, abarca as situações em que a parte não está certa quanto
aos fatos e a prova será útil para decidir se a ação principal pode ou deve ser proposta.

3. A esse respeito, ensina o Prof. Luiz Guilherme Marinoni1:

“Na vigência do CPC/1973, a medida aqui estudada era qualificada como uma
“cautelar”, ajuizada em processo autônomo, mas que impunha à parte interessada:
a) a demonstração do interesse na obtenção de determinada prova para uso em
outro processo (dito “principal”); e b) a indicação precisa desse outro interesse (a
ser objeto do processo seguinte) que seria protegido pela medida de obtenção de
prova.

1MARINONI, Luiz Guilherme, Novo Curso de Processo Civil: Tutela dos Direitos mediante Procedimento
Comum, volume II/Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, 2ª edição, São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 317-318.

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O modelo atual não contém tais requisitos. Por isso, habilita-se a postular a

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obtenção antecipada de prova qualquer pessoa que tenha simples
interesse jurídico na colheita dessa prova, seja para emprega-la em
processo futuro, seja para fins de precaver-se de um eventual processo
judicial, seja para subsidiá-lo na decisão de ajuizar ou não uma demanda,
seja ainda para tentar, com base nessa prova, obter uma solução
extrajudicial de seu conflito. Note-se, por isso, que sequer é necessário
que o interessado indique para qual “eventual demanda futura” essa
prova se destina. Basta que apresente, em seu requerimento, razão
suficiente (amoldada a um dos casos do art. 381) para a obtenção da
produção antecipada da prova. Por isso, qualquer pessoa que possa
apontar uma das causas do art. 381, tem legitimidade para postular a
medida em estudo, seja ou não parte em outra demanda judicial futura”.
(grifou-se)

4. O Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo entende pela possibilidade de ajuizamento da


ação de produção antecipada de provas em ação autônoma de natureza satisfativa:

“PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. Indeferimento da petição inicial


por considerar inviável o pedido de exibição de documentos em ação
autônoma de natureza satisfativa. Demanda que visa a obtenção de documento
que ensejou inscrição negativadora do nome da autora nos órgãos de proteção ao
crédito. Pretensão de exibição de documentos que pode ser postulada
incidentalmente (art. 396 e seguintes do CPC), por ação autônoma de
produção antecipada de provas (art. 381 do CPC) ou mediante tutela
provisória antecedente, seja ela de caráter antecipado (art. 303) ou
cautelar (art. 305 a 310 do CPC). Requisitos dos arts. 381 e 382 do CPC
verificados. Extinção afastada. Recurso provido”. (TJSP, Apelação Cível nº
1027294-70.2018.8.26.0554, Relator Desembargador Correia Lima, Data de
julgamento: 06/05/2019) (grifou-se)

5. Nesse mesmo sentido é o entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça:

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“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO. AÇÃO
AUTÔNOMA. PROCEDIMENTO COMUM. AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE
PROVA. INTERESSE E ADEQUAÇÃO. 1. Admite-se o ajuizamento de ação
autônoma para a exibição de documento, com base nos arts. 381 e 396 e
seguintes do CPC, ou até mesmo pelo procedimento comum, previsto nos
arts. 318 e seguintes do CPC. Entendimento apoiado nos enunciados nº
119 e 129 da II Jornada de Direito Processual Civil. 2. Recurso especial
provido”. (STJ, REsp nº 1.774.987-SP, Relatora Ministra Maria Isabel Gallotti, Data
do Julgamento: 08/11/2018) (grifou-se)

6. Os enunciados nº 119 e 129 da II Jornada de Direito Processual Civil, mencionados pela


Ministra Maria Isabel Gallotti na ementa acima transcrita, por sua vez, dispõem que:

“Enunciado nº 119 – É admissível o ajuizamento de ação de exibição de


documentos, de forma autônoma, inclusive pelo procedimento comum do CPC (art.
318 e seguintes)”.

“Enunciado 129 – É admitida a exibição de documentos como objeto de produção


antecipada de provas, nos termos do art. 381 do CPC”.

