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Memorial

( Nágyla Janiny Ribeiro de Jesus Oliveira)

Santo Amaro

- Junho de 2019 -
Para começar a relatar sobre os 4 anos de vivência e sobrevivência dentro do IFBA, é
importante contar como foi o dia que descobri que meu nome estava na lista de aprovados.

Por vontade da minha mãe, Jane, fiz a prova pra tentar passar no Instituto, e no dia que a lista
saiu, e meu nome estava incluso nele, custei a acreditar. Minha mãe explodindo de alegria e
espalhando pra todos os amigos que a filha única dela passou na prova que iria abrir portas
para um futuro promissor. Mas a minha vontade nunca foi entrar em um instituto que tinha a
fama de destruir vidas sociais e psicológica de vários adolescentes.

O primeiro dia dentro do Instituto foi na data de 11 de agosto de 2015. Com receio de fazer
amizades, pedi para meu namorado me acompanhar e ficar comigo até eu descobrir minha
sala, mais descobrir que ele não podia entrar comigo. Lá descobrir que estudados a tarde, o
que foi um choque pra mim, pois nunca tinha estudado a tarde em toda minha vida.

No dia seguinte em uma sala com mais ou menos 22 alunos, descobrir que cair na mesma sala
que uma pessoa que eu não me dava bem, Adrielle Karine Pereira da Silva. Não nos dávamos
bem pois tivemos umas indiferença pesadas no ensino fundamental, e pelo fato de termos
estudado juntas desde a 5° série, ela era a única pessoa que eu conhecia no meio dos
estudantes da minha sala, que aparentavam ser metidos e ricos.

Esse foi um momento interessante na minha vida, decidir deixar minhas diferenças de lado
para me juntar

Esse foi um momento interessante na minha vida, pois tive que aprender a seguir um novo
caminho e decidir deixar minhas diferenças de lado nesse transição da minha vida.

Após alguns dias comecei a me aproximar de Adrielle, Moisés William e Millena Ferreira, que
no início foram pessoas que me ajudaram bastante, pois assim como eles, tive bastante
dificuldade pra me adaptar a nova rotina de estudos.

Com o passar do tempo comecei a fazer novas amizades, e algumas das impressões que tive
dos colegas de sala não era a mesma que tive no início, como disse minha antiga professora de
português do Ifba, que marcou bastante minha vida, Gal Meirelles " Não se julga um livro pela
capa" .

As primeiras frustrações foram aparecendo quando comecei a ter aula de matemática, física e
química, pois o nível de exigência do Ifba era muito maior que na antiga escola, fora que eu
nunca tinha tido aula de Física e Química.

Ao longo do tempo conheci Maria da Purificação, começamos a ter um relacionamento


bastante amigável.

Ao longo do ano fui aprendendo coisas que eu nunca vi na vida e superei bastante obstáculos,
mas ainda assim, não tirava da cabeça que eu nunca iria passar de ano ou me formar no
Instituto, pois não acreditava que tinha capacidade mesmo com várias pessoas me dando força
pra seguir.

No final do 1° ano veio o desespero, conselho de matemática e química, sem acreditar que
passaria comecei a chorar e pedir pra meus amigos mandarem o resultado assim que saísse.
Quando o mesmo saiu não vi de primeira, mas vi as mensagens de parabéns e comecei a pular
de alegria por mim e pelos meus amigos. E daí comemoramos nossa passagem para o segundo
ano no campus.

No segundo ano no ifba era o ano que todos colocavam terror, e não exageraram, foi
tenebroso em todas as unidades.

Agora com novas matérias que me aterrorizava além de química, as matérias de MEM e Inglês.

Ao longo do ano letivo fui pra todas as recuperações dessas matérias. Comecei a procurar
ajuda com alunos de outras turmas, e também auxílio da COTEP.

Daybe Manuela é um nome que nunca irei esquecer, foi uma pessoa que me ajudou a superar
e enfrentar medos de me expressar. Duas pessoas que contribuíram bastante com a minha
falta de comunicação e expressão foram as professoras de História, Odete Uzeda, e Sociologia,
Soraia Brito.

Tive bastante dificuldade com sociologia, mais no final consegui me acostumar, e o mesmo
com história, e a experiência que tive nesse ano ira servir pra minha vida toda.

Várias das minhas dificuldades não era culpa só do Ifba, mas também da minha falta de
empenho e organização na hora dos estudos.

Era impossível a minha vida pessoal não influenciar nos meus estudos, e nessa fase, minha vida
amorosa era a que mais influênciava, o que não geral bons resultados.

Meu parceiro não gostava de uns dos meus amigos, Moisés William, que comecei naquela
época a ter como um irmão, mas tive que equilibrar minha relação para não perder o amigo e
o namorado.

Jamais iria trocar minha amizade por causa de um relacionamento, então não troquei ninguém
por ninguém, mas mantive o máximo de equilíbrio.

Com o passar do tempo as coisas foram se ajeitando, e no final deu tudo certo.

Ao final do ano letivo, após a correria pra recuperar notas, fui pro conselho de química, mee e
inglês, faltando poucos décimos para ser aprovada. Fiquei preocupada, mas não tanto como
no primeiro ano. Minha preocupação era maior pelos meus amigos que estavam em uma
situação pior no conselho de classe.

Quando o resultado final saiu, tornei a chorar, só que de tristeza, pela reprovação de meus 3
amigos: Moisés, Millena e Hêmilly. Não tinha nenhum motivo pra ficar feliz naquele momento.
E assim, com muita tristeza foi minha chegada ao 3° ano no campus.

