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Escola Municipal Antônio Carlos Magalhães

Aluno (a): ________________________________________


Professor (a):
Data: ___/ ___/ ___ Turno: ___________ Ano: _______

Crianças e jovens: mundo globalizado e o consumo

O fenômeno da globalização vem provocando transformações radicais na economia, na


sociedade e, consequentemente, no comportamento das crianças e jovens da nossa sociedade.
Desde a Segunda Guerra Mundial, o núcleo familiar tem se alterado muito culturalmente, assim
como o conceito e compreensão sobre o que é a infância. Antigamente, entendia-se que
as crianças tinham que simplesmente obedecer. Hoje em dia, observa-se que, dentro de casa, os
filhos são questionados, são convidados a participar e a dar sugestões sobre vários aspectos da
vida cotidiana. Pode ser desde as compras de um simples alimento, um móvel ou um
equipamento eletrônico. As crianças e jovens participam de tudo, possuem muitas informações
cada vez mais cedo e observa-se claramente que um dos fatores estimuladores nesse cenário é a
influência da mídia.

O mundo globalizado vem interferindo diretamente na forma de viver das crianças e


adolescentes e isso ocorre independentemente do nível socioeconômico deles. Como todos têm,
de alguma forma, acesso à mídia, o modo como a informação chega a eles provoca sérias
mudanças em seu comportamento. Um aspecto muito negativo identificado é o fato de a própria
criança ou jovem se sentir à margem porque não tem produto X ou Y que chega ao seu
conhecimento por meio dos veículos de comunicação.

Um grande desafio encontrado na atualidade é como lidar com esta questão nos ambientes
escolares, tendo em vista que, em geral, as próprias instituições não estão alfabetizadas
economicamente para orientar as crianças e jovens. Educar economicamente não era tema
curricular, já que o contexto em que se vivia não solicitava constantes tomadas de decisões
econômicas tão cedo. Hoje, ao contrário, o contexto de globalização solicita novas
alfabetizações: a digital, a política e a econômica. Esta necessidade apoiada na atualidade
precisa envolver a família, já que ela é a responsável por dar dinheiro para a criança, e precisa
envolver também outros agentes de socialização.

Os estudos do grupo de pesquisa Educação Econômica, do Laboratório de Psicologia Genética


(LPG) da FE, demonstram que uma família financeiramente desorganizada é a que não
consegue se controlar e gasta mais do que pode. Num contexto assim, surge a questão: como
educar financeiramente a criança e o jovem se os próprios pais não receberam esse tipo de
educação? Essas crianças vivenciam um ambiente em que as novas alfabetizações digitais,
econômicas e midiáticas não fazem parte do contexto familiar. De uma forma ou de outra, a
responsabilidade pode acabar recaindo sobre a escola.

Em minhas pesquisas, venho constatando que a Educação Financeira deve ocorrer também para
o educador (pais, professores, familiares e amigos que estejam em contato com a criança).
Estando bem informado e atualizado, este educador pode conhecer melhor a faixa etária com a
qual lida, as suas características e quais são os conceitos e conteúdos da economia e análise da
mídia que pode trabalhar com a criança para que ela mesma possa construir seus conceitos e
valores sobre o consumo e bom uso do dinheiro.

Em resumo: para que as novas gerações estejam preparadas para lidar bem com os desafios
financeiros quando chegarem à vida adulta, é preciso que quem conduz hoje a educação delas
busque se formar e se informar mais a respeito, se adaptando à realidade do nosso tempo.

A nova geração tween e a relação com o dinheiro

Esta nova geração que chega ao mundo do comércio consome e quer consumir mais a cada dia.
A oferta de novidades e o acesso às tecnologias vivenciadas por nossas crianças são maiores nos
dias de hoje, algo muito diferente da infância dos seus pais. São crianças que também já estão
inseridas neste mundo econômico e já são tratadas como clientes pelo marketing sendo
constantemente convidadas a gastar mais.

