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JUAN DA COSTA
Muito se discute acerca dos limites que devem ser impostos à publicidade e
propaganda no Brasil - sobretudo em relação ao público infantil. Com o advento do meio
técnico-científico informacional, as crianças são inseridas de maneira cada vez mais
precoce ao consumismo imposto por uma economia capitalista globalizada - a qual
preconiza flexibilidade de produção, adequando-se às mais diversas demandas. Faz-se
necessário, portanto, uma preparação específica voltada para esse jovem público, a fim
de tornar tal transição saudável e gerar futuros consumidores conscientes.
Um aspecto a ser considerado remete à evolução tecnológica vivenciada nas
últimas décadas. Os carrinhos e bonecas deram lugar aos "smartphones", videogames e
outros aparatos que revolucionaram a infância das atuais gerações. Logo, tornou-se
essencial a produção de um marketing voltado especialmente para esse consumidor
mirim - objetivando cativá-lo por meio de músicas, personagens e outras estratégias
persuasivas. Tal fator é corroborado com a criação de programas e até mesmo canais
voltados para crianças (como Disney, Cartoon Network e Discovery Kids), expandindo o
conceito de Indústria Cultural (defendido por filósofos como Theodor Adorno) - o qual
aborda o uso dos meios de comunicação de massa com fins propagandísticos.
Somado a isso, o impasse entre organizações protetoras dos direitos das crianças
e os grandes núcleos empresariais fomenta ainda mais essa pertinente discussão. No
Brasil, vigoram os acordos isolados com o Poder Público - sem a existência de leis
específicas. Recentemente, a Conanda (Comissão Nacional de Direitos da Criança e do
Adolescente) emitiu resolução condenando a publicidade direcionada ao público infantil,
provocando o repúdio de empresários e propagandistas - que não reconhecem
autoridade dessa instituição para atuar sobre o mercado. Diante desses posicionamentos
antagônicos, o debate persiste.
Com o intuito de melhor adequar os "consumidores do futuro" a essa realidade, e
não apenas almejar o lucro, é preciso prepará-los para absorver as muitas informações.
Isso pode ser obtido por meio de campanhas promovidas pelo Poder Público nas escolas
(com atividades lúdicas e conscientizadoras) e na mídia (TV, rádio, jornais impressos,
internet), bem como a criação de uma legislação específica sobre marketing infantil no
Brasil - fiscalizando empresas (prevenindo possíveis abusos) - além de orientação aos
pais para que melhor lidem com o impulso de consumo dos filhos (tornando as crianças
conscientes de suas reais necessidades). Dessa forma, os consumidores da próxima
geração estarão prontos para cumprirem suas responsabilidades quanto cidadãos
brasileiros (preocupados também com o próximo) e será promovido o desenvolvimento
da nação.
NATHALIA CARDOZO
Produtos e serviços são necessários a qualquer sociedade. Dentre eles, estão
serviços de planos de saúde, financiamento de moradias, compra de roupas e alimentos,
entre outros elementos presentes no âmbito social. A publicidade e a propaganda
exercem papel essencial na divulgação desses bens. No entanto, é preciso atenção por
parte dos consumidores para analisar e selecionar que tipos de propagandas são
fidedignas, e no caso de publicidade direcionada a crianças e adolescentes, essa medida
nem sempre é possível.
Em um primeiro plano, é importante constatar que as crianças não possuem
capacidade de analisar os prós e contras da compra de um produto. Nesse sentido, os
elementos persuasivos da propaganda têm grande influência no pensamento dos
indivíduos da Primeira Idade, já que personagens infantis, brinquedos e músicas
conhecidas por eles estimulam uma ideia positiva sobre o produto ou serviço anunciado,
mas não uma análise do mesmo. Infere-se, assim, que a utilização desses recursos é
abusiva, uma vez que vale-se do fato de a criança ser facilmente induzida e do apego às
imagens de caráter infantil, considerando apenas o êxito do objetivo da propaganda:
persuadir o possível consumidor.
Além disso, observa-se que as ações do Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária (Conar) são importantes, porém insuficientes nesse
quesito. O Conar busca, entre outros aspectos, impedir a veiculação de propagandas
enganosas, porém respeita o uso da persuasão. Assim, ao longo dos anos, pode-se
perceber que o Conar não considera o apelo infantil abusivo e permitiu a transmissão de
propagandas destinadas ao público infantil, já que essas permanecem na mídia. Diante
desse raciocínio, é possível considerar a resolução do Conselho Nacional de Direitos da
Criança e do Adolescente (Conanda) válida e necessária para a contenção dos abusos
propagandísticos evidenciados.
Tendo em vista a realidade abusiva da propaganda infantil, é necessário que o
Conar e o Conanda trabalhem juntos para providenciar uma análise ainda mais criteriosa
dos anúncios publicitários dirigidos à primeira infância, a fim de verificar as técnicas de
indução utilizadas. Ademais, a família e o sistema educacional brasileiro devem
proporcionar às crianças uma educação relacionada a questões analíticas e
argumentativas para que, já na adolescência, possam distinguir de maneira cautelosa as
intenções dos órgãos publicitários e a validez das propagandas. Dessa forma, será
possível conter os abusos e estabelecer justiça nesse contexto.
ISADORA FURTADO
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um
problema muito presente. Isso deve ser enfrentado, uma vez que muitas mulheres sofrem
diariamente com esta questão. Nesse sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o legado
histórico-cultural e o que é previsto por lei.
Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao
homem. Prova disso é o fato de elas poderem exercer direitos políticos, ingressarem no
mercado de trabalho e escolherem suas próprias roupas muito tempo depois do gênero
oposto. Esse cenário, juntamente aos inúmeros casos de violência contra as mulheres,
corroboram a ideia de que elas são vítimas de um legado histórico-cultural. Nesse
ínterim, a cultura machista foi a que prevaleceu ao longo dos anos e enraizou-se na
sociedade contemporânea, mesmo de forma implícita à primeira vista.
Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei,
independente de cor, raça e gênero, sendo a isonomia salarial, aquela que prevê o mesmo
salário para os que desempenham a mesma função, também garantida por lei. No
entanto, o que se observa em diversas partes do país é a gritante diferença entre os
salários de homens e mulheres, principalmente se esta for negra. Esse fato causa extrema
decepção e constrangimento a elas, as quais sentem-se inseguras e sem ter a quem
recorrer. Desse modo, medidas fazem-se necessárias para solucionar a problemática.
Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as mulheres da
violência, seja física ou moral, criando leis mais rígidas e punições mais severas para
aqueles que cometem agressões contra as mulheres. Some-se a isso investimentos em
educação, valorizando e capacitando os professores, no intuito de formar cidadãos mais
comprometidos com o bem-estar de todos.
VALÉRIA ALVES
A submissão da mulher em uma sociedade patriarcalista como a brasileira é
um fato que tem origens históricas. Por todo o mundo, a figura feminina teve seus
direitos cerceados e a liberdade limitada devido ao fato de ser considerada mais "frágil"
ou "sensível", ainda que isso não pudesse ser provado cientificamente. Tal pensamento
deu margem a uma maior subjugação da mulher e abriu portas a atos de violência a ela
direcionados.
Nessa perspectiva, a sociedade brasileira é pautada por uma visão machista. A
liberdade feminina chega a ser tão limitada ao ponto que as mulheres que se vestem de
acordo com as próprias vontades, expondo partes do corpo consideradas irreverentes,
correm o risco de serem violentadas sob a justificativa de que "estavam pedindo por
isso". Esse pensamento perdura no meio social, ainda que muitas conquistas de
movimentos feministas –pautados no existencialismo da filósofa Simone de Beauvoir -
tenham contribuído para diminuir essa percepção arcaica da mulher como objeto.
Diante disso, as famílias brasileiras com acesso restrito à informação
globalizada ou desavisadas a respeito dos Direitos Humanos continuam a pôr em prática
atos atrozes em direção àquela que deveria ser o centro de gravitação do Lar. A violência
doméstica, em especial física e psicológica, é praticada por homens com necessidade de
autoafirmação ou dependentes de drogas (com destaque para o álcool) e faz milhares de
vítimas diariamente no país. Nesse sentido, a criação de leis como a do feminicídio e
Maria da Penha foram essenciais para apaziguar os conflitos e dar suporte a esse grupo
antes marginalizado.
Paralelo a isso, o exemplo dado pelo pai ao violentar mulher tem como
consequência a solidificação de tal prática no psicológico dos filhos. As crianças, dotadas
de pouca capacidade de discernimento, sofrem ao ver a mãe sendo violentada e tem
grandes chances de se tornarem adultos violentos, contribuindo para a manutenção das
práticas abusivas nas gerações em desenvolvimento e dificultando a extinção desse
comportamento na sociedade.
Desde os primórdios, nas primeiras sociedades formadas da Antiguidade até
hoje, a mulher luta por liberdade, representatividade e respeito. O Estado pode contribuir
nessa conquista ao investir em ONGs voltadas à defesa de direitos femininos e ao
mobilizar campanhas e palestras públicas em escolas, comunidades e na mídia,
objetivando a exposição da problemática e o debate acerca do respeito aos direitos
femininos. É importante também a criação de um projeto de distribuição de histórias em
quadrinhos e livros nas escolas, conscientizando as crianças e jovens sobre igualdade de
gênero de forma divertida e interativa.
LARISSA FERREIRA
Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias
Póstumas" que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa
miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros
frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em
desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste
intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta
mudança de mentalidade social.
É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas
do problema. Conforme Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio
da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível
perceber que, no Brasil, a perseguição religiosa rompe essa harmonia; haja vista que,
embora esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem ser
tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa para externar
ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões diferentes.
Segundo pesquisas, a religião afro-brasileira é a principal vítima de
discriminação, destacando-se o preconceito religioso como o principal impulsionador do
problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e de
pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que a preparação do preconceito
religioso se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma
família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em
grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa, transmitido de
geração a geração, funciona como base forte dessa forma de preconceito, perpetuando o
problema no Brasil.
Infere-se, portanto, que a intolerância religiosa é um mal para a sociedade
brasileira. Sendo assim, cabe ao Governo Federal construir delegacias especializadas em
crimes de ódio contra religião, a fim de atenuar a prática do preconceito na sociedade,
além de aumentar a pena para quem o praticar. Ainda cabe à escola criar palestras sobre
as religiões e suas histórias, visando a informar crianças e jovens sobre as diferenças
religiosas no país, diminuindo, assim, o preconceito religioso. Ademais, a sociedade deve
se mobilizar em redes sociais, com o intuito de conscientizar a população sobre os males
da intolerância religiosa. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país
desenvolvido socialmente, e criar um legado de que Brás Cubas pudesse se orgulhar.
VANESSA MENDES
De acordo com Albert Camus, escritor argelino do século XX, se houver falhas na
conciliação entre justiça e liberdade, haverá intempéries de amplo espectro. Nesse
sentido, a intolerância religiosa no Brasil fere não somente preceitos éticos e morais, mas
também constitucionais estabelecidos pela Carta Magna do país. Dessa forma, observa-se
que a liberdade de crença nacional reflete um cenário desafiador seja a partir de reflexo
histórico, seja pelo descumprimento de cláusulas pétreas.
Mormente, ao avaliar a intolerância religiosa por um prisma estritamente
histórico, nota-se que fenômenos decorrentes da formação nacional ainda perpetuam na
atualidade. Segundo Albert Einstein, cientista contemporâneo, é mais fácil desintegrar
um átomo do que um preconceito enraizado. Sob tal ótica, é indubitável que inúmeras
ojerizas religiosas, presentes no Brasil hodierno possuem ligação direta com o passado,
haja vista os dogmas católicos amplamente difundidos no Brasil colônia do século XVI.
Assim, criou-se ao longo da historiografia, mitos e concepções deturpadas de religiões
contrárias ao catolicismo, religião oficial da época, instaurou-se, por conseguinte, o medo
e as intolerâncias ao diferente. Desse modo, com intuito de atenuar atos contrários a
prática da religiosidade individual, cabe ao governo, na figura do Ministério da
Educação, a implementação na grade curricular a disciplina de teorias religiosas,
mitigando defeito histórico.
Além disso, cabe ressaltar que a intolerância às crenças burla preceitos
constitucionais. Nessa perspectiva, a Constituição Brasileira promulgada em 1988, após
duas décadas da Ditadura Militar, transformou a visão dos cidadãos perante seus direitos
e deveres. Contudo, quase 20 anos depois de sua divulgação, a liberdade de diversos
indivíduos continua impraticável. À vista de tal preceito, a intolerância religiosa
configura-se uma chaga social que demanda imediata resolução, pois fere a livre
expressão individual. Dessa maneira, cabe ao Estado, como gestor dos interesses
coletivos, a implementação de delegacias especializadas de combate ao sentimento
desrespeitoso e, até mesmo violento, às crenças religiosas.
Destarte, depreende-se que raízes históricas potencializam atos inconstitucionais
no Brasil. Torna-se imperativo que o Estado, na figura do Poder Legislativo, desenvolva
leis de tipificação como crime hediondo aos atos violentos e atentados ao culto religioso.
Ademais, urge que a mídia, por meio de novelas e seriados, transmita e propague a
diversidade religiosa, com propósito de elucidar e desmistificar receios populacionais.
Outrossim, a escola deve realizar debates periódicos com líderes religiosos, a fim de
instruir, imparcialmente, seus alunos acerca da variabilidade e tolerância religiosa.
Apenas sob tal perspectiva, poder-se-á respeitar a liberdade e combater a intolerância de
crença no Brasil, pois como proferido por Karl Marx: as inquietudes são a locomotiva da
nação.
LARISSA CAVALCANTI
O ser humano é social: necessita viver em comunidade e estabelecer relações
interpessoais. Porém, embora intitulado, sob a perspectiva aristotélica, político e
naturalmente sociável, inúmeras de suas antiéticas práticas corroboram o contrário. No
que tange à questão religiosa no país, em contraposição à laicização do Estado, vigora a
intolerância no Brasil, a qual é resultado da consonância de um governo inobservante à
Constituição Federal e uma nação alienada ao extremo.
Não obstante, apesar de a formação brasileira ser oriunda da associação de
díspares crenças, o que é fruto da colonização, atitudes preconceituosas acarretam a
incrédula continuidade de constantes ataques a religiões, principalmente de matriz
africana. Diante disso, a união entre uma pátria cujo obsoleto ideário ainda prega a
supremacia do cristianismo ortodoxo e um sistema educacional em que o estudo acerca
das disparidades religiosas é escasso corrobora a cristalização do ilegítimo desrespeito à
religiosidade no país.
Sob essa conjectura, a tese marxista disserta acerca da inescrupulosa atuação do
Estado, que assiste apenas a classe dominante. Dessa forma, alienados pelo capitalismo
selvagem e pelos subvertidos valores líquidos da atualidade, os governantes
negligenciam a necessidade fecunda de mudança dessa distópica realidade envolta na
intolerância religiosa no país. Assim, as nefastas políticas públicas que visem a coibir o
vilipêndio à crença – ou descrença, no caso do ateísmo – alheia, como o estímulo às
denúncias, por exemplo, fomentam a permanência dessas incoerentes práticas no Brasil.
Porém, embora caótica, essa situação é mutável.
Convém, portanto, que, primordialmente, a sociedade civil organizada exija do
Estado, por meio de protestos, a observância da questão religiosa no país. Desse modo,
cabe ao Ministério da Educação a criação de um programa escolar nacional que vise a
contemplar as diferenças religiosas e o respeito a elas, o que deve ocorrer mediante o
fornecimento de palestras e peças teatrais que abordem essa temática. Paralelamente,
ONGs devem corroborar esse processo a partir da atuação em comunidades com o fito de
distribuir cartilhas que informem acerca das alternativas de denúncia dessas desumanas
práticas, além de sensibilizar a pátria para a luta em prol da tolerância religiosa.
VINÍCIUS DE LIMA
A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurídico
brasileiro – assegura a todos a liberdade de crença. Entretanto, os frequentes casos de
intolerância religiosa mostram que os indivíduos ainda não experimentam esse direito na
prática. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os caminhos para
combater a intolerância religiosa é medida que se impõe.
Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da
casa colonial, como disserta Gilberto Freyre em “Casa-Grande Senzala”. O autor ensina
que a realidade do Brasil até o século XIX estava compactada no interior da casa-grande,
cuja religião era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram
marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhe deram aparência cristã,
conhecida hoje por sincretismo religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma
religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser repudiado em um estado laico, a
fim de que se combata a intolerância de crença.
De outra parte, o sociólogo Zygmunt Bauman defende, na obra “Modernidade
Líquida”, que o individualismo é uma das principais características – e o maior conflito –
da pós-modernidade, e, consequentemente, parcela da população tende a ser incapaz de
tolerar diferenças. Esse problema assume contornos específicos no Brasil, onde, apesar do
multiculturalismo, há quem exija do outro a mesma postura religiosa e seja intolerante
àqueles que dela divergem. Nesse sentido, um caminho possível para combater a rejeição
à diversidade de crença é desconstruir o principal problema da pós-modernidade,
segundo Zygmunt Bauman: o individualismo.
Urge, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para mitigar a
intolerância religiosa. Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos
costumes presentes no território brasileiro, por meio de debates nas mídias sociais
capazes de desconstruir a prevalência de uma religião sobre as demais. Ao Ministério
Público, por sua vez, compete promover ações judiciais pertinentes contra atitudes
individualistas ofensivas à diversidade de crença. Assim, observada a ação conjunta entre
população e poder público, alçará o país a verdadeira posição de Estado Democrático de
Direito.
DESIRÉE ABBADE
Em meados do século passado, o escritor austríaco Stefan Zweig mudou-se para
o Brasil devido à perseguição nazista na Europa. Bem recebido e impressionado com o
potencial da nova casa, Zweig escreveu um livro cujo título é até hoje repetido: “Brasil,
país do futuro”. Entretanto, quando se observa a deficiência das medidas na luta contra a
intolerância religiosa no Brasil, percebe-se que a profecia não saiu do papel. Nesse
sentido, é preciso entender suas verdadeiras causas para solucionar esse problema.
A princípio, é possível perceber que essa circunstância deve-se a questões
políticas-estruturais. Isso se deve ao fato de que, a partir da impunidade em relação a
atos que manifestem discriminação religiosa, o seu combate é minimizado e
subaproveitado, já que não há interferência para mudar tal situação. Tal conjuntura é
ainda intensificada pela insuficiente laicidade do Estado, uma vez que interfere em
decisões políticas e sociais, como aprovação de leis e exclusão social. Prova disso, é,
infelizmente, a existência de uma “bancada evangélica” no poder público brasileiro.
Dessa forma, atitudes agressivas e segregacionistas devido ao preconceito religioso
continuam a acontecer, pondo em xeque o direito de liberdade religiosa, o que evidencia
falhas nos elementos contra a intolerância religiosa brasileira.
Outrossim, vale ressaltar que essa situação é corroborada por fatores
socioculturais. Durante a formação do Estado brasileiro, a escravidão se fez presente em
parte significativa do processo; e com ela vieram as discriminações e intolerâncias
culturais, derivadas de ideologias como superioridade do homem branco e darwinismo
social. Lamentavelmente, tal perspectiva é vista até hoje no território brasileiro. Bom
exemplo disso são os índices que indicam que os indivíduos seguidores e pertencentes
das religiões afro-brasileiras são os mais afetados. Dentro dessa lógica, nota-se que a
dificuldade de prevenção e combate ao desprezo e preconceito religioso mostra-se fruto
de heranças coloniais discriminatórias, as quais negligenciam tanto o direito à vida
quanto o direito de liberdade de expressão e religião.
Torna-se evidente, portanto, que os caminhos para a luta contra a intolerância
religiosa no Brasil apresentam entraves que necessitam ser revertidos. Logo, é necessário
que o governo investigue casos de impunidade por meio de fiscalizações no
cumprimento de leis, abertura de mais canais de denúncia e postos policiais. Além disso,
é preciso que o poder público busque ser o mais imparcial (religiosamente) possível, a
partir de acordos pré-definidos sobre o que deve, ou não, ser debatido na esfera política e
disseminado para a população. Ademais, as instituições de ensino, em parceria com a
mídia e ONGs, podem fomentar o pensamento crítico por intermédio de pesquisas,
projetos, trabalhos, debates e campanhas publicitárias esclarecedoras. Com essas
medidas, talvez, a profecia de Zweig torne-se realidade no presente.
SAMANTA FERREIRA
É notória a necessidade de ir de encontro à intolerância religiosa no país vigente.
Diante disso, averigua-se, desde o período da colonização brasileira, um esforço
etnocêntrico de catequização dos indígenas nativos, como forma de suprimirem suas
crenças politeístas. Tal processo de aculturação e subjugo acometeu também os negros
africanos, durante todo contexto histórico de escravidão, os quais foram, não raro,
coisificados e abominados por suas religiões e cultos. Por essa razão, faz-se necessário
pautar, no século XXI, o continuismo desse preconceito religioso e dos desdobramentos
dessa faceta caótica.
Segundo Immanuel Kant, em sua teoria do Imperativo Categórico, os indivíduos
deveriam ser tratados, não como coisas que possuem valor, mas como pessoas que têm
dignidade. Partindo desse pressuposto, nota-se que a sociedade brasileira, decerto, tem
ido de encontro ao postulado filosófico, uma vez que há uma valoração negativa às
crenças de caráter não tradicionais, conforme a mentalidade arcaica, advinda de uma
herança histórico-cultural, como o Candomblé, o espiritismo e o Islamismo. Tal realidade
é ratificada ao se destacar a agressão física e moral oriunda de um movimento
promovido pelo Pastor Lucinho, no Rio de Janeiro, o qual incitou um levante contra a
manifestação religiosa do Candomblé, segundo notícia da Folha de São Paulo. Por essa
razão, torna-se inegável a discriminação velada e, não raro, explícita existente contra às
diversas religiões no Brasil.
Como desdobramento dessa temática e da carência de combate às díspares
formas de intolerância religiosa, faz-se relevante ressaltar a garantia de liberdade de culto
estabelecida na Constituição de 1988. Nesse sentido, de acordo com o Artigo 5º da Carta,
todos os indivíduos são iguais perante a lei, sem distinção de nenhuma natureza,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de assegurar a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade e à segurança. O que se nota, pois, na contemporaneidade, é a
inoperância desse direito constitucional e do cumprimento da laicidade estatal, haja vista
a mínima expressividade desse Estado, ainda em vigor, no que tange à proteção do
cidadão e à legitimidade da livre manifestação religiosa no país.
Por tudo isso, faz-se necessária a intervenção civil e estatal. O Estado, nesse
contexto, carece de fomentar práticas públicas, tal como a inserção na grade curricular do
conteúdo "Moral e Ética", por meio do engajamento pedagógico às disciplinas de
Filosofia e Sociologia, a fim de que seja debatido a temática do respeito às manifestações
religiosas e que seja ressignificado a mentalidade arcaica no que tange à tolerância às
religiões. É imperativo, ainda, que a população, em parceria com as escolas, promovam
eventos plurissignificativos e seminários, por meio de campanhas de caráter popular,
para que diversos líderes religiosos orientem os civis, sem tabus e esteriótipos, sobre suas
crenças, de modo a mitigar a intolerância religiosa de modo efetivo. Só assim, o país
tornar-se-á mais plural e justo.
MARCELA ARAÚJO
No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas
que o Brasil foi convidado a administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico
e defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por outros, as minorias que se
distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados
diariamente por opressores intolerantes.
O Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua
Constituição Federal o direito irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando
como base a legislação e acreditando na laicidade do Estado, as manifestações religiosas e
a dissseminação de ideologias fora do padrão não são bem aceitas por fundamentalistas.
Assim, o que deveria caracterizar os diversos "Brasis" dentro da mesma nação é motivo
de preocupação.
Paradoxalmente ao Estado laico, muitos ainda confundem liberdade de
expressão com crimes inafiançáveis. Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a
cada mês são registrados pelo menos 10 denúncias de intolerância religiosa e destas 15%
envolvem violência física, sendo as principais vítimas fieis afro-brasileiros. Partindo
dessa verdade, o então direito assegurado pela Constituição e reafirmado pela Secretaria
dos Direitos Humanos é amputado e o abismo entre oprimidos e opressores torna-se,
portanto, maior.
Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a
intolerância religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a
máxima do autor, para combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias
alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia. O
Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas que
visem garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá garantir,
efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, formadora de caráter, deverá
incluir matérias como religião em todos os anos da vida escolar; a mídia, quarto poder,
deverá veicular campanhas de diversidade religiosa e respeito às diferenças. Somente
assim, tirando as pedras do meio do caminho, construir-se-á um Brasil mais tolerante.
IGOR GIOVANNETTI
A Constituição nacional prevê a liberdade de credo e de expressão religiosa,
sendo crimes de intolerância considerados graves e de pena imprescritível. No entanto, é
comum ouvir piadas sobre "macumbeiros" e, em alguns casos, violência física contra
praticantes do candomblé. O combate dessas atitudes pressupõe uma análise histórica e
educacional.
Por razões diacrônicas, certas religiões são estigmatizadas como "inferiores". No
Período Colonial brasileiro, era nítida a preocupação dos jesuítas e da Coroa Portuguesa
em "cristianizar" os indígenas e, posteriormente, os negros africanos. Em "Casa Grande e
Senzala", o sociólogo Gilberto Freyre defende que a cultura foi formada nestes três
pilares: nativo, colonizador e escravo. De fato, a resistência dos índios e dos negros
rendeu uma herança imaterial híbrida, contudo, a tradição etnocentrista permanece. A
sociedade, muitas vezes, repete visões preconceituosas, pois ainda não houve um efetivo
pensamento crítico, uma conscientização que contrariasse o senso comum.
O ensino formal também corrobora a problemática. As escolas, por serem o
espaço de formação cidadã do indivíduo, deveriam estar abertas para amplas discussões
e para promoção de valores coletivos. Não é o que se vê, por exemplo, no privilégio da
religião cristã – ensaios teatrais natalinos, homenagem a santos e a anjos – em detrimento
das restantes. A grade curricular também não explora de forma profunda as matrizes
culturais afrobrasileiras (as mais discriminadas), como a umbanda (uma fusão do
cristianismo, do espiritismo e dos orixás negros).