7. Como se demonstrará a seguir, diversos indícios apontam para a existência de um grupo


econômico formado pelas Rés, apesar da distinção formal das estruturas societárias. As
Rés têm agido em conluio para obter capital de giro mediante a antecipação de
recebíveis. Exemplo:

(a) a Corré LAF tem constantemente originado créditos contra a Corré Microsal para
ofertar ao mercado;

(b) Notas fiscais são emitidas e as duplicatas representativas dos créditos são
negociadas com fundos de recebíveis, como o Autor;

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(c) após a negociação, boa parte dos créditos são simplesmente cancelados, como se

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a origem das notas fiscais jamais tivesse existido, tudo com a plena ciência da
Corré Microsal;

(d) e mesmo diante da emissão de duplicatas frias, a Corré Microsal mantém o pleno
relacionamento comercial com a Corré LAF, sem nenhuma denúncia às autoridades
policiais, agindo como autênticas sócias na arte de antecipar recebíveis sem lastro.

8. Assim, para que o Autor decida sobre a adoção de medidas judiciais contra as Rés para
recuperar valores envolvidos em operações de antecipação de créditos sem lastro,
inclusive por meio de incidente de desconsideração da personalidade jurídica, é imperioso
que sejam apresentados os documentos aqui requeridos nos termos do art. 381 do CPC,
conforme será demonstrado.

II . A SUSPEITA DE CONLUIO ENTRE AS RÉS PARA A PRÁTICA DE FRAUDE NO MERCADO DE


ANTECIPAÇÃO DE RECEBÍVEIS – A PROVÁVEL EXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO – A
NECESSIDADE DE OBTENÇÃO DA PROVA PARA POSTERIOR AJUIZAMENTO DE AÇÃO – HIPÓTESE
DO INCISO III DO ART. 381 DO CPC

9. O Autor é um fundo de investimento em direitos creditórios integrante do mercado de


capitais. Sua estrutura representa uma reunião de recursos de diversos investidores em
forma de condomínio que dedica parcela preponderante de seu patrimônio líquido para a
aquisição de direitos creditórios.

10. Esses direitos creditórios que compõem sua carteira de ativos são provenientes dos
créditos que diversas empresas têm a receber dos seus devedores. Com a cessão do
crédito, o fundo antecipa aos cedentes os valores que somente seriam recebidos a prazo
e torna-se titular do título cedido.

11. Entre as operações realizadas pelo fundo de investimentos com diversos cedentes, foi
celebrado um Contrato de Cessão de Direitos Creditórios entre o Autor e o Corréu L.A.F
do Brasil Indústria de Cabos e Fios Granulados Eireli (“LAF”) para prever as regras gerais
das futuras cessões de direitos creditórios entre as partes. Por meio da assinatura de

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Termos de Cessão (instrumentos que individualizam os títulos, valores e datas de cada

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operação de cessão de crédito), foram efetivamente cedidos determinados títulos.

12. Pois bem. Em 04/10/2019, especificamente por meio do anexo Termo de Cessão nº
1404, foram cedidas pelo Corréu LAF ao Autor seis duplicatas atreladas às anexas Notas
Fiscais de nº 36641 e 36642, sacadas contra o Corréu Microsal Indústria e Comércio
Ltda. (“Microsal”), quais sejam:

13. Em 19/11/2019, foram encaminhadas duas cartas, anexas, pelo Corréu LAF ao Autor: em
uma delas, foi requerida a baixa das duplicatas atreladas à Nota Fiscal nº 36641 e, em
outra, a baixa das duplicatas atreladas à Nota Fiscal nº 36642.

14. O motivo para o requerimento de baixa foi o mesmo para todos os títulos. De acordo
com o Corréu LAF, a emissão de todas as duplicatas cedidas por meio do Termo de
Cessão nº 1404 “se deu em duplicidade por um erro do sistema, motivo pelo qual são
inexigíveis por ausência de causa subjacente ”.

15. Contudo, ao acessar o portal da Nota Fiscal Eletrônica e verificar a situação das Notas
Fiscais nº 36641 e 36642, o Autor verificou algumas situações – no mínimo – curiosas:

a. ambas as Notas Fiscais foram emitidas em 04/10/2019, a primeira às 10h55 e a


segunda às 11h01;

b. o Termo de Cessão nº 1404 – frisa-se, instrumento que formalizou a cessão das


duplicatas atreladas às Notas Fiscais nº 36641 e 36642 – foi celebrado naquele
mesmo dia, em 04/10/2019, tendo o representante legal do Corréu LAF assinado
eletronicamente o documento às 12h21;

