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Ao perguntar ao meu marido como estavam as coisas, ela percebeu (Deus sabe
o que ele disse) que a mãe de primeira viagem estava, no mínimo, em apuros.
Logo se ofereceu para uma visita. E lá estava ela na minha sala, falando de suas
experiências, compartilhando o que havia aprendido e me encorajando a passar por
aquela fase. Essa é a pessoa que você vai encontrar nas páginas a seguir.
Talvez, você leia coisas que já ouviu em algum programa de TV, em uma reunião de
responsáveis, em livros ou em um blog. Talvez, acabe se deparando com algo de
que não tinha conhecimento. Quanto a mim, o que realmente enxerguei foi aquela
mesma mulher sentada no meu sofá, alguém que realmente se importou com
minhas dificuldades.
A Aldenira é uma mulher que não se acomoda com o que não sabe ou conhece. E
logo que aprende não quer esperar nem um minuto sequer para compartilhar com
os que estão à sua volta. Ela transforma as conversas que tem consigo mesma em
palavras para quem se viu sem direção. Experimente dizer a ela que não consegue
e se prepare os áudios, mensagens, telefonemas, cafés... Está constantemente
preocupada em empurrar as pessoas para frente. Por isso, sempre digo a ela que
tem o dom do encorajamento.
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Não sei o que motivou você a ler este material. Não posso afirmar que vai encontrar
o que procura. Nem que vai concordar com o que está escrito. O que sei é que tudo
isso é resultado da busca de uma mãe, de uma professora, de uma aluna que achou
para si respostas e, se você deixar, vai se achegar, como quem senta no seu sofá, e
começar a compartilhar cada achado.
Minha amiga.
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O que você vai encontrar aqui?
Por Jacqueline Sobral
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Uma das principais formas de lidar com o tema é proibir os mais novos de usar, ou
restringir com frequência o uso. Essa é a principal estratégia de mediação utilizada
pelos pais. O problema é que estudos mostram que, quando estão na internet,
mesmo que por pouco tempo, crianças e adolescentes estão sozinhas. Embora
diferentes entidades e associações médicas façam sugestões do tempo ideal de
navegação, como pesquisadora, me preocupo mais com o uso sem supervisão
adulta. Os pais não estão conversando com seus filhos sobre esse “mundão” virtual,
muitas vezes porque não sabem como fazê-lo.
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Em pensamento, você admite e depois me conta. Quem nunca
sentiu vontade de proibir que os filhos utilizem redes sociais? Eu
sei, é uma medida extrema, mas também segura não é mesmo?
Mas ser tão radical não é o caminho. Ou é? Vamos conversar
sobre tudo isso, mas antes de tudo, preciso me apresentar...
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Meu nome é Aldenira Mota. Sou
professora há 33 anos, mãe da Ana
Vitória e Valentina. Uma adolescente e
outra pré-adolescente. Tenho mestrado
em Educação pela Unirio (Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro)
e, atualmente, faço doutorado em
Educação, na Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro.
Como mãe e educadora, um tema que sempre foi foco das minhas observações,
inquietações e estudos é o uso da mídia pelas crianças, estudantes, assim como as
possibilidades e desafios proporcionados.
Vejo que esse é um assunto colocado para debaixo do tapete. Rejeitam ou usam
a mídia só como entretenimento ou o bicho papão, o grande vilão na criação de
crianças e adolescentes.
Percebo também que é um grande desafio na hora de educar os filhos em casa ou
na escola. Então, a fim de contribuir com todos vocês, pais e educadores, decidi
fazer esse e-book para compartilhar meus conhecimentos e aprendizados sobre a
temática.
Não vou negar, tenho uma relação de muita proximidade com a tecnologia
nos tempos atuais, mas a aplicação para crianças e jovens sempre foi muito
desafiadora. Não à toa busquei refúgio nos estudos. É o que vou compartilhar nas
páginas a seguir.
Meu objetivo com esse conteúdo é fazer com que os pais possam ir além do
padronizado papel exigido pelo processo educativo e entendam que para proteger
os filhos dos perigos digitais é necessário abrir mão de qualquer absolutismo e
abraçar a relativização, ou seja, o diálogo, a instrução e as potencialidades do
ambiente digital.
