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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

23º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Campina Grande/PB – 20 a 22/06/2023

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23º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Campina Grande/PB – 20 a 22/06/2023

A educomunicação como ferramenta contra a publicidade ilegal destinada


ao público infantil: Uma análise do programa Criança e Consumo do
Instituto Alana

Ana Kaline F. Da SILVEIRA1


Lívian de SOUZA2
Centro Universitário Inta-UNINTA, Sobral, CE

RESUMO
Este trabalho visa abordar como a educomunicação pode ser utilizada contra a
disseminação e propagação da publicidade ilegal destinada ao público infantil. Através
de uma análise de um programa educacional podemos observar meios de como
atualmente através das tecnologias aliada a educação podemos alcançar adultos e
crianças para conscientizar dessa causa.

PALAVRAS-CHAVE: cinema; ficção; arte; italiano; comunicação.

INTRODUÇÃO
Diante de tanta vulnerabilidade e ataques á inocencia infantil através do assédio
comercial, qualquer forma de publicidade infantil pode ser considerada ilegal e abusiva
no Brasil. As crianças devem crescer livres e distantes da pressão consumista e isso é
um direito básico de toda criança. A Resolução nº 163 de 2014 do Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) reforça o CDC ao detalhar o
conceito de abusividade de toda e qualquer e qualquer publicidade dirigida ao público
infantil, com o intuito de persuadi-lo ao consumo de produtos e serviços. As empresas
direcionam publicidade para as crianças de forma persuasiva.

Há dez anos, segundo estudos realizados em 2003 pelo


InterScience, apenas 8% das crianças influenciavam fortemente
seus pais na decisão de compra. Hoje, 49% participam deste
processo de forma intensa e, segundo este mesmo estudo, daqui a
dez anos, 82% influenciarão fortemente seus pais em suas compras.
(MATTA, 2007 apud DE SOUZA JUNIOR, FORTALEZA e DE
CAMPOS MACIEL, 2009, p. 28)

pois, conforme comprova diversas pesquisas atuais – crianças influenciam na decisão de


80% das compras da família, 60% das mães cedem à vontade de compras das crianças e
9 em cada 10 pais são influenciados por seus filhos nas compras nos supermercados.

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Com ausência dos adultos, as crianças passam a cada vez mais fazer o uso da
internet e da televisão e consequentemente consumindo a publicidade sem a mediação
de pais e responsáveis. Com essa situação é gerado um desconforto familiar, pois é
induzida a criança a pedir exageradamente. A erotização e adultização precoce também
se tornam problemas, devidos aos anúncios. Com a imposição da idéia desde muito
cedo de que para está de fato inserido na sociedade, precisa-se ter poder de consumo, é
gerado o desejo desenfreado de ter algo para ser aceito e com isso a violência se torna
um instrumento de uso. Com isso se torna um dos motivos de delitos cometidos por
internos da Fundação Casa. Tudo isso vindo á ocorrer a distorção de valores, morais e
princípios. A publicidade infantil também influencia na alimentação das crianças, por
isso a Organização Mundial de Saúde (OMS) pede que não publicidade para o publico
infantil, se de fato não forem alimentos saudáveis, pois está ligada á Obesidade infantil,
principalmente no Brasil.

PROGRAMA CRIANÇA E CONSUMO E A EDUCOMUNICAÇÃO COMO


MEIO DE MINIMIZAR A PROBLEMÁTICA

De acordo com o Professor Soares (2007), coordenador do projeto EDUCOM


(2007) do núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes
(ECA) da Universidade de São Paulo (USP), um dos objetivos da educomunicação seria
integrar às práticas educativas o estudo sistemático dos sistemas de comunicação,
observando como os meios de comunicação agem na sociedade e buscar formas de
colaborar com os alunos para viverem com eles de forma positiva, sem se deixarem
manipular e assim crescerem com um olhar mais crítico com as campanhas publicitárias
veiculadas nos meios de comunicação.

Diferentes estudos e pesquisas demonstram que, em média, a totalidade das


crianças não conseguem compreender que o principal objetivo da publicidade, por trás
de todos os recursos gráficos, falas sedutoras, personagens animados, ídolos famosos,
entre outros, é a persuasão para o consumo do produto ou serviço anunciado. Até por
volta dos oito anos de idade, crianças não conseguem ao menos distinguir a publicidade
do conteúdo de programação televisiva ou de outro entretenimento. E, mesmo depois
que conseguem fazer tal diferenciação, em média, até completarem doze anos não
compreendem o caráter persuasivo da publicidade e a complexidade das relações de
consumo (BJURSTRÖM, 2000). Diante disso é notório a importância e urgência em

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ações a fim de mitigar a problemática, no Brasil já é existente algumas iniciativas a fim


de criar um público melhor preparado para uma recepção um pouco mais crítica das
produções publicitárias veiculadas pelos meios de comunicação. A iniciativa do
PROCON de São Paulo de ministrar cursos gratuitos a professores e dirigentes, a fim de
capacitá-los a inserir a educação para o consumo nas salas de aula ou as ações do já
citado projeto EDUCOM (2007) nas escolas públicas do Estado de São Paulo é um
exemplo de ação educativa a fim de mitigar as consequências da problemática.

