Você está na página 1de 21

Consumismo infantil: causas, consequências e

prevenção
SETEMBRO 03, 2013
ESPAÇO MEDIAÇÃO
OFF

Cada vez mais percebemos que as crianças estão sendo bombardeadas por mensagens que
estimulam o consumo. Televisão, internet, autdoores, revistas, panfletos, embalagens coloridas e
vitrines fascinantes. Esses são alguns dos veículos usados para assediar os pequeninos que mal
sabem o que querem.

A indústria do marketing descobriu que o mercado infantil e fatura muito, vendendo de alimentos a
brinquedos. Além disso, as crianças também influenciam nas compras de seus pais tais como carro,
casa e etc. Segundo pesquisas, bastam 30 segundos para uma marca influenciar uma criança.
Inclusive, até os cinco anos de idade, a criança não tem discernimento para saber o que é uma
propaganda. Para ela, o comercial e o programa na TV são a mesma coisa.

Percebe-se, também, que em muitos casos os pais que não conseguem dedicar tempo suficiente
aos filhos e se sentem culpados compensando, assim, a sua ausência com presentes e mimos aos
pequenos. Para completar, percebe-se que as crianças estão subvertendo os valores. Sob o
argumento do filho, de não querer ser ”diferente” dos colegas da escola, os pais cedem aos apelos
insistentes. Com isso não formam vínculos afetivos na vida sendo que lidar com a frustração faz
parte do desenvolvimento.

As consequências da invasão consumista em nossas casas e nas crianças são características tais
como apatia, passividade, individualismo, distanciamento nas relações familiares. As escolas se
dedicam a projetos de preservação da natureza e de práticas não consumistas, mas as criança não
sabem o que é a natureza em sua originalidade porque passam a maior parte do seu tempo na
frente da TV ou computador.

Para estimular o consumo consciente, deixe claro que possuir determinado produto implica avaliar
o quanto aquilo é necessário naquele momento. Ensine ao seu filho que para comprar qualquer
coisa ele terá de abrir mão de outras. Assim, a criança aprende a ter senso crítico e a priorizar. Além
disso, antes de os pais saírem para as lojas, devem fazer acordos com as crianças sobre o que
podem ou não comprar.

Dentro de casa é importante não ter aparelhos de TV ou computador no quarto das crianças e
limitar o número de horas na internet, jogos e telinha. É importante que a família tenha o hábito de
fazer atividades junto com os filhos que não envolvam a mídia tais como ler, jogar, cozinhar ou tocar
um instrumento musical. Para finalizar, é fundamental dialogar com as crianças sobre o real sentido
das celebrações e o objetivo comercial da publicidade no período de datas especiais.
Publicidade infantil gera
crianças consumistas?
Especialistas alertam que o descuido dos pais somado aos apelos da propaganda têm influenciado
crianças a só se satisfazerem com aquilo que é comprado
    0
23 de abril de 2015 - 15:47Jocelaine Santos
Crianças não podem comprar um automóvel ou assinar um contrato, mas ainda assim são
consideradas pelo mercado publicitário como consumidoras plenas. O problema é que, por não
terem ainda desenvolvido o senso crítico, elas pouco podem fazer para resistir às mensagens
publicitárias.

Por esse motivo, vários países já possuem legislações que limitam a propaganda infantil. No Brasil,
o Código de Defesa do Consumidor considera abusiva toda publicidade que “se aproveite da
deficiência de julgamento e experiência da criança”. E, no ano passado, uma resolução
do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) proibiu o
direcionamento à criança de mensagens publicitárias, incluindo anúncios impressos, comerciais
televisivos, spots de áudio, banners e sites, embalagens, promoções e ações em shows.

O texto também considerou abusiva qualquer publicidade e comunicação mercadológica no interior


de creches e escolas de educação infantil e fundamental, inclusive nos uniformes escolares e
materiais didáticos. Assim, os produtos destinados ao público infantil – brinquedos, jogos, roupas
etc – só poderiam usar publicidade adulta, direcionada aos pais e não aos pequenos.

As crianças estão caindo nas armadilhas da maturidade e usando


roupas, ouvindo músicas e adotando uma linguagem como se fossem
mais velhas do que de fato são.

Há controvérsia sobre o alcance da resolução. O mercado publicitário, por exemplo, considera o


documento do Conanda apenas uma recomendação, uma vez que apenas o Legislativo teria o poder
de legislar sobre a publicidade. Apesar da polêmica, o texto do conselho parte de uma premissa
inquestionável: as crianças são mais sensíveis aos apelos da publicidade que os adultos.

Vulneráveis

A criança acredita no que ouve e vê e por isso acaba achando que os produtos e os serviços
anunciados vão lhe proporcionar todos os benefícios e prazeres prometidos pela publicidade.
Pesquisas apontam que apenas após os 12 anos de idade as crianças começam a ter uma leitura
mais crítica da mensagem publicitária, conseguindo perceber o seu caráter persuasivo. Mas hoje a
inserção no mundo do consumo acontece cada vez mais cedo.

Em entrevista para o Projeto Criança e Consumo, publicada pelo Instituto Alana, o psicólogo e


educador francês Yves de La Taille, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São
Paulo (USP), explica que hoje as crianças consideram-se “papais-noéis” de si mesmas. Se no
passado os pequenos canalizavam as demandas de consumo para os presentes que ganhariam no
Natal e no aniversário, hoje elas mesmas “compram” o que querem, pelo menos quando os pais o
permitem.