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Proibir ou instruir? Seus filhos Entendendo cada
não vão e não querem Rede social
sair das redes sociais
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Proibir ou
instruir?
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Agir com proibição é o medo do desconhecido. É o famoso “não saber lidar”, sentir
uma ameaça.
Nas escolas estaduais do Rio de Janeiro, existe uma lei que proíbe o uso do celular
nas salas de aula e, contraditoriamente, é o único país da América Latina que
tem uma empresa pública com a finalidade de produzir recursos multimeios para
os professores e alunos. E aí eu pergunto: Resolve? Eles param de usar ou usam
escondidos. A propósito, o smartphone não pode ser um recurso complementar
para tudo o que vão produzir de tecnologia?
Em minha própria casa, eu já proibi o uso de algumas redes sociais, até que, um
belo dia, descobri que a minha filha estava usando sem a nossa autorização.
Então, diante dessas questões, comecei a pensar e estudar sobre o tema. Passei
a observar muito mais e entendi que as diferentes mídias fazem parte da vida de
todos e que as crianças e adolescentes têm uma relação diferente da minha com o
ambiente virtual.
Comecei a entender que eu precisava conhecer mais, aprender com eles, saber
usar um pouco e que o diálogo precisava ser aberto nesse sentido. Algumas regras
precisam existir, mas, é necessário dizer os motivos que dão uma lógica para a
existência delas. Sendo assim, eu entendo que as redes interferem no modo de
viver, sentir e agir. Não dá para proibir por proibir. Isso pode deixar seu filho exposto
a muita coisa e que você nem se dá conta porque desconhece as possibilidades e
os problemas.
Não falar e deixar de informar é abrir portas para o distanciamento e deixar ele se
sentir em conexão com pessoas desconhecidas nas redes sociais. E o pior é que
ele pode enxergar esses estranhos como seus melhores amigos. Por isso, primeira
dica: tenha um diálogo aberto.
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O segundo passo é informar, dar orientações básicas como: cuidado ao conversar
com desconhecidos (especialmente em conversas privadas, que a depender da
idade devem ser evitadas); não deixe sua conta aberta onde todo mundo pode ver
seus conteúdos e dados pessoais; cuidado com a exposição; cuide do que fala;
respeite o outro; nunca dê a sua senha para ninguém e saia da sua conta antes
de deixar um computador (sim, o logoff, aquilo que a gente nunca faz em nossos
smartphones).
Outra conversa para se ter abertamente é sobre postar fotos mostrando partes
do corpo, brincadeiras que geralmente são oriundas dos pedidos de desafios que
expõem a intimidade. Para esse tipo de coisa, é necessário ter muita conversa com
os filhos a respeito do que é ou não é apropriado para a idade.
Além disso, é muito importante você saber como está o emocional do seu filho.
Será que ele precisa fazer tudo que o outro pede para se sentir querido? Como está
a relação de vocês?
E aqui vai uma diretriz muito importante em relação aos adolescentes. O diálogo
aberto é fundamental e falar a verdade também. Não é para gerar medo, mas para
deixá-los informados. A escola da minha filha, uma vez, organizou uma palestra
ministrada por uma juíza. Aqui, vocês já podem imaginar, não é mesmo? Casos
chocantes.
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Em um deles, o pedófilo se passou por uma cantora famosa e propôs uma série de
desafios para as crianças. A continuidade eu prefiro não descrever, mas acredito
que já seja possível imaginar o que aconteceu.
Para a nossa filha entender, nós chegamos em casa, falamos da reunião, elogiamos
a postura da escola e contamos o nosso impacto ao ouvir um relato como esse.
Nesse dia, aproveitamos para reforçar, fizemos ela entender e ficar mais cuidadosa.
Os criminosos querem se aproximar como amigos, ganhar a confiança para depois
praticar a maldade.
É uma temática que demanda muita orientação também. As pessoas podem errar?
Perfeitamente, o erro é o caminho até o aprendizado. Jamais vai existir um “avião”
que nos leve diretamente para esse destino.