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c. 10 (dez) dias após a emissão das Notas Fiscais nº 36641 e 36642, em 14/10/2019,

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o Corréu Microsal se manifestou em ambas as Notas Fiscais – a primeira às 09h22
e a segunda às 09h29 – informando “Operação Não Realizada” por “Desacordo
Comercial”;

d. “Operação Não Realizada”, conforme disposição expressa do inciso VI, §1º da


cláusula 15ª do Ajuste SINIEF nº 7, de 30 de setembro de 20052, é a
“manifestação do destinatário reconhecendo sua participação na operação descrita
na NF-e, mas declarando que a operação não ocorreu ou não se efetivou como
informado nesta NF-e”;

e. em 23/10/2019 foram emitidas pelo Corréu Microsal às 12h51 e às 12h56,


respectivamente, as Notas Fiscais nº 36775 e 36776 cuja natureza da operação
era “Devolução de Venda”;

f. em ambas as Notas Fiscais de devolução de venda, o Corréu Microsal prestou


idênticas informações complementares:

i. na Nota Fiscal nº 36775, constou: “Entrada da Nota Fiscal nº 36641 de


04/10/2019. Em razão das mercadorias não seguir seu destino, está sendo
feito o reingresso das mercadorias em estoque”; e

ii. na Nota Fiscal nº 36776, constou: “Entrada da Nota Fiscal nº 36642 de


04/10/2019. Em razão das mercadorias não seguir seu destino, está sendo
feito o reingresso das mercadorias em estoque”.

16. Ou seja, o Corréu LAF gerou as Notas Fiscais e emitiu as duplicatas; imediatamente após
a emissão, cedeu os créditos ao Autor; passados poucos dias da operação de cessão, o
Corréu Microsal se manifestou no portal da Nota Fiscal Eletrônica informando “Operação
Não Realizada” e, somente na véspera do vencimento do título, o Autor foi notificado
sobre a suposta “emissão em duplicidade” das duplicatas, inviabilizando a cobrança

2 https://www.confaz.fazenda.gov.br/legislacao/ajustes/2005/AJ_007_05

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diretamente do sacado que, estranhamente, não faz nenhuma comunicação de crime por

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emissão fraudulenta de notas fiscais e duplicatas.

17. Ora, como o Corréu Microsal é cientificado que a Nota Fiscal foi emitida contra ele e por
qual motivo ele optou por esperar aproximadamente 10 (dez) dias para comunicar a
“Operação Não Realizada” e novamente mais alguns dias para gerar a Nota Fiscal de
devolução da mercadoria que ele alega não ter recebido?

18. A suspeita do Autor é que o Corréu Microsal recebe os arquivos do Corréu LAF, espera a
ordem para manifestar a tal “Operação Não Realizada” (que é justamente o tempo hábil
para que os títulos sejam cedidos a terceiros) e, assim, frustrar o recebimento do crédito
cedido ao Autor.

19. Em outras palavras, existem grandes chances de as Rés estarem atuando em conluio
para a Corré LAF levantar dinheiro no mercado de antecipação de recebíveis com lastro
em títulos frios.

20. O Autor não foi o único prejudicado com esse provável conluio entre as Rés.

21. Cita-se, como segundo exemplo, a ação de falência autuada sob o nº 1000947-
33.2020.8.26.0100, em trâmite perante a 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial do
Foro Central Cível da Comarca de São Paulo, na qual figura como Requerente o Sul Brasil
Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Aberto Multissetorial (“Sul Brasil FIDC”) e,
como Requerido, o Corréu LAF.

22. Veja-se que naquela ação, conforme petição inicial, termo de cessão e duplicatas anexos,
foram igualmente cedidos pelo Corréu LAF ao Sul Brasil FIDC os seguintes títulos de
crédito, todos sacados contra o Corréu Microsal, por meio do Termo de Cessão nº
1908070012:

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23. E, mantendo idêntico modus operandi do golpe aplicado no Autor, o Termo de Cessão nº

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1908070012 e as duplicatas cedidas foram emitidas e assinadas no mesmo dia:

a. o Termo de Cessão foi celebrado em 07/08/2019 e assinado pelo representante


legal do Corréu LAF às 11h52; e

b. as duplicatas foram emitidas em 07/08/2019 e assinadas eletronicamente pelo


representante legal do Corréu LAF às 12h21.