Tendo em vista a desconstrução da herança etnocentrista, cabe à sociedade civil
(desde estudiosos ativistas a familiares) incentivar o pluralismo e a tolerância religiosa,
através de palestras e de núcleos culturais gratuitos em praças públicas. Por outro lado,
são necessárias ações do Estado na defesa de festivais escolares afrobrasileiros e na
reforma da grade curricular de História e de Sociologia, por meio da formação de
comissões especiais na Câmara dos Deputados, com participação de especialistas na área
de Educação, objetivando a uma educação mais aberta e democrática. Assim, será
possível formar cidadãos que entendam, que respeitem e que se orgulhem de sua cultura.
THAÍS OLIVEIRA
Se houver duas religiões, cortar-se-ão os preços. Se houver trinta, viverão em paz.
Na Idade Moderna, o filósofo iluminista Voltaire foi um importante defensor da
liberdade de culto e da harmonia entre as diversas crenças. Já no Brasil do século XXI
existe um retrocesso: embora haja muita diversidade religiosa, ainda há a necessidade de
ser comemorar o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa – a qual é um crime
vergonhoso cuja persistência é uma mácula.
Não há como negar que esse tipo de intolerância é fruto da colonização, pois o
encontro cultural entre portugueses, os quais manifestavam o Catolicismo, e povos
politeístas foi devastador. Uma vez que os colonizadores impuseram sua fé para
submeter ameríndios e africanos ao seu poder ocorreu um processo de aculturação, ou
seja, perda ou modificação de suas culturas. Ademais, somente após quase 391 anos de
predominância católica, o Estado tornou-se laico em 1891 devido à proclamação da
República, no entanto o governo não faz nada para realizar a inclusão social das etnias
oprimidas ou estimular o respeito mútuo entre os cidadãos. Por isso, infelizmente, os atos
de violência e opressão por motivos religiosos, sobretudo contra adeptos das religiões de
matriz africana, continuam ocorrendo.
Portanto, medidas são necessárias para combater efetivamente esse crime. O
MEC deve criar um projeto de conscientização para ser desenvolvido nas escolas, a qual
promova passeios turísticos aos templos de várias religiões, além de apresentações
artísticas e palestras a fim de ensinar a crianças e adolescentes a importância de conhecer
e respeitar a pluralidade das crenças. Cabe ao Ministério da Cultura e à Secretaria dos
Direitos Humanos realizar campanhas combativas permanentes, as quais devem ser
divulgadas por meio da mídia. Outrossim, é fundamental que o Poder Legislativo
desenvolva o “Estatuto da Tolerância Religiosa”, para esclarecer melhor os direitos e
deveres dos cidadãos a respeito do tema. Também, é preciso que os sacerdotes brasileiros
de todas as religiões unam-se com o objetivo de determinar a realização de palestras e
discussões nas igrejas para estimular o convívio harmônico e evitar qualquer tipo de
radicalismo.
Logo, a adoção dessas propostas possibilitará que a data de 21 de janeiro deixe de
ter mero caráter simbólico, os casos de intolerância religiosa diminuam no país e nossa
chaga histórica seja curada.
SOPHIA RODRIGUES
O Darwinismo social, ideal surgido no século XIX, calcava-se na ideia de que
existem culturas superiores às outras. O preconceito, então, passou a ter um viés
científico, numa tentativa de justificar a dominação de indivíduos menos favorecidos. No
entanto, mesmo sendo uma ideia antiga, ainda encontra respaldo em diversas ações
humanas, como os constantes casos de intolerância religiosa no Brasil, cujos efeitos
contribuem para a dissolução da coletividade e prejudicam o desenvolvimento do ser.
Em primeiro plano, vale ressaltar que a população brasileira apresenta muitos
resquícios da época da escravatura, a qual teve como sustentáculo o eurocentrismo, que
recusava os valores de povos considerados primitivos. A parte disso, a identidade
nacional formou-se ignorando expressões culturais de índios e negros, por exemplo, fator
responsável por marginalizar determinados indivíduos e perpetuar o ódio ao
desconhecido. Desse modo, atos de repressão e discriminação a religiões ferem a
liberdade de repressão e podem gerar um "círculo vicioso" de segregação social, nocivos à
sociedade democrática.
Outro fator importante reside no fato de que as pessoas estão vivendo tempos de
"modernidade líquida", conceito proposto pelo sociólogo Zygmunt Bauman, o qual
evidencia o imediatismo das relações sociais. Atualmente, pode-se notar que o fluxo de
informações ocorre em grande velocidade, fenômeno que muitas vezes dificulta uma
maior reflexão acerca dos dados recebidos, acostumando o ser a apenas utilizar o
conhecimento prévio. O indivíduo, então, quando apresentado a outras ideologias, tem
dificuldade em respeitá-las, uma vez que sua formação pessoal baseou-se somente em
uma esfera de vivência, o que pode comprometer o convívio social e o pensamento
crítico.
Fica evidente, portanto, que a intolerância religiosa precisa ser combatida. Como
forma de garantir isso, cabe ao Ministério da Cultura, em parceria com grandes canais de
comunicação de concessão estatal, desenvolver campanhas publicitárias que estimulem o
respeito às diferentes vertentes religiosas, como forma de garantir a coletividade do
corpo social. Ademais, cabe ao Ministério da Educação, em conjunto com prefeituras,
para um amplo alcance, o estabelecimento de aulas de sociologia, dentre outras, que
permitam a apresentação de diferentes religiões, a fim de contribuir para o
desenvolvimento pessoal e o o pensamento crítico. Assim, a sociedade brasileira poderá
garantir o exercício da cidadania a todos os setores sociais e, finalmente, ultrapassar
antigos paradigmas.
todos os estudantes e realize palestras nas salas de aula sobre a importância da inclusão
dos surdos com profissionais da área — psicólogos e sociólogos —, a fim de coibir o
preconceito e formar futuros cidadãos mais inclusivos. Dessa maneira, o corpo-social
tornar-se-á mais próximo do bem coletivo de Rousseau, mitigando, assim, “as
banalidades do mal”, discorridas por Hannah Arendt.
JÚLIA KÖCHLER
Em Esparta, na Grécia Antiga, as pessoas com deficiência física, como os surdos,
eram sacrificados, pois o Estado não acreditava no potencial deles em um contexto de
guerras. Mesmo que essa não seja mais uma realidade na sociedade contemporânea, os
surdos ainda enfrentam diversos desafios para a sua formação educacional no Brasil, seja
pela falta de recursos assistivos, seja pela dificuldade de inclusão social no âmbito
escolar.
Em primeiro plano, percebe-se que as escolas com alunos surdos incluídos não
apresentam todos os recursos assistivos necessário para garantir o pleno
desenvolvimento das habilidades funcionais desses estudantes. Exemplo disso são as
escolas de Educação Básica, as quais não possuem docentes preparados para se
comunicarem eficientemente com esses alunos, assim como não possuem materiais
didáticos especializados para o ensino de Libras. Nessa perspectiva, fica evidente que o
sistema educacional brasileiro não garante o total aperfeiçoamento intelectual dos
deficientes auditivos.
Além das dificuldades na aprendizagem, o caráter excludente das instituições de
ensino também é um desafio para os surdos, devido a falta de integração social através
da comunicação nas escolas. Segundo a célebre escritora Hellen Keller, "A tolerância é o
resultado mais sublime da educação." Essa máxima, entretanto, não está sendo
devidamente efetivada, tendo em vista que a Libras não é amplamente difundida na
educação brasileira, o que resulta na exclusão social dos surdos e compromete o
desenvolvimento de suas habilidades sociais.
Frente aos desafios enfrentados pelos surdos no que tange a sua formação
educacional, faz-se necessário, portanto, que o Governo Federal capacite os professores e
adapte os mecanismos de ensino por meio de cursos profissionalizantes em Libras, bem
como materiais didáticos completos e específicos para a formação intelectual desses
alunos, com o objetivo de garantir aos deficientes auditivos o pleno desenvolvimento de
suas habilidades. Ademais, o Estado junto às empresas de serviço público devem oferecer
o ensino de Libras em todos os setores da sociedade, a fim de melhorar a comunicação
dos surdos com a população e, consequentemente, implementar a inclusão social. Assim,
será possível continuar a acelerar o processo de superação dos desafios vividos desde a
Antiguidade.
ÚRSULA HASPARYK
A plena formação acadêmica dos deficientes auditivos, uma parcela das
chamadas Pessoas com Deficiência (PCD), é um direito assegurado no recém aprovado
Estatuto da Pessoa com Deficiência, de 2015, também conhecido como Lei da
Acessibilidade. Além de um direito legalmente garantido, a educação para esse grupo
social é sociologicamente analisada como essencial para uma sociedade tolerante e
inclusiva. Entretanto, observa-se o desrespeito a essa garantia devido ao preconceito,
muitas vezes manifestado pela violência simbólica, e à insuficiência estrutural
educacional brasileira.
Nessa conjuntura, é necessário destacar as principais relevâncias de se garantir
aos surdos a plena formação acadêmica. Segundo Hannah Arendt, em sua teoria sobre o
Espaço Público, os ambientes e as instituições públicas – inclusive as escolas e as
faculdades – têm que ser completamente inclusivas a todos do espectro social para
exercer sua total funcionalidade e genuinidade. Analogamente, para atuarem como
aparato democrático, tais instituições devem ser preparadas e devem garantir o espaço e
a educação para os deficientes auditivos, constituindo, assim, uma sociedade
diversificada, tolerante e genuína. Além disso, outra importância é o cumprimento dos
direitos à educação e ao desenvolvimento intelectual , assegurados no Estatuto da PCD e
na Constituição Federal de 1988, que não discrimina o acesso à cidadania a nenhum
grupo social, sendo, dessa forma, uma obrigação constitucional.
Contudo, observam-se algumas distorções para essa garantia educacional.
Infelizmente, os surdos são alvo de preconceito e são vistos erroneamente como
incapazes. Isso é frequentemente manifestado na forma de violência simbólica, termo do
sociólogo Pierre Bordieu, que inclui os comportamentos, não necessariamente agressivos
física ou verbalmente, que excluiriam moralmente grupos minoritários, como a PCD,
exemplificados na colocação desses indivíduos em postos de trabalho menos valorizados
e menos remunerados. Adicionalmente , nota-se que outra manifestação dessa violência é
a falta de uma infraestrutura escolar de qualidade com professores capacitados e com
material adequado para garantir a devida formação educacional. Consequentemente, as
vítimas dessa agressão simbólica tenderiam a se isolar, gerando, por exemplo, evasão
escolar e redução da procura pela qualificação profissional e acadêmica por esses
deficientes.
Dessa forma, é necessário que, para garantir o ensino de qualidade e estruturado,
o Ministério da Educação leve profissionais educadores especialistas em Libras para
capacitar os professores já atuantes acerca do ensino aos deficientes auditivos e da
adaptação às suas necessidades particulares na sala de aula. Isso deve ser feito com
palestras instrucionais para os docentes de toda a hierarquia pedagógica.
Complementarmente, o Ministério da Saúde deve disponibilizar profissionais, como
psicólogos, que dêem o apoio e o estímulo para a continuidade educacional dos
deficientes e desconstruam, com atividades lúdicas e interativas com todos os alunos,
como simulações da surdez, os preconceitos acerca desse grupo social.
Essa é uma cartilha elaborada por 31 dos 55 alunos nota 1000 na redação
do Exame Nacional do Ensino Médio 2018. Ela foi produzida a partir da
união espontânea desses estudantes a fim de ajudar outros, como você, e
com o intuito de servir de inspiração e exemplo para a evolução textual de
futuros vestibulandos.
Aqui você encontrará uma seção para cada autor, contendo o espelho da
sua redação, o texto transcrito e uma confirmação da pontuação máxima.
Elas estão organizadas em ordem alfabética, mas não há ordem certa para
leitura :).
Lucas Felpi
@lfelpi
ATENÇÃO: Sob hipótese nenhuma esse material poderá ser revendido. Ele é inteiramente gratuito e
estará disponível no formato digital a todos. Além disso, caso professores, blogs, portais, ou cursos
tenham interesse em compartilhar ou adotar a cartilha, pedimos que a copiem na íntegra, sem
fragmentá-la, e mantenham os créditos. O trabalho foi feito pelos próprios autores, com direito de
uso para este documento, e não está aplicado a outras fontes sem prévia autorização.
1
Sumário
André Bahia 18 anos | Janaúba - MG 4
David Klinsman 2
0 anos | Imperatriz - MA 13
Natália Patrício 2
0 anos | Brasília - DF 70
Pedro Assaad 2
0 anos | Rio de Janeiro - RJ 73
Thais Saeger 2
8 anos | Niterói - RJ 82
2
Vanessa Tude 19 anos | Nova Iguaçu - RJ 88
Agradecimentos 97
3
André Bahia
18 anos | Janaúba - MG
Foto: Reprodução/Inep
"
Segundo Steve Jobs, um dos fundadores da empresa “Apple”, a tecnologia
move o mundo. Contudo, os avanços tecnológicos não trouxeram apenas
avanços à sociedade, uma vez que bilhões de pessoas sofrem a
manipulação oriunda do acesso aos seus dados no uso da internet. Nesse
4
sentido, esse processo é executado por empresas que buscam
potencializar a notoriedade dos seus produtos e conteúdos no meio
virtual. Sob tal ótica, esse cenário desrespeita princípios importantes da
vida social, a saber, a liberdade e a privacidade.
De acordo com Jean Paul Sartre, o homem é condenado a ser livre. Nessa
lógica, o uso de informações do acesso pessoal para influenciar o usuário
confronta o pensamento de Sartre, visto que o indivíduo tem sua liberdade
de escolha impedida pela imposição de conteúdos a serem acessados.
Dessa forma, a internet passa a ser um ambiente pouco democrático e
torna-se um reflexo da sociedade contemporânea, na qual as relações de
lucro e interesse predominam. Faz-se imprescindível, portanto, a
dissolução dessa conjuntura.
5
Foto: Reprodução/Inep
6
Carolina Mendes Pereira
18 anos | Natal - RN
Foto: Reprodução/Inep
"
Em sua canção "Pela Internet", o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a
quantidade de informações disponibilizadas pelas plataformas digitais
para seus usuários. No entanto, com o avanço de algoritmos e
mecanismos de controle de dados desenvolvidos por empresas de
7
aplicativos e redes sociais, essa abundância vem sendo restringida e as
notícias, e produtos culturais vêm sendo cada vez mais direcionados - uma
conjuntura atual apta a moldar os hábitos e a informatividade dos
usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento de usuários
pela seleção prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais
crítico de enfrentamento.
8
expliquem como os alunos poderão ampliar seu meio de informações e
demonstrem como lidar com tais seletividades, haverá um caminho
traçado para uma sociedade emancipada.
"
Carolina Mendes Pereira
Foto: Reprodução/Inep
9
Clara de Jesus
18 anos | Aracaju - SE | @_claradejesus_
Foto: Reprodução/Inep
"
“Black Mirror” é uma série americana que retrata a influência da tecnologia
no cotidiano de uma sociedade futura. Em um de seus episódios, é
apresentado um dispositivo que atua como uma babá eletrônica mais
10
desenvolvida, capaz de selecionar as imagens e os sons que os indivíduos
poderiam vivenciar. Não distante da ficção, nos dias atuais, existem
algoritmos especializados em filtrar informações de acordo com a
atividade “online” do cidadão. Por isso, torna-se necessário o debate acerca
da manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na
internet.
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Foto: Reprodução/Inep
12
David Klinsman
20 anos | Imperatriz - MA | @davidklinsman
Foto: Reprodução/Inep
"
Para o pensador francês Pierre Bourdieu, “aquilo que foi criado para ser
um instrumento de democracia, não deve ser convertido em uma
ferramenta de manipulação“. Essa visão, embora correta, não é efetivada
no hodierno cenário global, sobretudo no Brasil, posto que se tornou
13
frequente a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de
dados na internet, nas diversas relações cotidianas. Isso ocorre, ora em
função do despreparo civil, ora pela inação das esferas governamentais
para conter esse dilema. Assim, hão de ser analisados tais fatores, a fim de
que se possa liquidá-los de maneira eficaz.
14
comportamentos por particulares. Quiçá, assim, tal hiato reverter-se-á,
sobretudo na perspectiva tupiniquim, fazendo “jus”, deveras, àquilo que
fora apregoado pelo pensador francês Bourdieu.
"
David Klinsman
Foto: Reprodução/Inep
15
Fabricio Vitorino
18 anos | Rio Claro - SP | @_fabriciovds_
Foto: Reprodução/Inep
"
Após o fim da Guerra Fria, em 1990, e o estabelecimento do capitalismo em
praticamente todo o mundo, as empresas utilizam-se cada vez mais dos
meios midiáticos e da tecnologia para promoverem seus produtos de
16
maneira direcionada e flexibilizada aos consumidores. Com efeito, nota-se
crescente número de pessoas consumistas e endividadas, problema
agravado na contemporaneidade. Assim, cabe a análise acerca de causas,
consequências e possível solução da problemática.
17
Foto: Reprodução/Inep
18
Fernanda Carolina Santos
18 anos | Belo Horizonte - MG
Foto: Reprodução/Inep
"
No filme “Matrix“, clássico do gênero ficção científica, o protagonista Neo é
confrontado pela descoberta de que o mundo em que vive é, na realidade,
uma ilusão construída a fim de manipular o comportamento dos seres
humanos, que, imersos em máquinas que mantém seus corpos sob
19
controle, são explorados por um sistema distópico dominado pela
tecnologia. Embora seja uma obra ficcional, o filme apresenta
características que se assemelham ao atual contexto brasileiro, pois, assim
como na obra, os mecanismos tecnológicos têm contribuído para
alienação dos cidadãos, sujeitando-os aos filtros de informações impostos
pela mídia, o que influencia negativamente seus padrões de consumo e
sua autonomia intelectual.
20
virtual um ambiente mais seguro e democrático para a população
brasileira.
"
Fernanda Carolina Santos
Foto: Reprodução/Inep
21
Iohana Freitas
18 anos | Brasília - DF
Foto: Reprodução/Inep
"
Por consequência da Revolução Científica, o acesso à tecnologia favorece
contato com uma farta veiculação de informações, as quais são
constantemente manipuladas. Nesse sentido, o controle de dados
22
presente da internet reverbera uma arquitetura de comportamento da
sociedade, sendo imperiosa a ampliação de medidas a fim de minimizar os
impactos ocasionados por esse cenário. Ademais, é fulcral ressaltar a
ausência de pensamento crítico como causa, bem como os prejuízos
sociais fomentados em decorrência disso.
23
Foto: Reprodução/Inep
24
Isabel Petrenko
18 anos | Rio de Janeiro - RJ | @ipetrenkod
Foto: Reprodução/Inep
"
Em “O jogo da imitação”, o personagem Alan Turing prejudica o avanço da
Alemanha nazista, quando consegue decifrar os algoritmos
correspondentes ao projeto de guerra de Hitler. Diante disso, pode-se
observar, desde a segunda metade do século XX, a relevância do
25
conhecimento tecnológico para atingir certos objetivos. Contudo,
diferentemente desse contexto, atualmente, utiliza -se, muitas vezes, a
tecnologia não para o bem coletivo, como no filme, mas para vantagens
individuais, mediante a manipulação de dados de usuários da internet.
Destarte, é fundamental analisar as razões que tornam essa problemática
uma realidade no mundo contemporâneo.
26
sociais, a fim de criar uma maior preocupação com a segurança das
informações. Dessa forma, será possível construir uma sociedade mais
autônoma e menos guiada pelos interesses empresariais.
"
Isabel Petrenko
Foto: Reprodução/Inep
27
Isabella Campolina
20 anos | Sete Lagoas - MG | @isabellacampolina
Foto: Reprodução/Inep
"
Em meados do século XX, durante o período da Segunda Guerra Mundial,
foi desenvolvida a internet. A princípio, tal ferramenta tinha como objetivo
facilitar a comunicação bélica e, por isso, era restrita a um determinado
28
grupo de pessoas. Entretanto, após o término da guerra a internet foi
difundida e alcançou novos públicos. Além disso, foram atribuídas novas
funções à ferramenta que contribuíram para sua popularização.
Atualmente, a tecnologia virtual faz parte da vida da maior parte da
população brasileira, seja para lazer, seja para trabalho. Contudo, embora a
internet ofereça acesso a todo tipo de conteúdo, ela se vale de
mecanismos de controle de dados que manipulam a disposição das
informações. Dessa maneira, em razão do Capitalismo e do ensino
tradicionalista, a manipulação do comportamento do usuário pelo controle
de dados da internet torna-se evidente e problemático.
29
autônomos ao usar a ferramenta. Além disso, o Governo Federal deve criar
campanhas que sejam veiculadas às mídias abordando o tema em
questão. Dessa maneira, a parcela da população que não frequenta mais a
escola também é informada e alertada para se precaver.
"
Isabella Campolina
Foto: Reprodução/Inep
30
Ívina Araújo
21 anos | Santa Quitéria - CE | @ivina_araujo
Foto: Reprodução/Inep
"
Em um dos episódios da série televisiva “Black Mirror“, é retratada a
aceitação de padrões de comportamentos na Internet pelo indivíduo
como uma forma de ser aceito pela sociedade mesmo que, muitas vezes,
31
este discorde daqueles. De maneira similar à realidade, nota-se que, no
Brasil, a questão da manipulação dos usuários no ambiente virtual em
nada difere do enredo ficcional citado, pois a falta de um questionamento
contundente pelas esferas midiático e social acerca da temática é uma
marca constante neste país. Diante disso, é imprescindível discutir novas
metodologias ativas no intuito de estimular o desenvolvimento do senso
crítico dos cidadãos e eliminar as mazelas trazidas pela problemática.
32
midiáticos, adotando formas mais abrangente de disponibilizar os
conteúdos de forma integral nas mídias, no intuito de proporcionar uma
maior variedade de opções aos indivíduos. Ademais, em sinergia com a
sociedade, deve propor a discussão da temática mediante a criação de
campanhas publicitárias e programa de debates, em busca de estimular o
indivíduo a desenvolver o seu senso crítico e instigar a busca de
conhecimento de forma mais completa. Só assim será possível evitar que
casos, como da série “Black Mirror”, venham a ocorrer.
"
Ívina Araújo
Foto: Reprodução/Inep
33
Jamille Borges
18 anos | Aracaju - SE | @jamiilleborges
Foto: Reprodução/Inep
"
A série britânica “Black Mirror” é caracterizada por satirizar a forma como a
tecnologia pode afetar a humanidade. Dentre outros temas, o seriado
aborda a influência dos algoritmos na opinião e no comportamento das
personagens. Fora da ficção, os efeitos do controle de dados não são
diferentes dos da trama e podem comprometer o senso crítico da
34
população brasileira. Assim, faz-se pertinente debater acerca das
consequências da manipulação do comportamento do usuário pelo
controle de dados na internet.
35
Jamille Borges
Foto: Reprodução/Inep
36
Laís Mesquita
18 anos | Fortaleza - CE | @laismcamara
Foto: Reprodução/Inep
"
A maior parte da população mundial do século XXI tem acesso à internet,
porém esse limitado devido ao uso que “sites” e aplicativos dão aos dados
de seus usuários. Tais informações, em geral, são usadas para restringir o
37
contato destes apenas àquilo que se alinha ao pensamento deles e para
difundir padrões e atitudes dominantes, manipulando, portanto, o
comportamento de seus usuários.
38
Foto: Reprodução/Inep
39
Laura Elisa Viana
18 anos | Mariana - MG | @lauraelisav
Foto: Reprodução/Inep
"
O Marco Civil da Internet, lei aprovada em 2014, assegura aos cidadãos
brasileiros direitos e deveres referentes ao uso dos espaços virtuais na
contemporaneidade. Embora seja uma importante conquista por reiterar a
40
liberdade de expressão e o direito à privacidade, essa legislação está
ameaçada pela manipulação do comportamento dos usuários pelo
controle de dados na internet, prática que favorece os interesses de
grupos empresariais e políticos. Nesse cenário, a falsa liberdade de escolha
e a padronização dos pensamentos emergem como empecilhos para a
manutenção de uma sociedade dialógica e igualitária.
41
Civil determinou: igualdade e segurança no paralelo universo virtual,
indissociável da realidade do século XXI.
"
Laura Elisa Viana
Foto: Reprodução/Inep
42
Letícia Sant'Anna
15 anos | Aracaju - SE | @leticiaosantanna
Foto: Reprodução/Inep
"
A sociedade distópica retratada no longa-metragem “Matrix“ era
controlada por uma inteligência artificial que ocasionava a ilusão de
livre-arbítrio das pessoas, a qual era erroneamente interpretada como
43
decisão inerente ao ser humano. Para além da ficção, o poder de alienação
e manipulação dos indivíduos a partir do controle de dados na internet é
uma realidade provocada pelas plataformas de comunicação e redes
sociais no Brasil e no mundo.
44
Foto: Reprodução/Inep
45
Lívia Taumaturgo
18 anos | Fortaleza - CE | @liviatmg
Foto: Reprodução/Inep
"
Segundo as ideias do sociólogo Habermas, os meios de comunicação são
fundamentais para a razão comunicativa. Visto isso, é possível mencionar
que a internet é essencial para o desenvolvimento da sociedade.
46
Entretanto, o meio virtual tem sido utilizado, muitas vezes, para a
manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados,
podendo induzir o indivíduo a compartilhar determinados assuntos ou a
consumir certos produtos. Isso ocorre devido à falta de políticas públicas
efetivas que auxiliem o indivíduo a “navegar”, de forma correta, na internet,
e à ausência de consciência, da grande parte da população, sobre a
importância de saber utilizar adequadamente o meio virtual. Essa
realidade constituiu um desafio a ser resolvido não somente pelos poderes
públicos, mas também por toda a sociedade.
47
intensificado pela manipulação do comportamento do usuário pelo
controle de dados. Além disso, é de suma importância que as instituições
educacionais promovam, por meio de campanhas de conscientização,
para pais e alunos, discussões engajadas sobre a imprescindibilidade de
saber usar, de maneira cautelosa, a internet, entendendo a relevância de
uma “polarização digital” para a concretização da razão comunicativa, com
o intuito de utilizar o meio virtual para o desenvolvimento pleno da
sociedade.
"
Lívia Taumaturgo
Foto: Reprodução/Inep
48
Lucas Felpi
17 anos | Cotia - SP | @lfelpi
Foto: Reprodução/Inep
"
No livro "1984" de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que
um Estado totalitário controla e manipula toda forma de registro histórico
e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos
49
governantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um
funcionário do contraditório Ministério da Verdade que diariamente
analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem
do Partido e formar a população através de tal ótica. Fora da ficção, é fato
que a realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo
cibernético do século XXI: gradativamente, os algoritmos e sistemas de
inteligência artificial corroboram para a restrição de informações
disponíveis e para a influência comportamental do público, preso em uma
grande bolha sociocultural.