Uma opinião equivocada abre margem para o bullying, violência, entre outras
agressões traumáticas.
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Mas, por que essa necessidade de “aparecer” é tão frequente nas crianças e
adolescentes? O amor é comunicado em atos, palavras e gestos. Nós queremos ser
importantes de alguma forma. Se os filhos têm tudo isso em casa, não vão procurar
em outros ambientes e logo você saberá o que está se passando.
Tenha conexão com seus filhos, busque mostrar o quanto ele é importante. Olhar
as redes sociais dele não é vigiar, é cuidado. Elogie as atitudes boas no ambiente
digital e converse sobre as ruins, coloque limites, peça para seu filho se colocar no
lugar do outro sempre. Agora, cuidado com a sua atitude também!
Ter a senha é importante? Talvez, vai depender da idade do seu filho. Se for o caso,
converse e tenha isso combinado. Se não for, faça um monitoramento no feed, linha
do tempo e stories de cada rede. Uma pesquisa realizada pela Campanha Digital
Diaries aponta que 44% dos pais de crianças de 14 a 17 anos estão alimentando
esse hábito e vigiando as redes sociais dos filhos.
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Seus filhos
não vão e não
querem sair das
redes sociais
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Você conhece o TikTok? Se ainda não, provavelmente já ouviu falar. A rede social
se tornou um fenômeno entre jovens e adolescentes em plena pandemia do
coronavírus no Brasil. É por meio dela que eu vou explicar alguns pontos.
Pode bater aquele medo de ser o “tiozão” das redes sociais, mas, no ambiente
virtual, o que realmente importa é a personalidade, apesar do culto à aparência e
discurso efusivo. Uma breve passagem pela página de pessoas públicas como o
jornalista Evaristo Costa, a atriz Vera Holtz e até mesmo o Padre Fábio de Melo
mostram como o bom humor e o comportamento “pouco convencional” dos três se
somam a um carisma único e refletem o sucesso de todos eles.
Fiz algumas observações assertivas no primeiro capítulo, mas saiba que tudo aquilo
vai soar como a grande “chatice paternal”. Aquele papo com grandes chances
de entrar por um ouvido e sair pelo outro. Portanto, os pais precisam bancar os
modernos sim, participar de tudo e principalmente entender como a rede funciona.
Não precisa usar na mesma frequência que eles, basta estar presente.
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Preservar os filhos também é de extrema importância, por isso, prive a conta deles.
Pode ser difícil, lembra que eu mencionei que os jovens gostam da atenção? Da
exposição? Pois é, mas nada que um diálogo não resolva. A privacidade também
pode ser importante para eles, especialmente a manutenção única da própria rede
de amigos.
Participar de uma rede social com os filhos é abrir um canal de relacionamento com
eles, ou mais um, supondo que vocês possuam qualquer outro. Mas é importante
também ter um combinado. Redes sociais liberadas, contanto que eles consigam
dividir o tempo gasto nelas com alguma outra atividade. Vício não é bacana, não é
mesmo?
E outra, é óbvio que o seu filho não quer vê-lo o tempo todo no TikTok ou em
qualquer outra mídia social, mas, quando for solicitado, participe.
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A concepção da infância romantizada e da inocência, de que a criança está sendo
preparada para ser, ganhou outras possibilidades. Dos millenials em diante, elas
já são, ainda mais quando estão presentes no mundo digital sendo, fazendo e
acontecendo.
Agora, quais cuidados precisamos ter? Nesse sentido, vejo que o medo dessas
novas concepções toma conta ou o desejo de ter um filho famoso. Aí a curvatura
fica muito ampla, por isso, alguns pais expõem ao máximo seus filhos. Outros
sentem medo e proíbem pensando que assim vão resolver a questão.
Na verdade, os pais precisam instruir, aprender, saber usar, trocar com os filhos e
incentivá-los a usar as possibilidades das redes sociais e da internet para o seu
desenvolvimento.
Aqui entra um outro conflito que é: o que é bom para meus filhos?
Posso dizer que é o equilíbrio, algo desafiador para encontrar. Cada família é única
e cada filho também. Hoje temos crianças que são empreendedores no mundo
digital. Eles alcançam fama, dinheiro e são influenciadores. Isso assusta muitos
pais porque os pequenos idolatram esses famosos e querem ser iguais.
