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PROGRAMA DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA

Edital 2022
MODELO DE RELATO DE EXPERIÊNCIA DO RESIDENTE

1. Identificação

Nome do Residente: Renan Esteves Cardoso


CPF: 175.557.067-84
Nome e sigla da IES: Universidade Federal Fluminense / Campos dos Goytacazes
Curso de Licenciatura: ciências sociais
Séries/Anos e Etapa da educação Básica nas quais desenvolveu atividades: 1° 2° 3°
Escola(s)-Campo onde desenvolveu as atividades: C.E. Julião Nogueira
Nome do Docente Orientador: Raquel Brum Fernandes
Nome do Preceptor: Naiana Bertoli
Titulo: Relato de um residente

Resumo: O presente relato de experiência tem como objetivo contar como foi ser
residente no colégio estadual Julião Nogueira, demonstrar como tem sido o novo
ensino médio neste colégio. A metodologia utilizada foi qualitativa, através de
entrevistas com professor e aluno.
Palavras chaves: Ensino Médio; Residente; Relato.

● Introdução

O novo ensino médio foi implantado em todos os colégios de Campos dos


Goytacazes e isso tem afetado tanto os professores, os alunos e nós residentes. Este
relatório irá trazer a minha experiência enquanto residente do Julião Nogueira, desde a
minha recepção até o momento das aulas em que eu assumi. Escolhi abordar a minha
experiência enquanto residente no novo ensino médio, visto que isso tem impactado
diretamente nós que estamos tendo nosso primeiro contato com essa mudança e é algo
que poderá continuar quando eu me formar e de fato assumir uma turma como professor
e não estagiário ou residente.

● Desenvolvimento

A estrutura do Julião é bastante típica dos colégios estaduais, um andar, muro


alto e cercado de grade. São dois portões e janelas com grade e vidro. Para os alunos
acessarem o colégio é preciso apresentar uma carteirinha na entrada e deixar com a
inspetora da escola, para ter um maior controle dos alunos e evitar que eles fujam, o que
me remeteu a uma prisão. Por ser um colégio que recebe bastante estagiários e
residentes, não houve dificuldade em acessar a escola, mas depende de quem estiver na
recepção. Ao entrar de fato no pátio do colégio é notório o tanto de alunos que ficam
espalhados pelo chão conversando e esperando as aulas começarem, muita das vezes
nos corredores, o que acaba atrapalhando a circulação, assim como a diretora adjunta
tanto reclama. Esses corredores são longos, estreitos e cheios de salas. Ao final do
corredor há uma sala maker, onde conta com diversas mesas, televisão e uns livros
didáticos. O colégio em si tem uma relação próxima com os alunos, principalmente
entre aluno e professor.
Nós residentes fomos bem recebidos pelo colégio e a preceptora, onde no
primeiro dia ela contou sobre o colégio, as expectativas dela e como tem sido para ela e
o colégio estar vivendo sobre o novo ensino médio. A preceptora abordou como seria as
próximas aulas e deixou livre para que nós pudéssemos colaborar com o planejamento
dela, tanto com novas metodologias e aulas que nós iríamos assumir. Com o primeiro
ano ela disse que queria trabalhar a questão de raça e etnia por ser turmas que a maioria
é de pretos e pardos, através dessa abordagem ela trouxe um jogo de cartas que o nome
é “Vamos falar de racismo” e com esse jogo ela queria tentar uma abordagem nova e
fazer com que eles entendessem as nuances do racismo. Ainda no primeiro ano houve o
passeio para Machadinha, um quilombo que tem e todo ano o colégio faz um passeio
para este local com os alunos, neste ano foi com o primeiro ano.
No segundo ano não houve algo diferente, foram aulas que a professora
planejou, já no terceiro ano a professora solicitou que nós residentes assumisse as aulas
e que fosse um conteúdo voltado para o ENEM, cada dupla de residentes assumiu uma
turma e o nosso objetivo era montar material como apostila, slide e as aulas para serem
passadas. Os conteúdos foram: Sociologia brasileira; Teoria sociológica; Cidadania;
Movimentos sociais; Cultura; Política, Estado e governo; Sociedade contemporânea;
Revolução científica e industrial. Estes conteúdos foram distribuídos em aulas e
apostilas.
A minha primeira aula como residente foi bastante divertida, eu me senti
realizado e foi o momento que eu de fato me encontrei na licenciatura, mas antes de
aplicar a aula houve um nervosismo e uma dificuldade em montar plano de aula por
conta de ser em dupla e ser conteúdo para o ENEM, a sensação de que a aula não iria
render e até mesmo eu esquecer de passar algum conteúdo e com isso reprovar um
aluno no enem foi bastante latente. Naquele momento, aplicando aquelas aulas estaria
lidando com o futuro dos estudantes e eu seria supostamente responsável pela
aprovação ou reprovação do mesmo. No geral as aulas renderam bastante, mesmo a
turma tendo uma frequência de uns 4 alunos.
Para além de assumir as turmas, nós tivemos que entrevistar professor e alunos
para a pesquisa sobre o ensino médio, a professora que eu entrevistei trouxe diversas
relatos que tem acontecido na vida dela e um deles foi o fato da dificuldade de lidar com
uma nova disciplina que ela está aplicando, onde essa matéria é a dinâmica cidadã. Ela é
uma professora de educação física, para o segundo ano ela aplica essa eletiva e a partir
disso ela diz: “mulher não trabalha só fora né, mulher também trabalha em casa e
então eu tenho que estudar e me gerou um desconforto de ter que estudar, buscar pra
não ficar uma coisa muito massante”. O novo ensino médio trouxe justamente isso,
essa dedicação de aprender algo novo para passar aos alunos, visto que as eletivas muita
das vezes foge da formação do professor e ainda tem o fator gênero, onde a mulher
trabalha no seu serviço e ainda trabalha em casa, cuidando de filhos, fazendo comida e
cuidar da casa.
O novo ensino médio não tem impactado só os professores, mas os alunos
também e nas entrevistas isso ficou nítido o desconforto deles com a diminuição de
algumas disciplinas e como isso afeta os estudantes que querem fazer o ENEM. Um dos
alunos relatou o seguinte: “Olha, é que eu vejo mais pontos negativos do que positivos
desse lado. Poxa, ainda mais em relação a matéria essenciais pra sei lá, um Enem da
vida. Eu por exemplo, não tive filosofia durante os três primeiros bimestres, só tive no
quarto e eu só vou ver filosofia no primeiro ano. Então, isso de certa forma impacta de
forma grandiosamente, uma forma grande no meu ensino médio. Tô meio triste com
isso. Biologia, história, eu sei que não tem no terceiro ano e eu fico pensando que,
poxa, pra um Enem, como que eu vou ter base pra passar, sabe?”. Já na outra
entrevista ocorreu a mesma frustração: “Eu acredito que isso prejudicou muito o ensino
médio porque querendo ou não tirou algumas matérias importantes. Eu por exemplo:
esse ano fiz o enem, aí teve muita matéria de filosofia só que a gente não teve aula de
filosofia esse ano no segundo ano, aí prejudicou bastante. Teve matéria que a gente não
teve e que caiu no ENEM e a gente não conseguiu fazer.”. Diante desses relatos fica
explícito o desconforto dos alunos e a preocupação que eles estão tendo quando
realizarem o ENEM e como tem afetado a escolaridade.
Para nós futuros professores fica em aberto o que nos espera, visto que é
necessário a revogação desse projeto e com a residência a gente já sentiu como tem sido
trabalhar diante desse cenário e a partir disso criar novas estratégias de atrair os
estudantes para as eletivas e até mesmo para a sociologia.