50
possível combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no
país e, ademais, estourar a bolha que, da mesma forma que o Ministério da
Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas tecnologias estão
construindo nos cidadãos do século XXI.
"
Lucas Felpi
Foto: Reprodução/Inep
51
Luisa Leite
18 anos | Belo Horizonte - MG
Foto: Reprodução/Inep
"
A Revolução Técnico-Científico-Informacional, iniciada na segunda metade
do século XX, inaugurou inúmeros avanços no setor de informática e
telecomunicações. Embora esse movimento de modernização tecnológica
52
tenha sido fundamental para democratizar o acesso a ferramentas digitais
e a participação nas redes sociais, tal processo é acompanhado pela
invasão da privacidade de usuários, em virtude do controle de dados
efetuado por empresas de tecnologia. Tendo em vista que o uso de
informações privadas de internautas pode induzí-los a adotar
comportamentos intolerantes ou aderir a posições políticas, é
imprescindível buscar alternativas que inibam essa manipulação
comportamental no Brasil.
53
a manipulação comportamental de usuários e, caso aprovada, certamente
contribuirá para otimizar a experiência dos brasileiros na internet.
"
Luisa Leite
Foto: Reprodução/Inep
54
Maria Eduarda Fionda
18 anos | Rio de Janeiro - RJ
Foto: Reprodução/Inep
"
Da ficção à realidade
George Orwell, em sua célebre obra “1984”, descreve uma distopia na qual
os meios de comunicação são controlados e manipulados para garantir a
55
alienação da população frente a um governo totalitário. Entretanto, apesar
de se tratar de uma ficção, o livro de Orwell parece refletir, em parte, a
realidade do século XXI, uma vez que, na atualidade, usuários da internet
são constantemente influenciados por informações previamente
selecionadas, de acordo com seus próprios dados. Nesse contexto,
questões econômicas e sociais devem ser postas em vigor, a fim de serem
devidamente compreendidas e combatidas.
56
"
Foto: Reprodução/Inep
57
Maria Fernanda Brandão
17 anos | Niterói - RJ | @mf_brandao
Foto: Reprodução/Inep
"
De acordo com o filósofo alemão Arthur Schopenhauer, “o homem toma
os limites do seu próprio campo de visão como os limites do mundo”.
Atualmente, essa conduta é potencializada pela seleção parcial dos dados
expostos na internet decorrente da influência global das indústrias
58
capitalistas. Tal realidade, uma vez desconhecida pela população, pode
influenciar e manipular o comportamento do usuário de maneira
despercebida e prejudicar o seu senso crítico, inibindo, assim, a plena
liberdade de escolha. Diante disso, faz-se necessária a adoção de medidas
capazes de assegurar esse direito civil aos brasileiros.
59
intervenções, será possível que os brasileiros enxerguem o mundo sem os
limites impostos por sua visão ou pela seleção de conteúdos na internet.
"
Foto: Reprodução/Inep
60
Mariana Oliveira
19 anos | Teresina - PI | @marianaoliveiran
Foto: Reprodução/Inep
"
Consoante o filósofo Jean Jacques Rousseau, “o homem nasce livre e por
toda parte encontra-se acorrentado“. A partir dessa ideia, infere-se que,
apesar de o ser humano possuir a liberdade de escolher produtos e gostos,
é, na atualidade, manipulado pelo controle de dados na internet, que tem
61
exercido coerção sobre o comportamento do indivíduo. Tal problemática
ocorre devido, entre outros fatores, à ausência de informação e à falta de
fiscalização desses mecanismos.
62
"
Mariana Oliveira
Foto: Reprodução/Inep
63
Mattheus Cardoso
17 anos | Rio das Ostras - RJ
Foto: Reprodução/Inep
"
O advento da internet possibilitou o avanço das formas de comunicação e
permitiu maior acesso à informação. No entanto, a venda de dados
particulares de usuários se mostra um grande problema. Apesar dos
esforços para coibir essa prática, o combate a manipulação de usuários por
64
meio de controle de dados representa um enorme desafio. Pode-se dizer,
então, que a negligência por parte do governo e a forte mentalidade
individualista dos empresários são os principais responsáveis pelo quadro.
Outrossim, a busca pelo ganho pessoal acima de tudo também pode ser
apontado como responsável pelo problema. De acordo com o pensamento
marxista, priorizar o bem pessoal em detrimento do coletivo gera
inúmeras dificuldades para a sociedade. Ao vender dados particulares e
manipular o comportamento de usuários, empresas invadem a
privacidade dos indivíduos e ferem importantes direitos da população em
nome de interesse individuais. Desse modo, a união da sociedade é
essencial para garantir o bem-estar coletivo e combater o controle de
dados e a manipulação do comportamento no meio digital.
Mattheus Cardoso
65
Foto: Reprodução/Inep
66
Melissa Fiuza
17 anos | Fortaleza - CE | @melf1_
Foto: Reprodução/Inep
"
Immanuel Kant, filósofo iluminista, argumentava que a menoridade é o
estado em que o homem se encontra manipulado e sem a capacidade de
pensar por conta própria, dependendo dos outros para que suas ações se
concretizem. Nesse sentido, Kant afirmava que a saída para essa triste
realidade é o esclarecimento, ou seja, o uso da razão para que o indivíduo
67
se emancipe. No entanto, o que se observa na atualidade é o contrário do
que o filósofo pregava, uma vez que o controle de dados na internet
favorece a manipulação dos usuários, a qual não é combatida pelas
escolas, que não oferecem educação tecnológica, e pelo Poder Público,
que não pune empresas que comercializam esses dados.
Melissa Fiuza
68
Foto: Reprodução/Inep
69
Natália Patrício
20 anos | Brasília - DF
Foto: Reprodução/Inep
"
A utilização dos meios de comunicação para manipular comportamentos
não é recente no Brasil: ainda em 1937, Getúlio Vargas apropriou-se da
divulgação de uma falsa ameaça comunista para legitimar a implantação
70
de um governo ditatorial. Entretanto, os atuais mecanismos de controle de
dados, proporcionados pela internet, revolucionaram de maneira negativa
essa prática, uma vez que conferiram aos usuários uma sensação ilusória
de acesso à informação, prejudicando a construção da autonomia
intelectual e, por isso, demandam intervenções. Ademais, é imperioso
ressaltar os principais impactos da manipulação, com destaque à
influência nos hábitos de consumo e nas convicções pessoais dos usuários.
71
Unidos – com o intuito de minimizar o compartilhamento de informações
falsas e o impacto destes na sociedade. Feito isso, a sociedade brasileira
poderá se proteger contra a manipulação e a desinformação.
"
Natália Patrício
Foto: Reprodução/Inep
72
Pedro Assaad
20 anos | Rio de Janeiro - RJ | @pedroassaad
Foto: Reprodução/Inep
"
As primeiras duas décadas do século XXI, no Brasil e no mundo
globalizado, foram marcadas por consideráveis avanços científicos, dentre
os quais destacam-se as tecnologias de informação e comunicação (TICs).
Nesse sentido, tal panorama promoveu a ampliação do acesso ao
73
conhecimento, por intermédio das redes sociais e mídias virtuais. Em
contrapartida, nota-se que essa realidade impôs novos desafios às
sociedades contemporâneas, como a possibilidade de manipulação
comportamental via dados digitais. Desse modo, torna-se premente
analisar os principais impactos dessa problemática: a perda da autonomia
de pensamento e a sabotagem dos processos políticos democráticos.
74
privilegiados. Tal ação é viável por intermédio da restrição do acesso, por
parte de entidades políticas, aos algoritmos e informações privadas de
preferências pessoais, objetivando proteger a privacidade do indivíduo e o
exercício da democracia plena. Desse modo, atenuar-se-á, em médio e
longo prazo, o impacto nocivo do controle comportamental moderno, e a
sociedade alcançará o estágio da maioridade Kantiana.
"
Pedro Assaad
Foto: Reprodução/Inep
75
Rylla Varela
19 anos | Ipanguaçu - RN | @ryllamelo
Foto: Reprodução/Inep
"
A obra musical "Admirável Chip Novo", da cantora Pitty, retrata a
manipulação das ações humanas em razão do uso das tecnologias, que
findam por influenciar o comportamento dos indivíduos. Não obstante, tal
questão transcende a arte e mostra-se presente na realidade brasileira
76
através da filtragem de dados na internet e sua utilização como
ferramenta de determinação de atitudes, consequência direta do interesse
do mercado globalizado e da vulnerabilidade dos usuários. Assim, torna-se
fundamental a discussão desses aspectos, a fim do pleno funcionamento
da sociedade.
Rylla Varela
77
Foto: Reprodução/Inep
78
Sílvia Fernanda Lima
17 anos | Niterói - RJ
Foto: Reprodução/Inep
"
No livro Admirável Mundo Novo do escritor inglês Aldous Huxley é
retratada uma realidade distópica na qual o corpo social padroniza-se pelo
controle de informações e traços comportamentais. Tal obra fictícia, em
primeira análise, diverge substancialmente da realidade contemporânea,
79
uma vez que valores democráticos imperam. No entanto, com o influente
papel atribuído à internet, configurou-se uma liberdade paradoxal
tangente à regulamentação de dados. Assim, faz-se profícuo observar a
parcialidade informacional e o consumo exacerbado como pilares
fundamentais da problemática.
80
construção de uma juventude responsável e dificilmente manipulada, sem
nenhuma semelhança a obra de Aldous Huxley.
"
Foto: Reprodução/Inep
81
Thais Saeger
28 anos | Niterói - RJ | @thaisaeger
Foto: Reprodução/Inep
"
É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais
variadas esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e das relações
sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede potencializou o
82
fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da
construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os
interesses dos usuários. Tal personalização se observa, também, na
divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes,
tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro,
intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos.
83
"
Thais Saeger
Foto: Reprodução/Inep
84
Tiago Henrique Rodrigues
16 anos | Guarabira - PB | @tiagohrpg
Foto: Reprodução/Inep
"
O Marco Civil da Internet, criado em 2014, assegura o uso livre e
democrático nas redes comunicativas. Porém, na realidade
contemporânea, é evidente que o monitoramento das atividades dos
usuários online por parte de empresas implica a perda da privacidade dos
85
indivíduos que utilizam a internet. Com isso, a influência dos interesses
empresariais, bem como o descaso governamental frente a tal
problemática corroboram para a manutenção da mesma.
86
Foto: Reprodução/Inep
87
Vanessa Tude
19 anos | Nova Iguaçu - RJ | @vanessatude
Foto: Reprodução/Inep
"
O mundo conheceu novos equipamentos ao longo do processo de
industrialização, com destaque para os descobrimentos da Terceira
Revolução Industrial, que possibilitou a expansão dos meios de
88
comunicação e controle de dados em inúmeros países. Entretanto, as
ferramentas recém descobertas foram utilizadas de forma inadequada,
como por exemplo, durante a Era Vargas. Com efeito, a má utilização
dessas tecnologias contribui com a manipulação comportamental dos
usuários que se desenvolve devido não só à falta de informação popular
como também à negligência governamental.
89
"
Vanessa Tude
Foto: Reprodução/Inep
90
Vitoria Azevedo
18 anos | Volta Redonda - RJ | @vitoria_azevedo_
Foto: Reprodução/Inep
"
A Terceira Revolução Industrial, ocorrida no século XX, trouxe diversas
novas tecnologias que fomentaram os processos de conexões do mundo,
como a internet. Nesse viés, embora tal rede virtual tenha tornado-se
demasiadamente difundida na atualidade e seja benéfica em diversos
91
aspectos, esse meio também é usado para um objetivo nefasto: alienação
populacional. Sobre essa perspectiva, seja pela interferência na capacidade
de escolha do indivíduo, seja pela colaboração com o consumo
desmedido, a manipulação dos usuários da internet extremamente nociva
para a sociedade.
92
corpo social na fase adulta. Sendo assim, essas medidas podem ajudar a
minimizar as manipulações dos usuários.
"
Vitoria Azevedo
Foto: Reprodução/Inep
93
Yuri Faquini
17 anos | Juiz de Fora - MG | @yurifaquini
Foto: Reprodução/Inep
"
Para o sociólogo Manuel Castells, o advento da “Era da Informação”
significou uma mudança nas relações de poder. Enquanto, na “Era
Industrial”, o cenário era regulado pela posse dos meios de produção, na
94
nova fase, o domínio político, econômico e social tornou-se vinculado ao
controle da produção, do processamento e do compartilhamento de
dados. Tal transformação favoreceu que o meio virtual, por meio de
algoritmos, adquirisse a capacidade de manipular o comportamento de
internautas de acordo com suas preferências, prática a qual, uma vez
sustentada pela ausência de autonomia dos indivíduos na “internet”,
constitui o alicerce para o surgimento das “bolhas virtuais”.
Além disso, a seleção do conteúdo exibido aos usuários com base no seu
histórico leva à formação das “bolhas virtuais”, considerando que eles são
direcionados, sobretudo nas redes sociais, para páginas nas quais é
compartilhado um mesmo interesse. Segundo o médico e criador da
psicanálise Freud, um indivíduo, ao ser inserido em um grupo específico,
tende a suprimir suas peculiaridades para assumir as características
predominantes no ambiente em que se encontra. No caso da “internet”,
esse fenômeno, além de ocorrer, é agravado, uma vez que a própria
escolha de integrantes de um espaço é feita a partir de opiniões
convergentes.
95
de opiniões. Só assim, o controle de indivíduos na “Era da Informação” será
solucionado.
"
Yuri Faquini
Foto: Reprodução/Inep
96
Agradecimentos
Menção dos autores a professores, cursos e instituições decisivos para os seus
resultados:
97
98
Prezado estudante,
Seja bem-vindo a mais uma cartilha! Aqui você vai encontrar 44 das 53
redações nota máxima do Enem 2019, a respeito do tema "Democratização
do acesso ao cinema no Brasil". Os textos foram concedidos por espontânea
e livre vontade dos autores e, por isso, essa é uma cartilha extraoficial.
É com esses valores que damos continuidade para uma segunda versão
desse material. Desde o Alagoas ao Rio Grande do Sul, dos 16 aos 28 anos,
cada um dos 44 autores aqui reunidos ficam imensamente felizes em te
ajudar a chegar mais alto; em te ajudar a superar, por exemplo, os
obstáculos de uma rede de ensino público deficitário.
Por último, pessoalmente, preciso dizer que fico muito orgulhoso de olhar
para trás e ver a proporção dessa iniciativa. Disse no texto introdutório da
de 2018 que "essa é a nossa verdadeira proposta de intervenção". E, foi.
Esse ano, vários autores dessa cartilha me agradeceram pela do ano
passado, porque eles, assim como você agora, estavam lendo ela. :')
Lucas Felpi
ATENÇÃO: Sob hipótese nenhuma esse material poderá ser revendido. Ele é inteiramente gratuito e
está disponível no formato digital a todos. Caso professores, portais, ou cursos tenham interesse em
compartilhar ou adotar a cartilha, pedimos que mantenham os créditos e divulguem o material.
1
Sumário
Alana Miranda Delfino 4
Aldillany Maria Rodrigues 6
Amanda Rocha 8
Ana Clara Socha 10
Ana Flávia Pereira 12
Ana Teresa Rodrigues 14
André Cecílio 16
Augusto Fernandes Scapini 18
Bruna Guarçoni 20
Caio Henrique Alves Moreira 22
Carlos Eduardo Immig 24
Caroline Baptista 26
Damirys Machado Maciel 28
Daniel Gomes 30
Eduarda Amorim 32
Emmanuelle Gomes de Faria 34
Gabriel de Lima 36
Gabriel Melo 38
Gabriel Merli 40
Gabriela Alencar 42
Guilherme Mendes Vaz 44
Gustavo Lopes 46
Isabella Cardoso 48
Isabelle Moreira 50
João Pedro Bonfim 52
Juliana Souza 54
Jurandi Campelo 56
Laura Brizola 58
2
Letícia Islávia 60
Lívia Bonin 62
Lívia Ribeiro 64
Lucas Rios 66
Luísa Dornelas 68
Maria Antônia Barra 70
Markyel Flabio Araujo 72
Matheus Adriano 74
Nathalia Vital 76
Nayra Amorim 78
Pedro Luís Ladeira Mello 80
Raquel Merisio 82
Stela Lopes 84
Thiago Nakazone 86
Vinicius Adriano 88
Vitória Castro 90
Agradecimentos 92
3
Alana Miranda Delfino
21 anos | Uberlândia - MG | @alanamirandad
Foto: Reprodução/Inep
4
"Ao longo do processo de formação da
sociedade, o pensamento cinematográfico consolidou-se
em diversas comunidades. No início do século XX, com os regimes
totalitários, por exemplo, o cinema era utilizado como meio de dominação à
adesão das massas ao governo. Embora o cinema tenha se popularizado,
posteriormente, como entretenimento, nota-se, na contemporaneidade, a sua
limitação social, em virtude do discurso elitizado que o compõe e da falta de
acesso por parte da população. Essa visão negativa pode ser
significativamente minimizada, desde que acompanhada da desconstrução
coletiva, junto à redução do custo do ingresso para a maior acessibilidade.
Em primeira análise, é evidente que a herança ideológica da produção
cinematográfica, como um recurso destinado às elites, conservou-se na
coletividade e perpetuou a exclusão de classes inferiores. Nessa perspectiva,
segundo Michel Foucault, filósofo francês, o poder articula-se em uma
linguagem que cria mecanismos de controle e coerção, os quais aumentam
a subordinação. Sob essa ótica, constata-se que o discurso hegemônico
introduzido, na modernidade, moldou o comportamento do cidadão a
acreditar que o cinema deve se restringir a determinada parcela da
sociedade, o que enfraquece o princípio de que todos indivíduos têm o
direito ao lazer e ao entretenimento. Desse modo, com a concepção
instituída da produção cinematográfica como diversão das camadas altas, o
cinema adquire o caráter elitista, o qual contribui com a exclusão do
restante da população.
Além disso, uma comunidade que restringe o acesso ao cinema, por
meio do custo de ingressos, representa um retrocesso para a coletividade
que preza por igualdade. Nesse sentido, na teoria da percepção do estado da
sociedade, de Émile Durkheim, sociólogo francês, abrangem-se duas
divisões: "normal e patológico". Seguindo essa linha de pensamento,
observa-se que um ambiente patológico, em crise, rompe com o seu
desenvolvimento, visto que um sistema desigual não favorece o progresso
coletivo. Dessa forma, com a disponibilidade de ir ao cinema mediada pelo
preço — que não leva em consideração a renda regional —, a democratização
torna-se inviável.
Depreende-se, portanto, a relevância da igualdade do acesso ao cinema
no Brasil. Para que isso ocorra, é necessário que o Estado proporcione a
redução coerente do custo de ingressos por região, junto à difusão da
importância da produção cinematográfica no cotidiano, nos meios de
comunicação, por meio de anúncios, a fim de colaborar com o acesso
igualitário. Ademais, a instituição educacional deve proporcionar aos
indivíduos uma educação voltada à democratização coletiva do cinema,
como entretenimento destinado às elites, por intermédio de debates e
palestras, na área das Ciências Humanas, como forma de esclarecimento
populacional. Assim, haverá um ambiente estável que colabore com a
acessibilidade geral ao cinema no país."
5
Aldillany Maria Rodrigues
20 anos | Girau do Ponciano - AL | @aldillanymaria
Foto: Reprodução/Inep
6
"A Constituição brasileira de 1988 assegura a
todos os indivíduos do amplo acesso aos bens culturais do
país. No entanto, na prática, tal garantia é deturpada, visto que o
contato com a cultura — por meio dos cinemas — não se encontra efetivado na
sociedade nacional. Esse cenário nefasto ocorre não só em razão do deficitário
incentivo à valorização cultural nas escolas, mas também devido à excessiva
mercantilização da cultura. Logo, faz-se imperiosa a análise dessa conjuntura,
com o intuito de mitigar os entraves para a consolidação dos direitos
constitucionais.
Em primeira análise, vale destacar que durante o Renascimento
Cultural — movimento artístico e intelectual ocorrido na transição da Idade
Média para a Idade Moderna — a cultura era valorizada e usada como uma
maneira de transmitir conhecimentos. Hodiernamente, entretanto, a situação
é pouco observada na sociedade brasileira, uma vez que o acesso ao cinema,
como forma de expandir a construção dos saberes, encontra-se pouco
ampliado. Esse panorama lamentável acontece porque a maioria das escolas,
instituições essenciais para a formação de indivíduos engajados
culturalmente, interessa-se, geralmente, apenas pela transmissão de
conteúdos técnicos, negligenciando estimular as habilidades socioculturais.
Evidencia-se, portanto, que a restrita ida aos cinemas relaciona-se com o
deficitário incentivo contato com essa modalidade de entretenimento por
parte dos colégios.
Ademais, vale ressaltar que, de acordo com os sociólogos da Escola de
Frankfurt, a cultura tornou-se um instrumento voltado para a obtenção de
lucros. Nesse viés, a excessiva mercantilização dos bens culturais, como os
cinemas, segrega áreas periféricas, nas quais grande parte da população é
desprovida de amplos recursos financeiros para acessar tais meios de lazer.
Desse modo, constata-se que a concentração dos cinemas em áreas
privilegiadas economicamente, atestada pela óptica frankfurtiana, fere os
princípios constitucionais e impede a democratização do acesso a esse meio
de entretenimento.
Verifica-se, então, a necessidade de ampliar o acesso ao cinema no
Brasil. Para isso, faz-se imprescindível que o Ministério da Educação e da
Cultura, por intermédio de minicursos, instrua os educadores — especialmente
os docentes em sociologia, haja vista o conhecimento cultural inerente a tal
curso — a elucidar em suas aulas a importância da valorização dos bens
culturais para a ampliação do conhecimento, a fim de estimular os alunos a
irem aos cinemas. Paralelamente, precisa-se que a sociedade civil organizada,
mediante a criação de projetos de lei, os quais tornam obrigatória a
descentralização dos cinemas, pressione o Poder Judiciário a aprová-los, com
o objetivo de democratizar o acesso a esse meio de entretenimento. Assim,
tornar-se-á possível a construção de uma sociedade permeada pela efetivação
dos elementos elencados na Magna Carta."
7
Amanda Rocha
21 anos | Itaituba - PA | @amandabossam
Foto: Reprodução/Inep
8
"A construção dos feudos, muros que delimi-
tavam uma determinada área no período da Idade Média,
segregou milhares de pessoas e impossibilitou o acesso a bens que
somente a nobreza podia usufruir. Semelhante a essa época, no contexto
brasileiro contemporâneo, o cinema é um dos inúmeros meios de
democratizar a cultura, mas ainda é "feudalizado", já que grande parte da
população continua alheia a esse serviço . Então, tanto a concentração das
salas de teledramaturgia em regiões mais desenvolvidas economicamente,
quanto os exorbitantes preços dos ingressos e alimentos, vendidos com
exclusividade pela empresa proprietária, mutilam a cidadania e consagram
importantes simbologias de poder.
Nessa perspectiva, a cultura é imprescindível para a identidade de um
povo e, indubitavelmente, o cinema é uma fundamental ferramenta de
inclusão e de propagação de valores sociais. Entretanto, de acordo com o
geógrafo Milton Santos, no texto "Cidadanias Mutiladas", a democracia,
extremamente necessária para a fundamentação cultural do indivíduo, só é
efetiva quando atinge a totalidade do corpo social, ou seja, na medida em
que os direitos são universais e desfrutados por todos os cidadãos. Dessa
maneira, a concentração das salas de cinemas em áreas com alto
desenvolvimento econômico e o alheamento de milhares de pessoas a esse
serviço provam que não há democratização do acesso à cultura
cinematográfica no Brasil, marginalizando grande parcela da sociedade
desprovida de recursos financeiros.
Outrossim, os preços abusivos de ingressos, a divisão das salas em
categorias de conforto e a proibição de entrada de bebidas e alimentos, que
não sejam vendidos no estabelecimento, dividem, ainda mais, a sociedade.
Isso pode ser explicado pelo teórico Pierre Bourdieu, o qual afirma que todas
as minúcias de um indivíduo constituem simbologias que são
constantemente analisadas pelo corpo social, isto é, o poder de compra, as
características pessoais e o acesso a bens e serviços refletem quem é o
homem para outrem. Dessa forma, o alto custo praticado pelas redes
cinematográficas violenta simbolicamente aqueles que não conseguem
contemplar as grandes telas e aumenta a desigualdade.
Portanto, cabe à iniciativa privada, em parceria com os estados e
municípios, promover a interiorização das salas de teledramaturgia, por meio
da construção de novos empreendimentos em áreas distantes dos polos
econômicos e da redução dos custos para o consumidor de baixa renda,
incentivando, então, a cultura mais democrática. Além disso, é
responsabilidade da Ancine, Agência Nacional de Cinema, estabelecer um
canal de comunicação mais efetivo com o telespectador, por intermédio de
aplicativos e das redes sociais interativas, para que denúncias e reclamações
sobre preços abusivos possam ser realizadas. Como efeito social, a
democratização do cinema no Brasil será uma realidade, destruindo, assim,
barreiras e "feudos" sociais."
9
Ana Clara Socha
21 anos | Brasília - DF | @anaclarasocha
Foto: Reprodução/Inep
10
"Embora a Constituição Federal de 1988
assegure o acesso à cultura como direito de todos os
cidadãos, percebe-se que, na atual realidade brasileira, não
há o cumprimento dessa garantia, principalmente no que diz respeito ao
cinema. Isso acontece devido à concentração de salas de cinema nos
grandes centros urbanos e à condição cultural de que a arte é direcionada
aos mais favorecidos economicamente.
É relevante abordar, primeiramente, que as cidades brasileiras foram
construídas sob um viés elitista e segregacionista, de modo que os centros
culturais estão, em sua maioria, restritos ao espaço ocupado pelos
detentores do poder econômico. Essa dinâmica não foi diferente com a
chegada do cinema, já que apenas 17% da população do país frequenta os
centros culturais em questão. Nesse sentido, observa-se que a segregação
social — evidenciada como uma característica da sociedade brasileira, por
Sérgio Buarque de Holanda, no livro "Raízes do Brasil" — se faz presente até
os dias atuais, por privar a população das periferias do acesso à cultura e
ao lazer que são proporcionados pelo cinema.
Paralelo a isso, vale também ressaltar que a concepção cultural de
que a arte não abrange a população de baixa renda é um fator limitante
para que haja a democratização plena da cultura e, portanto, do cinema.