Esse ano, mesmo com toda saudade que sentia dos meus amigos foi um ano de muitas
emoções, pois as turmas da manhã e da tarde iriam ser juntas e ninguém concordava com essa
ideia. Logo com uma semana de aula teve baixo assinado para separação de turma, com 80%
da turma assinando, parecia que nunca ninguém iria conseguir estudar na mesma sala naquele
momento.

Eu, no início queria que separasse a turma, mas com o passar dos dias veio a realidade
batendo na porta. A realidade era que nunca iríamos escolher com quem a gente trabalha ou
estuda, a gente tem que se acostumar com as situações que a vida trazia pra gente. Então
decidir não assinar o baixo assinado e me aproximar dos alunos novos, conhecer novas
pessoas e histórias. Para esse processo de aproximação os professores desempenharam um
ótimo papel, mesclando as equipes em atividades onde um tinha que contar sua vida ao outro,
e essa atividade foi a oportunidade perfeita.

Ao longo do ano era bastante visível a divisão da turma, turma da manhã no lado esquerdo e
turma da tarde do lado direito da sala. Foi nesse ano que conheci pessoas maravilhosas,
começando por Jaqueline Fernandes, a minha louquinha preferida. Não só ela como o trio
pesadão: Raiane, Tatiane e Taís, famosas por ser ousadas, afrontosas e rançudas.

Como eu era igualzinha a elas, não tive problemas para me juntar com elas. Aqueles boatos
sobre ela também passaram a ser só boatos, pois são pessoas muito fofas e amigáveis.

Nas matérias do terceiro ano não tive muita dificuldade, foi um ano de total dedicação aos
estudos, pois tinha medo de perder de ano.

Foi nesse ano que conseguir escolher que curso eu ia fazer, pois a matéria de Eletrotécnica era
ótima de aprender, fora que o professor era o mais lindo e badalado do Instituto, onde maioria
das meninas morria de amores por ele. Foi daí que escolhi como profissão futura Engenharia
Elétrica.

Ao decorrer do ano a quantidade de recuperações que eu frequentava foram diminuindo e


isso foi ótimo, pois na terceira unidade já estava aprovada na maioria das matérias, e a
probabilidade de ir pro conselho de classe era quase nula, a não ser pelo professor de
português, que deu bastante trabalho, mas que foi um obstáculo que superei com facilidade.
Ao final do ano letivo já estava aprovada sem ir pro conselho, fiquei falando isso com todo
orgulho por semanas. Mas logo a parte difícil iria chegar, o famoso TCC. A frustração de não
poder fazer o projeto técnico com minhas melhores amigas, Maria da Purificação e Adrielle
Karine foi grande.

As meninas me ensinaram bastante coisas, foram as melhores pessoas que poderia ter me
aproximado em toda minha vida dentro e fora do IFBA. Independente do meu passado com
Adrielle e das brigas com Maria, eramos o melhor trio de amigas do mundo.

A felicidade de tanto eu quanto meus amigos terem sido aprovado foi ótima. Não só meus
amigos do terceiro pro quarto, mas os que tinham sido reprovados no segundo terem também
passado de ano.

Após o sorteio das equipes do TCC foi a hora de me aproximar e conhecer minha equipe de
perto e tentar pensar em um tema para desenvolver.

No início do ano foi tranquilo, as matérias, os professores e as atividades, a não ser por inglês,
novamente interferindo no meu desenvolvimento. No final do ano de 2018 passei por um
problema pessoal, o fim do meu relacionamento de 3 anos. No começo foi difícil, mas depois
de um tempo foi fácil acostumar com minha novo "estado civil".

Quando o mês de fevereiro, duas coisas me deixam triste: a saída de Maria do campus para a
faculdade, e o fato que as coisas começaram a apertar, pois a data de entrega do TCC tava
chegando e as coisas não estavam nem 50% adiantadas por falta de responsabilidade de toda
equipe.

Os choros e as revoluções começaram a rondar a sala.

Teve que haver uma dedicação total de toda equipe para isso, pois nosso projeto não dava
certo de jeito nenhum. E faltando 1 semana para a entrega ele funcionou, no dia 3 de abril de
2019, pulei de tanta felicidade, e por incrível que pareça, era a data que eu e o ex
companheiro realizariamos 4 anos juntos, se estivéssemos juntos, mas pela felicidade do meu
projeto ter dado certo isso passou totalmente longe da minha cabeça, o que me ajudou a
superar mais rápido a falta.

Após isso, veio os preparativos para a apresentação para a banca, no dia 27 de abril de 2019.
Graças a deus deu tudo certo e fomos aprovados com a bela apresentação do nosso projeto.

Minha felicidade foi maior quando, além do meu projeto o da minha melhor amiga, minha
gêmea, também tinha sido aprovado.

Enfim o mês de junho chegou, não foi muito bem o início, pois perdir meu pai pra depressão,
com apenas 45 anos ele se suicidou. O pior é que eu nunca fui criada por ele , e sim meu
irmão, Ewerton Alves, que por um acaso estuda na mesma escula e cursa o mesmo curso que
eu na sala do meu melhor amigo, Moisés William. Me aproximei de meu pai a quase 2 anos, e
nao tive a oportunidade de aproveitar o tempo perdido. Enfim, fiz 19 anos e só o que me
assusta e o fato de provavelmente ir pro conselho de inglês, novamente. Hoje, estou feliz, pois
fora algumas problemas, como dívidas, minha vida não poderia estar melhor.

Então essa é a minha história, me chamo Nágyla Janiny Ribeiro de Jesus Oliveira, curso técnico
em Eletromecânica, com a melhor mãe do mundo, Jane Ribeiro e eu não podia ter estudado
em um lugar melhor que o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia -
Campus Santo Amaro.

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