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Características do cursinho
Os alunos do cursinho
Aluna 1: (...) Eu fui mudar pra cidade quando minha mãe tinha engravidado
da minha irmã mais nova, porque ela não tinha condições mesmo de uma
mulher grávida ficar lá. Ai a gente foi morar com meus avós que ficavam na
cidade, mas era uma cidade que não chegava... não tinha nem 10 mil
habitantes, era Alta Floresta mesmo. E lá comecei a estudar, num colégio.
Comecei as estudar muito velhas e tinha quase 12 anos, e aí...
Entrevistador: Foi quando você começou a estudar?
Aluna 1: Foi quando eu comecei a estudar. Aí eu fiquei fazendo, ah, tinha o
prézinho naquela época ainda. Aí eu fiz em seis meses, aí eu fiz a primeira
série em seis meses também, e foi assim. Meu pai era caminhoneiro e ia
aonde tinha trabalho. E ficava sempre se mudando. Morei em Curitiba,
depois de... fiquei estudando lá em Alta Floresta, depois aos 13 anos morei
em Curitiba. Ai em Curitiba eu também fiz a quinta e a sexta série completa.
Aí eu parei de estudar de novo porque meu pai ficou se mudando, aí ele veio
pra cá.
Aluno 2: Eu acho uma boa construção de que possa dar uma outra vertente de
caminho além do que a gente pode ver como a universidade. Não somente
porque, assim, diferente dos cursinhos pagos, além da questão do
conhecimento pro vestibular, enfim... Eu acho que por ser um cursinho
popular, por ter essa construção de pessoas que saem de suas áreas muitas
vezes mais distantes e tal, eu acho que, e também há um espaço de...
Cursinho popular também é uma discussão, abrir discussões políticas
também, discussões sobre a própria sociedade, como... Por cada um já
também ter muitas vezes essa vivência. Então eu olho com esse outro aspecto
também, não somente a parte do vestibular, mas também algo bem mais
abrangente.
Aluna 2: Ah, acho que é mais uma oportunidade, porque, assim, falando por
mim, eu não teria condição de estar pagando um pré-vestibular, e também
não teria condição de sozinha, pelo o que eu passei nas minhas escolas, eu
também não teria condição de entrar, por exemplo, eu quero entrar aqui na
Unicamp. Eu acho que eu não teria base suficiente para entrar. Então, acho
que é uma... uma... uma porta bem, sabe, pra gente conseguir ter o acesso ao
estudo e se aprofundar pra conseguir alcançar o que a gente quer.
Compreendo, com isso, que o fato do professor do cursinho popular não ser
um cargo oficializado, ligado à burocracia e à administração de uma escola, colabora
para que haja uma aproximação entre eles e os alunos, permitindo uma maior troca de
experiência e, consequentemente, abrindo maiores oportunidades para que haja um
intercâmbio de conhecimentos.
O trabalho docente
Inicialmente a intervenção foi pensada para englobar duas aulas: uma sobre a
Revolução de 1930 e Estado Novo, e outra sobre o Golpe Civil-Militar de 1964 e a
Ditadura Militar. Contudo, tanto o calendário das aulas quanto o calendário dos
vestibulares não irão permitir que essa intervenção seja possível. Além disso, outro
professor já abordou o período devido ao pedido dos alunos – sem nenhum diálogo
prévio com o professor de história. Com isso, a intervenção será agora uma só: uma aula
mais geral sobre a Primeira República até a Revolução de 1930, visando principalmente
os vestibulares que estão por vir.