Isso é retratado no livro "Quarto de Despejo", de Carolina Maria de Jesus, o
qual ilustra o triste cotidiano que uma família em condição de
miserabilidade vive, e, assim, mostra como acesso a centros culturais é
uma perspectiva distante de sua realidade, não necessariamente pela
distância física, mas pela ideia de pertencimento a esses espaços.
Dessa forma, pode-se perceber que o debate acerca da
democratização do cinema é imprescindível para a construção de uma
sociedade mais igualitária. Nessa lógica, é imperativo que Ministério da
Economia destine verbas para a construção de salas de cinema, de baixo
custo ou gratuitas, nas periferias brasileiras por meio da inclusão de seu
objetivo na base de Diretrizes Orçamentárias, com o intuito de
democratizar o acesso à arte. Além disso cabe às instituições de ensino
promover passeios aos cinemas locais, desde o início da vida escolar das
crianças, mediante autorização e contribuição dos responsáveis, a fim de
desconstruir a ideia de elitização da cultura, sobretudo em regiões
carentes. Feito isso, a sociedade brasileira poderá caminhar para
completude da democracia no âmbito cultural."
11
Ana Flávia Pereira
20 anos | Uberlândia - MG | @anaflavia_pereira
Foto: Reprodução/Inep
12
"Na obra "Brasil: uma biografia", as historiado-
ras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling apontam ao leitor as
idiossincrasias da sociedade brasileira. Dentre elas destaca-se "a
difícil e tortuosa construção da cidadania". Embora o país possui uma das
legislações mais avançadas do mundo, muito do que nela se prevê não se
concretiza. Tal fato é evidenciado no âmbito da democratização do acesso ao
cinema, tendo em vista que apesar dos brasileiros possuírem o acesso à
cultura como direito constitucional, a ineficiência do Estado associado a uma
cultura de aceitação por parte dos brasileiros faz com que a cidadania não
seja gozada por todos de maneira plena.
Em primeiro plano, a ineficiência do Estado em aplicar leis que
garantam o acesso à cultura restringe a cidadania dos indivíduos. Seja pela
dificuldade em administrar recursos em um território de dimensões
continentais, seja pela falta de interesse dos órgãos públicos em promover o
desenvolvimento sociocultural democrático das regiões afastadas do centro
vanguardista nacional, existe uma parcela significativa da população sem
acesso ao cinema. Dados oficiais do governo indicam que atualmente existem
2200 salas de cinema no país, entretanto, o Brasil possui mais de 200 milhões
de habitantes, o que indica que a democratização do entretenimento
cinematográfico é um processo lento e até mesmo o utópico.
Ademais, a aceitação da restrição da cidadania por parte dos brasileiros
provém de um ensino ineficaz e muitas vezes inexistente que acarreta falta de
conhecimento sobre os direitos individuais. No livro "Vidas Secas" de
Graciliano Ramos, o protagonista Fabiano, desprovido do acesso ao
conhecimento, acabava sendo explorado e humilhado por aqueles que detém
o saber. Nesse viés, sendo a arte uma mera reprodução da realidade, hoje são
milhares os fabianos no Brasil. Dessa forma, a ampliação do acesso à cultura
por meio do cinema é imperativa para alertar os brasileiros sobre sua
condição de marginalização cultural e para inserí-los no acesso à arte.
Portanto, pode-se inferir que a democratização do acesso ao cinema no
Brasil é um tema relevante e que carece de soluções. Sendo assim, cabe ao
Governo Federal direcionar recursos para regiões marginalizadas do eixo
vanguardista brasileiro, por meio da definição de uma agenda econômica que
democratize o acesso à cultura, a fim de promover o desenvolvimento
sociocultural igualitário dos cidadãos. Além disso, cabe ao Ministério da
Educação promover palestras, em associação com a indústria
cinematográfica, bem como incentivar a produção de curta-metragens, no
intuito de conscientizar os brasileiros sobre o direito do acesso à cultura e
sobre o papel do cinema na emancipação individual das amarras sociais.
Assim, a construção da cidadania será facilitada e os fabianos se tornarão, de
fato, cidadãos plenos."
13
Ana Teresa Rodrigues
18 anos | Fortaleza - CE | @annateresar
Foto: Reprodução/Inep
14
"No filme "A Invenção de Hugo Cabret",
o protagonista de 12 anos enfrenta grandes dificuldades
ao tentar frequentar o cinema de sua cidade, pois esse era consi-
derado um passatempo exclusivo das classes mais abastadas. Assim como
retratado no longa, não há, ainda, a plena democratização do acesso ao
cinema no Brasil, tendo em vista que a maior parte dos locais exibidores
de filmes encontra-se nas áreas urbanas do país e o acesso a esse meio de
entretenimento demanda condições econômicas pouco compatíveis com
a realidade de muitos indivíduos brasileiros.
Constata-se, a princípio, que, segundo o Artigo 6º da Constituição
Federal, todo cidadão tem direito ao lazer. Contudo, nota-se que não há o
pleno exercício da Lei ao observar que apenas 20% dos brasileiros
frequentam os cinemas de suas cidades, como afirmado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada. Esse infeliz cenário está fortemente
atrelado ao fato de que as empresas exibidoras, em sua maioria, estão
concentradas nos centros urbanos do país, pois existe, ainda no século 21,
o pensamento de que os cidadãos de pequenas e médias cidades não
possuem interesse pela chamada "sétima arte", perpetuando, assim, uma
realidade de exclusão social e elitização da cultura.
Ressalta-se, ademais, que o acesso ao cinema é dificultado pela
questão econômica, dado que, para frequentar tais locais, é necessária
uma quantia monetária, a qual pode ser significativa para a população de
baixa renda. Dessa forma, sem possuir condições econômicas favoráveis,
muitos indivíduos não enxergam o cinema como um meio de
entretenimento compatível com suas realidades, programática já
denunciada pelo cineasta Alejandro G. Iniarrítu, o qual, em seu discurso
após vencer o Oscar de Melhor Diretor em 2017, criticou a visão lucrativa e
pouco inclusiva das empresas de cinema.
Tendo em vista que foi discutido, é necessário, portanto, que os
governos estaduais promovam uma maior inclusão dos cidadãos no acesso
aos cinemas, por meio de investimentos financeiros os quais visem à
criação de locais exibidores as pequenas e médias cidades. Ademais, as
empresas exibidoras, por meio de incentivos governamentais, deverão
diminuir a demanda monetária necessária para assistir os filmes, para que,
dessa maneira, indivíduos de quaisquer classes sociais possam ter acesso
aos cinemas de sociedades e, assim, cenas como a retratada em "A
Invenção de Hugo Cabret" não aconteçam, também, na realidade."
15
André Cecílio
28 anos | Belo Horizonte - MG | @salinhapaporeto
Foto: Reprodução/Inep
16
"Um dos principais elementos de uma socie-
dade humana é a produção cultural. Por meio dela, o povo
registra sua história, seu pensamento e sua visão de mundo, o que
contribui para a construção de uma memória coletiva mais forte e permite a
ampliação do conhecimento crítico promovida pelo contato com essas
produções. Atualmente, um importante constituinte do espectro cultural é o
cinema, que, embora possua um relevante papel social, encontra-se, no Brasil,
muito restrito a parcelas mais privilegiadas da sociedade, o que é grave.
A referida importância do cinema na sociedade se explica pelo fato de,
como forma de arte, filmes funcionarem por meio da "mímesis" — conceito de
Aristóteles que se refere à capacidade de obras artísticas representarem a
realidade de forma simulada circula o que possibilita a vivência indireta de
situações variadas e leva, potencialmente, à compreensão da vida em
sociedade e das relações humanas, o que pode promover efeitos educativos
ou conscientizadores. Nesse sentido, ao retratar, mesmo que de forma
ficcional, traços (positivos ou negativos) presentes nas relações sociais, o
cinema pode gerar reflexões e críticas profundas, que podem, por sua vez,
culminar em melhorias na sociedade e fortalecimento de ideais ou grupos.
Por exemplo, a obra "Jogo da Imitação", ao retratar a atuação de Alan turing
na criação de computadores, bem como seu drama por ser homossexual em
uma sociedade intolerante, ressalta o quão grave é a manutenção de um
pensamento homofóbico. Da mesma forma, filmes como "Batismo de
Sangue", que traz denúncias sobre a Ditadura Militar no Brasil, evidenciam as
mazelas desse regime e valorizam ideais democráticos, essenciais para a vida
em sociedade. Assim, um acesso ao cinema potencializa valores cruciais para
a harmonia social.
Todavia, ocorre, no Brasil, uma nítida elitização do acesso a esse tipo de
arte. O baixo número de salas e a concentração destas em shopping centers
de grandes cidades tornam produções cinematográficas inacessíveis a grande
parte da população, visto que muitas cidades nem sequer tem estrutura para
exibi-las. Além disso, os altos preços fazem com que, para mais de um terço
da população, que, segundo o IBGE, tem renda familiar de até 2 salários
mínimos, ir ao cinema seja uma atividade inviável. Assim, nega se o direito ao
acesso à cultura, provido na Constituição, e aos benefícios do cinema.
Portanto, o Ministério da Cultura deve ampliar o número de salas de
cinema e diminuir os preços dos ingressos, por meio de subsídios (como
insenções (sic) fiscais a empresas que praticarem preços populares) dados a
instituições para que abram novas salas em regiões em que, hoje, o acesso a
filmes é difícil. Com isso, será alcançado o objetivo de tornar o cinema mais
presente na vida de daqueles com menos renda, potencializando os efeitos
dessa arte em todos os âmbitos sociais."
17
Augusto Fernandes Scapini
17 anos | Goiânia - GO | @idg4f0s13
Foto: Reprodução/Inep
18
"Aristóteles, grande pensador da Antigui-
dade, defendia a importância do conhecimento para a
obtenção da plenitude da essência humana. Para o filósofo, sem a
cultura e a sabedoria, nada separa a espécie humana do restante dos animais.
Nesse contexto, destaca-se a importância do cinema, desde a sua criação, no
século XIX, até a atualidade, para a construção de uma sociedade mais culta. No
entanto, há ainda diversos obstáculos que impedem a democratização do acesso
a esse recurso no Brasil, centrados na elitização do espaço público e causadores
da insuficiência intelectual presente na sociedade. Com isso, faz-se necessária
uma intervenção que busque garantir o acesso pleno ao cinema para todos os
cidadãos brasileiros.
19
Bruna Guarçoni
17 anos | Sete Lagoas - MG | @brunaguarconi
Foto: Reprodução/Inep
20
"A terceira fase do Modernismo vigorou,
no Brasil, durante o Período Liberal-Democrático, apresen-
tando como uma de suas propostas artísticas a retratação das
“Sociedades Liminares” – tradicionalmente excluídas do projeto cultural
brasileiro – nas obras cinematográficas. Tal movimento, conhecido como
“Cinema Novo”, embora objetivasse a integração de povos historicamente
invisibilizados, não obteve êxito na democratização do cinema no país, haja
vista o não comparecimento daqueles aos cinemas da época. Esse panorama,
ainda vigente na contemporaneidade, é atestado não só pelo crescente índice
de pirataria nas artes visuais, como pela constante mobilização de ongs na
exibição de filmes em ambientes desprovidos do acesso ao cinema.
Em primeira análise, constatam-se as amplas taxas de comercialização
de filmes pirateados, sobretudo, nos centros urbanos. Essa problemática
atenta, pois, para o descumprimento de um dos artigos da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, o qual trata dos direitos autorais de
produções artísticas, gravemente feridos pela comercialização de filmes
reproduzidos ilegalmente. Entretanto, tal cenário nada mais é do que um
reflexo do acesso restrito a tais conteúdos, em razão dos altos preços cobrados
pelas sessões de cinema, induzindo, assim, os indivíduos menos favorecidos a
optarem pela pirataria – menos onerosa e, portanto, mais adequada ao seu
diminuto poder de compra.
Vale ressaltar, ainda, a realização, por instituições não governamentais,
de projetos inclusivos que contam com sessões de filmes em ambientes
comunitários não contemplados pelo acesso à tv ou à internet. Exemplo disso
foi a transmissão do filme “Cidade de Deus” na comunidade onde ocorreram
as filmagens, a fim de oferecer aos próprios atores a possibilidade de
assistirem ao longa. Destarte, evidencia-se a negligência estatal na
democratização do cinema, visto que os referidos projetos são iniciativa de
instituições privadas – aspecto abordado por Axel Honneth, o qual afirma ser
dever do Estado a garantia do acesso às manifestações culturais, fato não
verificado no país.
Urge, pois, que medidas sejam tomadas com o intuito de se coibir o
problema discorrido. Ao Governo Federal, caberia a ampliação de ambientes
comunitários de exibição de filmes no país, a fim de se democratizar o acesso
ao cinema. Para isso, deveria haver não só a redução do valor dos ingressos
nos cinemas já existentes, mas também a expansão de instalações que
transmitiriam filmes gratuitamente em locais afastados dos centros urbanos.
Desse modo, em consonância a um dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, propostos pela ONU para 2030, o Brasil mobilizar-se-ia quanto à
redução das desigualdades, tarefa imprescindível na edificação de um Estado
Democrático, de modo a romper com a marginalização das sociedades
liminares, verificada desde os Anos Dourados."
21
Caio Henrique Alves Moreira
22 anos | Belo Horizonte - MG
Foto: Reprodução/Inep
22
"Na passagem do século XX para o século
XXI, o acesso ao cinema sofreu lamentáveis mudanças
no contexto brasileiro: as salas de exibição, antes difusas por
todo o território nacional, passaram a se concentrar somente em meios
urbanos e economicamente favorecidos. Derivado do sistema econômico
vigente, esse novo cenário priva inúmeros brasileiros do universo
cinematográfico, evidenciando a vergonhosa disparidade socioeconômica
do país e representando uma ameaça à cidadania dessa população.
Dessarte, urge a adoção de estratégia para reverter esse panorama.
Nesse sentido, é fundamental compreender como a massificação da
cultura, característica inerente ao capitalismo, contribui para a
consolidação da problemática abordada. Para isso, é pertinente considerar
a ideia de “indústria cultural”, formulada pelos filósofos Adorno e
Horkheimer, a qual aborda a produção cultural como uma mercadoria
destinada à comercialização em grande escala. Dessa forma, a
disponibilidade de produções culturais para consumo, a exemplo do
cinema, é inviabilizada em regiões economicamente desfavorecidas, visto
que não representam um mercado expressivo. Assim, populações rurais ou
periféricas são desrespeitadas quanto ao direito de acesso igualitário a
informações e serviços, tornando evidente os efeitos da desigualdade
social no que concerne à obtenção de direitos.
Outro importante aspecto a ser considerado é a relevância do acesso
ao cinema para uma comunidade. É inegável a contribuição do setor no
bem-estar social, na medida em que proporciona atividades de lazer e
convívio. Além disso, conforme pesquisas realizadas no campo da
psicanálise, conteúdos midiáticos como filmes são fundamentais para
manter a integridade psíquica do cidadão, uma vez que proporcionam
satisfações psicológicas aos anseios que a própria sociedade
contemporânea, em função dos incessantes estímulos ao consumismo,
naturaliza no indivíduo. Dessa forma, a ampliação do acesso ao universo
cinematográfico é fundamental para a promoção de uma democracia
plena.
Portanto, é necessária a atuação estatal para democratizar o acesso
ao cinema. Para tanto, cabe ao Ministério da Cidadania elaborar uma
diretriz de investimento voltada à difusão das salas de exibição
cinematográfica em regiões carentes, a fim de proporcionar infraestrutura
adequada para fornecer a atividade. Isso pode ser feito a partir da
construção de salas de cinema abertas ao público em geral e com
transmissão de filmes periodicamente nessas comunidades, permitindo o
acesso igualitário ao conteúdo, bem como a integração social efetiva."
23
Carlos Eduardo Immig
18 anos | Estância Velha - RS | @carlinhosimmig
Foto: Reprodução/Inep
24
"Ao longo de toda a história brasileira,
diversos entraves foram encontrados na tentativa de
desenvolvimento da nação. Infelizmente, dentre eles, destaca-se,
devido à sua recorrência na conjuntura hodierna, a difícil democratização do
acesso ao cinema no Brasil. A partir de uma análise desse impasse, percebe-se
que ele está vinculado não só à desigualdade regional — que é enorme no país —,
mas também à ineficácia do Estado na solução desse infortúnio.
Em primeiro plano, é incontrovertível a grande concentração de
investimentos em apenas algumas partes do Brasil, ao passo que em outras eles
inexistem. Em 1808, ao chegar ao Rio de Janeiro, a família real, com o intuito de
modernizar a cidade para seu próprio proveito, construiu muitos ambientes de
difusão de cultura — como a Biblioteca Nacional —, além de fomentar a criação de
infraestrutura para futuros projetos, como salas de cinema. No entanto, desde o
século XIX, tais investimentos ocorreram apenas nos grandes centros
populacionais do país, o que negligenciou locais menos favorecidos — como o
Norte e o Nordeste —, e fez com que, segundo dados do site "Meio e Mensagem",
apenas cerca de 17% da população possa ir frequentemente ao cinema. Dessa
forma, evidencia-se que a desigualdade regional, que existe desde o período
colonial, é um dos fatores primordiais na elitização do acesso ao cinema, o que
faz com que ele não seja democrático.
Ademais, é irrefutável a ineficiência das autoridades na resolução desse
problema, visto que ele persiste no contexto atual. De acordo com o filósofo e
sociólogo iluminista, John Locke, esse fato configura uma quebra do contrato
social, uma vez que, ao revogar o "Estado de Natureza" — momento em que o
homem não é obrigado a seguir leis e tem total liberdade —, com objetivo de ser
governado pelo Estado, os cidadãos esperam que esse amenize as mazelas
sociais e promova a igualdade de direitos a todos, o que não ocorre atualmente
no Brasil. Desse modo, o contrato é diariamente quebrado no país, posto que os
habitantes de regiões mais carentes nem sequer têm acesso à cultura presente
em salas de cinemas, o que, lamentavelmente, aumenta a desigualdade social e
impede que todos tenham as mesmas oportunidades. Logo, é inegável que essa
situação, que ocorre devido às disparidades regionais, apenas intensifica,
porquanto o governo não age em prol da resolução dela.
Portanto, partindo-se do pressuposto de que a democratização do acesso
ao cinema no Brasil é árdua, é mister que medidas sejam implementadas para
solucionar essa problemática. Sendo assim, o governo, por ser o responsável por
esse impasse, deve, por meio da construção de cinemas em locais menos
favorecidos, garantir o acesso de todos os cidadãos a esses ambientes culturais,
com o fito de que todos os brasileiros possam ter, finalmente, iguais condições de
usufruir dos filmes exibidos nas salas de cinemas. Isso, consequentemente,
acarretará uma diminuição da desigualdade sociorregional vigente no território
nacional e uma melhor qualidade de vida à população. Somente dessa maneira o
Brasil poderá se desprender das amarras da colonização e progredir em direção
ao futuro mais justo e mais humano."
25
Caroline Baptista
19 anos | Rio de Janeiro - RJ
Foto: Reprodução/Inep
26
"A aquisição de novas tecnologias permitiu o
desenvolvimento de diversos setores do Brasil, o que facilita
a obtenção de conhecimentos e conteúdos de forma rápida e prá-
tica. Contemporaneamente, o cinema é um dos setores do país que se
expande ao longo dos anos, transmitindo informações aos diferentes públicos.
Entretanto, o acesso ao cinema ocorre de modo desigual entre os indivíduos
presentes na sociedade brasileira. Nesse contexto, essa diferença no acesso
aos recursos cinematográficos persiste interpenetrada no país como
subproduto da desigualdade entre as classes e regiões brasileiras e da
alienação social diante desse panorama.
Em uma primeira perspectiva, a desigualdade histórica brasileira
apresenta íntima relação com a existência desse cenário. Segundo o filósofo
Jean-Jacques Rousseau, em sua obra "Contrato Social", a desigualdade social
surgiu com base na noção da propriedade privada e na disputa por poder e
riquezas entre os indivíduos. Essa ideia encontra-se materializada no processo
de formação histórica do Brasil, o qual foi marcado pela disputa por riquezas
entre as regiões e grupos sociais, instaurando um cenário de desigualdade
que dificulta o acesso ao cinema pelos grupos menos favorecidos
financeiramente. Dessa forma, é indubitável que as disparidades existentes
entre as regiões e classes dificultam a democratização do acesso ao cinema,
uma vez que apenas as regiões desenvolvidas apresentarão os recursos
financeiros necessários para comentar a instalação de cinemas.
Em uma segunda análise, a alienação social contribui para a
persistência da disparidade no acesso ao cinema. A filósofa alemã Hannah
Arendt, em "Banalidade do Mal", refletiu sobre o resultado do processo de
massificação da sociedade, o qual forma os indivíduos incapazes de realizar
julgamentos morais, tornando-se alienados e aceitando as situações sem
questionar. O pensamento da filosofia está relacionado ao contexto de
alienação da sociedade brasileira no qual os sujeitos sociais se calam diante
das questões que prejudicam grupos menos favorecidos, desconsiderando a
importância de determinados recursos, como acesso ao cinema, para o
cumprimento de direitos sociais. Nesse contexto, é essencial superar esses
paradigmas que prejudicam diversos indivíduos.
Verifica-se, portanto, que a desigualdade, em paralelo à compactação
social, é um fator fundamental para a persistência desse panorama. A fim de
formar uma sociedade justa e igualitária, o Poder Executivo Federal, além de
superar desigualdades históricas, deve desenvolver projetos do governo que
informem a sociedade sobre a importância de agir para garantir a igualdade
no acesso ao cinema. Essa medida deve ser realizada por meio de debates
oferecidos por profissionais que estudam dados estatísticos sobre o problema,
garantindo o convencimento social. Com a realização dessa medida, será
possível usufruir do avanço tecnológico de modo positivo para o país."
27
Damirys Machado Maciel
16 anos | Cabedelo - PB
Foto: Reprodução/Inep
28
"Na Antiguidade Clássica, a cidade de
Atenas continha um espaço de participação e discussão
coletiva limitada ao pequeno contingente de indivíduos conside-
rados cidadãos na época: a Ágora. Assim também ocorre na conjuntura
social brasileira: o cinema, veículo de importantes questões acerca do
cotidiano da população, encontra-se fora do alcance de grande parcela do
país, impedido de exercer seu papel de cidadã. Nesse sentido, a inércia
governamental na estruturação de projetos de extensão do cinema a mais
ambientes e a concentração do acesso ao universo cinematográfico nas
áreas de ocupação das elites destacam-se na perpetuação do problema.
Em primeiro plano, é imprescindível verificar a negligência do Poder
Público um entrave para a democratização dos cinemas brasileiros.
Consoante ao pensamento do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, na
medida em que o Estado isenta-se da garantia dos direitos do cidadão, há
um descumprimento do contrato social elaborado junto a sociedade.
Dessa maneira, essa insuficiência do aparato institucional no atendimento
às demandas da nação não só contribui para o descaso com a
coletividade, mas também transgride um bem assegurado na Constituição:
o acesso ao lazer.
Sob essa perspectiva, vale ressaltar ainda a segregação socioespacial
que determina a abrangência da exibição de filmes em escala nacional.
Nas palavras do jornalista Zuenir Ventura, esse processo promove a
construção de uma "cidade partida", na qual os instrumentos que
possibilitam o exercício da cidadania estão disponíveis apenas nos locais
de maior renda da região. Desse modo, os indivíduos cujas condições
financeiras restringem-nos de frequentar essas imediações são privados do
-
pleno reconhecimento como cidadãos tais quais os indivíduos proibidos
de entrar na Ágora ateniense.
Registra-se, portanto, a persistência de obstáculos estruturais no
decorrer do procedimento de universalização do alcance ao cinema no
Brasil. Diante disso, o Ministério da Cidadania, na figura das Secretarias
Municipais, deve desenvolver um programa de democratização das
plataformas de transmissão de filmes, por meio da ampliação da emissão
de vales-cultura, a exemplo do modelo britânico, e da realização de
exibições de obras cinematográficas nas comunidades menos favorecidas
com o intuito de preservar a extensão da prática cidadã. Permitir-se-á, por
conseguinte, a abertura da Ágora moderna a todos os brasileiros."
29
Daniel Gomes
25 anos | Fortaleza - CE
Foto: Reprodução/Inep
30
"O filme ‘’Cine Hollywood’’ narra a chegada
da primeira sala de cinema na cidade de Crato, interior do
Ceará. Na obra, os moradores do até então vilarejo nordestino têm
suas vidas modificadas pela modernidade que, naquele contexto, se traduzia na
exibição de obras cinematográficas. De maneira análoga à história fictícia, a
questão da democratização do acesso ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta
problemas no que diz respeito à exclusão da parcela socialmente vulnerável da
sociedade. Assim, é lícito afirmar que a postura do Estado em relação à cultura e
a negligência de parte das empresas que trabalham com a ‘’sétima arte’’
contribuem para a perpetuação desse cenário negativo.
Em primeiro plano, evidencia-se, por parte do Estado, a ausência de
políticas públicas suficientemente efetivas para democratizar o acesso ao cinema
no país. Essa lógica é comprovada pelo papel passivo que o Ministério da Cultura
exerce na administração do país. Instituído para ser um órgão que promova a
aproximação de brasileiros a bens culturais, tal ministério ignora ações que
poderiam, potencialmente, fomentar o contato de classes pouco privilegiadas ao
mundo dos filmes, como a distribuição de ingressos em instituições públicas de
ensino básico e passeios escolares a salas de cinema. Desse modo, o Governo atua
como agente perpetuador do processo de exclusão da população mais pobre a
esse tipo de entretenimento. Logo, é substancial a mudança desse quadro.
Outrossim, é imperativo pontuar que a negligência de empresas do setor –
como produtoras, distribuidoras de filmes e cinemas – também colabora para a
dificuldade em democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Isso decorre,
principalmente, da postura capitalista de grande parte do empresariado desse
segmento, que prioriza os ganhos financeiros em detrimento do impacto cultural
que o cinema pode exercer sobre uma comunidade. Nesse sentido, há, de fato,
uma visão elitista advinda dos donos de salas de exibição, que muitas vezes
precificam ingressos com valores acima do que classes populares podem pagar.
Consequentemente, a população de baixa renda fica impedida de frequentar
esses espaços.