Peças publicitárias que apelam para a incapacidade da criança de reconhecê-las


como discurso persuasivo, obviamente, continuam existindo no Brasil, sem a reação da
população ou uma regulamentação mais rigorosa, podemos dizer que os abusos são
mais recorrentes. E tal reação deve ser construída com base na reflexão crítica sobre o
que é veiculado na mídia e, principalmente, por meio do “sedutor” discurso publicitário.
Dessa forma, a “educomunicação” pode contribuir para a formação de consumidores
mirins e adultos mais críticos, educação esta que não que não é um “para casa” da
criança, e, sim, um dever dos adultos responsáveis pela formação dela.

Diante de todas as afirmações e análise feita do Projeto Criança e Consumo do


Instituto Alana em São Paulo, cujo objetivo é desenvolver o olhar crítico da sociedade
brasileira sobre os efeitos nocivos provocados pela comunicação mercadológica
destinada às crianças e sua relação com o consumo exacerbado, tem sua atuação
marcada por meio de um trabalho de advocacia,pelo qual advoga pelo fim da
publicidade e comunicação mercadológica voltadas ao público infantil, consolidando- se
em uma forma de controle social.

Diante disso, o projeto desenvolve e incentiva ações junto aos diferentes agentes
envolvidos na cadeia de consumo de bens e serviços voltados para as crianças. O
projeto Criança e Consumo é reconhecido por sua excelência na articulação e adoção de
práticas que respeitam e lutam em prol dos direitos das crianças. Assim, o projeto
persegue uma mudança de paradigma propondo uma alteração na relação entre criança e
consumo, com propósito de fortalecer valores humanísticos.

Diante da discussão em torno do consumo de produtos e serviços por e para


crianças, introduz debates sobre importantes eixos na sociedade como a, cidadania,
qualidade de vida e participação social conduzindo informações críticas à sociedade no

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geral, especificamente a pais e educadores, instruindo-os sobre os malefícios do


consumismo exacerbado.

O projeto parte da estimativa de que a crescendo tendência de mercantilização


da infância, para promover e incentivar o consumo desta faixa da população, tem levado
a práticas que entre outras, potencializam o consumismo e a erotização precoce.O
Projeto Criança e Consumo defende o direito da criança a educação e com isso destaca a
importância em desenvolver na escola e em espaços de ensino o olhar crítico diante de
tal abuso, com isso destaca-se o importante papel da educomunicação já citado
anteriormente.

METODOLOGIA E RESULTADOS

Para uma melhor compreensão do processo ilegal do consumo de publicidade destinada


ao público infantil, bem como as causas e consequências e como a educomunicação
pode amenizar a problemática, foi analisado o programa Criança e Consumo criado pelo
Instituto Alana. Nesse processo foi utilizado a análise de conteúdo como protocolo de
coleta e análise de dados como parte das estratégias metodógicas.

De acordo com Laurence Bardin (1977) a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas


de análise e de inferências de forma quantitativa. Para a autora "qualquer
comunicação,isto é, qualquer transporte de significações de um emissor para um
receptor controlado ou não por este deveria poder ser escrito, decifrado pelas técnicas de
análise de conteúdo (...) Trata-se, portanto, de um tratamento da informação contida na
mensagem" (BARDIN,1977, p. 32). Assim como já compreendido ao longo da
pesquisa, as crianças necessitam de um ensino para obterem um olhar mais crítico, e
esse ensino pode ser realizado através da educomunicação,tanto para alunos, pais,
professores e gestores em toda comunidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Diante tudo isso que observamos e estudamos podemos notar que a Educomunicação
através das tecnologias pode combater as causas importantíssimas. Através de estudo e
pesquisas podemos analisar, discutir causas e soluções. E sermos protagonistas ativos da
revolução através do conhecimento.

REFERÊNCIAS

Porque A Publicidade Infantil É Proibida. Publicidade Infantil já é ilegal,2023. Disponível em:


https://publicidadeinfantilnao.org.br/secao/10-motivos-para-nao-expor-as-criancas-a-
publicidade/ Acesso em: 11 abril.2023

HENRIQUES, Isabella Vieira Machado. Controle social e regulação da publicidade infantil: O


caso da comunicação mercadológica* de alimentos voltada às crianças brasileiras. Revista
Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, v. 4, n. 4, 2010.

VIANN, Graziela Mello. PUBLICIDADE INFANTIL: UMA ANÁLISE DOS CONTEXTOS


DE RECEPÇÃO NA FRANÇA E NO BRASIL. Revista Mediação, 2008.

Publicidade Infantil: Uma Análise Dos Contextos De Recepção Na França E No Brasil, 2008,
Mediação, Graziela Mello Viann
Disponível em: http://revista.fumec.br/index.php/mediacao/article/view/276.

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