Fantasia roubada

Certamente cabe aos pais frear os impulsos consumistas das crianças. Mas isso deve ser feito com
sensibilidade para preservar a inocência dos pequenos. A capacidade de fantasiar é um recurso
natural das crianças, necessário para desenvolver a criatividade e uma forma delas lidarem com o
mundo nos primeiros anos de vida. Por isso, simplesmente dizer que tudo o que aparece nas
mensagens publicitárias é mentira pode ter um efeito negativo.

Uma estratégia melhor é trabalhar valores que protejam a criança de uma visão consumista do


mundo. Valorizar brincadeiras que passem longe da necessidade de comprar alguma coisa, por
exemplo, pode mostrar à criança que momentos de felicidade em família são tão ou mais
gratificantes do comprar ou ter determinado objeto da moda.

A família também deve dar bom exemplo. Se o pai ou a mãe apresenta um comportamento
consumista, a tendência é que os filhos sigam pelo mesmo caminho. Ensinar às crianças o valor do
dinheiro e a usar bem e conservar os brinquedos e roupas é outra estratégia que ajuda os pequenos
a se afastarem do consumismo.

A importância da mesada

Outra atitude fundamental é aprender a dizer “não”. Desde cedo a criança precisa aprender que não
poderá ter tudo o que deseja, principalmente quando se tratar de coisas supérfluas. Por mais que os
pais tenham condições de oferecer aos filhos o que elas quiserem, ceder aos desejos da criança
prejudica em muito o desenvolvimento do seu caráter.

Propaganda tem estimulado o encurtamento da infância, diz especialista


Um recurso utilizado pelas campanhas publicitárias é o apelo ao status e à vaidade do consumidor.
Muito mais do que as características do produto em si e os benefícios que o eventual comprador
terá ao usá-lo, o que vale na mensagem publicitária é a associação direta da posse do produto – e
não o seu uso – com uma ideia de posição social ou felicidade.

A compra de determinado produto não mais apenas pautada por suas qualidades ou adequação à
necessidade do consumidor, mas sim porque o produto é associado a algo (um grupo, uma posição
social, um estado de ânimo etc.) que a pessoa é ou deseja ser. Não se trata mais de um consumo
pragmático, mas orientado pela vaidade de se mostrar que se tem determinado produto – e se
pertence ao mesmo grupo dos que o têm.

Foto: Bigstock

No caso das crianças, por exemplo, é natural que elas imitem


crianças mais velhas. Sabendo disso, é comum que a
publicidade apresente produtos que só seriam adequados a
adolescentes ou mesmo adultos.

Para a Susan Linn, autora do livro Crianças do Consumo – A


Infância Roubada, isso pode fazer com que as crianças
“pulem” etapas importantes do desenvolvimento. “As crianças
estão caindo nas armadilhas da maturidade e usando roupas,
ouvindo músicas e adotando uma linguagem como se fossem
mais velhas do que de fato são. Mas não existem evidências
que indiquem que o desenvolvimento emocional e social
dessas crianças caminha no mesmo ritmo.”

Numa das cenas do documentário Criança, a alma do negócio, um grupo de crianças não consegue
nomear imagens de animais como avestruz e capivara, mas não tem dificuldade alguma para
reconhecer as logomarcas de empresas de tecnologia e telefonia. Em uma visita a um
supermercado, os pequenos não são capazes de reconhecer uma beterraba, um mamão ou uma
batata-doce. Em contrapartida, reconhecem as marcas de salgadinhos apenas pelas embalagens.

Em outra parte do filme, as crianças são questionadas sobre quais são os seus desejos. As respostas
são reveladoras: “queria ter dinheiro”, “ser rainha do mundo”, “ter o mundo para mim”, “comprar
um monte de roupa”, preocupações que não deveriam fazer parte do repertório infantil.
CONSUMISMO INFANTIL: BRINQUEDOS, CRIANÇAS E A
RELAÇÃO QUE OS PERMEIAM

http://cromasolutions.com.br/blog/a-influencia-da-publicidade-no-consumo-infantil/

Com a chegada das festividades de final de ano, temos o hábito de presentearmos uns aos outros. As crianças observam e
assim também aprendem, de modo que não são incomuns as listas de presentes serem um transtorno para os pais, os quais
acabam tendo que driblar as exigências dos filhos.

É tempo propício para refletir sobre como o consumismo na infância tem permeado nossa cultura e dominado um cenário onde
o ter é mais importante do que o ser.  As crianças são vistas como potentes consumidores e sido alvo de propagandas
avassaladoras na apreensão do desejo. É construída a ideia de que criança feliz é aquela que tem muitos brinquedos; pais
bons são os que conseguem dar tudo o que os seus filhos querem, mesmo que à custa de esgotamento no trabalho e
sacrifícios na vida financeira da família.

Que lugar o consumismo ocupa no seio das famílias? Será que muitas vezes a compra de brinquedos serve como um "tapa
buracos" emocional? Suprir ausências? Ou única e precária forma que sabemos demonstrar afeto?

É possível constatar que grande parcela das crianças já tem brinquedos demais, cômodos abarrotados de objetos de
entretenimento que já não são usados há muito tempo. E ter brinquedos não significa brincar. A propósito, brinquedo em
excesso pode significar falta de espaço para brincar. Paradoxalmente, em meio a tantos entretenimentos, vemos também uma
geração de crianças prostradas, isoladas, viciadas em seus eletrônicos e desmotivadas para brincar livremente, beirando a
apatia e ao tédio.

Na contramão da tendência atual, o livre brincar é uma atividade bastante desejável para o bom desenvolvimento da criança.
Aparentemente simples e natural, não precisa de brinquedos estruturados, insubstituíveis e caros para sua execução. É livre
de regras, imposições e estímulos intencionalmente educativos. Qualquer objeto que lhe capture a capacidade imaginativa e a
espontaneidade é o suficiente para uma experiência extremamente enriquecedora e prazerosa.