É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para facilitar o acesso
democrático ao cinema no país. Posto isso, o Ministério da Cultura deve, por meio
de um amplo debate entre Estado, sociedade civil, Agência Nacional de Cinema
(ANCINE) e profissionais da área, lançar um Plano Nacional de Democratização ao
Cinema no Brasil, a fim de fazer com que o maior número possível de brasileiros
possa desfrutar do universo dos filmes. Tal plano deverá focar, principalmente, em
destinar certo percentual de ingressos para pessoas de baixa renda e estudantes
de escolas públicas. Ademais, o Governo Federal deve também, mediante
oferecimento de incentivos fiscais, incentivar os cinemas a reduzirem o custo de
seus ingressos. Dessa maneira, a situação vivenciada em ‘’Cine Hollywood’’ poderá
ser visualizada na realidade de mais brasileiros."
31
Eduarda Amorim
16 anos | Goiânia - GO
Foto: Reprodução/Inep
32
"Durante a primeira metade do século XX, as
obras cinematográficas de Charlie Chaplin atuaram como
fortes difusores de informações e de ideologias contra a exploração
e o autoritarismo no continente americano. No contexto atual, o cinema
permanece como um importante veículo de conhecimento, mas. No Brasil, não
há o acesso democrático a essa mídia em decorrência das disparidades
socioeconômicas nas cidades, as quais fomentam a elitização dos ambientes de
entretenimento, e da falta de investimentos em exibições populares, as quais,
muitas vezes, são realizadas em prédios precários e não são divulgadas. Portanto,
é imperativo promover mecanismos eficientes de integração dos telespectadores
para facilitar o contato com filmes, proeminentes na introdução dos cidadãos.
Tendo em vista a realidade supracitada, destaca-se a crescente
discrepância entre as classes sociais nos grandes centros habitacionais, o que leva
a modificações no espaço. Essa visão condiz com as ideias de Henri Lefebvre, uma
vez que, para o sociólogo, o meio urbano é a manifestação de conflitos, o que
pode ser relacionado à evidente segregação socioespacial dos cinemas. Nesse
viés, a concentração de salas de exibição em áreas nobres está vinculada às
desigualdades sociais e configura a elitização do acesso aos filmes em locais
públicos em função do encarecimento dos serviços ao longo dos anos. Dessa
forma, para uma grande parte dos brasileiros, o entretenimento e o aprendizado
por meio das obras cinematográficas, como visto no início do século XX, se
tornam inviáveis, restringindo o contato com novos ideais e inibindo a
mobilização da sociedade em prol de seus valores.
Além disso, a insuficiência de recursos destinados a exibições em teatros
populares é um fator que dificulta a democratização do cinema no Brasil. Isso
porque, apesar de Steve Jobs, um dos fundadores da empresa “Apple”, ter
corroborado com a ideia do mundo virtual como influenciador ao constatar que a
“tecnologia move o mundo”, as redes sociais não são utilizadas pelos órgãos
públicos para divulgar apresentações cinematográficas nos centros culturais,
presentes em diversas regiões do país. Aliada à falta de visibilidade, a
precariedade infraestrutural dos prédios onde tais eventos ocorrem reduz a
qualidade de experiência e desencoraja muitos de frequentarem os locais, apesar
dos menores preços. Assim, torna-se clara a necessidade de investimentos par
garantir o contato com os filmes, essenciais para a instrução e para a integração
dos indivíduos.
Desse modo, é imprescindível democratizar o acesso ao cinema no Brasil.
Para isso, cabe às prefeituras disponibilizar a experiência cinematográfica à
população urbana menos privilegiada, por meio de eventos de exibição em áreas
periféricas – os quais devem fornecer programações internacionais e nacionais a
custos reduzidos -, com o intuito de evitar o processo de elitização cultural em
virtude de disparidades socioeconômicas. Ademais, compete ao Ministério da
Cidadania promover a visibilidade dos centros culturais nas redes sociais e
investir em reformas periódicas, a fim de assegurar a manutenção dos locais. Com
essas medidas, assim como na época de Charlie Chaplin, a sociedade terá o maior
contato com as novas ideias e as informações do mundo contemporâneo."
33
Emmanuelle Gomes de Faria
18 anos | Belo Horizonte - MG | @manufariag
Foto: Reprodução/Inep
34
"No Artigo 215º da Constituição Federal
Brasileira de 1988, é garantido a todos os cidadãos o
acesso à cultura, afirmando a importância desse direito aos
indivíduos. As práticas culturais existentes no Brasil, atualmente, são diversas,
como as exibições de arte em museus, as peças teatrais e os filmes
reproduzidos nos cinemas. No entanto, há uma clara falta de democratização
desses espaços, sobretudo naqueles que disponibilizam obras
cinematográficas, pela falta de pessoas provenientes de classes sociais baixas
frequentadoras desses locais, fortalecendo, portanto, a elitização da arte e dos
produtos culturais. Sendo assim, é perceptível a importância de se discutir
essa temática, que demanda medidas eficazes nos âmbitos sociais e
econômicos.
Em primeira análise, o cinema é um importante canal de promoção da
cultura e da educação, por exibir diversas visões ideológicas que ultrapassam
as barreiras conteudistas impostas pelas instituições tradicionais e formais de
ensino. Segundo o filósofo John Locke, os seres humanos nascem como folhas
em branco e, ao longo de suas vidas, vão moldando-se e formando suas
personalidades a partir de suas experiências. Dessa forma, é possível
relacionar a relevância do senso crítico promovido pelos filmes no cinema e a
formação mais abrangente dos indivíduos sociais. Em suma, o acesso a esses
locais por todos os cidadãos é fundamental para a construção de uma
comunidade diversa, engajada e ativa.
Em segunda análise, no entanto, a garantia do direito previsto na
Constituição citada anteriormente, sobre o acesso da população a espaços
culturais, como o cinema, não é, de fato, concebida no Brasil. Segundo o
escritor Gilberto Dimenstein, em sua obra “O Cidadão de Papel”, nem sempre
as leis presentes nos documentos oficiais nacionais são cumpridas,
desencadeando uma realidade em que os indivíduos são reconhecidos e
amparados pelo Estado apenas no papel. Esse cenário é presente no Brasil
pois não há a democratização de eventos cinematográficos, pois estes
ocorrem em espaços elitizados, como shoppings, e com preços inacessíveis à
comunidade de baixa renda. Dessa maneira, apenas parte dos cidadãos
conseguem chegar nesses locais e usufruir dos produtos culturais oferecidos,
gerando um quadro de segregação desses espaços e da arte promovida por
eles. Tendo em vista a problemática supracitada, medidas são necessárias
para resolvê-la.
Portanto, cabe ao Ministério da Educação, com a finalidade de ampliar
o senso crítico ao democratizar o acesso à cultura, promover sessões de
cinema gratuitas em locais públicos, como em praças, em parques e em
centros culturais. Essa iniciativa deve ser realizada por meio do auxílio de
empresas privadas relacionado a artes visuais, que devem oferecer todo o
aparato necessário. Dessa forma, ocorrerá a aproximação da arte
cinematográfica com o público diverso e a garantia do Artigo 215º será
efetivada."
35
Gabriel de Lima
20 anos | Rio de Janeiro - RJ | @gabrdelima
Foto: Reprodução/Inep
36
"O longa-metragem nacional "Na Quebrada"
revela histórias reais de jovens da periferia de São Paulo, os
quais, inseridos em um cenário de violência e pobreza, encontram
no cinema uma nova perspectiva de vida. Na narrativa, evidencia-se o papel
transformador da cultura por intermédio do Instituto Criar, que promove o
desenvolvimento pessoal, social e profissional dos alunos por meio da sétima arte.
Apresentando-se como um retrato social, tal obra, contudo, ainda representa a história de
parte minoritária da população, haja vista o deficitário e excludente acesso ao cinema no
Brasil, sobretudo às classes menos favorecidas. Todavia, para que haja uma reversão do
quadro, faz-se necessário analisar as causas empresariais e educacionais que contribuem
para a continuidade da problemática em território nacional.
Deve-se destacar, primeiramente, o distanciamento entre as periferias e as áreas
de consumo de arte. Acerca disso, os filósofos Adorno e Horkheimer, em seus estudos
sobre a "Indústria Cultural", afirmaram que a arte, na era moderna, tornou-se objeto
industrial feito para ser comercializado, tendo finalidades prioritariamente lucrativas. Sob
esse prisma, empresas fornecedoras de filmes concentram sua atuação nas grandes
metrópoles urbanas, regiões onde prevalece a população de maior poder aquisitivo, que
se mostra mais disposta a pagar maior valor pelas exibições. Essa prática, no entanto,
fomenta uma tendência segregatória que afasta o cinema das camadas menos abastadas,
contribuindo para a dificuldade na democratização do acesso a essa forma de expressão
e de identidade cultural no Brasil.
Ademais, uma análise dos métodos da educação nacional é necessária. Nesse
sentido, observa-se uma insuficiência de conteúdos relativos à aproximação do indivíduo
com a cultura desde os primeiros anos escolares, fruto de uma educação tecnicista e
pouco voltada para a formação cidadã do aluno. Dessa forma, com aulas voltadas para
memorização teórica, o sistema educacional vigente pouco estimula o contato do
estudante com as diversas formas de expressão cultural e artística, como o cinema,
negligenciando, também, o seu potencial didático, notável pela sua inerente natureza
estimulante. Tal cenário reforça a ideia da teórica Vera Maria Candau, que afirma que o
sistema educacional atual está preso nos moldes do século XIX e não oferece propostas
significativas para as inquietudes hodiernas. Assim, com a carência de um ensino que
desperte o interesse dos alunos pelo cinema, a escola contribui para um afastamento
desses indivíduos em relação ao cinema, o que constitui um entrave para que eles,
durante a vida, tornem-se espectadores ativos das produções cinematográficas brasileiras
e internacionais.
É evidente, portanto, que a dificuldade na democratização do acesso ao cinema
no Brasil é agravada por causas corporativas e educacionais. Logo, é necessário que a
Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania torne tais obras mais
alcançáveis ao corpo social. Para isso, ela deve estabelecer parcerias público-privadas com
empresas exibidoras de filmes, beneficiando com isenções fiscais aquelas que provarem,
por meio de relatórios semestrais, a expansão de seus serviços a preços populares para
regiões fora dos centros urbanos, de forma que, com maior oferta a um maior número de
pessoas, os indivíduos possam efetivar o seu uso para o lazer e para o seu
engrandecimento cultural. Paralelamente, o Ministério da Educação deve levar o tema às
escolas públicas e privadas. Isso deve ocorrer por meio da substituição de parte da carga
teórica da Base Nacional Comum Curricular por projetos interdisciplinares que envolvam
exibição de filmes condizentes com a prática pedagógica e visitas aos cinemas da região
da escola, para que se desperte o interesse do aluno pelo tema ao mesmo tempo em que
se desenvolve sua consciência cultural e cidadã. Nesse contexto, poder-se-á expandir a
ação transformadora da sétima arte retratada em "Na Quebrada", criando um legado
duradouro de acesso à cultura e de desenvolvimento social em território nacional."
37
Gabriel Melo
17 anos | Natal - RN | @gabrielm06_
Foto: Reprodução/Inep
38
"Para o filósofo escocês David Hume, a
principal característica que difere o ser humano dos outros
animais é o seu pensamento, habilidade que o permite ver aquilo
que nunca foi visto e ouvir aquilo que nunca foi ouvido. Sob essa ótica, vê-se que
o cinema representa a capacidade de transpor para a tela as ideias e os pensamentos
presentes no intelecto das pessoas, de modo a possibilitar a criação de novos
universos e, justamente por esse potencial cognitivo, ele é muito relevante. É
prudente apontar, diante disso, que a arte cinematográfica deve ser democratizada,
em especial no Brasil – país rico em expressões culturais que podem dialogar com
esse modelo artístico –, por razões que dizem respeito tanto à sociedade quanto às
leis.
Em primeiro lugar, é válido frisar o cinema dialoga com uma elementar
necessidade social e, consequentemente, não pode ser deixado em segundo plano.
Para entender essa lógica, pode-se mencionar o renomado historiador holandês
Johan Huizinga, o qual, no livro "Homo Ludens", ratifica a constante busca humana
pelo prazer lúdico. É exatamente nessa conjuntura que se insere o fenômeno
cinematográfico, uma vez que ele, ao possibilitar a interação de vários indivíduos na
contemplação do espetáculo, faz com que a plateia participe das histórias, de modo
a compartilhar experiências e vivências. É perceptível, portanto, o louvável elemento
benfeitor dessa criação artística , capaz de garantir a coesão da comunidade.
39
Gabriel Merli
18 anos | São Caetano do Sul - SP | @gabmerli
Foto: Reprodução/Inep
40
"Na obra "A Invenção de Hugo Cabret", é
narrada a relação entre um dos pais do cinema, Georges
Mélies, e um menino órfão, Hugo Cabret. A ficção, inspirada na
realidade do começo do século XX, tem como um de seus pontos centrais
o lazer proporcionado pelo cinema, que encanta o garoto. No contexto
brasileiro atual, o acesso a essa forma de arte não é democratizado, o que
prejudica a disponibilidade de formas de lazer à população. Esse problema
advém da centralização das salas exibidoras em zonas metropolitanas e do
alto custo das sessões para as classes de menor renda.
Primeiramente, o direito ao lazer está assegurado na Constituição de
1988, mas o cinema, como meio de garantir isso, não tem penetração em
todo território brasileiro. O crescimento urbano no século XX atraiu as
salas de cinema para as grandes cidades, centralizando progressivamente
a exibição de filmes. Como indicativo desse processo, há menos salas hoje
do que em 1975, de acordo com a Agência Nacional de Cinema (Ancine).
Tal fato se deve à falta de incentivo governamental — seja no âmbito fiscal
ou de investimento — à disseminação do cinema, o que ocasionou a
redução do parque exibidor interiorano. Sendo assim, a democratização do
acesso ao cinema é prejudicada em zonas periféricas ou rurais.
Ademais, o problema existe também em locais onde há salas de
cinema, uma vez que o custo das sessões é inacessível às classes de renda
baixa. Isso se deve ao fato de o mercado ser dominado por poucas
empresas exibidoras. Conforme teorizou inicialmente o pensador inglês
Adam Smith, o preço decorre da concorrência: a competitividade força a
redução dos preços, enquanto os oligopólios favorecem seu aumento.
Nesse sentido, a baixa concorrência dificulta o amplo acesso ao cinema no
Brasil.
Portanto, a democratização do cinema depende da disseminação e
do jogo de mercado. A fim de levar os filmes a zonas periféricas, as
prefeituras dessas regiões devem promover a interiorização dos cinemas,
por meio de investimentos no lazer e incentivos fiscais. Além disso, visando
reduzir o custo das sessões, cabe ao Ministério da Fazenda ampliar a
concorrência entre as empresas exibidoras, o que pode ser feito pela
regulamentação e fiscalização das relações entre elas, atraindo novas
empresas para o Brasil. Isso impediria a formação de oligopólios,
consequentemente aumentando a concorrência. Com essas medidas, o
cinemas será democratizado, possibilitando a toda a população brasileira
o mesmo encanto que tinha Hugo Cabret com os filmes."
41
Gabriela Alencar
19 anos | Brasília - DF | @_gabinaredacao
Foto: Reprodução/Inep
42
"No século XX, a Escola de Frankfurt se
aplicou sobre o estudo das tecnologias na dissemina-
ção da cultura. Sob esse viés, esperava-se que as massas tives-
sem um acesso mais democrático aos bens culturais, dada a ampla
presença do meio técnico-informacional entre a população. No Brasil,
contudo, tal expectativa não se efetivou, haja vista as dificuldades relativas
à democratização do acesso ao cinema, demandando a intervenção
governamental acerca dessa problemática. Ademais, é preciso entender a
importância do cinema no contexto da plena cidadania, bem como a
razão de o consumo desse bem não ser totalmente inclusivo.
A princípio, nota-se o papel significativo do cinema na vida dos
cidadãos, pois essa modalidade artística, enquanto representação da
realidade, serve para formar o pensamento crítico dos indivíduos. Nesse
sentido, o Cinema Novo exemplifica bem tal perspectiva, uma vez que
denunciava as mazelas sociais das décadas de 1960 e 1970,
impulsionando o engajamento dos brasileiros em prol da liberdade de
expressão e da garantia de seus direitos. Assim, constata-se que esse bem
cultural é demasiadamente importante para fomentar a cidadania por
meio do diálogo entre a arte e a sociedade, evidenciando a premência de
ser democratizado.
Simultaneamente, percebe-se que o acesso ao cinema, no Brasil, vai
ao encontro das desigualdades socioespaciais típicas do país. Isso porque
as regiões Sul e Sudeste têm sido privilegiadas em detrimento das outras
desde o período colonial, porquanto os ciclos desenvolvimentistas, como o
da cana-de-açúcar, o do ouro e o do café, favoreceram a concentração de
riquezas e, portanto, de infraestrutura. Consequentemente, a oferta de
lazer também é desigual, o que exclui as populações já marginalizadas
historicamente da disseminação cultural através do cinema.
Diante do exposto, fica clara a necessidade de democratizar o acesso
a esse bem cultural devido aos seus benefícios para a sociedade brasileira.
Para tanto, o Ministério da Cidadania, responsável pela promoção da
cultura, deve ampliar as ações de democratização do cinema em parceria
com os governos estaduais e os municipais. Isso será feito mediante um
pacote de ações a serem incluídas na Lei Plurianual, a saber: destinação de
recursos de forma mais igualitária para todas as regiões, com foco na
infraestrutura de lazer, como cinemas rotativos e em espaços públicos -
parques, por exemplo - a fim de fugir da conjuntura elitista dos cinemas
em “shoppings”, além da redução de impostos sobre a distribuição de
filmes, com vistas a tornar o acesso a esses bens mais barato para a
população em geral, cumprindo, assim, a premissa da Escola de Frankfurt
quanto à disseminação cultural."
43
Guilherme Mendes Vaz
25 anos | Novo Hamburgo - RS | @mvguilherm
Foto: Reprodução/Inep
44
"De acordo com Cláudio Mazzili, professor
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, vivemos
em uma sociedade classista e hierarquizada em função do capital,
na qual se instaura a lógica da discriminação e não a desejada inclusão social.
Esse pensamento permite estabelecer um paralelo com a precária
democratização do acesso ao cinema no Brasil, uma vez que essa importante
fonte cultural está, majoritariamente, concentrada em zonas de alto poder
aquisitivo. Entretanto, se usada de forma a auxiliar na democratização cultural —
principalmente nas zonas periféricas —, o cinema pode ser uma importante
ferramenta no avanço educacional do país.
Deve-se pontuar, de início, que o Brasil é, infelizmente, um país
estratificado e desigual. Desde a sua gênese (considerando-se a perspectiva
ibérica), a América foi pensada como uma colônia de exploração, na qual a
educação não só era desestimulada, como era proibida. É dentro desse contexto
exploratório que se estruturou a sociedade brasileira, a qual tem — como uma das
consequências “modernas” — a gentrificação, isto é, o afastamento dos indivíduos
com baixo poder aquisitivo dos grandes centros urbanos, o que os deixa ainda
mais distantes da infraestrutura social destina à educação, à cultura e ao
entretenimento educativo. Ora, percebe-se, portanto, que essas áreas
privilegiadas com acesso à cultura — como o cinema — são de exclusividade
daqueles que têm altas rendas. Em contrapartida, nas periferias, nas zonas rurais
e nas áreas menos valorizadas a democratização do acesso ao cinema é
praticamente nula, o que agrava a situação de vulnerabilidade social desses
cidadãos.
Contudo, a democratização do acesso ao cinema — se feita de modo a
beneficiar os menos favorecidos, os quais representam a maior parte da
população — é uma importante ferramenta na desconstrução das amarras
coloniais, e, posteriormente, em uma reformulação educacional que vise ao
acesso democrático à cultura para todo cidadão brasileiro. Tomemos como
exemplo uma situação hipotética na qual um sujeito que reside na periferia tem,
todas as noites, a possibilidade de interagir com a comunidade e de adquirir
conhecimento por meio de um cinema ao ar livre, o qual traz como conteúdo
filmes, documentários e palestras. Torna- se evidente que esse indivíduo, além de
ter acesso à cultura, terá uma forma de entretenimento que o beneficiará tanto
individualmente quanto socialmente, visto que o conhecimento será útil em
todas as áreas da sua vida.
Portanto, concluí-se que a precária democratização do acesso ao cinema
no Brasil está intrinsecamente ligada às heranças coloniais. Entretanto, medidas
educacionais podem ser tomadas para reverter esse cenário. Posto isso, cabe ao
Ministério da Educação, responsável pelo desenvolvimento educacional do país,
criar um projeto de instalação cinematográfica ao ar livre nas regiões periféricas,
as quais apresentarão programação cultural — como filmes e documentários —,
por meio de verbas provenientes da contribuição pública, para que essa
sociedade classista, como evidenciado por Mazzili, seja transformada em uma
comunidade democrática e educacionalmente homogênea."
45
Gustavo Lopes
19 anos | Fortaleza - CE | @gustavolopest
Foto: Reprodução/Inep
46
"No século XIX, os avanços tecnológicos
e científicos proporcionaram às populações novas alter-
nativas de lazer, dentre as quais se pode citar o cinema. No Brasil,
atualmente, tal forma de diversão tem se destacado, uma vez que promove a
interação com o público de maneira singular, isto é, gera muitas emoções aos
indivíduos. Apesar disso, verifica-se que, em nosso país, o acesso ao cinema
não é disponibilizado a todos os cidadão, seja pela falta de investimentos, seja
pelo alto custo cobrado por empresas para assistir a um filme. Assim, tendo
em vista a importância desse lazer, ele deve ter seu acesso democratizado, a
partir da resolução de tais entraves.
Sob esse viés, pode-se apontar as poucas verbas direcionadas à
construção e à manutenção de cinemas, especialmente nas pequenas cidades
brasileiras, como uma das causas do problema em questão. Acerca disso,
sabe-se que boa parte da população que vive em áreas rurais ou suburbanas
sofre com a falta de acessibilidade a tal meio de diversão. Prova dessa
realidade é o filme “Cine Hollyúde”, lançado no Brasil, o qual mostra a
dificuldade das pessoas que habitam no interior em assistir à primeira obra
cinematográfica transmitida na cidade, devido à precariedade estrutural do
cinema local. Tal cenário também é observado fora da ficção, visto que, por
causa dos poucos investimentos, indivíduos das regiões pobres do país
possuem mínima ou nenhuma interação com essa forma de lazer.
Ademais, nota-se, ainda, uma intensa elitização dos cinemas, porquanto
o preço cobrado pelo ingresso de uma sessão é alto, o que limita a ida a esse
lugares de exibição de filmes. Sobre isso, percebe-se que, como a busca por
tal lazer aumentou, de acordo com dados do “site” “Meio e mensagem”, as
empresas exibidoras estão cada vez mais visão ao lucro em detrimento de
uma diversão e interação pública. Isso ocorre, segundo o pensador Karl Marx,
graças à busca excessiva por capital (dinheiro), tornando o cinema apenas
como um “lugar lucrativo”. Desse modo, a democratização do acesso a esses
locais torna-se distante da realidade vivida.
Portanto, cabe ao Governo investir em projetos que facilitem o acesso
ao cinema, principalmente nas regiões interioranas, por intermédio do auxílio
financeiro a empresas exibidoras, a fim de descentralizar os locais em que há
transmissões de filmes. Outrossim, compete às ONGs, como organizações que
visam suprir as necessidades populacionais, realizar campanhas em prol de
salas bem estruturadas e de reduções do preço cobrado pelos ingressos das
sessões cinematográficas, por meio das redes sociais e dos outros veículos de
comunicação, com o objetivo de democratizar a ida ao cinema e de, dessa
maneira, afastar-se da realidade narrada no filme “Cine Hollyúde”.
47
Isabella Cardoso
21 anos | Anápolis - GO | @bellaolivecard
Foto: Reprodução/Inep
48
"De modo ficcional, o filme "Cine Holiúdi"
retrata o impacto positivo do cinema no cotidiano das
cidades, dada a sua capacidade de promover o lazer, sociali-
zação e cultura. Entretanto, na realidade, tais benefícios não atingem toda
a população brasileira, haja vista a elitização dos meios cinematográficos e
a falta de infraestrutura adequada nos cinemas existentes. Sendo assim,
urge a análise e a resolução desses entraves para democratizar o acesso ao
cinema no Brasil.
A princípio, é lícito destacar que a elitização dos meios
cinematográficos contribui para que muitos brasileiros sejam impedidos
de frequentar as salas de cinema. Isso posto, segundo o filósofo inglês Nick
Couldry em sua obra "Por que a voz importa?", a sociedade neoliberal
hodierna tende a silenciar os grupos menos favorecidos, privados dos
meios de comunicação. A partir disso, é indubitável que a localização dos
cinemas em áreas mais nobres e o alto valor dos ingressos configuram
uma tentativa de excluir e silenciar os grupos periféricos, tal como discute
Nick Couldry. Nesse viés, poucos são os indivíduos que desfrutam do
direito ao lazer e à cultura promovidos pela cinematografia, o qual está
previsto na Constituição e deve ser garantido a todos pelo Estado.
Ademais, vale postular que a falta de infraestrutura adequada para
todos os cidadãos também dificulta o acesso amplo aos cinemas do país.
Conquanto a acessibilidade seja um direito assegurado pela Carta Magna e
os cinemas disponham de lugares reservados para cadeirantes, não há
intérpretes de LIBRAS nas telas e a configuração das salas — pautada em
escadas —, não auxilia o deslocamento de idosos e portadores de
necessidades especiais. À luz dessa perspectiva, é fundamental que haja
maior investimento em infraestrutura para que todos os brasileiros sejam
incluídos nos ambientes cinematográficos.
Por fim, diante dos desafios supramencionados, é necessária a ação
conjunta do Estado e da sociedade para mitigá-los. Nesse âmbito, cabe ao
poder público, na figura do Ministério Público, em parceria com a mídia
nacional, desenvolver campanhas educativas — por meio de cartilhas
virtuais e curta-metragens a serem veiculadas nas mídias sociais — a fim de
orientar a população e as empresas de cinema a valorizar o meio
cinematográfico e ampliar a acessibilidade das salas. Por sua vez, as
empresas devem colaborar com a democratização do acesso ao cinema
pela cobrança de valores mais acessíveis e pela construção de salas
adaptadas. Feito isso, o Brasil poderá garantir os benefícios do cinema a
todos, como relata o filme "Cine Holiúdi"."
