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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1052676-98.2020.8.26.0100 e código 938B098.
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Aline Nery Marconi Veruska Marins Pereira Gonçalves
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCELO AUGUSTO DE BARROS e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 23/06/2020 às 16:31 , sob o número 10526769820208260100.
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I. CABIMENTO DA PRESENTE MEDIDA
1. O art. 381 do Código de Processo Civil dispõe sobre as hipóteses de admissão do pedido
de produção antecipada de provas. Veja-se:
“Art. 381. A produção antecipada de provas será admitida nos casos em que:
2. O inciso III, especificamente, abarca as situações em que a parte não está certa quanto
aos fatos e a prova será útil para decidir se a ação principal pode ou deve ser proposta.
“Na vigência do CPC/1973, a medida aqui estudada era qualificada como uma
“cautelar”, ajuizada em processo autônomo, mas que impunha à parte interessada:
a) a demonstração do interesse na obtenção de determinada prova para uso em
outro processo (dito “principal”); e b) a indicação precisa desse outro interesse (a
ser objeto do processo seguinte) que seria protegido pela medida de obtenção de
prova.
1MARINONI, Luiz Guilherme, Novo Curso de Processo Civil: Tutela dos Direitos mediante Procedimento
Comum, volume II/Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, 2ª edição, São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 317-318.
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O modelo atual não contém tais requisitos. Por isso, habilita-se a postular a
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obtenção antecipada de prova qualquer pessoa que tenha simples
interesse jurídico na colheita dessa prova, seja para emprega-la em
processo futuro, seja para fins de precaver-se de um eventual processo
judicial, seja para subsidiá-lo na decisão de ajuizar ou não uma demanda,
seja ainda para tentar, com base nessa prova, obter uma solução
extrajudicial de seu conflito. Note-se, por isso, que sequer é necessário
que o interessado indique para qual “eventual demanda futura” essa
prova se destina. Basta que apresente, em seu requerimento, razão
suficiente (amoldada a um dos casos do art. 381) para a obtenção da
produção antecipada da prova. Por isso, qualquer pessoa que possa
apontar uma das causas do art. 381, tem legitimidade para postular a
medida em estudo, seja ou não parte em outra demanda judicial futura”.
(grifou-se)
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“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO. AÇÃO
AUTÔNOMA. PROCEDIMENTO COMUM. AÇÃO DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE
PROVA. INTERESSE E ADEQUAÇÃO. 1. Admite-se o ajuizamento de ação
autônoma para a exibição de documento, com base nos arts. 381 e 396 e
seguintes do CPC, ou até mesmo pelo procedimento comum, previsto nos
arts. 318 e seguintes do CPC. Entendimento apoiado nos enunciados nº
119 e 129 da II Jornada de Direito Processual Civil. 2. Recurso especial
provido”. (STJ, REsp nº 1.774.987-SP, Relatora Ministra Maria Isabel Gallotti, Data
do Julgamento: 08/11/2018) (grifou-se)
(a) a Corré LAF tem constantemente originado créditos contra a Corré Microsal para
ofertar ao mercado;
(b) Notas fiscais são emitidas e as duplicatas representativas dos créditos são
negociadas com fundos de recebíveis, como o Autor;
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(c) após a negociação, boa parte dos créditos são simplesmente cancelados, como se
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a origem das notas fiscais jamais tivesse existido, tudo com a plena ciência da
Corré Microsal;
(d) e mesmo diante da emissão de duplicatas frias, a Corré Microsal mantém o pleno
relacionamento comercial com a Corré LAF, sem nenhuma denúncia às autoridades
policiais, agindo como autênticas sócias na arte de antecipar recebíveis sem lastro.
8. Assim, para que o Autor decida sobre a adoção de medidas judiciais contra as Rés para
recuperar valores envolvidos em operações de antecipação de créditos sem lastro,
inclusive por meio de incidente de desconsideração da personalidade jurídica, é imperioso
que sejam apresentados os documentos aqui requeridos nos termos do art. 381 do CPC,
conforme será demonstrado.