Outro ponto importante é lembrar que brinquedo nunca é apenas um brinquedo, mas carrega em si uma série de construção
social e emocional, pois ensina à criança aquilo que a sociedade quer que seja aprendido – valores, regras e
condicionamentos. Temos como forte exemplo a aquisição de brinquedos que reforçam o próprio consumo, de pertencimento a
determinado grupo e que expressam as polêmicas relações sexistas.

No fundo, os pequenos querem e precisam bem mais de momentos de qualidade com a família e os colegas, onde eles
recebam atenção e amável interação do que de brinquedos. O melhor presente, em qualquer data do ano é sempre a presença
dos pais e demais figuras de amor e vínculo.

Trabalhar com a criança valores que a protejam de uma visão consumista e depredatória do mundo é uma importante missão
ligada à educação doméstica e escolar. No entanto, o consumismo infantil vai muito além destas esferas, sendo também um
problema de ordem ético-econômica, social e ambiental, do qual somos todos responsáveis e potentes agentes
transformadores.

Assim, nós adultos, mesmo imersos nesse contexto cultural desfavorável, temos a capacidade de reflexão e consciência crítica
para que com responsabilidade possamos ensinar as crianças a diferenciar NECESSIDADE de DESEJO, participar com elas
das feiras de troca, falar sobre as desigualdades sociais, as condições de trabalho das pessoas que fabricam esses brinquedos
e as limitações de renda da família. Esses podem e devem ser assuntos tratados com crianças, desde que obviamente
adequando-se à compreensão de cada idade.

É através do cotidiano que se faz a diferença, conversando a cada oportunidade sobre o acúmulo de objetos e o desapego. E
assim construir nelas a noção de que as pessoas são mais importantes do que as coisas e muni-las com um modo de vida
mais sustentável, maduro e menos vulnerável às amargas exigências do capital para serem felizes.
Psicóloga fala sobre consumismo infantil e
imposição de limites
Limite é fundamental no processo de educação dos filhos, diz especialista.
Pais devem envolver crianças em questões do orçamento familiar.
 Estabelecer  limites é fundamental no processo de educação dos filhos, segundo a psicóloga escolar Liliane Guimarães.
Para ela, por mais que os pais passem a maior parte do tempo fora de casa, não podem deixar as crianças expostas ao
consumismo como forma de compensação.
"É preciso sim impôr limites. Uma das consequências negativas é o fato da pessoa se tornar um adulto sem limites. E, neste
caso, a vida os impõe", disse.
Amigas inseparáveis e vaidosas assumidas, Maria Luiza Lima de 13 anos, Tainara Carvalho de 11, e Ligia Falcucci
também de 11 anos, visitam o salão de beleza pelo menos uma vez por semana. Maria Luiza segue as tendências da moda
e Tainara está sempre maquiada. Já Ligia gosta de mudar o visual dos cabelos.
Essa vaidade custa a cada uma, ou melhor, aos pais, R$ 200 por mês. “Tenho que controlar porque senão ela quer todo dia,
apesar disso, acho importante pra a formação de uma mulher vaidosa”, disse a cabeleireira Elisandra Falcucci, mãe de
Ligia.

Adolescentes gastam cerca de R$ 200 por semana


no salão (Foto: Reprodução/Tv Integração)

Uma realidade bem diferente do tempo em que ela era criança. “Quando eu tinha 12 anos minha mãe não me deixava fazer
nada, já minha filha, com oito, já pintava as unhas”, contou Elisandra.
A vaidade também é comum na hora de comprar o material escolar. Os estudantes querem de tudo e, muitas vezes,
satisfazer essa vontade sai caro porque nem sempre os pais podem pagar. Os fichários, quanto mais acessórios têm, mais
caros saem. Os que têm espelho, por exemplo, chegam a custar R$ 100.

As crianças consumidoras são pequenas apenas no tamanho e é preciso firmeza dos pais para negar quando o pedido não
cabe no orçamento. “Lá em casa sempre foi assim, a gente só compra o que pode mesmo. Não adianta chorar, compramos
o que realmente cabe no orçamento”, disse a vendedora autônoma Juliana Martins.
Para a psicóloga Liliane a atitude é correta: " Os pais devem ter diálogo, abrir o jogo e envolver as crianças na questão do
orçamento. Se não puderem comprar a criança precisa entender”, orientou.
CRIANÇAS, BRINQUEDOS,
DOAÇÕES E TROCAS: O QUE
ESTÁ ENVOLVIDO NISSO
TUDO?
01 de Dezembro de 2016 
 Categoria:
 
 Maternidade consciente e criação com apego
 
Ranking:

Essa é uma hora muito boa pra gente conversar sobre brinquedos, crianças e as relações que os permeiam.
Estamos entre outubro e dezembro, dois períodos de imensa pressão de compra e venda de brinquedos: o Dia
das Crianças e o Natal.  Em outubro, ao invés de nos ocuparmos com a discussão sobre como as crianças
brasileiras estão vivendo e que tipo de amor e cuidado estamos oferecendo a elas, o que temos é o incentivo ao
PEDIR E COMPRAR brinquedos, impulsionado especialmente via comerciais de televisão.  Sobre dezembro,
estamos cansados de saber que aquele papo de que é um mês de estímulo aos valores de solidariedade, amor e
paz mundial acaba sendo totalmente preterido pelo ANUNCIAR, PEDIR E COMPRAR. Sabemos de longa
data que o que as crianças crescem, anos a fio, desejando é a chegada do Papai Noel com seu saco cheio de
brinquedos. E vamos fazer o nosso mea culpa: a culpa disso é nossa, dos adultos, porque nós, adultos,
incentivamos isso - das mais diferentes formas. A gente sabe que ambas as datas se tornaram símbolos
supremos do consumo, mas a ideia deste texto é ajudar a refletir sobre todas as épocas do ano em que
utilizamos a compra de brinquedos para, em grande parte das vezes, tapar buracos emocionais ou
driblar um sentimento de impotência que temos. Não há julgamento aqui, há constatação de duas
coisas: 1) estamos bastante inábeis em ensinar nossas crianças a brincar livremente, e 2) não temos quase apoio
algum para refletir sobre isso. Como vamos refletir sobre isso se quem financia praticamente tudo é quem não
quer que a gente reflita sobre isso? Então vamos discutir alguns pontos.
Crianças não têm sido vistas como crianças, mas como consumidoras. Como ferramentas para atingir as mães,
os pais e os cuidadores - que são os pagantes. E isso não é apenas nas datas festivas, é desde sempre, todos os
dias. Então esse texto vem pra te ajudar a se fortalecer e RESISTIR (na mais ampla acepção do termo). Pode ser
que te cause algum desconforto inicial. Maravilha, é isso aí, sigamos em frente que onde houver desconforto
pode haver transformação. Vamos juntos.
1. DECLARE O FIM DAS "LISTAS DE NATAL"
Muitas crianças são mantidas em suspense e com seus desejos “pseudocontrolados” pelas tais listas de Natal -
aquele recurso utilizado para dizer que não vamos comprar agora mas “pode ser que lá no final do ano sim”
(primo-irmão do “na volta a gente compra”, sabe?). Primeira coisa é essa: paremos de usar esses subterfúgios.
“Mãe, pai, vó, vô, quero uma boneca que fala, aquele game novo, um skate, um notebook, um Ipad,
sei lá mais o quê”. Risquemos o “Vamos colocar na sua lista de Natal?”. Ao invés disso, vamos
conversar com as crianças sobre querer, acumular, ter versus ser? Vamos conversar com elas sobre acúmulo?
Sobre uso sustentável dos brinquedos? Sobre diferenças sociais? Sobre de onde vêm a matéria-prima que
origina aqueles brinquedos? Sobre as condições de trabalho das pessoas que fazem esses brinquedos? Dá pra
fazer isso com as crianças, sim. Dá pra conversar com elas, respeitando suas limitações naturais da idade,
obviamente. Dá pra fazê-las entender que cada brinquedo a mais comprado é tempo a mais trabalhando,
portanto longe delas. Que cada brinquedo a mais comprado é a negação de um que já está em casa. Vamos
conversar com as crianças sobre NECESSIDADES x DESEJOS? Sobre a diferença entre o que precisamos de
fato e o que apenas queremos, sem precisar? Minha filha me pediu 8 tipos de brinquedos diferentes com a
proximidade deste Natal. Eu disse não para todos. Mas não disse “Não, nem vem, para com isso”. Para cada
um, foi uma conversa. Para, então, mostrar que tudo aquilo não tem importância, porque se tivesse, ela não teria
mudado de ideia tantas vezes… E estamos, juntas, fazendo um exercício sobre o que, de fato, ela precisa e
aquilo que ela apenas “quer”, incluindo nessa discussão as impossibilidades financeiras da nossa família.
Porque, sim, isso também é assunto de criança. Vamos abolir da nossa cultura essa coisa de “lista de Natal”,
uma construção consumista da classe média que adentrou muitos outros espaços como ferramenta de controle -
e de estímulo ao consumo.
2. AS CRIANÇAS JÁ TÊM BRINQUEDOS DEMAIS