49
Isabelle Moreira
18 anos | Guapimirim - RJ | @imaginamed
Foto: Reprodução/Inep
50
"A Constituição Federal de 1988 ― norma
de maior hierarquia do sistema jurídico brasileiro ― garan-
te o acesso ao lazer. No entanto, a população se mostra distante da
realidade prometida pela norma constitucional, haja vista que os cinemas
brasileiros recebem um público cada vez menor. Dessa forma, entende-se
que a desigualdade regional, bem como a elitização do acesso ao cinema
apresentam-se como entraves para a inclusão na esfera cinematográfica.
Em primeiro plano, é necessário ressaltar que o acesso ao cinema é
mal distribuído no território brasileiro. A esse respeito, em 1956, durante o
governo de Juscelino Kubitschek, multinacionais se instalaram no Brasil,
majoritariamente, nas regiões Sul e Sudeste. Desse modo, na
contemporaneidade, o país expandiu sua preferência regional para a
indústria cinematográfica, de modo que as regiões Norte e Nordeste ainda
apresentam-se excluídas a esse acesso ao lazer, pelo fato de as empresas
preferirem construir os cinemas em grandes metrópoles as quais lhes
darão mais lucro. Nesse viés, enquanto parcela do país for privilegiada, o
direito constitucional será uma realidade distante para parte da
população.
Ademais, outro fator é responsável pela deficiência da
democratização no âmbito cinematográfico: a elitização do acesso.
Segundo o filósofo Pierre Lévy, toda tecnologia cria seus excluídos, de fato,
a população de baixa renda é mantida excluída no que diz respeito à
tecnologia do cinema, devido à segregação socioespacial. Nesse sentido,
grande parcela dos cinemas se localizam em "shoppings centers", com
ingressos caros que nem todos podem pagar. Desse modo, é necessário
que medidas sejam tomadas para garantir o acesso a todas as classes.
Fica evidente, portanto, que nem todos tem acesso ao cinema como
entretenimento. Nesse contexto, cabe ao Ministério da Cultura ― órgão
responsável pelo sistema cultural brasileiro ― garantir à população a
oportunidade de frequentar um cinema, por intermédio de políticas de
descontos na compra de ingressos de acordo com a renda, a fim de incluir
toda sociedade no "mundo cinematográfico". Dessa forma, os brasileiros
verão o direito garantido pela Constituição como uma realidade próxima."
51
João Pedro Bonfim
19 anos | Vitória da Conquista - BA
Foto: Reprodução/Inep
52
"Na sua origem, o cinema era um mecanismo
de registro de momentos significativos e tinha cunho científico,
mas, pouco antes do início do século XX, ele foi apresentado ao mundo
como, além de entretenimento, uma arte e, ao longo dos anos, ganhou forte
repercussão internacional. Foram representados em vídeo personagens famosos,
tais como Mickey Mouse, o Batman, o "Superman", entre outros, que conseguiram
grande sucesso ao redor do planeta. O cinema, contudo, evoluiu, à medida que o
tempo passou, e, hoje, não é apenas uma forma de diversão para as massas, mas
também um meio de expor visões de mundo, capaz de formar opiniões de
grande valor. Assim, devido a seus muitos benefícios, é imprescindível
democratizar seu acesso no Brasil.
O cinema cumpre um importante papel de conscientizar as pessoas. O
filme "O Grande Ditador", de Charles Chaplin, por exemplo, traz consciência a
respeito do preconceito contra os judeus, pois retrata a Alemanha por volta de
1940, época em que era dominada por um regime nazista, o qual pregava o
antissemitismo. Esse filme também apresenta um contexto que se assemelha ao
cenário político atual do Brasil, já que retrata a opressão de um governo ditatorial,
fenômeno cujo conhecimento é muito importante na contemporaneidade, uma
vez que grupos que defendem o autoritarismo e outras medidas
anti-democráticas têm surgido e ganhado espaço no território nacional. Desse
modo, os filmes têm grande peso na conscientização do povo brasileiro acerca de
problemas como o preconceito e a ameaça à democracia.
Além disso, a sétima arte, como é chamado o cinema, funciona como uma
importante fonte de informações. Os documentários, filmes que, como sugere o
nome, documentam períodos, acontecimentos históricos e contextos
geopolíticos, são de extrema importância para a construção de opiniões e de
conhecimento por parte dos brasileiros. O documentário "Brasil, um país
violento", da Rede Globo, como exemplo, traz dados relevantes sobre a violência
no país e captura a atenção dos espectadores, devido à dramaticidade das cenas.
Dessa maneira, os documentários conseguem unir a beleza da arte à transmissão
de informações; são, pois, indispensáveis à nação brasileira, haja vista que
contribuem sobremodo para a formação do pensamento crítico nacional.
Portanto, em vista da grande relevância que essa arte possui, o governo
brasileiro e os shoppings (locais onde os filmes, em sua maioria, são exibidos), em
parceria, deve fornecer, universal e democraticamente, cinema aos brasileiros,
principalmente nas zonas rurais, nas tribos indígenas que queiram acesso aos
filmes, nas periferias das cidades e nas favelas, visto que essas áreas foram,
historicamente, deixadas à margem da sociedade, durante muitas décadas. Tal
ação deve ser feita por meio do estabelecimento de salas de cinema próximas
esses lugares. Essas salas, por sua vez, precisarão ter seus ingressos parcialmente
custeados pelo governo, de modo a baratear o acesso dos mais pobres às obras
cinematográficas. Isso será realizado para que, como consequência, todos os
habitantes da nação, ricos ou pobres, tenham acesso digno a essa tão importante
forma de arte. Ao fazer isso, o Brasil conseguirá, por fim, democratizar o acesso
aos filmes."
53
Juliana Souza
18 anos | Rio de Janeiro - RJ | @julianaesp
Foto: Reprodução/Inep
54
"Segundo o filósofo Friedrich Nietzsche,
a arte existe para impedir que a realidade nos destrua. Sob
essa ética, é inegável a crucialidade das expressões culturais para
a promoção do bem-estar do homem moderno. No entanto, ao se
observar o caráter excludente do acesso ao cinema no Brasil, é notório que
essa imprescindibilidade não tem sido considerada no país. Nesse sentido,
pode-se afirmar que a negligência governamental e a escassa abordagem
do problema agravam essa situação.
Primeiramente, é válido destacar que a displicência estatal colabora
com esse cenário. De acordo com o Artigo 6º da Constituição Federal do
Brasil, promulgada no ano de 1988, todo cidadão brasileiro tem direito ao
lazer. Entretanto, ao se analisar a concentração de cinemas nas áreas de
renda mais alta das grandes cidades, é indiscutível que essa premissa
constitucional não é valorizada pelo governo nacional. Dessa maneira, é
importante salientar que essa má atuação do Estado provoca o acesso
desigual essa atividade de exibição por parte da população e,
consequentemente, garante a condição de subcidadania de diversos
indivíduos.
Além disso, é pertinente ressaltar que a insuficiente exposição dessa
problemática contribui para a não democratização desse programa
cultural. Nessa perspectiva, muitas vezes, a mídia negligência o debate
acerca da ausência de lazer nas periferias urbanas e no interior do país, o
que faz com que a carência de cinemas nessas regiões não seja
denunciada. Dessa forma, é indubitável que a pouco abordagem midiática
com relação ao caráter restritivo do universo cinematográfico proporciona
a perpetuação da concentração regional dessa atividade de exibição.
Torna-se evidente, portanto, que o acesso não democrático ao
cinema no Brasil é um entrave que precisa ser solucionado. Sendo assim, o
Estado deve investir na ampliação do alcance desse programa cultural, por
meio da capitalização das empresas exibidoras. Isso pode ocorrer, por
exemplo, com a concessão de subsídios fiscais a instituições privadas que,
comprovadamente, promovam a construção de cinemas nas áreas
carentes do país, a fim de que a acessibilidade a essa atividade de exibição
seja garantida de forma igualitária. Ademais, a mídia deve elaborar
reportagens de denúncia, as quais exibam a carência desse tipo de lazer
nas periferias urbanas. Desse modo, certamente, a afirmação de Nietzsche
será vivenciada por todos os cidadãos brasileiros."
55
Jurandi Campelo
17 anos | Fortaleza - CE | @jurandicampelo
Foto: Reprodução/Inep
56
"Com o advento da Revolução Técnico-
-Científico-Informacional, o cinema se desenvolveu
amplamente — sobretudo por conta do aditamento dos inves-
timentos nessa área. Nesse sentido, o acesso a esse tipo de arte é de
notória importância, pois propicia uma série de benefícios, como o
desenvolvimento cognitivo do indivíduo e a percepção crítica da
sociedade. Não obstante, no Brasil, falhas quanto à democratização do
acesso ao cinema — por conta da inadimplência governamental e da
ausência de importância dada pela sociedade — atenuam sua
funcionalidade. Portanto, são necessárias medidas capazes de garantir
esses benefícios.
Sob essa óptica, o filósofo austríaco Sigmund Freud — em sua teoria
desenvolvimentista — tratou da influência do meio na formação cognitiva
do indivíduo. Acerca dessa lógica, a exposição à arte cinematográfica é
capaz de desenvolver o raciocínio e de atuar positivamente no
subconsciente humano. Contudo, a insuficiência das políticas públicas de
incentivo ao cinema restringem o acesso a esse meio, o que atenua a ação
desenvolvimentista deste. A título de exemplo, o Brasil — segundo a
ANCINE — é um país que possui elevados índices de segregação quanto ao
acesso ao universo cinematográfico. Destarte, é necessário maior
protagonismo por parte dos governantes.
Outrossim, Charlie Chaplin — célebre ator e diretor britânico —
reiterou a importância do cinema na configuração de uma perspectiva
crítica da sociedade. Nesse viés, o cinema é capaz de gerar o debate acerca
de problemas do cotidiano, que, por muitas vezes, são aceitos
indevidamente e, ao analisar os temas abordados, é capaz de promover
notórias melhorias no âmbito social. Todavia, grande parte da sociedade
não valoriza as obras cinematográficas, por enxergá-las, tão somente,
como uma forma de entretenimento. Faz-se premente, pois, campanhas
informativas capazes de descaracterizar essa errônea visão.
Dessarte, os governantes, por meio da diminuição do custo de
acesso aos cinemas — possibilitada por parcerias público-privadas — devem
acessibilizar o acesso a essa forma de cultura, com o fito de propiciar o
desenvolvimento cognitivo da população. Ademais, as escolas e as
universidades, mediante palestras e debates, devem informar a população
a respeito da importância do cinema, com o objetivo de configurar um
comportamento crítico quanto às falhas da sociedade. Dessa forma, será
possível dissociar a atual conjuntura, aproximando-se dos ideais de Freud e
Charlie Chaplin."
57
Laura Brizola
20 anos | Novo Hamburgo - RS | @laurabrzola
Foto: Reprodução/Inep
58
"A democratização do acesso ao cinema no
Brasil é um processo que encontra desafios nos âmbitos
culturais e institucionais do país. Isso pode ser explicado pelo distancia-
mento entre a cultura popular brasileira e os filmes disponíveis para o público,
bem como pela ausência de investimentos estatais nas produções nacionais.
Dessa forma, é preciso intervir de modo a tornar o cinema um produto da
democracia brasileira.
A indústria cinematográfica prejudica a democratização do cinema ao
sobrepor culturas estrangeiras — como super-heróis americanos — à cultura do
país. Devido ao fato de que o cidadão brasileiro não reconhece elementos de
sua vivência (como os regionalismos) naquilo que é veiculado,
majoritariamente, pelas mídias desse setor, seu repertório de lazer passa a
não incluir a opção do cinema. Evidencia-se esse fenômeno no dado
divulgado pelo site Meio e Mensagem, que afirma que apenas 17% da
população frequenta o cinema. Dessa maneira, a popularização da arte em
questão se dará pelo retrato do cotidiano do povo, como efetuado pelo
cineasta Glauber Rocha na década de 1970, com o "Cinema Novo", que
aproximou as camadas populares ao abordar aspectos do Brasil com uma
perspectiva nacionalista. Assim, o acesso ao cinema deve ser democratizado
pela apropriação brasileira da produção cultural: teremos mais "Lampiões" e
menos "Lanternas-verde".
Ademais, o desafio da ausência de investimento estatal deve ser
enfrentado para que o acesso ao cinema seja difundido. Segundo a área de
conhecimento "Epistemologia da Geografia", os processos sociais apresentam
o princípio de interconexão: existem por fatores humanos e físicos, não
podendo ser analisados separadamente. Nesse sentido, o fenômeno de
democratização da arte cinematográfica é explicado por fatores humanos
(supracitados) e por fatores físicos, que são institucionais. O Estado brasileiro
não financia a cultura do cinema como deveria, a exemplo dos cortes de
verbas anunciados pelo Governo, em 2019, para Agência Nacional de Cinema
(ANCINE). Como consequência disso, a confecção dessa arte é inviabilizada e
sua democratização "física", que poderia ser feita com a ampliação das
produções nacionais, também. Logo, urge a necessidade de investir na difusão
do patrimônio cinematográfico do Brasil.
Portanto, a fim de democratizar o acesso ao cinema no Brasil e
aproximá-lo da cultura popular, o Estado deve adotar medidas de priorização
dos investimentos no cinema. Isso pode ser feito por meio de políticas de
patrocínio aos cineastas que retratarem o país, com foco nas características
de cada região. Além disso, tais produções podem ser reproduzidas em
associações de moradores e escolas, levando ao povo sua identidade. Nesse
caminho, o cinema será uma arte de acesso popular — uma arte que imita a
vida."
59
Letícia Islávia
19 anos | Teresina - PI | @let.islavia
Foto: Reprodução/Inep
60
"De acordo com a Constituição de 1988,
todos os cidadãos possuem o direito ao lazer na comu-
nidade. Contudo, na atual sociedade brasileira, há uma ínfima
democratização do acesso aos cinemas devido, majoritariamente, à
negligência governamental e à má formação socioeducacional.
A priori, vale ressaltar o Pacto Social, do contratualista John Rawls,
ao inferir que o Estado deve garantir os direitos imprescindíveis dos
indivíduos, como o lazer e o bem-estar. No entanto, é evidente o
rompimento desse contrato quanto aos cinemas brasileiros, visto que
existe uma concentração desses espaços nas áreas de maiores rendas, o
que torna um ambiente excludente para uma parcela da sociedade. Assim,
é notória a ineficácia estatal na integração desse tipo de lazer para toda a
população, pois, com a grande distância dos locais periféricos aos centros
urbanos e o elevado custo para ter esse acesso, os cidadãos se
desestimulam a frequentarem os cinemas.
Além disso, alude-se ao pensamento do intelectual Paulo Freire, ao
evidenciar que, "se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem
ela tampouco a sociedade muda". Sob essa perspectiva, percebe-se a
importância do estímulo nas escolas ao acesso dos jovens ao cinema, haja
vista que existem muitos jovens que não conhecem seus direitos ao lazer,
como o pagamento do valor de meia entrada nos cinemas por estudantes.
Dessa forma, as instituições de ensino possuem uma importante função na
democratização desse acesso, colaborando para que os cidadãos possuam
um acesso aos seus direitos e o hábito de frequentarem os cinemas.
Portanto, urge ao governo federal, aliado às esferas estadual e
municipal, descentralizar os cinemas, por meio da ampliação das redes
cinematográficas em todo o Brasil e nos locais periféricos das cidades, com
a finalidade de permitir que toda a sociedade tenha esse acesso, sem
haver uma locomoção de longa duração e com custo acessível aos
indivíduos de baixa renda. Ademais, compete à Escola, em parceria com as
empresas cinematográficas, orientar os adolescentes a frequentarem os
cinemas, por intermédio de projetos pedagógicos (como atividades
lúdicas, filmes e documentários) que elucidem sobre a importância da
crítica dos cinemas e como adquirir os direitos ao acesso ao lazer, a fim de
aumentar o número de telespectadores dessa arte. Com isso, efetivar (sic) o
que garante a Constituição de 988, melhorando a democratização desse
acesso."
61
Lívia Bonin
18 anos | Limeira - SP | @liviabonin
Foto: Reprodução/Inep
62
"Com o início da ditadura de Getúlio Vargas
em 1937, a necessidade do governo de perpetuação no
poder resultou no surgimento do cinema estadonovista enquanto
mecanismo de exaltação da nação, a fim de gerar uma identidade nacional
que promoveria apoio popular ao regime. Diante desse cenário, torna-se
evidente que o meio cinematográfico configura um importante instrumento
cultural e político que deve, portanto, ter um acesso democratizado no Brasil.
Nesse sentido, convém analisar o processo de expansão do cinema brasileiro
no contexto de uma urbanização concentradora e, ainda, a importância de
sua democratização para a difusão de conhecimento no país.
Em primeiro plano, é fundamental compreender que a dificuldade de
acesso ao cinema por parte das camadas populares marginalizadas é
consequência direta da falta de planejamento atrelado à questão social
durante o processo de urbanização brasileira. Isso porque, na década de 1950,
o governo de JK promoveu, através do plano do "Tripé Econômico", a
industrialização do Brasil e o consequente crescimento das cidades sem que
houvesse, no entanto, uma política pública que ampliasse o acesso aos
recursos advindos dessa modernização. Dessa maneira, entende-se que o
cinema, enquanto mudança tecnológica intensificada no referido processo,
tornou-se um entretenimento restrito aos indivíduos econômica e
socioespacialmente favorecidos, o que representa um obstáculo à busca pela
democratização do meio cinematográfico.
Além disso, o acesso ao cinema garante a efetivação do livre
pensamento através da propagação de um conteúdo altamente reflexivo. De
acordo com os iluministas Diderot e D'Alembert, autores da "Enciclopédia", a
democratização da educação é fundamental no combate à alienação dos
cidadãos, garantindo aos mesmos sua efetiva liberdade. Dessa forma,
entende-se que o cinema torna-se um instrumento educacional importante
na medida em que apresenta o entretenimento como meio de reflexão social,
o que contribui com a construção de cidadãos críticos dentro da democracia
brasileira.
Diante do exposto, é necessário que as Câmaras Municipais, em
parceria com as Secretarias da Cultura, combatam os efeitos negativos do
"Tripé Econômico" através de investimentos na construção de cinemas
municipais em regiões marginalizadas, a fim de evitar que a desigualdade
socioespacial seja um obstáculo à difusão de cultura no Brasil. Paralelamente,
o Ministério da Educação deve garantir a efetivação da Liberdade proposta
pela "Enciclopédia" por meio da inserção, na grade curricular do Ensino
Fundamental, de aulas que promovam análises de filmes com fins educativos,
visando ao desenvolvimento da criticidade dos alunos. Assim, poder-se-á
retornar a importância cultural e política do cinema estadonovista através da
democratização do acesso ao meio cinematográfico no atual cenário
brasileiro."
63
Lívia Ribeiro
18 anos | Belo Horizonte - MG | @livia.ribeiro15
Foto: Reprodução/Inep
64
"Segundo o filósofo grego Aristóteles, a ar-
te desempenha o papel de imitar a realidade, permitindo
àquele que a aprecia experimentar outras visões do real e apren-
der com elas. Nesse sentido, o cinema, uma vez que se constitui como
forma de arte, tem a função não só de entretenimento, mas também de
ferramenta de ensino. Contudo, a realidade brasileira demonstra um
contexto de “elitização” das artes cinematográficas, excluindo diversos
grupos sociais desse processo educativo, sobretudo aqueles que possuem
menor renda.
De acordo com a Constituição Federal, todo cidadão tem direito à
educação de qualidade e ao lazer. Sendo o cinema um instrumento de
promoção de ambos esses direitos, torna-se evidente a importância da
garantia do acesso amplo a ele. Assim, dialogando com as ideias de Paulo
Freire, patrono da educação brasileira, investir na democratização do
cinema é incentivar um ensino libertador, o qual estimule os cidadãos a
buscar verdadeiramente o conhecimento, ao contrário de uma “educação
bancária” – conteudista. Ao sintetizar aprendizado e entretenimento, o
cinema colabora, assim, para a educação freireana.
No entanto, a realidade do Brasil reflete uma evidente exclusão
social no que se refere ao acesso às salas de cinema no país. Em um
contexto de concentração de renda, dados apontam que apenas cerca de
um quinto dos brasileiros que demonstram interesse por filmes
frequentam as salas, revelando que o principal ambiente de propagação
dessa forma de arte apresenta um público seleto, sendo o motivo mais
comum os altos valores cobrados pelos ingressos. Diante desse cenário de
desigualdade, a divulgação do cinema de forma democrática torna-se um
desafio, exigindo ações que revertam essa realidade.
Dessa forma, a fim de promover o acesso amplo a formas
alternativas de educação libertadora, cabe ao Ministério da Educação e
Cultura investir na criação de salas de cinema de acesso gratuito, por meio
da criação de novos cursos de Cinema nas Universidades Federais e a
instalação desses ambientes de reprodução de filmes sob administração
das faculdades, garantindo a prioridade de pessoas de baixa renda,
incentivando, assim, a democratização das artes cinematográficas e o
aprendizado dos estudantes e espectadores."
65
Lucas Rios
18 anos | Belo Horizonte - MG
Foto: Reprodução/Inep
66
"O cinema se tornou uma tecnologia com
grande potencial expressivo e, por essa razão, é considerado
uma forma de arte. Simultaneamente, apresenta elevado valor lú-
dico, prova pelo recente sucesso de obras como "Coringa" e "Vingadores:
Ultimato". Infelizmente, no contexto brasileiro, nem todos têm amplo
acesso a tal maravilha. Nesse sentido, percebe-se a existência de
problemas sociais e econômicos que dificultam a democratização dessa
atividade no país.
Segundo o economista Ludwig von Mises, um dos grandes nomes da
Escola Austríaca de Economia, o homem quando em liberdade, tende a
agir buscando a maximização de sua felicidade. Sob essa ótica, nota-se
que indivíduos com baixo poder aquisitivo priorizarão serviços de
necessidade básica (como alimentação, saúde e moradia) em detrimento
de atividades culturais, uma vez que aqueles, por serem essenciais à
sobrevivência, lhes farão mais felizes que estes. Assim, a fragilidade
econômica torna-se um fator de exclusão de certas parcelas da população
nacional do mundo cinematográfico.
Além disso, de acordo com o Índice de Liberdade Econômica
desenvolvido pela Heritage Foundation, o Brasil está entre os piores países
para abrir uma empresa. Isso é resultado da alta complexidade tributária e
burocrática, que resulta em maiores custos tanto para empreendedores
quanto para consumidores. Por não ser imune a tal fenômeno, o setor do
cinema sofre com as mesmas consequências, que restringem ainda mais a
participação popular nas sessões. Dessa forma, a abertura e simplificação
desse mercado são medidas necessárias para democratizá-lo, dado que
reduzem os preços.
Diante do exposto, evidenciam-se os desafios sociais e econômicos
para o pleno acesso da população brasileira às obras cinematográficas.
Cabe, então, ao Ministério da Cidadania, por ter herdado as funções do
extinto Ministério da Cultura, criar, por meio de parcerias com as empresas
do setor, entradas gratuitas periódicas para a população de baixa renda, de
modo a facilitar a sua participação nas salas de cinema e,
consequentemente, popularizar o acesso à cultura. Paralelamente, o
Ministério da Economia deve estimular, através de medidas provisórias, a
redução de impostos e regulações no mercado citado. Desse modo,
concretizar-se-ão os seus valores lúdico e artístico, que serão apreciados
pelo povo brasileiro como um todo."
67
Luísa Dornelas
20 anos | Belo Horizonte - MG
Foto: Reprodução/Inep
68
"A primeira exibição pública do cinema ocor-
reu no ano de 1895 na França e, aos poucos, difundiu-se para
todas as nações, sendo ainda uma grande fonte de entretenimento,
inclusive no Brasil. Além disso, é notória sua função social ao proporcionar aos
espectadores tanto uma atividade de lazer quanto uma propagação de
informações e de conhecimentos, como os documentários e os filmes contendo
alusões históricas. Nesse viés, a Constituição brasileira de 1988 determina o
direito ao entretenimento a todos os cidadãos, assegurando o princípio da
isonomia. Entretanto, o acesso aos cinemas no país vem deixando, grandemente,
de ser democrático, sobretudo devido à segregação espacial e aos elevados
custos, ferindo o decreto, o que demanda ação pontual.
Decerto, o processo de urbanização brasileiro ocorreu de forma acelerada e
desorganizada, provocando o surgimento de aglomerados no entorno dos centros
urbanos. Diante dessa conjuntura, essas periferias sofrem, de modo geral,
históricas negligências governamentais, como a escassez de infraestrutura básica,
de escolas e de hospitais. Não obstante, tais regiões também carecem de espaços
de lazer, como os cinemas, que, majoritariamente, concentram-se nas áreas
centrais e de alta renda das cidades. Assim, corrobora-se a teoria descrita pelo
filósofo francês Pierre Lévy de que “toda nova tecnologia gera seus excluídos”.
Portanto, o cinema, sendo uma inovação técnica, promove a segregação dos
indivíduos marginalizados geograficamente.
Ademais, a maioria dos cinemas pelo Brasil cobram altos valores pelos
ingressos das sessões, o que se torna inviável para grande parte da população,
haja vista a situação econômica de crise que o país enfrenta, em que muitos
indivíduos se encontram desempregados ou possuem baixa renda familiar. Desse
modo, descumpre-se a determinação da Constituição Cidadã de igualdade de
acesso ao lazer pela população, especialmente um entretenimento tão difundido
entre a sociedade e de grandes benefícios pessoais, como a aquisição de
informações e a ampliação da criticidade. Por fim, ratifica-se a tese desenvolvida
pelo jornalista brasileiro Gilberto Dimenstein acerca da Cidadania de Papel, isto é,
embora o país apresente um conjunto de leis bastante consistente, elas se atêm,
de forma geral, ao plano teórico. Logo, a garantia de igualdade de acesso ao
cinema pelos cidadãos não é satisfatoriamente aplicada na prática,
impulsionando a segregação social.
Observa-se, então, a necessidade de democratização dos cinemas no Brasil.
Para tanto, é preciso que a Ancine – Agência Nacional de Cinema – amplie o
acesso da população aos cinemas. Isso ocorrerá por meio do incentivo fiscal às
empresas do ramo, orientando a construção de mais cinemas nas regiões
periféricas, a redução dos preços dos ingressos e a concessão de gratuidade de
entrada para a parcela da sociedade pertencente às classes menos favorecidas,
como indivíduos detentores de renda familiar inferior a um salário mínimo. Dessa
forma, mais brasileiros terão a possibilidade de acesso aos cinemas e, finalmente,
a isonomia será garantida nesse contexto, reduzindo a desigualdade entre a
população."
