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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

BRUNO BRANDÃO DOS SANTOS

PODER

SALVADOR-BA

2021
BRUNO BRANDÃO DOS SANTOS

PODER

Texto crítico, solicitado dia 05.05.2021


pelo Prof. Dr. Geovane de Mori Peixoto, sobre
poder com base nos textos Direito e Poder de J. J.
Calmon de Passos e o filme Lord of the Flies -
1990; para fins avaliativos da Turma 04 de
Ciência Política – DIR 213.

SALVADOR-BA

2021
 Introdução
O homem, como animal social, apresenta duas características fundamentais, que
servem de base para o seu modo de agir quanto a tudo que lhe diz respeito: sociabilidade e a
liberdade. Porém um paradoxo interfere no cerne dessa questão, sendo comprovada a
existência de poder na sociedade, e atrelada a ele, segundo as ideias de Max Weber e da
sociologia Norte-Americana, vem a soma zero; o que leva o homem a abrir mão do seu livre
arbítrio para se adequar a esta?

O homem é um animal social e O homem é o lobo do próprio homem são assertivas


que, de tanta repetição já se tornaram de cultura geral. A princípio contraditórias, as frases
desenham a perspectiva do homem em seu estado de natureza de acordo com a teoria de
Hobbes, onde ele tudo pode, por quaisquer meios que lhe convier; um estado onde o limiar
entre violência e convivência não é traçado e ao mesmo tempo o homem possui um poder de
violência ilimitado, ou seja, estão submetidos ao acaso da vontade alheia em manutenção da
vida, própria e dos descendentes, e de seus bens — um estado de temor constante onde
conviver com o outro é um risco a si mesmo. Entretanto de que forma o homem, tão animal
livre como social, pode suprir a necessidade de interrelação de cultura, interesses e língua
sendo limitado pela agressividade do ambiente?

Surge então o Contrato Social e conseguinte o Estado, este delimitando as normas de


convivência para evitar conflitos, velando pela segurança e garantindo a propriedade privada.
Esse comportamento perda-ganho pode ser observado no inicial desenrolar do enredo de Lord
of the Flies, onde os meninos, em prol das suas seguranças individuais, compactuam e
começam a criar regras de convivência: manter a fogueira acesa, só falar quando estiver com
a concha em mãos e vir para a assembleia quando ouvir o barulho da concha; garantindo
dessa forma a coesão do trabalho e segurança de todos, mesmo que temporária e mínima,
naquele microcosmo.

 O Poder Político
Com o surgimento do estado vem a necessidade de assegurar que as normas sejam
seguidas e evitar conflitos, para isso mecanizar um aparato estatal para exercer a segurança
civil, a troca de mercadorias e exploração da força de trabalho, e todas as outras funções do
estado por si só. Para isso, o estado investe de poder pessoas — agora servidores públicos —
que frente ao público levarão a vontade do estado como rosto, e tendo o poder conjugado a
seu cargo, reestrutura e, até mesmo, aplica punições — se tiver o poder necessário — visando
o aperfeiçoamento do funcionar organizado esperado pelo Estado; daí surge o Direito, para
ordenar e regular estas ações e seus mecanismos repressivos. A expressividade desse poder
pode ser observada também em Lord of the Flies, quando o líder escolhido pelos meninos é o
Ralph: mesmo que Jack seja o mais velho, hierarquicamente é inferior à Ralph, que carrega o
título de coronel. Ralph durante toda a novel é a representação primária de ordem, civilização
e liderança produtiva, sempre apresentando alta moralidade e durante todo o desenrolar
sempre tenta maximizar as chances de ser resgatado da ilha, exemplificando seu desejo de
voltar à sociedade de adultos — a sociedade civilizada.

 O Poder Econômico e Poder Ideológico


Tendo o Estado, seus aparelhos de repressão e o ordenamento funcionais, a existência
de propriedade privada é praticamente inerente a vontade dos submetidos, sendo, por
conseguinte, inevitável o acumulo de bens por certas camadas sociais, e dependendo da
sociedade em questão, a discrepância entre elas pode se tornar avassaladora.

“Se um macaco acumulasse mais bananas do que pudesse comer, enquanto os outros
macacos morressem de fome, os cientistas estudariam aquele macaco para descobrir o que
diabos estaria acontecendo com ele. Quando os humanos fazem isso, nós os colocamos na
capa da Forbes”. (SADER; EMIR, 2021, Twitter)

O Poder Econômico se modela dessa forma, sendo exercido por quem detém a posse
dos bens de interesse — terras, moeda, meios de produção — e faz quem, não os detém
seguirem um certo tipo de comportamento que não seguiriam (ou seguiriam) se não em
função da aquisição dos bens de interesse. Já o Poder Ideológico é caracterizado por ser
capaz de influenciar um concesso grupal a fim de promover uma legitimação de uma
ideia. Comportamentos observados em Jack, afim de persuadir mais pessoas para sua
“tribo” ao oferece direito à comida caçada por ele e seus companheiros, além de
constantemente reforçar a ideia de que ninguém irá resgatá-los na ilha, e que eles precisam
desenvolver e autossustentar-se, chegando ao ponto de seu poder e influência reger sobre
a vida e a morte dos integrantes do grupo.

 O Poder Simbólico
Segundo o sociólogo francês Bordieu, em todos os espaços sociais existe uma
configuração que acaba determinando a atuação de cada indivíduo, como vai se
comunicar, agir, o que ela deve ou não fazer e até as vestimentas. Entretanto essa
configuração não é fruto de uma comunicação direta indivíduo-indivíduo, mas sim
uma informação imposta ambiente-indivíduo, ou seja, faz parte de uma construção
social que vai internalizando em cada indivíduo. Comportamento claramente
observado nos meninos em seus respectivos lados: os meninos comandados por Ralph
inicialmente tinham aspecto “organizado”, se mantinham com a face limpa e
desobstruída, levavam consigo fragmentos dos uniformes — ainda identificáveis — e
não carregavam armas, já quando se migrava para os sob a liderança de Jack adotava-
se gradativamente um aspecto mais tribal, roupas desgastadas e sujas, a face pintada e
sempre acompanhado de lanças.

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