Sim, as crianças já têm brinquedos demais. Seus filhos não precisam de mais brinquedos. Nem os filhos dos
seus amigos. Nem as crianças em situação de maior vulnerabilidade - como as crianças abrigadas (grande parte
dos abrigos em funcionamento já está rejeitando a doação de brinquedos justamente por dispor de quantidade
suficiente e não dispor de espaço ou cuidados necessários para armazená-los). Eu sei que dizer que seus filhos
ou os filhos dos seus amigos não precisam de mais brinquedos soa incômodo - afinal, fomos muito bem
acostumados a sentir segurança com o consumir e a demonstrar nosso afeto e carinho por meio do consumir.
Mas, olha, vamos ter que encontrar uma outra forma de manifestar nosso apreço que não em forma de
brinquedo porque, como já dito, as crianças não precisam de mais brinquedos. E se alguém quer te convencer
de que precisam, é porque de alguma forma se vê prejudicado pelo contrário.
Faça um pequeno teste: olhe para os brinquedos de suas crianças e tente se lembrar de qual foi a última vez que
elas brincaram com cada um deles. Brincaram com todos? Ou alguns não são utilizados há meses? Viu como
elas têm brinquedos demais? Muitas vezes, deixar os brinquedos acumulando dá uma sensação de
“preenchimento”. Tanto é assim que a ausência de brinquedos nos torna culpados por “não darmos presentes
para nossos filhos”. Essa é a roda viva do consumo de coisas: ela quer nos manter presas e reféns também por
meio da culpa. Livre-se disso. Se há brinquedos não brincados há meses, há excesso de
brinquedo. Isso pode ser trabalhado com as crianças, inclusive para que possamos desestimular o apego às
coisas, a possessividade e, também, uma coisa que elas costumam compreender com relativa facilidade: onde
há brinquedo não usado, portanto brinquedo em excesso, há menos espaço para brincar. Viu só onde chegamos?
Reveja essa frase: onde há brinquedos demais, não há espaço para brincar . Viu a
contradição? O que nos leva para....
3. TER BRINQUEDOS NÃO SIGNIFICA BRINCAR
Um brinquedo não deixa de ser um objeto, algo sobre o qual recai uma série de construções sociais e
emocionais. Há uma vasta coleção de teorias sobre a representação dos brinquedos na sociedade e de como os
adultos os utilizam para manter as representações que lhes interessam manter. Walter Benjamim, por exemplo,
um estudioso do brinquedo e do brincar, diz inclusive que o brinquedo é a forma como os adultos se colocam
no mundo em relação à criança. Ou seja: os brinquedos também ensinam às crianças aquilo
que a sociedade quer que seja aprendido: regras, valores, condicionamentos . Sexismo
também passa por aí. Mas antes mesmo do sexismo, vem algo que é ensinado às crianças de maneira decisiva e
determinante por meio dos brinquedos: O CONSUMO. O desejar consumir. O querer ter, em contraposição
ao aprender a ser. Comprar brinquedos ensina a criança a comprar tudo o que a sociedade precisa que ela, como
adulto, compre, a fim de manter a roda do consumismo em pleno giro. É também por isso, mas não só, que há
tanta polêmica em torno da luta contra a publicidade dirigida à criança. Porque, afinal, como a sociedade vai
aceitar algo - a proibição do anúncio para as crianças - que vai contra os valores que ela quer incutir nas
crianças - os valores de consumo? Se queremos romper com a lógica que ensina as crianças que elas só
serão tendo, então é preciso romper com o ciclo do consumismo, que substitui afetos e presenças. E a doação
e/ou troca de brinquedos vem ajudar nesta tarefa.
E vejam que, se o brinquedo também representa tudo isso, há mais no entorno dele sobre CONSUMISMO que
sobre o BRINCAR. Conhecem aquela frase tão comum: “Ela gostou mais da caixa que do brinquedo? ”?
Aí é que está: o livre brincar não precisa de brinquedo . Bem simples assim. Deixe as crianças
soltas, sem qualquer objeto por perto, e ainda assim elas vão inventar um jeito muito criativo de brincar. Se eu
não gosto de brinquedo? Gente, adoro! Amo brinquedo. Acho fofo, bacana, uma delícia. A crítica é à forma
como estamos utilizando os brinquedos e a toda essa pressão consumista que associa infância à compra de
brinquedos - e cada vez mais plásticos, automáticos, descartáveis.
Paradoxalmente, estamos vendo uma geração de crianças prostradas, fixas em eletrônicos (e cuidadores
defendendo isso), sem motivação de brincar livremente e… cheias de brinquedos. Ou seja: ter brinquedos não
significa brincar e pode significar, também, o contrário. A lógica do consumo também se baseia na sensação do
“dever cumprido”. Sou cuidadora = preciso deixar a criança feliz = compro um brinquedo =  criança feliz =
dever cumprido. Acontece que essa felicidade baseada em objetos é volátil. Passada a novidade, passa a
felicidade. Estimular na criança o brincar livre - e brincar com ela, e se fazer presente tanto
quanto possível para brincar com ela - é uma forma muito mais consistente de ajudar aquela
criança a ser feliz. Se a criança se constrói e ao mundo no brincar, que bom será construir com quem se
ama, no lugar de com algo plástico ou eletrônico, apenas…
4. DOAR E TROCAR BRINQUEDOS: REDUZINDO O EXCESSO E
AUMENTANDO O LIVRE BRINCAR
 