69
Maria Antônia Barra
19 anos | Bias Fortes - MG | @maria_barra
Foto: Reprodução/Inep
70
"O filme “Bastardos Inglórios”, ao contextualizar
cenas em meados do século XX, retrata o caráter elitista das
exibições de cinema, uma vez que eram espaços de socialização das
classes ricas da época. Na contemporaneidade, embora seja mais amplo, ainda há
entraves a serem superados quanto à democratização do acesso às salas
cinematográficas no Brasil. Nesse sentido, os resquícios de uma herança
segregacionista no que diz respeito à frequência de locais de cinema, geram a
dificuldade de manter esse hábito em grande parte da população, o que perpetua a
problemática.
Nessa linha de raciocínio, é fundamental ressaltar que a urbanização tardia e a
constante gentrificação de espaços citadinos brasileiros são responsáveis pela
permanência de costumes elitistas. Com efeito, o geógrafo Milton Santos, ao estudar
a organização das cidades do Brasil, postula que o processo rápido e desorganizado
de construção urbana provocou a marginalização de grande parte dos cidadãos.
Desse modo, o acesso a shopping centers e demais espaços de lazer, como os
cinemas, ficou restrito àqueles que possuem meios para tal, ou seja, à parcela da
população que mora perto desses locais centrais – a elite -, ou que possui recursos
para se deslocar e consumir esses produtos culturais – também a elite. Assim, no que
tange à exibição de filmes, há resquícios de um caráter segregacionista, visto que a
marginalização e a gentrificação excluem a massa populacional dos espaços
cinematográficos, mantendo a problemática.
Por conseguinte, a dificuldade de manter o hábito de frequentar tais locais
impede a democratização do acesso ao cinema. Nesse aspecto, a teoria do sociólogo
Pierre Bourdieu acerca de “capital cultural” vai ao encontro da realidade brasileira.
Em seus postulados, Bourdieu discute a influência das referências socioespaciais nos
costumes do indivíduo, concluindo que o desenvolvimento de valores que incluam
certa cultura é imprescindível à manutenção dos costumes referentes à ela. Sendo
assim, a herança elitista de frequência às salas cinematográficas e demais
plataformas de exibição impede a construção de um capital cultural em parte
significante da população do país, prejudicando sua democratização. Um exemplo
disso é o relato da autora Carolina Maria de Jesus, em seu livro “Quarto de despejo”,
no qual ela conta que, por residir na periferia, o dinheiro que seus filhos gastariam
para assistir aos longas no cinema não era suficiente nem para pagar seus
deslocamentos até lá.
Portanto, visando mitigar os entraves à resolução da problemática, algumas
medidas são necessárias. Primeiramente, cabe ao Governo Federal criar programas de
apoio à cultura cinematográfica, por meio de sistemas de assistência às famílias
carentes e especialmente distantes dos centros de lazer, como "vales cultura", junto a
"vales transporte", para que os processos conceituados por Milton Santos (como
gentrificação, que é a expulsão de indivíduos de uma área para a construção de
espaços elitizados) não interfiram no acesso populacional ao cinema. Por fim, é dever
das escolas promover formas de desenvolvimento de valores referentes à cultura
cinematográfica, através de exibições extra-classe, como em gincanas e trabalhos
lúdicos, a fim de que tanto os alunos, quanto os pais possam construir o "capital"
postulado por Bourdieu, de de modo que tenham interesse de frequentar os espaços
de plataformas de filmes, ampliando, então, o acesso a elas. Enfim, o cenário
retratado no longa "Bastardos Inglórios" não será reproduzido no Brasil, haja vista que
o aporte ao cinema será democratizado."
71
Markyel Flabio Araujo
18 anos | Caicó - RN | @markkyel
Foto: Reprodução/Inep
72
"A partir do avanço do desenvolvimento das
grandes cidades brasileiras, ocorrido durante o século XX,
decorrente do alastramento do capitalismo e do êxodo rural, o país
passou por certas transformações que marcaram o modo de vida das populações
dessas cidades, como o crescimento do número de salas de cinema em
estabelecimentos comerciais. Nesse contexto, é notável que a prática de
frequentar o cinema se configura como uma forma de entretenimento/lazer no
dia a dia das pessoas; no entanto, é perceptível que o acesso a tal ambiente não é
garantido a 100% da população brasileira, o que pressupõe uma discussão acerca
da problemática.
A princípio, vale citar a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948, que garante a
todo indivíduo o direito ao bem-estar social, assim como o acesso ao lazer. Assim,
todo indivíduo é passível de uma vida digna, que tenha o mínimo de acesso à
cultura e ao lazer. Nesse viés, o cinema pode ser visto como uma forma de
entretenimento capaz de oferecer aos seus espectadores uma "fuga da realidade",
possibilitando um momento de descontração e lazer que muitas pessoas
necessitam para superar as frustrações diárias advindas do estresse
contemporâneo que assola a sociedade.
Por outro lado, é necessário, indubitavelmente, destacar o fato de o Brasil
ser um país extremamente desigual socialmente, que não possui uma
democratização do acesso ao lazer. O país, que atualmente possui uma
população de cerca de 210 milhões de habitantes, ainda enfrenta a enraizada
divisão social promovida desde o processo de colonização, ocorrida no século XVI.
Essa perspectiva pode ser comprovada pelas palavras do renomado escritor
brasileiro Ariano Suassuna: "Que é muito difícil você vencer a injustiça secular,
que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos
despossuídos". Nesse sentido, é possível concluir que a precariedade do modo de
vida de uma parcela da população marginalizada pela sociedade impossibilita
que uma parte dos brasileiros desfrute de certas regalias, como, no caso, o acesso
ao cinema.
Portanto, medidas cabíveis são necessárias para uma amenização ou
possível superação do impasse. Cabe ao Congresso Nacional formular leis que
garantam a inserção da população marginalizada em locais públicos como as
salas de cinema, por meio de políticas públicas, como a criação de conjuntos de
cinema localizados em regiões distantes dos centros das grandes cidades (em
periferias ou bairros mais carentes), assim como em cidades localizadas no
interior do país. Outra ação eficaz é a criação de "carteirinhas" para pessoas de
baixa renda das cidades demograficamente maiores, para que possam frequentar
cinemas com, por exemplo, metade do preço cobrado pelas empresas; tal ação
pode ser firmada a partir de uma parceria público-privada entre o Estado e
empresas fornecedoras do serviço. Com isso, o acesso a locais como o cinema
será mais justo e igualitário , e o país terá, assim, um avanço no quesito
"democratização do acesso à cultura e ao lazer", previsto pela ONU."
73
Matheus Adriano
22 anos | São Luís - MA | @andradefmatheus
Foto: Reprodução/Inep
74
"O poeta Sebastião Uchoa Leite já
mencionou que o cinema era uma de suas grandes
inspirações em razão das diferentes perspectivas que este pode
dar sobre o mundo. Portanto, o cinema, enquanto ferramenta de reflexão,
beneficia a população brasileira, mas enfrenta, lamentavelmente, desafios
para a democratização de seu acesso em escala nacional. Isso se deve, por
um lado, a um padrão cinematográfico que não contempla as diversidades
regionais e, por outro, a uma elitização da “sétima arte”, afastando-a das
periferias.
Em primeiro lugar, o Brasil reproduz, majoritariamente, filmes
americanos, de padrão “hollywoodiano”, que não contemplam as
expressões regionais brasileiras. Segundo o filósofo Emmanuel Lévinas,
uma sociedade justa deve respeitar a alteridade de seus membros, de
modo que sua exclusão é uma forma de violência. Assim, o cinema
regional aparece como um símbolo da cultura local, e seu incentivo é um
modo de respeitar a alteridade dessas parcelas da sociedade, incluindo-as
na cultura do cinema.
Além disso, o cinema, no Brasil, tem tido alcance restrito às classes
sociais privilegiadas, que possuem fácil acesso a shopping centers, onde a
maioria dos cinemas se concentra, ou renda suficiente para manter
serviços de streaming, como o Netflix. De acordo com o sociólogo Pierre
Bourdieu, a facilidade de acesso a obras de arte pode ser chamada de
“capital cultural”, e sua acumulação é uma maneira de reproduzir a
desigualdade social. Nesse sentido, levar o cinema às periferias é um passo
essencial para a democratização de seu acesso no Brasil e para a
distribuição do “capital cultural” entre todos.
Em conclusão, o incentivo ao cinema regional brasileiro e a difusão
da “sétima arte” nas periferias são caminhos possíveis para a
democratização do seu acesso no Brasil. Para isso, o Ministério da
Cidadania, por meio de editais públicos, deve oferecer patrocínio à
produção de filmes regionais, em especial nos interiores brasileiros, com a
finalidade de difundir o cinema regional. Concomitantemente, os Governos
estaduais, por meio de suas secretarias de cultura, devem criar campanhas
de exibição de filmes nas periferias, atendendo às especificidades de cada
estado, para difundir o acesso a esse meio artístico a todos os brasileiros."
75
Nathalia Vital
24 anos | Arapiraca - AL
Foto: Reprodução/Inep
76
"Com a consolidação do capitalismo ocorrida
ao final da Guerra Fria o cinema sofreu transformações para
adequar o seu conteúdo à demanda de consumo desse modelo.
Desde então, o cinema tornou-se um dos principais meios de acesso e
difusão da cultura, no entanto, o Brasil enfrenta desafios para democratizar
o acesso ao cinema à população, seja pelo baixo incentivo para
frequentá-lo — fruto da negligência escolar em estimular o apreço pelos
filmes —, seja pela escassez de cinemas.
Nesse contexto, para o filósofo Aristóteles, o desenvolvimento de
virtudes e aptidões ocorre por meio de uma educação eficiente. Todavia, a
prática deturpa essa teoria no tocante à falha das escolas em estimular o
apreço pelos filmes, uma vez que não há projetos específicos nas aulas
para cultivar tal sentimento. Por conseguinte, se o incentivo não é
promovido, os indivíduos não desenvolvem a necessidade de ir ao cinema,
bem como não entendem a importância dele para obter um maior
conhecimento cultural e, desse modo, a democratização do acesso aos
serviços cinematográficos torna-se cada dia mais difícil.
Além disso, o acesso ao cinema também é dificultado em razão da
ausência ou escassez de cinemas em regiões periféricas, pois não há
incentivos governamentais para a instalação deles nesses locais. Sob tal
aspecto, essa falha decorre do pensamento de que o serviço
cinematográfico não é lucrativo em cidades onde o cinema não é
frequentado regularmente, entretanto, muitas vezes, as pessoas deixam de
consumí-lo em razão de não haver um cinema perto de suas residências e
do alto preço dos ingressos, os quais não são acessíveis para quem possui
baixas condições financeiras. Destarte, segundo o filósofo Jürgen
Habermas, a inclusão e o amparo à população devem ser prerrogativas
para um convívio social justo e harmonioso e, por isso, a construção de
mais cinemas irá proporcionar uma maior inclusão na sociedade e o
acesso ao cinema será ampliado.
Logo, cabe o Ministério da Educação alterar a grade curricular de
ensino — mediante a inserção de aulas de cinema nas disciplinas de
História e Sociologia, as quais trabalhem um filme por semana — a fim de
cultivar o apreço por filmes e, assim, estimular a ida ao cinema. Ademais,
compete ao Governo Federal junto à Secretaria Nacional da Cultura
investir na construção de cinemas nas cidades periféricas, com preços
acessíveis à comunidade, com o intuito de ampliar o acesso ao cinema no
Brasil de forma igualitária. Dessa maneira a democratização do acesso ao
cinema ocorrerá plenamente."
77
Nayra Amorim
18 anos | Pau dos Ferros - RN | @_nayraamorim
Foto: Reprodução/Inep
78
"No Brasil, apesar de a Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 215, garantir acesso à cultura a
todos os brasileiros, nota-se que muitos cidadãos não usufruem
dessa prerrogativa, tendo em vista que uma grande parcela social não tem
acesso ao cinema. Dessa forma, esse cenário comprometedor exige ações
mais eficazes do poder público e das instituições de ensino, a fim de
assegurar a igualdade de acesso ao universo cinematográfico.
Efetivamente, é notório o desacordo que existe entre o que é
assegurado pela Constituição e a realidade do país, uma vez que muitos
municípios não possuem cinemas ou espaços destinados à exposição de
filmes, séries e documentários. Esse nefasto paradigma atesta, sobretudo,
uma grande desigualdade no acesso à cultura do país, tendo em vista que em
grandes cidades, como o Rio de Janeiro, o cinema é mais valorizado. Além
disso, vale ressaltar que tal desigualdade fere a Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948, a qual assegura a produção cultural e lazer como
um direito de todos. Logo, é fundamental que o poder público desenvolva
medidas, como a construção de mais espaços destinados aos espectadores,
com o intuito de que os anseios do artigo 215 tenham realmente vigor.
Ademais, outro fator preponderante é que, apesar da modernização do
universo cinematográfico, o qual, atualmente, possui filmes em “3D” e salas de
cinema bastante equipadas, muitos brasileiros não conseguem arcar, por
exemplo, com o custo do ingresso ou, até mesmo, o espaço destinado à
exibição de filmes, como shopping center, é distante do local onde essas
pessoas residem, inviabilizando, assim, o acesso à cultura previsto na
Constituição. Esse panorama conflituoso explicita a necessidade das
instituições de ensino em atuar de forma mais efetiva, promovendo, por
exemplo, “noites do filme” na comunidade que se sejam gratuitas, a fim de
democratizar o acesso ao cinema, sendo essa uma forma de entretenimento
da população, bem como de transmissão de conhecimento.
Portanto, cabe ao poder público intensificar os investimentos no acesso
à produção cultural do país, sobretudo, ao cinema, mediante replanejamento
orçamentário, que viabilize a destinação de mais verbas para a construção de
cinemas nos municípios, com o propósito de que mais brasileiros possam
usufruir dessa importante ferramenta para o lazer. Outrossim, as instituições
de ensino, como as escolas e as universidades, devem promover a
democratização do acesso ao cinema, por meio da exibição gratuita de filmes
em, por exemplo, auditórios e quadras escolares em horários noturnos, com o
fito de que todas as parcelas sociais possam ser atendidas."
79
Pedro Luís Ladeira Mello
17 anos | Niterói - RJ | @pedroluis_26
Foto: Reprodução/Inep
80
"O cinema, considerado a sétima arte, é um
importante meio de difusão do conhecimento, entreteni-
mento e cultura. Por oferecer tamanha carga intelectual, ele deveria
ser de fácil acesso a todos. No Brasil, entretanto, percebe-se que, no
decorrer dos anos, o acesso a essa arte tornou-se pouco democrático
devido a fatores históricos e à reduzida a atuação estatal para resolver essa
problemática.
Em primeira análise, cabe ressaltar a histórica concentração das
salas de cinema nos principais centros urbanos do país. Pelo fato de tais
lugares terem abrigado as principais atividades econômicas nacionais —
mineração em Minas Gerais, produção de café no eixo Rio de Janeiro-São
Paulo, industrialização no Sul e no Sudeste —, esses centros concentraram
grande parte da elite urbana brasileira. Com isso, a fim de atender a essa
elite, um número maior de complexos investimentos culturais foram
realizados nessas regiões — como a Reforma Pereira Passos no Rio de
Janeiro. Por consequência, os estabelecimentos de cinema aglutinaram-se
nessas áreas, com poucos indo para o restante do país. Assim, uma grande
parte da sociedade ficou marginalizada do acesso ao cinema.
Além disso, deve-se analisar a ineficiência do Estado na
democratização desse acesso. Segundo o sociólogo Sérgio Buarque de
Holanda, o brasileiro é, desde a colonização, marcado por um
individualismo exacerbado que o leva a se apropriar do público para fins
particulares. Essa característica contribui para que muitos políticos pouco
ajam para entender os anseios do povo, como ter um acesso mais
facilitado ao cinema. Dessa forma, há uma reduzida atuação do Estado em
busca da democratização dessa forma de entretenimento.
Consequentemente, o atual cenário de exclusão de um número
considerável de cidadãos da possibilidade de adquirir cultura, por meio do
cinema, mantém-se presente no país.
O acesso pouco democrático ao cinema, em território nacional, é,
portanto, uma problemática de raízes históricas e atuais a ser combatida.
Nesse sentido, a Secretaria de Cultura deve, por meio de parcerias
público-privadas com empresas do ramo dos cinemas, investir na
construção de salas de cinema em regiões, até então, desprovidas desse
estabelecimento. Essas parcerias devem oferecer incentivos fiscais e, em
troca, a Secretaria deverá conseguir recursos e equipamentos de qualidade
para utilizar nessas novas salas. O objetivo dessa proposta é desconcentrar
as salas de cinema no país, aumentar sua oferta em todo o território e,
assim, democratizar o acesso ao cinema. Dessa forma, a carga intelectual
dessa sétima arte poderá ser mais bem difundida no país."
81
Raquel Merisio
20 anos | Linhares - ES | @raquelmerisio
Foto: Reprodução/Inep
82
"Karl Marx, pensador alemão, acredita que os
indivíduos devem ser analisados de acordo com o contexto
de suas situações sociais, já que produzem suas existências em grupo.
Nessa lógica, torna-se pontual compreender a questão do acesso ao cinema no
Brasil e os meios para haver a democratização na sociedade. A partir disso, faz-se
relevante entender que os ínfimos investimentos dos institutos de ensino em
estimular a valorização do cinema e da cultura e a persistência da
vulnerabilidade social requerem um quadro a ser revertido.
Em primeira análise, observa-se que Edgar Morin, sociólogo francês, afirma,
com conceito de "pensamento sistêmico", que é preciso ir além de um
pensamento linear, sendo necessário se preocupar com as relações de causa e
efeito. Essa questão é pertinente, uma vez que muitas escolas têm o foco
direcionado aos vestibulares e ao mercado de trabalho e negligenciam as
abordagens sociais como o debate sobre o cinema e sobre os valores
transmitidos por esse meio intelectual. Isso se torna preocupante, visto que sem a
formação de estudantes como cidadãos que apreciam a arte audiovisual, há a
permanência de sentimentos de descaso à cultura. É indiscutível, então, que haja
maior atenção dos institutos de ensino em abranger os assuntos sociais, para que
as relações de causa e efeito sejam priorizadas com a construção de alunos
envolvidos nas questões culturais e, assim, possa existir maior valorização e
ingresso dos cinemas no país.
Ademais, outra razão fundamental para a consolidação desse pensamento
é o fato de que John Locke, filósofo inglês, pontua que o Estado deve garantir os
direitos dos cidadãos como a manutenção do acesso às áreas culturais e de lazer.
Nesse caso, o equívoco eclode no erro de se acreditar que esses direitos são
assegurados com efetividade em todas as classes sociais. Sabe-se que tal relato
não pode ser afirmado, pois é notório que o que prevaleceu no Brasil é a
desigualdade social, a qual prova que as pessoas de regiões minoritárias são mais
vulneráveis ao meio e não têm acesso aos centros culturais como cinema devido
à falta de políticas públicas voltadas a essa questão. Diante desse quadro, não se
pode adiar a preocupação dos órgãos governamentais em promover áreas
cinematográficas nas regiões pobres, para que se crie uma relação de
pertencimento com a garantia dos direitos e, desse modo, exista a
democratização dessa arte no país.
O posicionamento assumido demanda, portanto, duas Medidas pontuais. A
princípio, os institutos escolares, responsáveis pela construção pessoal e social,
devem estabelecer como meta a flexibilização das metodologias aplicadas à
educação, por meio de aulas dinâmicas e transdisciplinares que abordem as
questões sociais como a valorização do cinema, para que os estudantes se
interessem pela cultura audiovisual e, assim, exista maior acesso nesse ramo. A
outra ação precisa ser fomentada pelo Ministério da Cidadania, juntamente às
ONGs, no sentido de intensificar os centros artísticos nas classes mais carentes,
por intermédio da implementação de cinemas abertos à população, a fim de que
haja acesso das práticas cinematográficas com equidade. Com esses
direcionamentos, os indivíduos, como advoga Marx, irão coexistir de forma mais
integral na sociedade com a democratização da cultura audiovisual."
83
Stela Lopes
18 anos | Belo Horizonte - MG | @stela.terra_
Foto: Reprodução/Inep
84
"A questão do acesso ao cinema, ape-
sar de não ser amplamente discutida, é um problema
muito expressivo no Brasil atualmente. A gravidade do qua-
dro é evidenciada pelos dados do site Meio e Mensagem: 83% da
população brasileira não frequentam tal ambiente. Nesse contexto,
percebe-se que o acesso ao cinema não é democratizado e convém
analisar as causas e impactos negativos dessa situação na sociedade.
Em primeiro lugar, é preciso compreender as causas dessa
problemática. Em um mundo marcado pelo capitalismo, é comum que,
cada vez mais, seja fortalecido o sistema de mercantilização do lazer, ou
seja, este passa a ser vendido por empresas em forma de mercadoria.
Nesse sentido, nota-se que, muitas vezes, parcelas da população com
condições financeiras mais baixas acabam não conseguindo ter acesso às
atividades de lazer, como o cinema, devido aos preços, geralmente,
inacessíveis. Além disso, outro fator que contribui para a falta do amplo
acesso da população ao cinema é a localização no interior dos shoppings,
os quais, normalmente, estão situados nos centros das grandes cidades, o
que acaba dificultando o acesso de moradores de bairros mais afastados.
Dessa forma, o cinema no Brasil torna-se um ambiente elitizado.
Em segundo lugar, é importante salientar os impactos negativos
desse quadro na sociedade. Tendo em vista que a parcela mais pobre da
população, geralmente, não consegue arcar com os custos de frequentar o
cinema e sabendo que o acesso ao lazer é um direito garantido pela
Constituição Federal, percebe-se a ocorrência da "cidadania de papel",
termo cunhado pelo escritor paulista Gilberto Dimenstein, que diz respeito
à existência de direitos na teoria (Constituição), os quais não ocorrem, de
fato, na prática. Sob essa perspectiva, nota-se que a falta de
democratização do acesso ao cinema gera exclusão social das camadas
menos favorecidas e impede que elas possam usufruir de seus direitos.
Portanto, é mister que o Ministério da Infraestrutura, em parceria
com o Ministério da Cultura, construa cinemas públicos, por meio da
utilização de verbas governamentais, a fim de atender a população que
não pode pagar por esse serviço, fazendo com que, assim, o acesso ao
cinema seja democratizado e essa parcela da sociedade deixe de usufruir
apenas de uma "cidadania de papel"."
85
Thiago Nakazone
17 anos | Recife - PE | @thiagonakazone
Foto: Reprodução/Inep
86
"Os filmes, além de proverem entreteni-
mento, têm uma função social muito importante: a de
denúncia. O movimento do Cinema Marginal, por exemplo, ocor-
rido na segunda metade do século XX, tornou-se único por retratar as mais
diversas desigualdades de nosso país. Por conta desse caráter tão plural,
democratizar o acesso à Sétima Arte no Brasil se faz extremamente
necessário. Contudo, quanto a isso, existem vários desafios, sendo os
principais: a desuniforme distribuição do parque exibidor e o alto preço
cobrado pelos ingressos.
De início, sabe-se que, quando surgiram em terras tupiniquins, os
cinemas eram de rua, com um único ambiente com capacidade para mais de
500 pessoas. Entretanto, a crescente onda de violência nas cidades — muito
bem retratada pelo longa-metragem brasileiro “Tropa de Elite” — fez com que
tal cenário mudasse completamente. No panorama atual, a maior parte dos
centros de exibição antigos foram demolidos, sendo substituídos por novos
complexos multissala. Esses últimos, por sua vez, afastaram-se das periferias e
abrigaram-se nos shoppings centers, capazes de fornecer um pouco mais de
segurança. Tal realidade prova, tristemente, que a criminalidade nas
metrópoles contribuiu para a centralização do parque exibidor em áreas ricas,
dificultando o acesso pelos mais pobres — um verdadeiro empecilho.
Outrossim, esse mercado — monopolizado por grandes corporações —
tornou-se bastante caro. Os altos preços cobrados por um ingresso não são
uma realidade muito viável: para diversos brasileiros com dificuldades
financeiras, o lazer dificilmente é tratado como prioridade. O país, inclusive,
conta com mais de 10 milhões de desempregados — a maior taxa dos últimos
anos —, segundo o IBGE. Engana-se, porém, que pensa que, no nosso circuito
filmográfico, não há demanda: basta ver o notável número de espectadores
nas segundas e quartas-feiras, dias de promoção. Essa delicada situação
mostra que, infelizmente, os valores abusivos espantam os consumidores e
constituem outro importante desafio.
Sabendo disso, portanto, as Secretarias de Segurança Pública
necessitam, através de ações com a Polícia Civil, criar um eficiente programa
de combate à violência urbana contendo canais de denúncia e agentes
especializados, a fim de, novamente, tornar as ruas amigáveis à instalação de
complexos de exibição. O Ministério da Economia deve, por fim, estimular
pequenos empreendedores desse mercado, por meio de empréstimos e de
incentivos fiscais, visando ampliar o parque exibidor, promover a concorrência
e, assim, abaixar os preços dos ingressos. Dessa forma, busca-se democratizar
o acesso ao cinema e superar as desigualdades retratadas no movimento
marginal."
87
Vinicius Adriano
17 anos | Belém - PA | @vini.adriano
Foto: Reprodução/Inep
88
"No longa-metragem ganhador do Oscar
“A invenção de Hugo Cabret”, narra-se o cotidiano de um
jovem garoto órfão que, apesar de viver - sob precárias condições
- em uma estação de trem parisiense, frequenta, clandestinamente, uma sala
de cinema próxima ao seu lar como uma forma de afastar-se de sua infeliz realidade.
Tal obra fictícia, além de expor um dos benefícios da ida a esse tipo de
estabelecimento, também denuncia a desigualdade do acesso à arte
cinematográfica, semelhantemente ao que ocorre no Brasil contemporâneo. Nesse
âmbito, faz-se necessário analisar dois entraves acerca do óbice social apresentado: os
elevados custos para a entrada em cinemas - incompatíveis com a condição
financeira de camadas populares - e a falta de mobilização cidadã em prol da
equidade dos direitos relacionados a essa situação.
89
Vitória Castro
19 anos | Teresina - PI | @dicasdavitmil
Foto: Reprodução/Inep
90
"Em sua obra "Cidadãos de Papel", o
célebre escritor Gilberto Dimenstein disserta acerca da
inefetividade dos direitos constitucionais, sobretudo, no que se
refere à desigualdade de acesso aos benefícios normativos. Diante disso, a
conjuntura dessa análise configura-se no Brasil atual, haja vista que o acesso
ao cinema, no país, ainda não é democrático. Esta realidade se deve,
essencialmente, à falta de subsídios para a infraestrutura nas regiões
periféricas e à urbanização desordenada das urbes.