24. Da mesma forma que as duplicatas objeto da presente demanda, os títulos de crédito
cedidos ao Sul Brasil FIDC não foram pagos pelo Corréu Microsal até a presente data.

25. A suspeita do Autor é de que, também naquele caso, o Corréu Microsal tenha acessado o
portal da Nota Fiscal Eletrônica após a cessão dos títulos para comunicar a “Operação
Não Realizada”.

26. Diga-se, desde já, que as Notas Fiscais das relações jurídicas subjacentes envolvendo as
Rés e que causaram a emissão das duplicatas cedidas ao Sul Brasil FIDC seriam
documentos aptos a comprovar que as Rés estão efetivamente em conluio e que
praticam o mesmo golpe perante os mais diversos cessionários.

27. Além disso, uma outra questão causou enorme estranheza e corroborou ainda mais com
a suspeita de conluio entre as Rés: o ajuizamento da ação declaratória de inexigibilidade
de débito autuada sob o nº 1003077-52.2019.8.26.0125, em trâmite perante a 2ª Vara
do Foro de Capivari, pelo Corréu Microsal em face do Corréu LAF e do Boa Vista Fundo
de Investimentos em Direitos Creditórios DC – que não passa de uma tentativa de ocultar
o conluio entre os Réus ou de, simplesmente, desviar a atenção ao que realmente ocorre.

28. Uma leitura atenta da petição inicial e dos documentos juntados àquele processo revelam
diversas contradições na narrativa do Corréu Microsal. A contestação apresentada pelo
Corréu LAF, por sua vez, traz uma narrativa superficial e sem enfrentamento concreto
das alegações postas na petição inicial.

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29. E os fatos narrados na ação declaratória trazem diversas semelhanças com o caso

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concreto aqui tratado e aumentam ainda mais as suspeitas de que os Réus agem em
conluio: é feita a narrativa do mesmo modus operandi do golpe aqui apontado. Explica-
se.

30. O Corréu Microsal alega que o Corréu LAF negociou títulos sacados contra ele perante o
fundo de investimentos que integra o polo passivo da ação. Esses títulos, de acordo com
a narrativa, não possuíam relação jurídica subjacente, mas, ainda assim, foram
protestados pelo credor diante do não pagamento.

31. Tanto a Nota Fiscal nº 35950, que deu lastro às duplicatas negociadas, quanto o Termo
de Cessão dos títulos, são datados de 06/08/2019. E passados três dias da celebração do
Termo de cessão entre o fundo de investimentos e Corréu LAF, o Corréu Microsal
acessou o portal da Nota Fiscal eletrônica e comunicou a “Operação Não Realizada” por
“Desacordo Comercial”.

32. E, da mesma forma que ocorreu no caso concreto, foi gerada pelo Corréu Microsal no dia
13/08/2019 a Nota Fiscal de devolução de venda, informando a “entrada da Nota Fiscal
35950 de 06/08/2019, em razão das mercadorias não seguir seu destino, está sendo feito
o reingresso das mercadorias em estoque” – exatamente a mesma informação constante
nas duas Notas Fiscais de devolução de venda emitidas no caso ocorrido com o Autor.

33. Também da mesma forma que no presente caso, o Corréu LAF encaminhou ao fundo de
investimentos cessionário a carta solicitando a baixa dos títulos, constando exatamente a
mesma justificativa: os títulos haviam sido emitidos em duplicidade por erro do sistema.
Até a carta é idêntica!

34. Ora, se os títulos foram realmente emitidos em duplicidade, por qual motivo foi feita a
entrega da mercadoria? Por qual motivo foi dada entrada da mercadoria no estoque do
Corréu Microsal para somente dias depois ser devolvida? Por qual motivo o Corréu
Microsal aguardou para comunicar que a operação não foi realizada sem devolver a
mercadoria para o Corréu LAF?

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35. A resposta é simples: os Réus, ao que tudo indica, agindo em conluio, emitem títulos de

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crédito frios para levantar dinheiro no mercado de antecipação de recebíveis. Tão logo os
títulos são descontados perante fundos de investimento, o Corréu Microsal comunica no
portal da Nota Fiscal Eletrônica que a operação não foi realizada e obsta a cobrança do
título frio pelo credor de boa-fé. Mas, nesse momento, o valor do título já foi adiantado
para o cedente.