Ver: TOMAZ, Renata. O que vai ser antes de crescer?: youtubers, infância e
celebridade. SALVADOR: EDUFBA, 2019
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A saúde mental dos seus filhos é mais importante do que qualquer conquista nesse
momento, especialmente em uma fase tão importante. Lembre-se: os filhos não
nasceram para realizar os seus sonhos. São indivíduos que terão suas próprias
vidas, concepções, culturas e um mundo completamente diferente do seu.
Outra questão importante é refletir se você gosta ou concorda com o conteúdo que
eles acompanham e assistem na internet. Um tema bem complexo, a propósito.
Se não for nada inapropriado ou indevido, tudo certo. Agora, se você não curte por
outros motivos...é importante ponderar.
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Entendendo
cada rede social
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Eu destaco que os pais precisam conhecer e entender cada uma, mas não é missão
fácil. Não posso deixar de reconhecer isso. Alguns adultos adoram e se inserem
nas redes sociais com a maior facilidade do mundo. Outros encaram o ambiente
digital como um sistema de alta complexidade, desvendado apenas por mentes
selecionadas. Não é verdade!
Vamos conhecer um pouco de cada uma? Eu prometo, não farei isso do modo
convencional e com informações básicas que você certamente vai encontrar em
uma pesquisa pelo Wikipedia.
Facebook: Vamos pensar que o Facebook chegou como uma tímida piscina e
rapidamente se tornou um mar abrangente, com total influência sobre os barcos
mais badalados da costa. É uma rede que permite conversas privadas, conexões,
acompanhamento de atualizações públicas (aquela que todo mundo adora
publicar um desabafo ou uma indireta), grupos temáticos, páginas empresariais
e até mesmo um e-commerce. Com o passar do tempo, foram várias tentativas
de oferecer uma plataforma onde o usuário não precisaria sair dela para nada,
pois teria tudo nela: compras, amigos, interação, fotos, vídeos, empresas... mas a
concorrência é inevitável. Por isso, com todo o seu poder econômico, o Facebook
comprou seus concorrentes. É por isso que eu identifico como o abrangente mar,
que conquistou os navios mais badalados da costa.
Instagram: Como explicar a rede social mais utilizada do momento? Quem diria que
um simples aplicativo para compartilhar fotos se tornaria um gigante negócio, não
é mesmo? No mar do Facebook, o Instagram (comprado pela empresa em 2012) é
o cruzeiro que todos querem fazer, com as festas para que todo mundo gostaria de
ser convidado. A rede social foi além do compartilhamento de imagens, adotou os
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famosos “stories”, vídeos de 15 segundos, gravações ao vivo, além das publicações
patrocinadas. Uma verdadeira máquina para construção da própria influência
pessoal.
Twitter: Pedir para o seu filho não falar com estranhos na internet não tem o
menor sentido, muito por causa do Twitter. É uma plataforma que não faz parte
do mar do Facebook, pelo contrário. Metaforicamente, a rede pode ser vista como
aquela linda lagoa que ilustra uma cidade, sobrevive ao tempo, e as pessoas nunca
deixam de visitar pela tradição. A mídia sabe se adaptar às transformações do
digital e tem muita importância graças aos “trending topics”, ou melhor, assuntos
mais comentados do momento. Os usuários a utilizam como um mini blog e
comentam sobre determinados temas. Os mais repercutidos entram na lista de
tópicos divulgadas pelo site, mas os internautas também podem entrar diretamente
em cada tópico e tecer comentários para interagir com todos os outros e ganhar
seguidores.
TikTok: É bem provável que você já tenha visto algum vídeo feito nesse aplicativo,
ou provavelmente ouviu seu filho assistir algum. É um ótimo estímulo para a
criatividade de qualquer criança ou adolescente. Eles podem selecionar clipes
musicais, trechos de novelas, filmes, vídeos de muita repercussão na internet e
fazer dublagens/paródias. Obviamente, a rede social oferece diversos modelos
para os usuários também criarem suas próprias publicações. Longe da costa do
Facebook, é a que todos querem participar ou conhecer, mas ninguém sabe se o
sucesso será longevo.