10. Esses direitos creditórios que compõem sua carteira de ativos são provenientes dos
créditos que diversas empresas têm a receber dos seus devedores. Com a cessão do
crédito, o fundo antecipa aos cedentes os valores que somente seriam recebidos a prazo
e torna-se titular do título cedido.
11. Entre as operações realizadas pelo fundo de investimentos com diversos cedentes, foi
celebrado um Contrato de Cessão de Direitos Creditórios entre o Autor e o Corréu L.A.F
do Brasil Indústria de Cabos e Fios Granulados Eireli (“LAF”) para prever as regras gerais
das futuras cessões de direitos creditórios entre as partes. Por meio da assinatura de
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operação de cessão de crédito), foram efetivamente cedidos determinados títulos.
12. Pois bem. Em 04/10/2019, especificamente por meio do anexo Termo de Cessão nº
1404, foram cedidas pelo Corréu LAF ao Autor seis duplicatas atreladas às anexas Notas
Fiscais de nº 36641 e 36642, sacadas contra o Corréu Microsal Indústria e Comércio
Ltda. (“Microsal”), quais sejam:
13. Em 19/11/2019, foram encaminhadas duas cartas, anexas, pelo Corréu LAF ao Autor: em
uma delas, foi requerida a baixa das duplicatas atreladas à Nota Fiscal nº 36641 e, em
outra, a baixa das duplicatas atreladas à Nota Fiscal nº 36642.
14. O motivo para o requerimento de baixa foi o mesmo para todos os títulos. De acordo
com o Corréu LAF, a emissão de todas as duplicatas cedidas por meio do Termo de
Cessão nº 1404 “se deu em duplicidade por um erro do sistema, motivo pelo qual são
inexigíveis por ausência de causa subjacente ”.
15. Contudo, ao acessar o portal da Nota Fiscal Eletrônica e verificar a situação das Notas
Fiscais nº 36641 e 36642, o Autor verificou algumas situações – no mínimo – curiosas:
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c. 10 (dez) dias após a emissão das Notas Fiscais nº 36641 e 36642, em 14/10/2019,
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o Corréu Microsal se manifestou em ambas as Notas Fiscais – a primeira às 09h22
e a segunda às 09h29 – informando “Operação Não Realizada” por “Desacordo
Comercial”;
16. Ou seja, o Corréu LAF gerou as Notas Fiscais e emitiu as duplicatas; imediatamente após
a emissão, cedeu os créditos ao Autor; passados poucos dias da operação de cessão, o
Corréu Microsal se manifestou no portal da Nota Fiscal Eletrônica informando “Operação
Não Realizada” e, somente na véspera do vencimento do título, o Autor foi notificado
sobre a suposta “emissão em duplicidade” das duplicatas, inviabilizando a cobrança
2 https://www.confaz.fazenda.gov.br/legislacao/ajustes/2005/AJ_007_05
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diretamente do sacado que, estranhamente, não faz nenhuma comunicação de crime por
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emissão fraudulenta de notas fiscais e duplicatas.
17. Ora, como o Corréu Microsal é cientificado que a Nota Fiscal foi emitida contra ele e por
qual motivo ele optou por esperar aproximadamente 10 (dez) dias para comunicar a
“Operação Não Realizada” e novamente mais alguns dias para gerar a Nota Fiscal de
devolução da mercadoria que ele alega não ter recebido?
18. A suspeita do Autor é que o Corréu Microsal recebe os arquivos do Corréu LAF, espera a
ordem para manifestar a tal “Operação Não Realizada” (que é justamente o tempo hábil
para que os títulos sejam cedidos a terceiros) e, assim, frustrar o recebimento do crédito
cedido ao Autor.
19. Em outras palavras, existem grandes chances de as Rés estarem atuando em conluio
para a Corré LAF levantar dinheiro no mercado de antecipação de recebíveis com lastro
em títulos frios.