Então está lá todo aquele amontoado de brinquedo dado por mãe, pai, avó, avô, madrinha, padrinho e tudo mais
- também porque desaprendemos a presentear com criatividade e se torna muito mais fácil comprar e dar aquilo
que se viu no comercial. Muita coisa entulhando o quarto da criança, tornando o que poderia ser leve em lotado,
o que poderia ser amplo em apertado, o que poderia ser espaço livre em espaço ocupado. Para muita gente,
separar brinquedos para doação e troca serve a um objetivo utilitarista: diminuir o aspecto entulhado. Desfazer-
se do que não se usa mais. A proposta é justamente transformar esse pensamento utilitarista em
reflexão sobre consumo abusivo e acúmulo de bens materiais.  Mostrar para a criança, todos os dias,
como tem coisas ali das quais ela nem se lembra. Ler com ela sobre como brinquedos são fabricados em todo o
mundo. Como eles são produzidos. E estão lá, em excesso, acumulados e parados. Vamos mostrar que ela não
precisa daquilo para ser feliz porque, afinal, ela tem amor, ela tem companhia, ela tem atenção (não tem?).
Mostrar que não queremos comprar o amor dela com ainda mais presentes e que podemos fazê-las felizes de
outras formas (ou não podemos?).
Não coincidentemente, são as pessoas que veem na doação e na troca uma finalidade utilitarista quem mais têm
problemas no processo, porque as crianças choram ou ficam irritadas quando se fala em doar. Isso é meio fácil
de entender, quando lembramos que a reflexão sobre as coisas não é construída naqueles 5 minutos em que
você contou que quer doar e, sim, ao longo de todo o processo de relacionamento com o brinquedo. Quando
ensinamos constantemente que as coisas são menos importantes que as pessoas, o processo de desapego
material vai aparecendo… E não espere que essa seja uma tarefa fácil, porque ajudar as crianças a serem livres
neste mundo que as quer acorrentadas não é tarefa fácil. Vamos levar a vida toda, desde que elas se
percebem como pessoas, ajudando a construir nelas essa noção de que pessoas são mais
importantes do que coisas.
Vá aos poucos. Construa a reflexão com elas. Mostre como estão sem espaço, como têm coisas com as quais
não brincam, organizem os brinquedos juntos, montem as sacolas de doação juntos, procurem juntos as pessoas
para quem querem doar, procurem juntos os eventos de trocas. Não excluam as crianças do processo, façam-nos
se sentirem importantes em suas opiniões. Os brinquedos das crianças acabam inseridos na vida e na construção
socioemocional da criança de maneira indelével. As crianças desenvolvem com seus brinquedos ligações que
vão muito além do material: elas aprendem com eles, constróem a maneira como veem o mundo com a ajuda
deles, se relacionam por meio deles. O significado que um adulto atribui a um brinquedo não é o mesmo da
criança. Isso é muito importante de se ter em mente quando se pretende estimular na criança um processo de
doação e troca de seus brinquedos, pois a forma como se conduz ajudará ou prejudicará a construção do que se
pretende. Se queremos estimular a reflexão sobre o consumo consciente, a solidariedade, a empatia, é um
contrasenso simplesmente separar, à revelia das crianças, os brinquedos que nós, como adultos, achamos que
não são mais utilizados por elas, sem que elas participem do processo.
5. E SE VOCÊ PARAR DE COMPRAR BRINQUEDOS E SÓ DOAR OU
TROCAR? O QUE SERÁ QUE VAI ACONTECER?
Para tentar vislumbrar essa utopia, conversei com alguém a quem admiro muito por seu trabalho e visão da
infância e do brincar: Mariana Sá. Mariana mora em Salvador/BA, é publicitária, mestre em Políticas Públicas,
co-fundadora do nosso querido MILC (Movimento Infância Livre de Consumismo), membro da Rebrinc (Rede
Brasileira Infância e Consumo) e uma das lideranças da Feira de Trocas de Brinquedos de Salvador. Hoje, já
são 8 edições já realizadas, sem dúvida um dos grandes exemplos brasileiros neste sentido.
Perguntei pra ela o que mais ela ouve das famílias que participam das Feiras de Trocas. Ela me disse que o que
mais ouve é a pergunta “QUANDO VAI TER OUTRO?”. Mariana vê no rosto e na vivência dessas famílias a
felicidade estampada por ter uma tarde ao ar livre, com brincadeiras criativas e atividades que estimulam o livre
brincar. Ela diz:
“As famílias ficam muito felizes de verem as crianças brincando como brincávamos na rua, sem
tanto brinquedo e sem tanta competição”.
 
Ou seja: parece que não são os brinquedos os catalisadores do brincar, não é mesmo? SÃO AS PESSOAS.
Sua liberdade. Mas será que todo mundo entra nesse espírito?
“Alguns adultos não conseguem entrar no espírito da feira e acabam influenciando as crianças a
pensar em questões monetárias no momento da troca, em quanto custou o brinquedo, o que é
péssimo. Mesmo depois de 8 edições, infelizmente ainda há essa ética de alguns adultos
influenciarem as trocas das crianças. Mas a gente sente que é um aprendizado. Cada um tem seu
momento, um dia essa ficha cairá para todos”.
 
Para tentar entender o que será que aconteceria se parássemos de comprar brinquedos e apenas trocássemos, ou
doássemos, ou brincássemos livremente, precisamos entender o que motiva as famílias a participarem das feiras
de trocas. Perguntei isso a ela. Vejam que lindo:
“O que mais estimula as famílias que participam é a mudança do foco, do que é um dia com as
crianças. A gente está numa grande cidade e acaba que todas as relações são permeadas pela
prestação de serviços. Os brincantes não são monitores, quem cuida da segurança e conforto das
crianças são as mães, os pais, os cuidadores. Há também uma forma de cuidado com o espaço
público, não há banheiro químico ou coleta de lixo após a feira, e a gente se compromete a
entregar a praça em estado melhor do que recebemos. Então todos os adultos e crianças são
orientados a levarem seu lixo de volta. Estamos saindo da lógica da ‘prestação de serviços’, que
já fez com que pessoas cobrassem da gente uma ‘melhor organização’ ou ‘melhor prestação de
serviços’.  E hoje elas já entendem que a gente não tá ali pra isso, a gente tá ali pra promover um
tempo-espaço de brincar livre, de reflexão sobre o consumismo, de reflexão sobre o que são
brinquedos, não para prestar serviço. Então o impacto com relação à vida é também ajudar a
repensar essa relação e essa lógica da prestação de serviço e do cuidado com o outro”.
 

Ou seja: sem relações pautadas pelo consumismo, ainda que seja por um breve momento de uma tarde,
podemos nos tornar mais atuantes no ambiente, reformular o modo como nos relacionamos com as pessoas,
com o tempo-espaço e adotar uma postura de coletivo, exercendo nossa co-responsabilidade.
Mariana (e mais uma infinidade de pessoas que estuda a infância) também pensa como eu: não precisamos de
mais brinquedos, as crianças já têm brinquedos demais.
“Na feira de trocas, fica muito claro a quantidade de brinquedos que a classe média tem. E também fica claro
que é uma quantidade de brinquedos com os quais as crianças não se importam. Porque elas trocam e
destrocam, trocam e destrocam, e pro adulto, que acaba dando um valor exacerbado às coisas materiais, fica
muito patente o quanto as crianças são livres realmente. Elas dão valor ao brincar. Um brinquedo novo,
mesmo sendo mais barato ou mais simples, ou caseiro, acabam tendo uma importância e um valor muito
maior. O efeito é esse: a redução da compra de objetos de brincar associada ao aumento da qualidade do
brincar”.
 