Fermiano considera que estes jovenzinhos, os tweens, precisam ser alfabetizados


economicamente para desenvolverem uma resistência ao grande bombardeio de incentivo ao
consumo e valores e modelos que vêm sendo transmitidos e impostos por meio dos veículos de
comunicação.  Segundo a pesquisadora, o perfil dessas crianças e pré-adolescentes pode ser
descrito da seguinte maneira:

 Muito ativos;
 Gostam de novidades;
 Sabem muito bem o que desejam comprar;
 Apreciam estar com os amigos;
 Permanecem pouco tempo com família;
 Entendem completamente a programação da televisão, distinguindo o que é comercial
daquilo que é programa;
 Ainda não conseguem distinguir as intenções das mensagens transmitidas pela mídia;
 Estão sempre com algum dinheiro;
 Não têm noção de valores, não conhecem como funciona o comércio ou o que é lucro;
 Querem o produto na loja, porque lá podem pegá-lo e olhá-lo concretamente;
 Não sabem comparar preços, qualidade e as ofertas das diferentes lojas.

Outro ponto abordado pela pesquisadora é a estrutura cognitiva dos tweens: eles ainda não dão
conta das variáveis que fazem parte da economia e preferem dessa forma se deter ao que os
amigos falam, sendo capazes de se adaptar rapidamente às solicitações do meio em que vivem.
Muitas vezes não são estimulados a pesquisar preço pela família, mesmo porque nem sempre a
própria família faz isso.

Essas crianças lidam com muitas informações ao mesmo tempo, assistem ao Discovery Channel
e a uma série de programas, logo as pesquisas de marketing não perdem tempo e adentram as
casas destas crianças para verem o que fazem no seu cotidiano e descobrir as suas preferências
antes de lançarem seus produtos por meio de propagandas muito atraentes no intervalo destes
programas.
É NECESSÁRIO ACOMPANHAR AS MUDANÇAS

Com tantas mudanças no mundo do comércio, o comportamento das crianças ao longo dos anos
foi se alterando e este fato chama a atenção dos responsáveis pela educação. É necessário
acompanhar tais mudanças, pois o mundo está constantemente em transformação. Mas,
devemos mudar de forma inteligente e adaptar às novas realidades e tendências com equilíbrio.

Equilíbrio na formação do ser sem excluir, sem privar, mas a partir do pensar sobre o que se
vive, para que se vive e por que se vive.  Aliamos a estas ações a de trabalhar valores e trabalhar
questões de identidade. Listo aqui alguns aspectos fundamentais que podem ser abordados em
diferentes momentos com o jovem:

 Trabalhar a confiança e segurança em ser ele mesmo, sem preocupar com os demais.
 Realizar um planejamento econômico (seja de poupar ou conhecer minimamente o
mercado).
 Comparar e conhecer os preços de um mesmo produto em diferentes estabelecimentos
(incluir trabalho com marcas diferentes).
 Oferecer mesada ou semanada para a criança ou pré-adolescente começar a gerir o
próprio dinheiro, sendo orientada também pelos pais.

Como eles já estão inseridos neste mundo econômico, este trabalho com a confiança em si
mesmo e com a construção de estratégias em suas compras são etapas interessantes que eles
podem vivenciar todos os dias. A constância nestas ações ajuda muito a criança a se organizar, a
ter noção do dinheiro, a perceber e questionar os programas e os comerciais e fazer o que ele
realmente quer com liberdade, sem ser sugestionado por este ou aquele comercial, por este ou
aquele amigo em um grupo de convivência.

Bibliografia:

Fermiano, M. A. B. (2000). Nível cognitivo de alunos do curso de magistério. Dissertação


(Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas – São Paulo. 146p.

Fermiano, M. A. B. (2010). Pré-adolescentes (“tweens”) – desde a perspectiva da teoria


piagetiana à da psicologia econômica. (Tese de doutorado). Campinas – São Paulo: [s.n.]. 386 p.

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