Nós poderíamos também falar sobre diversas outras, mas essas são as principais
da atualidade. É quase certo que o seu filho participe ativamente de uma dessas
três.
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A propósito, as redes socias não são tão vilãs assim na criação de um filho, vai. Há
muitos benefícios e nós vamos conversar sobre eles no próximo capítulo.
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O lado bom e o
“sharenting”
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Mais acima, mencionei as crianças empreendedores e os pais que apoiam e exibem
os filhos na internet. Pois é, o que eu quero aprofundar aqui são os dois lados da
moeda. As redes sociais são fenômenos inevitáveis. Não à toa defendo aqui que
os seus filhos não querem e não vão sair das redes sociais. Até mesmo com a sua
proibição.
O caminho é instruir e aprender com eles. Participar junto deles também é viável,
conforme aprofundei acima. Mas, e os pais que apoiam e expõem, desde cedo, as
crianças na web? Tentar conceitualizar o que é certo ou errado aqui é bem relativo.
De acordo com uma pesquisa divulgada pela BBC News Brasil, uma criança tem,
aproximadamente, 5 mil fotos publicadas online até os cinco anos de idade.
A superexposição é perigosa? Sem dúvidas. Afinal, você sabe o que vão ou o que
estão fazendo com as imagens dos seus filhos? Mas, quando menciono o outro
lado da moeda, destaco o “sharenting”, união das palavras share com parenting, em
português, “compartilhar” e “paternidade”.
É um conceito que surgiu para provar que a exposição também não é tão ruim
assim. Relatar a experiência é humanizar a vivência digital, compartilhar o que pode
ser benéfico para outros pais e estabelecer conexões humanitárias de extrema
importância.
Pais e mães geralmente estão tão focados na criação dos filhos que se esquecem
de vivenciar, experimentar e expor o próprio comportamento. É isso mesmo, quem
garante que a vivência paterna no ambiente digital não pode ser um grande reflexo
para a futura participação dos filhos nas redes sociais?
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Afinal, nas visões mais otimistas, as redes nasceram com esse único objetivo:
conectar pessoas.
Em uma idade mais adequada, que tal dar o poder de escolha para eles? Mesmo
que ainda não estejam inseridos, eles podem decidir o que querem que vá para a
internet. É um excelente exercício para fazer com que eles entendam, desde cedo, o
poder sobre as suas próprias imagens. Assim como os perigos.
A atriz até tentou argumentar de volta e respondeu para a filha que o rosto dela
sequer aparecia, mas não demorou para que muitos internautas comentassem a
foto com pedidos de que a atriz tivesse mais respeito pela própria filha.
Ou seja, ensinar aos filhos que somente eles possuem o controle da própria imagem
é uma ótima forma de protegê-los da superexposição incentivada pelo ambiente
das redes sociais. Mas vamos deixar a problematização para outra parte desse
conteúdo. É importante também entendermos como as redes podem despertar o
lado criativo e produtivo de jovens e crianças.
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As mudanças no mercado de trabalho que não entendemos, ou seja, as novas
profissões que estão surgindo, estão relacionadas com as redes sociais e o novo
sistema de mercado e comércio. As sociedades foram se posicionando nos modos
virtuais e a educação resistiu às mudanças e se sustentou por muito tempo em um
modelo ultrapassado para este tempo atual.
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PERIGOS
Com o que
estamos lidando?
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Uma das grandes preocupações de professores, psicólogos, psiquiatras é a
dependência das redes sociais.
Portanto, se você não tem um diálogo aberto com seus filhos, as chances de eles
estarem expostos aos perigos da web são altas. É preciso fazê-los entenderem
sobre o tema que quiserem e explicar a idade mais adequada para que eles possam
amadurecer, vivenciar experiências e ter o conhecimento necessário para desviar de
qualquer perigo.
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Dizer frases clichês e simplórias, típicas da rígida criação paterna, como: “Não
pode”, “É perigoso”, “Você está proibido”, “Isso só ensina o que não presta”, não terá
o efeito esperado.