36. Ou seja, em agosto, o Corréu LAF emitiu a Nota Fiscal, tendo o Corréu Microsal
manifestado, no portal da Nota Fiscal Eletrônica, que a operação não havia
sido realizada. Essa mesma conduta suspeita foi feita pelos Réus em pelo
menos mais duas oportunidades, dessa vez em prejuízo dos fundos de
investimento Sul Invest FIDC e Boa Vista FIDC, conforme informado nos autos
dos processos nº 1000947-33.2020.8.26.0100 e 1003077-52.2019.8.26.0100.
Posteriormente, em outubro, novamente uma nova Nota Fiscal foi emitida,
dessa vez negociada com o Autor. E, de novo, foi comunicado pelo Corréu
Microsal que a operação não foi realizada.

37. Ao que parece, são condutas reiteradas dos Réus que, se confirmadas,
desafiam a comunicação à autoridade policial para adoção das medidas
cabíveis.

38. Isso sem falar na suspeita de que o Corréu Microsal também emite notas fiscais
relacionadas a produtos vendidos ou serviços prestados ao Corréu L.A.F.

39. Em resumo, é uma relação muito suspeita e é justamente essa prova que o Autor
pretende produzir com a presente demanda. Para saber sobre a viabilidade (ou não) da
adoção de medidas judiciais de cobrança contra as Rés, inclusive mediante incidente de
desconsideração da personalidade jurídica, será necessário apresentar a prova de
existência do grupo econômico.

40. E isso somente poderá ser provado por meio da apresentação de todas as notas fiscais
emitidas pelos Réus, um contra o outro, nos últimos 24 (vinte e quatro) meses. Se
constarem frequentes comunicações de “Operação Não Realizada”, não haverá dúvidas

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sobre a real existência de grupo econômico e do apontado conluio. Ambos os Réus

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1052676-98.2020.8.26.0100 e código 938B098.
poderão ser demandados pelo Autor para o recebimento dos títulos frios cedidos.

II I. PEDIDOS

41. Pelo exposto, requer sejam os Réus intimados para:

(a) informarem desde quando mantém relacionamento comercial e se esse


relacionamento continua ativo;

(b) apresentar em juízo as notas fiscais emitidas um contra o outro nos últimos 24
(vinte e quatro) meses ou, sucessivamente, seja expedido ofício para a Secretaria
de Estado de Fazenda para que o órgão (que é o responsável pelo armazenamento
das notas fiscais eletrônicas) apresente em juízo as notas fiscais emitidas pelos
Corréus L.A.F e Microsal, um contra o outro, nos últimos 24 (vinte e quatro) meses.

42. Dá-se à causa, para efeitos meramente fiscais, o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).

43. Requer-se, por fim, que todas as intimações e publicações sejam dirigidas ao Dr. Cylmar
Pitelli Teixeira Fortes, inscrito nos quadros da OAB/SP sob o nº 107.950, a fim de
evitar-se a ocorrência de eventual nulidade processual.

P. deferimento.
São Paulo, 23 de junho de 2020.

Marcelo Augusto de Barros


OAB/SP n° 198.248

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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCELO AUGUSTO DE BARROS e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 23/06/2020 às 16:31 , sob o número 10526769820208260100.
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LISTA DE DOCUMENTOS

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1052676-98.2020.8.26.0100 e código 938B098.
Procurações

Estatuto Social/
Regulamento FIDC

Contrato de Cessão de Direitos Creditórios celebrado entre o Autor e o


Doc. 01
Corréu L.A.F

Doc. 02 Termo de Cessão nº 1404

Doc. 03 Duplicatas cedidas ao Autor

Doc. 04 Notas Fiscais de venda nº 36641 e 36642

Doc. 05 Notas Fiscais de devolução de venda nº 36775 e 36776

Cartas enviadas pelo Corréu L.A.F ao Autor pedindo a baixa das duplicatas
Doc. 06
cedidas

Segundo exemplo – Ação de falência nº 1000947-33.2020.8.26.0100 –


Doc. 07 petição inicial, termo de cessão e duplicatas

Terceiro exemplo – Ação declaratória de inexigibilidade do débito nº


1003077-52.2019.8.26.0125 – petição inicial, termo de cessão, nota fiscal de
Doc. 08
venda, nota fiscal de devolução de venda, pedido de baixa das duplicatas

Custas iniciais Guia de custas e comprovante de pagamento

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