● Conclusão

Em contato com o novo ensino médio ficou explícito as lacunas que têm surgido
para a formação dos alunos e como eles têm sofrido com isso. Os discentes já estão
cientes da forma que afeta essa formação. Espero que esse projeto seja revogado e que o
ensino médio tenha uma repaginada para se tornar mais atrativo para os estudantes e dar
uma esperança para os professores e nós futuros profissionais da educação.
Por fim, toda a experiência da residência tem sido satisfatória e agregado
bastante para a formação enquanto futuro docente e pesquisador, desde o momento de
elaborar uma aula até o momento em fazer pesquisa na escola, desenvolver o olhar de
pesquisador e ter um olhar crítico. De modo geral a residência é uma experiência única
e bem diferente do estágio obrigatório da universidade, visto que somos inseridos e
incentivados para que possamos ter uma participação maior, ao contrário do estágio
obrigatório que em alguns colégio não ficamos tão livres assim.

(Foto dos residentes)

Referências
FERNANDES, R. B.; FERREIRA, F. M. ; BERTOLI, N. F. ; SILVA, P. R. R. . O
professor de sociologia e a Reforma do Ensino Médio: Relatos sobre a prática docente
em Campos dos Goytacazes/RJ.. In: IX ENALIC, 2023. Anais do IX ENALIC, 2023.
3.Autorização de uso pela CAPES

Eu,__Renan E Cardoso___(Nome do Residente), autorizo a utilização pela Capes do


presente relato de experiência, na qualidade de bolsista residente, sob responsabilidade
do(a) Docente(a) Orientador(a) _Raquel Brum Fernandes____ vinculado ao Programa
de Residência Pedagógica da _Universidade Federal Fluminense / Campos dos
Goytacazes_____ (Nome da IES). Meu relato escrito poderá ser incluído nos bancos de
dados e nas plataformas de gestão da Capes, podendo, eventualmente, ser reproduzido,
publicado ou exibido por meio dos canais de divulgação e informação sob
responsabilidade desse órgão.

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Residente
(Nome e Assinatura)

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