Você está na página 1de 4

Relatório Individual - Didática

Tema: Relação Escola/Família/Sociedade


Alan de Oliveira Miranda
NUSP 12605125

Indicação da Temática:
No presente relatório, trarei indagações resultantes de meu estágio na Escola
Estadual Padre Giuseppe Pisoni com relação ao tema escolhido para o trabalho
final da matéria de Didática I a saber; “Relação Escola Família e Sociedade”.

Contexto do Estágio:

Trata-se de uma escola periférica na cidade de Rio Grande da Serra que por sua
vez, é uma cidade periférica da região do “grande ABC”. Ao comparar com a
periferia na qual fui nascido e criado, na zona leste de São Paulo, existem
diferenças sensíveis nas relações estabelecidas entre os envolvidos no processo,
na comunidade escolar, de forma que pude constatar, de certa forma, uma reflexão
proposta no texto A Escola Conservadora de Bourdieu: diferentes locais, diferentes
classes trabalhadoras, diferentes escolas, diferentes demandas, diferentes objetivos
e perspectivas com relação às coisas escolares, diferentes sensos de comunidade.
Vale lembrar que os tempos também mudaram; então uma mera constatação do
espaço não é o suficiente para uma análise válida. O tempo pode também ter
inferido nas diferenças que percebi. Um exemplo que pude constatar é o estado de
conservação desta escola e da escola em que estudei no ensino médio há onze
anos atrás: o estado estrutural das duas escolas hoje são muito melhores do que a
da escola que estudei naquele período. (Com uma triste exceção para a quadra da
Giusepe Pisoni que em absurdo contraste com todo o restante da escola e desta
análise, encontra-se, sabe-se lá a razão, abandonada.)

Do diretor aos funcionários operacionais da escola, passando pelos alunos do fund.


II até os secundaristas, fui recebido com uma hospitalidade muito característica do
local; com curiosidade e até um certo afeto; ganhei presentes dos alunos e tive
muita abertura de diálogo com todos os participantes da comunidade escolar com
as quais foi possível conversar. Fiz inclusive dois estágios na mesma escola este
semestre, para Didática e Metodologia do Ensino de Filosofia.
Procedimento/Resultados:

Dos procedimentos, foram feitos leituras e debates em sala de aula que fomentaram
a forma de pensar as análises da estadia na instituição de ensino, além de
entrevistas com uma coordenadora e professor. Neste momento trarei, portanto, os
resultados mediante ao que foi obtido apenas nas entrevistas e abordagens formais.
O que tive para além disso fruto da abertura de diálogo e tudo mais, por não ter uma
abordagem padronizada como as dos demais colegas, irei descrever em
“considerações pessoais”, assim como as minhas considerações em relação ao
contato com o PPP. Vamos aos resultados das entrevistas então.

Percebi nas entrevistas, momentos de contraste e de alinhamento entre


coordenadora e professor com relação ao pensamento e constatações quando o
assunto passa pelos alunos e familiares envolvidos com o fazer escolar.

O professor deixa transparecer um certo sentimento de desamparo do


governo com relação a algumas necessidades e em relação a tempos atrás. Houve
algumas citações de programas que foram cortados que pagavam bolsas às mães
que prestassem serviços à escola e à presença de professores auxiliares na sala de
aula. Além disso, o professor percebe pouco conhecimento e participação efetiva
dos pais com relação à comunidade escolar, limitando apenas aos membros da
APM tais atributos. Há um alinhamento claro quando o assunto é institucional: o
regimento disciplinar, a resolução de conflitos, os eventos abertos à comunidade e,
em particular, a sexta série, compartilham do mesmo discurso e do mesmo modus
operandi.

Na entrevista com a coordenadora houve respostas com tons mais


eufemistas e otimistas, coerentes com o que talvez demande a posição exercida;
cito exemplo: ao invés de destacar a exclusividade da APM com relação ao saber e
fazer escolar, como fez o professor, ressalta o quão atuantes são os pais da APM.
Vai chamar de “dispersão”, um problema declaradamente institucional que é a sexta
série, não para coibir a informação, mas para transmitir a ideia de que a
coordenação está trabalhando, e de fato está. O “desalinhamento”, portanto, que
notei entre professor e coordenadora, estão relacionados a um natural divergir
oriundo das posições exercidas, divergir necessário; dos constatadores dos
problemas com os responsáveis por agir à frente, na resolução do problema. A
escola me pareceu, portanto, com cada membro da comunidade “intraescolar” à sua
maneira, uma fiel seguidora da cartilha sejam elas as cartilhas do governo, sejam
suas cartilhas internas, o que é assunto para o tópico seguinte.

Considerações Pessoais:

Como supracitado, há um certo “culto ao protocolo”, as posições são muito


devidamente demarcadas entre todos os membros da escola e me parece haver
espaço para os debates e compartilhamentos de pontos de vista entre todos; há boa
comunicação entre alunos, professores, funcionários e direção. Além disso os
professores que observei se utilizam, quase que integralmente em suas aulas, dos
materiais didáticos oferecidos pelo estado e os consideram satisfatórios.
Professores tem filhos matriculados na escola. Tudo acontece de maneira
protocolar, alinhada.

Há uma relação de admiração dos mais novos pelos mais velhos que se
passa entre os alunos do fund. II com relação aos secundaristas e dos
secundaristas com os adultos envolvidos que ocorre de maneira orgânica, natural. A
escola, portanto, é bem-sucedida ao preparar o aluno para o seu entorno, para a
vida, para o convívio em sua comunidade. Com relação, talvez, à comunidade,
posso relatar aqui uma impressão de que há uma baixa adesão ao ensino médio
nas escolas de Rio Grande da Serra; digo impressão por não me aprofundar
devidamente na indagação, mas por, ao procurar escolas para estagiar, contatar
escola que, por exemplo, tinha apenas uma turma de ensino médio. A escola em
que estagiei possui duas salas de primeiro ano e duas de segundo com média de 20
alunos em cada sala. Não cheguei a ver quantas salas compõem os terceiros anos,
pois para filosofia estão designados apenas os dois primeiros anos do ensino
médio; fato é que há quase o dobro de alunos n o último ano do fundamental com
relação a primeiro e segundo anos juntos. Em conclusão, a escola é bem-sucedida,
no que diz respeito ao seu intento de proceder protocolarmente e, em sua maioria, é
notória a boa relação que a instituição tem com seus alunos, sendo uma escola com
ampla possibilidade de receber projetos extracurriculares, de dar um passo a mais
em seu fazer. E há uma comunidade, um entorno qu e por suas razões, parece ter
parte de sua juventude ausente da etapa final do processo da educação básica.
Pode ser por conflito ou por demanda como propõem os textos recomendados pela
professora, mas a ferida a ser tocada neste sistema que analisei, mais do que a
temida sexta série da Giusepe, é a baixa adesão ao ensino médio da escola (e
possivelmente da cidade) e as possibilidades de buscar algo além dos objetivos
estabelecidos e dos protocolos seguidos, pois o notório sucesso no alcance destes
objetivos e no seguimento destes protocolos já foram atingidos e pedem pelo passo
seguinte.

Você também pode gostar