Se for impossível evitar que seus filhos tenham acesso a conteúdo inapropriado
pela internet, ou temáticas que eles ainda não são preparados para falar, vivenciar
ou abordar, talvez seja interessante fazer com que eles entendam que não é o
momento adequado.
A diferença é que a internet não foi feita para crianças e adolescentes, apenas uma
parte delas é reservada para eles e muitos aplicativos (ou melhor, empresas), não
fazem questão que nossos filhos entendam isso.
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Com isso, a plataforma foi obrigada a aplicar uma mudança radical. Canais infantis
não terão mais publicidade, comentários, notificações, bate-papo e os criadores de
conteúdo não serão remunerados. As coisas voltarão a ser “brincadeira de criança”
quando o assunto é conteúdo infantil.
E vou dizer uma coisa com vocês, assim que cheguei ao Rio de Janeiro, no ano
de 1999, eu fiz uma pós-graduação, na PUC-Rio, que me fez abrir um mundo
relacionado à Infância. Uma das disciplinas era Infância e Consumo e me
possibilitou ver com mais clareza as propagandas, anúncios e outros aspectos
voltados para o tema.
Foi quando passei a ter um diálogo muito aberto e esclarecedor com meus
estudantes e minhas filhas. Em nossa casa, assistimos juntas e conversamos sobre
qualquer conteúdo influenciável. Já aconteceu até de assistirmos uma propaganda,
comprar o produto e analisar o que era verdade ou mentira no anúncio.
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Aqui, alguns indícios apontados por especialistas:
Assim como acontece com todas as dependências, prevenir é mais fácil do que
remediar. Existem algumas práticas simples que são muito eficientes para evitar
esse uso excessivo das redes sociais. Entre as mais eficientes se encontram as
seguintes:
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Ufa! Quanta informação, não é mesmo? A minha vontade é saber como você está
se sentindo. Tenho certeza que sair da zona de conforto dói e traz desafios, mas
ela nos permite mudar, avançar e transformar quem somos e as pessoas que nos
rodeiam.
São pessoas que eu tenho coragem de fazer aquelas perguntas que para eles são
obviedades, entre elas: “o que é feed?”, “onde eu clico para fazer um story?”, “qual a
função de um e de outro?”, “tem como estar numa ligação e ver alguma informação
no WhatsApp?”, gente... aqui eu teria muitas, mas muitas mesmo!
Não há uma receita sobre como educar ou proteger os filhos do ambiente digital,
mas há um caminho para você seguir, pegar a mão dele e levá-lo junto. A resposta
está sempre na relação de vocês, acredite.
Reinvente-se para se conectar melhor com seu filho, para cuidar do crescimento
saudável dele. Conte comigo!
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MATERIAIS DE ESTUDO PARA PRODUÇÃO DO EBOOK:
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“Filhos superexpostos nas redes sociais”
<https://istoe.com.br/filhos-superexpostos-nas-redes-sociais/>
“A responsabilidade dos pais com relação ao uso das redes sociais pelos filhos”
<https://escoladepais.org.br/publicacao/a-responsabilidade-dos-pais-com-relacao-
ao-uso-das-redes-sociais-pelos-filhos/>
“Sharenting: Exposição dos filhos nas redes sociais é problema moderno com
sérias consequências”
<https://paisefilhos.uol.com.br/crianca/sharenting-exposicao-dos-filhos-nas-redes-
sociais-e-problema-moderno-com-serias-consequencias/>
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“’Sharenting’: por que a exposição dos filhos nas redes sociais não é
necessariamente algo ruim”
<https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2020/01/13/sharenting-por-que-
a-exposicao-dos-filhos-nas-redes-sociais-nao-e-necessariamente-algo-ruim.ghtml>
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Meu nome é Aldenira Mota.
Sou professora há 33 anos, mãe da Ana
Vitória e Valentina. Uma adolescente e
outra pré-adolescente. Tenho mestrado
em Educação pela Unirio (Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro)
e, atualmente, faço doutorado em
Educação, na Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro.
@aldeniramota
/aldeniram
/in/aldeniramota
aldeniramotan@gmail.com
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