Mariana compartilha de uma dificuldade que grande parte das pessoas que estão se questionando sobre os
excessos de brinquedos também compartilham: vai ficando um pouco sem sentido comprar brinquedos para as
crianças quando sabemos que elas não precisam de mais…
“Desde que eu comecei a organizar a feira, tenho uma dificuldade incrível de comprar brinquedos pros meus
filhos e pras outras crianças. Livro também entra nisso. Ah, mas você pode dizer “Livro nunca é demais”, mas
é. Chega um momento na vida da criança que é livro demais. As crianças que já participam sempre chegam
com pouco brinquedo. As crianças novas é que chegam com muito brinquedo. As que já estão habituadas a
participar chegam com poucos brinquedos porque pra elas o que importa é o brincar. Não o sair com um
brinquedo novo. Isso nos leva a pensar sobre como a recorrência desse tipo de evento realmente poderia
causar um impacto no modo das crianças se relacionarem com os brinquedos”.
 

O que fazer, então? Não dá pra gente esgotar todas as possibilidades, porque afinal somos todos muito criativos
e é maravilhoso estimular nossa própria criatividade em função dos contextos em que vivemos - e nossa criança
brincante está sempre viva dentro de nós. Mas por que não tentar construir uma cultura diferente dentro da
nossa própria família? Que tal perguntar para as crianças o que, para além de brinquedos, elas gostariam de
fazer? O que faltou para elas durante o ano que podem fazer agora, juntos, como presente? Um passeio para
aquele lugar que ela estava louca para visitar? Um plantio de mudas, de sementes, um jardinzinho em casa? Já
viu os olhinhos delas plantando e cuidando de um vasinho seu? Um “vale tarde de brincadeiras”, que elas
podem usar quando quiserem? Uma música composta, tocada e gravada juntas, em vídeo? Uma seleção de fotos
da vida dela, transformada em quadro, ou em imagem, ou em vídeo, que se faça simplezinho no computador?
Um “vale passeio coletivo” com os amigos? Um dia de troca de almoço por piquenique? O que será que as
crianças que vivem com a gente quiseram muito fazer e não puderam durante todo o ano - porque estávamos
ocupados demais trabalhando para ter dinheiro para comprar coisas?]
Crianças não precisam de mais brinquedos para serem felizes. Elas precisam é de mais amor. Vamos tentar
fazer algo diferente? O que mais, além de dar brinquedos, você pode fazer com as crianças que ama? Eu estou
fazendo algo neste sentido por aqui… E você? Que tal planejar um Natal sem brinquedos mas cheio de brincar?
Quem sabe você não consegue e depois conta pra gente?
***********************************************************************
Como driblar o consumismo infantil excessivo
no Natal?
Mariana Della BarbaDa BBC Brasil em São Paulo

 22 dezembro 2015
 

  comentários
 Compartilhe este post com Facebook

 Compartilhe este post com Messenger

 Compartilhe este post com Twitter

 Compartilhe este post com Email

 Compartilhar

Direito de
imagem

Nas ruas, na TV, na internet, no shopping e até em eventos patrocinados em parques. O "bombardeio" de propagandas
direcionadas a crianças que já ocorre ao longo do ano fica ainda mais intenso na época do Natal.

Mas como driblar o consumismo infantil excessivo diante de tantas "tentações"?


A BBC Brasil pediu dicas para pais e mães, especialista em direitos da infância e também para nossos leitores no Facebook.
São presentes alternativos e ideias úteis para aproveitar o Natal com as crianças, eliminando (ou ao menos minimizando) o
estresse de negociar pedidos insistentes por brinquedos da moda.
Leia também: Para empresário e petroleiro, virar papai noel de primeira viagem é saída contra desemprego

Veja algumas delas:


nullTalvez também te interesse

 Imagem viraliza ao mostrar dutos de leite materno no seio humano


 Por que tantos homens incompetentes se tornam líderes, segundo este psicólogo
 Overdose: os perigos do consumo excessivo de cafeína

 Herdeiros de milhões e boa educação: o surpreendente perfil dos autores do massacre no Sri Lanka
null.
Desligar a TV e fugir do shopping

Direito de
imagemTHINKSTOCK

"Esse bombardeio de publicidade ao público infantil tem consequências graves. Ele incentiva o consumismo e o materialismo
entre as crianças, que, assim como os adultos, podem passar a acreditar que ao terem aquele produto, serão mais felizes, terão
mais amigos, vão se divertir mais. Isso gera, por exemplo, problemas de autoestima", afirma Isabella Henriques, uma das
diretoras da ONG Instituto Alana e coordenadora do Projeto Criança e Consumo.

Para fugir desse cenário, ela sugere evitar ao máximo locais e atividades em que as crianças são mais expostas à publicidade.
"A primeira dica é desligar a TV sempre que possível, já que na maioria dos canais há um grande volume de propagandas."

Isabella também sugere fazer atividades de lazer que não estejam atreladas ao consumo de produtos.

A dica da coordenadora é trocar a televisão por jogar um jogo ou fazer um bolo e um sábado no shopping por um passeio ao ar
livre. "O maior presente para as crianças é sempre a presença dos pais ou responsáveis. É isso que elas gostam, é disso que elas
precisam. "
Dizer 'não'

Direito de
imagemTHINKSTOCK

"É claro que nem sempre é simples dizer 'não' a uma criança. Mas os pais precisam ter em mente que dizer 'não' faz parte do
processo de educação. É algo importante para a formação delas", afirma Isabella.

Na opinião dela, o apelo do consumismo infantil excessivo gera um estresse familiar, que acaba se intensificando em épocas
como o Natal. E a tensão criada pode ser ainda maior em famílias com menor poder de compra. "Isso pode deixar frustradas as
famílias que não têm condições de comprar o que a criança quer."