20. O Autor não foi o único prejudicado com esse provável conluio entre as Rés.
21. Cita-se, como segundo exemplo, a ação de falência autuada sob o nº 1000947-
33.2020.8.26.0100, em trâmite perante a 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial do
Foro Central Cível da Comarca de São Paulo, na qual figura como Requerente o Sul Brasil
Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Aberto Multissetorial (“Sul Brasil FIDC”) e,
como Requerido, o Corréu LAF.
22. Veja-se que naquela ação, conforme petição inicial, termo de cessão e duplicatas anexos,
foram igualmente cedidos pelo Corréu LAF ao Sul Brasil FIDC os seguintes títulos de
crédito, todos sacados contra o Corréu Microsal, por meio do Termo de Cessão nº
1908070012:
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23. E, mantendo idêntico modus operandi do golpe aplicado no Autor, o Termo de Cessão nº
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1908070012 e as duplicatas cedidas foram emitidas e assinadas no mesmo dia:
24. Da mesma forma que as duplicatas objeto da presente demanda, os títulos de crédito
cedidos ao Sul Brasil FIDC não foram pagos pelo Corréu Microsal até a presente data.
25. A suspeita do Autor é de que, também naquele caso, o Corréu Microsal tenha acessado o
portal da Nota Fiscal Eletrônica após a cessão dos títulos para comunicar a “Operação
Não Realizada”.
26. Diga-se, desde já, que as Notas Fiscais das relações jurídicas subjacentes envolvendo as
Rés e que causaram a emissão das duplicatas cedidas ao Sul Brasil FIDC seriam
documentos aptos a comprovar que as Rés estão efetivamente em conluio e que
praticam o mesmo golpe perante os mais diversos cessionários.
27. Além disso, uma outra questão causou enorme estranheza e corroborou ainda mais com
a suspeita de conluio entre as Rés: o ajuizamento da ação declaratória de inexigibilidade
de débito autuada sob o nº 1003077-52.2019.8.26.0125, em trâmite perante a 2ª Vara
do Foro de Capivari, pelo Corréu Microsal em face do Corréu LAF e do Boa Vista Fundo
de Investimentos em Direitos Creditórios DC – que não passa de uma tentativa de ocultar
o conluio entre os Réus ou de, simplesmente, desviar a atenção ao que realmente ocorre.
28. Uma leitura atenta da petição inicial e dos documentos juntados àquele processo revelam
diversas contradições na narrativa do Corréu Microsal. A contestação apresentada pelo
Corréu LAF, por sua vez, traz uma narrativa superficial e sem enfrentamento concreto
das alegações postas na petição inicial.
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29. E os fatos narrados na ação declaratória trazem diversas semelhanças com o caso
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concreto aqui tratado e aumentam ainda mais as suspeitas de que os Réus agem em
conluio: é feita a narrativa do mesmo modus operandi do golpe aqui apontado. Explica-
se.
30. O Corréu Microsal alega que o Corréu LAF negociou títulos sacados contra ele perante o
fundo de investimentos que integra o polo passivo da ação. Esses títulos, de acordo com
a narrativa, não possuíam relação jurídica subjacente, mas, ainda assim, foram
protestados pelo credor diante do não pagamento.
31. Tanto a Nota Fiscal nº 35950, que deu lastro às duplicatas negociadas, quanto o Termo
de Cessão dos títulos, são datados de 06/08/2019. E passados três dias da celebração do
Termo de cessão entre o fundo de investimentos e Corréu LAF, o Corréu Microsal
acessou o portal da Nota Fiscal eletrônica e comunicou a “Operação Não Realizada” por
“Desacordo Comercial”.
32. E, da mesma forma que ocorreu no caso concreto, foi gerada pelo Corréu Microsal no dia
13/08/2019 a Nota Fiscal de devolução de venda, informando a “entrada da Nota Fiscal
35950 de 06/08/2019, em razão das mercadorias não seguir seu destino, está sendo feito
o reingresso das mercadorias em estoque” – exatamente a mesma informação constante
nas duas Notas Fiscais de devolução de venda emitidas no caso ocorrido com o Autor.