Para fugir dos apelos, vale fazer os famosos combinados com as crianças antes de ir a shoppings, mercados e afins. Um acordo
de que a ida ao shopping é apenas para comprar o presente do primo ou deixar claro que será permitido comprar apenas um
produto no mercado pode tornar mais fácil a tarefa de se dizer não – e evitar desgastes e escândalos no corredor de brinquedos.
Curtiu? Siga a BBC Brasil no Facebook e no Twitter.

Trocar brinquedos por viagens e passeios

Direito de
imagemTHINKSTOCK
A leitora Camila Xavier postou, na página da BBC Brasil no Facebook, um comentário contando como faz para evitar que seus
filhos sejam muito exposto à publicidade – e sugere usar o dinheiro que seria usado para comprar brinquedos para fazer viagens
em famílias.

"Meus filhos não veem propaganda na TV e vão o mínimo possível a centros comerciais. Quando chegam as datas festivas, o
máximo que eles conseguem pedir é algum brinquedo que viram com um amigos. Depois do Natal, vem o aniversário deles.
Disse que vamos usar o dinheiro para viajar. Eles adoraram", conta.

O escritor e ilustrador Fabio Yabu também combinou de trocar o presente da filha por um passeio. "Ela nem liga tanto para os
brinquedos que já tem. Fomos em um parque de aventura aqui em Fortaleza, com arvorismo, pedalinho, tirolesa e ela ficou
superfeliz, nem pensou em presente", conta.

"Acho que esse negócio de presente/consumismo é uma pilha que a gente mesmo põe nas crianças, não? De ficar perguntando o
que elas querem, o que elas vão pedir pro Papai Noel, no aniversário, no Dia das Crianças..."

No Facebook, Gil Moraes opinou: "Acredito que um passeio em família para conhecer um lugar diferente seja um presente
mais que adequado, visto que memórias duram muito mais tempo que brinquedos."
Leia também: O que há de real por trás do mito dos Illuminati?

Deixar o dia mais verde

Direito de
imagemTHINKSTOCK

Entrar em contato com a natureza nunca é demais para uma criança, seja com passeios em parques ou trazendo um pouco de
verde para casa. Dois leitores deram dicas nessa linha.

Josi De Paula, que vive na Alemanha, contou que seu filho de 3 anos adora passear em bosques e procurar pequenos tesouros
como pinhas, pedras e conchas de caramujos vazias.

"Tudo vai para uma cesta e fica em sua estante de materiais naturais. Com esses elementos e blocos de madeira, ele faz
construções de acordo com sua imaginação."

Dois leitores também deram dicas sobre presentear as crianças com vasos de plantas. "Uma plantinha para ser cuidada", sugeriu
Joaquim Quintino, acrescentando que ela cria responsabilidade nas crianças e dá resultado a longo prazo.

"Eu daria sementes e vasinhos para eles plantarem, incentivando desde pequenos a importância de preservar e cuidar da
natureza", diz Anna Karolina.
Fazer o próprio presente

Direito de imagemTHINKSTOCK

"Fizemos na minha família um amigo secreto que foi incrível. Cada um tinha de fazer o presente. Foi lindo porque as pessoas se
dedicaram a fazer algo bacana para presentear. Eu adorei o meu presente: meu pai pintou um buda lindo para mim. É um dos
mais especiais da minha coleção", conta Gabriela Costa. "Para o presente que meu filho deu para o priminho, pegamos uma
sacola de pano tipo ecobag e estampamos com 'carimbos' da mãozinha dele."

No Facebook da BBC, a leitora Helga Reinhardt sugere fazer bolinhas de sabão com um arame e um pouco de detergente e dá
uma outra dica:
"Se você tem alguma capacidade artesanal pode fazer algo como uma casinha tipo tenda", conta Helga, indicando um blog com
dicas de como construir cabaninhas.

Assinatura de revistas

Direito de
imagemTHINKSOTCK

Dar uma assinatura de revistas para as crianças pode ser um presente diferente – e divertido.
"Um dos presentes de que minha filha, Marina, de 10 anos, mais gostou no ano passado foi a assinatura de uma revista que traz
histórias curtas selecionadas pelos editores e escritas e ilustradas por pré-adolescentes", conta e Silvia Salek, diretora de redação
da BBC Brasil, que mora com a família em Londres.
No Brasil, uma revista semelhante é a Yoyo.

Veja outras dicas de leitores da BBC Brasil.

Show, teatro ou cinema

"Um ingresso de teatro é bem legal. Amo levar meu filho", conta Mayara Covo Piton.

Cozinhar em família

"Passar o dia cozinhando com os filhos e conversando é muito melhor do que eles passarem o dia inteiro incomodando pra
ganhar um presente que 'um cara' (Papai Noel) deu pra eles", diz Michel Lempek Rosa.

Fotos e memórias

"Eu recomendo como presente um ensaio fotográfico natalino, sendo que será uma lembrança bonita para o resto da vida, não
somente para a criança, mas também para toda a família", sugere Mateus André.

Material escolar

"Acho que seria bacana presentear a criança com seu próprio material didático da escola. Levá-la para escolher seus próprios
lápis de cor, estojo, e demais materiais, a incentivando a ter gosto pela aprendizagem, e estimulá-la a ter apreço pelas coisas –
algo pouco incentivado nos dias de hoje", conta Sara Oliveira.

Pequenos pintores

"Vi esses dias uma daquelas telas de pintor no tripé e gostei! É uma forma de entrar em contato com a arte e estimular a
criatividade", postou Eliane Rocha Pereira.

Você também pode gostar