33. Também da mesma forma que no presente caso, o Corréu LAF encaminhou ao fundo de
investimentos cessionário a carta solicitando a baixa dos títulos, constando exatamente a
mesma justificativa: os títulos haviam sido emitidos em duplicidade por erro do sistema.
Até a carta é idêntica!
34. Ora, se os títulos foram realmente emitidos em duplicidade, por qual motivo foi feita a
entrega da mercadoria? Por qual motivo foi dada entrada da mercadoria no estoque do
Corréu Microsal para somente dias depois ser devolvida? Por qual motivo o Corréu
Microsal aguardou para comunicar que a operação não foi realizada sem devolver a
mercadoria para o Corréu LAF?
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35. A resposta é simples: os Réus, ao que tudo indica, agindo em conluio, emitem títulos de
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crédito frios para levantar dinheiro no mercado de antecipação de recebíveis. Tão logo os
títulos são descontados perante fundos de investimento, o Corréu Microsal comunica no
portal da Nota Fiscal Eletrônica que a operação não foi realizada e obsta a cobrança do
título frio pelo credor de boa-fé. Mas, nesse momento, o valor do título já foi adiantado
para o cedente.
36. Ou seja, em agosto, o Corréu LAF emitiu a Nota Fiscal, tendo o Corréu Microsal
manifestado, no portal da Nota Fiscal Eletrônica, que a operação não havia
sido realizada. Essa mesma conduta suspeita foi feita pelos Réus em pelo
menos mais duas oportunidades, dessa vez em prejuízo dos fundos de
investimento Sul Invest FIDC e Boa Vista FIDC, conforme informado nos autos
dos processos nº 1000947-33.2020.8.26.0100 e 1003077-52.2019.8.26.0100.
Posteriormente, em outubro, novamente uma nova Nota Fiscal foi emitida,
dessa vez negociada com o Autor. E, de novo, foi comunicado pelo Corréu
Microsal que a operação não foi realizada.
37. Ao que parece, são condutas reiteradas dos Réus que, se confirmadas,
desafiam a comunicação à autoridade policial para adoção das medidas
cabíveis.
38. Isso sem falar na suspeita de que o Corréu Microsal também emite notas fiscais
relacionadas a produtos vendidos ou serviços prestados ao Corréu L.A.F.
39. Em resumo, é uma relação muito suspeita e é justamente essa prova que o Autor
pretende produzir com a presente demanda. Para saber sobre a viabilidade (ou não) da
adoção de medidas judiciais de cobrança contra as Rés, inclusive mediante incidente de
desconsideração da personalidade jurídica, será necessário apresentar a prova de
existência do grupo econômico.
40. E isso somente poderá ser provado por meio da apresentação de todas as notas fiscais
emitidas pelos Réus, um contra o outro, nos últimos 24 (vinte e quatro) meses. Se
constarem frequentes comunicações de “Operação Não Realizada”, não haverá dúvidas
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poderão ser demandados pelo Autor para o recebimento dos títulos frios cedidos.
II I. PEDIDOS
(b) apresentar em juízo as notas fiscais emitidas um contra o outro nos últimos 24
(vinte e quatro) meses ou, sucessivamente, seja expedido ofício para a Secretaria
de Estado de Fazenda para que o órgão (que é o responsável pelo armazenamento
das notas fiscais eletrônicas) apresente em juízo as notas fiscais emitidas pelos
Corréus L.A.F e Microsal, um contra o outro, nos últimos 24 (vinte e quatro) meses.
42. Dá-se à causa, para efeitos meramente fiscais, o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).
43. Requer-se, por fim, que todas as intimações e publicações sejam dirigidas ao Dr. Cylmar
Pitelli Teixeira Fortes, inscrito nos quadros da OAB/SP sob o nº 107.950, a fim de
evitar-se a ocorrência de eventual nulidade processual.
P. deferimento.
São Paulo, 23 de junho de 2020.
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Procurações
Estatuto Social/
Regulamento FIDC
Cartas enviadas pelo Corréu L.A.F ao Autor pedindo a baixa das duplicatas
Doc. 06
cedidas
13