Sob esse viés, é importante ressaltar que a logística de instalação de
salas de cinema, nas cidades pequenas, é precária. Nesse sentido, segundo o
Contrato Social ― proposto pelo contratualista John Locke ―, cabe ao Estado
fornecer medidas que garantam o bem-estar coletivo. Contudo, a
infraestrutura das cidades pequenas e médias é, muitas vezes, pouco dotada
de incentivos para a construção de salas de exibição de filmes, como centros
de lazer ― dotados de praça de alimentação, por exemplo. Com isso, uma
parcela expressiva da população é excluída dessa atividade cultural, o que,
além de evidenciar o contexto discutido por Gilberto Dimenstein, vai de
encontro ao Contrato Social. Desse modo, políticas públicas eficazes
tornariam possível a maior acesso ao direito de cultura, garantido pela Magna
Carta de 1988, por meio do cinema.
Além disso, o crescimento urbano desordenado gerou a concentração
de cinemas em determinadas áreas da cidade, o que excluiu, principalmente,
os locais pouco evidenciados pelo mercado imobiliário. Nessa linha de
raciocínio, o geográfico Milton Santos atribuiu ao inchaço urbano desenfreado
o surgimento de processos como a Gentrificação, a qual "expulsa" a parcela de
indivíduos de baixa renda da sua moradia. Devido a isso, a distribuição de
salas de cinema ocorreu de maneira desigual, privilegiando áreas nobres. Por
conseguinte, as favelas ― localidades em aparatos sociais ― possuem pouco ou
nenhum acesso à arte cinematográfica, o que evidencia um exército de
"cidadãos de papel". Assim, o cinema pode ampliar o seu alcance mediante a
ação de setores sociais que forneça infraestrutura de filmes.
Portanto, para a efetiva democratização do acesso ao cinema no Brasil,
é importante que o Governo Federal, por intermédio de subsídios tributários
estaduais, forneça a descentralização das salas cinematográficas do território,
a partir da instalação de unidades de cinema nas regiões que não possuem ―
com aparato qualificado, variedade de exibições e praça de alimentação ―, a
fim de proporcionar a cultura do cinema para a parcela de cidadãos excluída.
Ao mesmo tempo que isso, cabe ao Ministério da Cultura ― principal órgão
intermediador de políticas culturais no país ― propor um vale cinema para
aqueles que não possuem renda suficiente para a compra, com direito a pelo
menos duas oportunidades mensais, para que o direito aos filmes não seja
restrito por critérios censitários. Dessa forma, poder-se-á atenuar a
desigualdade discutida por Dimenstein."
91
Agradecimentos
Menção dos autores a pessoas/instituições decisivas para seus resultados:
92
Prof. Jorge Alberto Tajra
Prof. Júlio César Profª. Karol Sales
Prof. Leidson Macedo Profª. Katilini Oliveira
Prof. Lucas Lippi Profª. Leandra Guerino
Prof. MacDowell Profª. Leda d'Aguila
Prof. Marcelo Batista Profª. Luciana Lima
Prof. Marcelo Lima Profª. Luciene Teixeira
Prof. Marcos Vilhena Profª. Lussandra Drummond
Prof. Murillo Antônio Profª. Marcela Castro
Prof. Paulo Faria Profª. Márcia Reis
Prof. Ragi Profª. Maria Pereira
Prof. Raphael Hormes Profª. Maria Raquel
Prof. Roberson Calegari Profª. Marina Ferraz
Prof. Robinson Bucci Profª. Marina Ferreira
Prof. Rodrigo Soares Ribeiro Profª. Miriane Dayrell
Prof. Rodrigo Vaz Rui Profª. Mirvana Luz
Prof. Rogi Profª. Nicinha Câmara
Prof. Thalles Eduardo Profª. Patrícia Lima
Prof. Thiago Braga Profª. Priscila Germosgeschi
Prof. Thiago Morais Profª. Raquel Vetromilla
Prof. Tibério Secondes Profª. Raysa Ferreira
Prof. Vinicius Oliveira Profª. Regina Lustosa
Prof. Waydlle Silva Profª. Roberta Panz
Profª. Adriana Laquis Profª. Roberta Panza
Profª. Allana Mátar Profª. Rosana Castro
Profª. Amanda Campos Profª. Rozângela de Cássia
Profª. Ana Cláudia Santos Profª. Sabrina (Curso Poliedro)
Profª. Ana Paula Colaço Profª. Sílvia (Curso Ao Pé da Letra)
Profª. Ana Paula Rocha Profª. Simone Motta
Profª. Andrea Silva Massari Profª. Solange Brum
Profª. Andreia Abade Profª. Solange (Bernoulli)
Profª. Camila Colares Profª. Telma Tennille
Profª. Carolina Vilela Profª. Viviane Faria
Profª. Clarissa Maranhão Rinaldi Bossa
Profª. Crystianne Mendonça Rodrigo Vinicius
Profª. Duda Gonçalves Rosângela Bossa
Profª. Duda Salabert Samara Lopes Teixeira
Profª. Fátima Amaral Sânia Flávia Ribeiro
Profª. Fernanda Bérgamo Sarah Soeiro
Profª. Fernanda Féliz Litron Sergio Merli
Profª. Fernanda Zara Silvia Sansoni
Profª. Flávia Iêda Vanessa Alves G. Silva
Profª. Franciellen Mendes Vinicius Lara
Profª. Gabriela Said Vitor Yasser
Profª. Giovane Fernandes Oliveira Vitório Oliveira
Profª. Jana Rabelo Vívian Duarte
Wanderley Magalhães
93
0
Prezado estudante,
Esse ano, temos uma novidade especial e muito requisitada para a cartilha:
análises exclusivas de todas as redações! Eu chamei a minha professora da
época de escola, Prof.ª Débora Menezes, que me ensinou tudo o que eu sei
e me levou até o 1000, para se juntar ao projeto e fazer parte de tudo isso.
E, para isso, contamos com o apoio do Colégio Rio Branco ao projeto, o
qual agradeço imensamente!
1
Para cada autor, você vai ver o espelho da redação, o
texto transcrito e os comentários da Débora. Porque
fazemos questão de te certificar das notas, escaneando o
QR Code ao lado, você encontra todos os comprovantes
de nota máxima dos participantes.
Por último, venho contar aqui uma novidade em primeira mão, que temos
preparado há muito tempo em segredo, e é emocionante estar tão perto
de lançar pro mundo! Eu, juntamente com a Débora, vou lançar em agosto
um curso completo de Redação Enem, do início ao fim, que vai explicar
tudo — tudo mesmo —, que você precisa saber saindo do zero e chegando
nas notas mais altas! É o primeiro curso feito por um aluno nota 1000 e
uma professora especialista, e definitivamente o curso de redação mais
completo da internet. Esse é o Redplay — O treinamento Redação Enem
nota 1000! Você, leitor da cartilha, já vai ter um desconto especial de 10%
no curso com o cupom REDAMIL10 quando lançar. O curso lança em
agosto e você não vai querer perder a chance de maratonar tudo que a
gente preparou pra você até o Enem! Fica ligado em lucasfelpi.com.br ;)
Muito boa sorte nos estudos, tenha confiança em si mesmo e saiba que as
pessoas que escreveram esses textos também já estiveram no seu lugar:
sem saber por onde começar, não achando que conseguiriam, e muitas
delas inclusive lendo esta mesma cartilha no ano passado. Ano que vem,
pode ser você!
Lucas Felpi
2
Sumário
Tema 1 | "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira" 6
Adrielly Dias 7
Espelho 7
Transcrição 8
Análise 9
Aécio Filho 10
Espelho 10
Transcrição 11
Análise 12
Alan Albuquerque 13
Espelho 13
Transcrição 14
Análise 15
Aline Soares 16
Espelho 16
Transcrição 17
Análise 18
Ingrid Ascef 22
Espelho 22
Transcrição 23
Análise 24
Isabela Saraiva 25
Espelho 25
Transcrição 26
Análise 27
Isabella Bernardes 28
Espelho 29
Transcrição 29
Análise 30
Isabella Gadelha 32
Espelho 32
Transcrição 33
Análise 34
3
Ivan Carlos Silva 35
Espelho 35
Transcrição 36
Análise 37
Juan Sampaio 38
Espelho 38
Transcrição 39
Análise 40
Julia Motta 41
Espelho 41
Transcrição 42
Análise 43
Julia Vieira 44
Espelho 44
Transcrição 45
Análise 46
Larissa Cunha 47
Espelho 47
Transcrição 48
Análise 49
Ludmila Coelho 50
Espelho 50
Transcrição 51
Análise 52
Matheus Vitorino 59
Espelho 59
Transcrição 60
Análise 61
Nathaly Nobre 62
Espelho 62
Transcrição 63
Análise 64
4
Raíssa Fontoura 66
Espelho 66
Transcrição 67
Análise 68
Ramon Ribeiro 69
Espelho 69
Transcrição 70
Análise 71
Sofia Vale 72
Espelho 72
Transcrição 73
Análise 74
Savicevic Ortega 78
Espelho 78
Transcrição 79
Análise 80
Gabriela Traven 83
Espelho 83
Transcrição 84
Análise 85
Agradecimentos 87
5
Tema 1:
"O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira"
Enem 2020 Impresso
Foto: Reprodução/Inep
6
Adrielly Dias
18 anos | Conselheiro Lafaiete - MG | @adrielly_dias
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
7
Transcrição
8
Análise
Prof.ª Débora Menezes
A estratégia pensada por ela pode ser vista por meio do seguinte projeto:
utilização de um repertório — o filme “Joker” ou "Coringa" — como forma de
apresentar o tema ao leitor. Em seguida, ligar a temática do repertório com as
problemáticas que serão desenvolvidas em seu texto:
Vale ressaltar que o uso de um repertório é uma boa estratégia, mas não a
única, para iniciar a introdução. No decorrer do texto, a Adrielly separa cada
problemática acima em um parágrafo e discorre sobre cada uma delas por
meio da estratégia:
repertório
+ problemática do parágrafo
Podemos perceber que ela encontrou uma forma clara de organizar suas
ideias. E você, já encontrou a sua?
9
Aécio Filho
17 anos | Natal - RN | @aeciopffilho
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
10
Transcrição
11
Análise
Prof.ª Débora Menezes
O Aécio fez o que é exigido para chegar à nota máxima da competência que
avalia o repertório sociocultural, a Competência 2. Ele trouxe repertórios...
2. ...relacionados ao tema
a. Todos os repertórios utilizados estão ligados a pelo menos um
dos elementos da frase temática: estigma / doenças mentais /
sociedade brasileira.
Sobre os outros aspectos que levaram à nota mil, podemos destacar uma boa
organização do projeto de texto, com retomada de repertório — a Constituição
Cidadã — no final do texto. Além disso, temos duas propostas de intervenção,
para não deixar nenhuma problemática sem uma possível solução.
12
Alan Albuquerque
20 anos | Rio de Janeiro - RJ | @alaalbuquerque
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
13
Transcrição
14
Análise
Prof.ª Débora Menezes
O Alan consegue apresentar um texto claro e objetivo. Ele opta por iniciar a
redação por meio de um repertório sociocultural bem relacionado ao tema —
a obra literária “Triste Fim de Policarpo Quaresma" — e de terminar o texto
retomando esse repertório e relacionando-o à proposta de intervenção.
Falando de proposta, vale destacar dois fatores que foram cruciais para que
ele tenha conseguido os 200 pontos nesta competência:
Vamos analisar:
15
Aline Soares
18 anos | João Pessoa - PB | @ensinaline
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
16
Transcrição
17
Análise
Prof.ª Débora Menezes
No 2º parágrafo: “No que tange a”, "esse processo", "nessa perspectiva", “desse
setor”, “essa temática”, “dessa maneira”, “o que resulta na”, “no entanto”,
“apesar da”, “essa lei”, “pois” , “nessa área”, “diante dos fatos apresentados” e
"essa realidade".
Em primeiro lugar, a negligência do Estado, no que tange à saúde mental, é
um dos fatores que impedem esse processo. Nessa perspectiva, a escassez de projetos
estatais que visem à assistência psiquiátrica na sociedade contribui para a precariedade
desse setor e para a continuidade do estigma envolvendo essa temática. Dessa maneira,
parte da população deixa de possuir tratamento adequado, o que resulta na piora da
saúde mental e na sua exclusão social. No entanto, apesar da Constituição Federal de
1988 determinar como direito fundamental do cidadão brasileiro o acesso à saúde de
qualidade, essa lei não é concretizada, pois não há investimentos estatais suficientes
nessa área. Diante dos fatos apresentados, é imprescindível uma ação do Estado para
mudar essa realidade.
A riqueza no uso dos conectivos pode ser vista, também, nos parágrafos
posteriores (3º e 4º). Há, ainda, a presença obrigatória de conectivos no início
de pelo menos 2 parágrafos. Neste texto, a Aline optou por colocar
"Outrossim" no 3º e “Portanto” no 4º. "Outrossim" não é a primeira palavra do
parágrafo, mas está no primeiro período e cumpre com a função de ligar os
parágrafos, então é mais do que válido! Parabéns, Aline! :)
18
Anna Beatriz Torres
20 anos | Rio de Janeiro - RJ | @1moldetorres
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
19
Transcrição
20
Análise
Prof.ª Débora Menezes
21
Ingrid Ascef
24 anos | Campinas - SP | @ingridascef
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
22
Transcrição
23
Análise
Prof.ª Débora Menezes
A Ingrid conseguiu trazer uma nova discussão para seu texto, com uma nova
análise, sem precisar de mais um repertório da sua cabeça para isso. Ela
mostrou que é possível, e super produtivo, utilizar também os textos da
coletânea. Mas atenção, não é permitido copiar as informações! Em vez disso,
extraia o assunto e/ou a ideia e crie sua própria argumentação, assim como a
Ingrid fez. Arrasou!
Por falar em repertório, chamo a atenção para um ponto. Neste texto, há uma
citação a respeito da médica Nise da Silveira. Ainda caberia, dentro do
parágrafo, uma breve (mas breve mesmo) contextualização sobre a
importância da médica para a temática e a psiquiatria. Isso para mostrar ao
leitor os grandes feitos dela no ramo da medicina e valorizar ainda mais o seu
repertório. Novamente, trata-se apenas de uma dica para quando você for
citar uma personalidade notória.
Parabéns, Ingrid!
24
Isabela Saraiva
21 anos | Brasília - DF | @iisabeauty
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
25
Transcrição
26
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Ainda no parágrafo, ela finaliza com uma reflexão que foi iniciada lá na tese,
reforçada pelo repertório e complementada por uma análise que une tudo
isso no final. Digamos que ela fecha com chave de ouro.
Vale destacar que ela não fez a sua argumentação depender do repertório,
mas sim o contrário. Parece que o repertório depende da tese no início do
parágrafo, e ele aparece só para dar maior credibilidade às ideias boas que a
Isa apresenta. Isso é, sem dúvida, um ponto que merece nossos aplausos.
27
Isabella Bernardes
20 anos | Rio de Janeiro - RJ | @bella.motiva
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
28
Transcrição
29
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Em relação à coerência dos elementos, podemos ver que a Isa escolheu muito
bem cada um deles:
30
Isabella Gadelha
18 anos | Castanhal - PA
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
31
Transcrição
"Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira que, indo contra
a comunidade médica tradicional da sua época, lutou a favor de um
tratamento humanizado para pessoas com transtornos psicológicos. No
contexto nacional atual, indivíduos com patologias mentais ainda sofrem com
diversos estigmas criados. Isso ocorre, pois faltam informações corretas sobre
o assunto e, também, existe uma carência de representatividade desse grupo
nas mídias.
32
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Vocês devem ter ouvido falar que não é interessante repetir a mesma palavra
diversas vezes na sua redação, tanto dentro do parágrafo quanto no texto
como um todo. A Isa sabe bem disso e se esforçou para evitar essas
repetições.
Logo no 1º parágrafo, podemos ver que ela traz 2 formas diferentes para se
referir a uma mesma ideia: “transtornos psicológicos” e “patologias mentais”,
para evitar repetir sempre o termo “doenças mentais”. Além disso, ela utiliza o
conectivo “desse grupo” para não repetir a expressão “das pessoas com
transtornos mentais”. Durante o texto, há, ainda, outras expressões que se
encaixam no mesmo caso: “portadores de doenças psiquiátricas", "transtornos
neurológicos", "sobre o tema", "desses indivíduos", "essas pessoas" (conectivos
de retomada) e "distúrbios psicológicos”.
Parabéns, Isabella!
33
Ivan Carlos Silva
25 anos | Fortaleza - CE | @ivancarloseat e @ivancarlossilvamelo
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
34
Transcrição
35
Análise
Prof.ª Débora Menezes
A presença ou ausência dos conectivos pode definir se sua nota será máxima
ou não. Muitos estudantes esquecem desses elementos ou têm dificuldades
em colocá-los no texto, por isso é importante o treino!
Aproveito para trazer uma observação sobre a expressão “fazer que”, que
aparece 2 vezes no texto: "Assim, o tratamento tardio faz que..." e "fazendo que,
consequentemente...". Apesar de gramaticalmente correta, quando
escrevemos “faz que” parece que está faltando algo, não? Já quando
utilizamos “faz com que”, a frase fica muito mais fluida/harmônica. O leitor
tende a aceitar melhor (sonoramente) a segunda opção. A língua permite as
duas formas, mas se puderem, prefiram a expressão “faz com que” quando a
intenção for apontar a consequência de uma ação. Parabéns, Ivan Carlos!
36
Juan Sampaio
21 anos | Paulo Afonso - BA
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
37
Transcrição
38
Análise
Prof.ª Débora Menezes
O Juan fez um texto que transparece certo treino antes da prova. Como
assim? É possível ver, por meio da estratégia que utiliza para compor seus dois
parágrafos de desenvolvimento, que ele testou e achou uma forma segura e
eficiente de apresentar suas ideias. Encontrar uma estratégia de organização
que funcione na sua redação é importante para que você vá muito mais
confiante para a prova.
39
Julia Motta
17 anos | João Pessoa - PB | @julia.mottac
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
40
Transcrição
41
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Quando lemos o texto da Julia temos a sensação de que ela estudou a fundo o
tema! Isso é possível devido à forma como ela discorre sobre as problemáticas
que o envolvem, indo, muitas vezes, além do que ela se propôs a falar no
parágrafo. Ou seja, em seus parágrafos de argumentação, ela não apenas
explica os problemas que apresentou lá no 1º parágrafo do texto, como
também complementa-os com consequências e análises que nos levam a
diversas reflexões.
Este texto nos permite ter uma visão completa do tema e não apenas um
pequeno recorte. Já informo que não é simples fazer isso, pelo contrário, é
arriscado, pois podemos ampliar demais nossa argumentação, deixarmos
pontas soltas e acabarmos fugindo do nosso objetivo principal. Mas esse não
foi um problema para Julia, ela desafiou e deu certo! Repare no que ela fez:
Foi uma boa condução do leitor durante o texto, Ju, merece palmas!
42
Julia Vieira
18 anos | Imperatriz - MA | @juliaavvieira
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
43
Transcrição
44
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Repare que ela poderia ter escrito simplesmente: “Nessa perspectiva, é válido
retomar a questão relacionada à omissão estatal nesse caso.” Se eu retiro as
frases que estão entre as vírgulas e que servem para
esclarecer/complementar as informações para o leitor, tenho apenas um
trecho simples, sem muita elaboração. Retirei um trecho que retoma um
ponto que já tinha sido tratado antes no texto: “acerca da lógica referente aos
transtornos da mente no espectro brasileiro”. Troquei, ainda, algumas palavras
para mostrar que a escolha do vocabulário também torna o texto mais/menos
atrativo: “aspecto supracitado quanto” por “a questão relacionada”.
Façam o teste: tirem os trechos em destaque e vejam como o texto fica pobre
em informação. E assim ocorrerá em todo o texto: sempre que pode, ela coloca
uma observação entre os períodos e enriquece sua argumentação!
Gostaria de chamar a atenção para uma situação específica que ocorre nesta
redação: quando aparece o trecho “a fim de que o longa norte-americano se
torne apenas uma ficção” (fim do 1º parágrafo), faltou esclarecer que, na
verdade, o desejo da Julia era de que o ocorrido com Arthur Fleck, no longa
norte-americano, se tornasse apenas ficção, e não o longa metragem inteiro,
porque ele já é uma ficção. Ou seja, faltou especificar a questão do
personagem para que a frase ficasse mais coerente. É um deslize muito
pontual que não prejudicou o texto. Como não há outros pontos assim na
redação, o projeto de texto não perdeu nota. Ju, arrasou!
45
Larissa Cunha
21 anos | Maricá - RJ | @jalecoinformativo
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
46
Transcrição
"Na obra “O Alienista”, o autor Machado de Assis aborda a questão das
doenças mentais, já no período do Realismo literário - século XIX, - por meio do
personagem Doutor Bacamarte. No enredo, nota-se o empenho do protagonista
de aprisionar os diagnosticados na “Casa Verde”, local que se assemelha aos
manicômios, na tentativa de isolá-los da sociedade. Apesar do ínterim entre a
publicação do livro e o contexto hodierno, percebe-se que as doenças de cunho
psíquico ainda são estigmatizadas no Brasil. Nesse viés, torna-se crucial analisar
as causas desse revés, dentre as quais se destacam a omissão do Estado e o
preconceito da sociedade.
47
Análise
Prof.ª Débora Menezes
48
Ludmila Coelho
18 anos | Vitória - ES | @ludmilacoelho_
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
49
Transcrição
50
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Ludmila mostrou que não se encaixa no grupo dos participantes que utilizam
todos os repertórios da mesma forma ou que escolhem somente um tipo de
repertório ― o que também não é errado, é só mais uma dentre tantas
estratégias que os estudantes escolhem.
Em seu texto, ela utiliza desde repertórios que discutem diretamente o tema
("O alienista" – 1º parágrafo), até repertórios que inicialmente não se articulam
com a temática, mas que, por meio da relação de sentido feita pela
participante, passam a ser pertinentes ao tema e bem desenvolvidos
("Cidadão de papel" e "O dilema das redes"). Essa é uma estratégia muito
interessante, pois muitas vezes você não consegue encontrar um repertório
relacionado diretamente ao tema e se frustra com isso.
Para utilizar tal estratégia, é preciso conseguir explicar com clareza em seu
texto sobre a relação que você está tentando estabelecer entre o repertório e
o tema da redação.
51
Luiz Pablo Oliveira
23 anos | Aracaju - SE | @luiiizpablo
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
52
Transcrição
53
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Destaquei esses pontos, pois normalmente uma das problemáticas dos textos
envolve diretamente o Estado/Governo, porque os estudantes tendem a se
sentirem mais seguros quando podem embasar as causas dos problemas em
instituições que deveriam evitá-las, como o Governo. Já o Luiz foi por outro
caminho: decidiu não falar diretamente da alçada governamental, mas sim de
outros pontos que envolvem o tema, e se saiu muito bem, mostrando que é
possível falar do tema sem ficar preso a discussões que envolvem o Governo.
Destaquei essas observações para mostrar que você não é obrigado a citar o
Governo para tudo! Dá para ampliar um pouquinho mais o olhar e trazer
outras estratégias de argumentação.
Parabéns, Luiz!
54
Maria Julia Passos
20 anos | Niterói - RJ | @majupassos_
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
55
Transcrição
56
Análise
Prof.ª Débora Menezes
A Maria Julia sabe muito bem marcar a sua opinião dentro do texto. Durante
toda a sua argumentação, ela faz uso de algumas expressões que reforçam a
sua tese. Esse é um ponto importante do texto dissertativo-argumentativo,
pois, ao ler a sua redação, o avaliador precisa enxergar explicitamente a sua
opinião, do começo ao fim. A estratégia da Maju foi: avaliar com adjetivos o
máximo possível daquilo que estiver falando. Vamos ver alguns trechos.
Perceba que todos esses trechos poderiam ser escritos sem essas marcas de
opinião, mas tornariam o texto menos expressivo/argumentativo. Atente-se à
forma como eles deixam claro o ponto de vista no decorrer da redação. A
Maria Julia avaliou as informações o máximo que pode, o que, com certeza,
contribuiu para a sua nota 1000.
Parabéns, Maju!
57
Matheus Vitorino
21 anos | Maceió - AL | @medicinathings
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
58
Transcrição
59
Análise
Prof.ª Débora Menezes
“a jovem, que não teve amparo nem da escola e nem do Estado, comete suicídio”
60
Nathaly Nobre
19 anos | Maceió - AL | @nathalynobre
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
61
Transcrição
62
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Muitos alunos colocariam um ponto final aqui, pois pensariam não ser
necessário acrescentar nenhuma outra informação. No entanto, a Nathaly
continua o período com o conectivo “uma vez que”, o que a obriga a trazer
mais conteúdo para seu parágrafo, neste caso uma causa para o que foi dito.
“[...] mesmo que retire dele os prazeres e a sanidade física e mental [...]”
Claro que já sabemos que a frase não terminará nessa conclusão, pois a
Nathaly colocou um novo conectivo, neste caso foi o “porquanto”, que passa
a ideia de explicação/justificativa:
Quando a gente pensa que acabou, ela consegue complementar ainda mais
as ideias! No meio da última frase explicativa há, ainda, o conectivo “por
conseguinte”, que marca um efeito do que foi dito anteriormente:
63
“[...] por conseguinte, a ansiedade e a depressão são absurdamente
naturalizadas em razão das poucas políticas públicas incentivadoras e
conscientizadoras.”
64
Raíssa Fontoura
20 anos | São Paulo - SP | @rahfontoura_ e @raissanosestudos
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
65
Transcrição
"De acordo com o filósofo Platão, a associação entre saúde física e mental
seria imprescindível para a manutenção da integridade humana. Nesse contexto,
elucida-se a necessidade de maior atenção ao aspecto psicológico, o qual, além
de estar suscetível a doenças, também é alvo de estigmatização na sociedade
brasileira. Tal discriminação é configurada a partir da carência informacional
concatenada à idealização da vida nas redes sociais, o que gera a falta de suporte
aos necessitados. Isso mostra que esse revés deve ser solucionado urgentemente.
Urge, portanto, que o Ministério da Saúde crie uma plataforma, por meio
de recursos digitais, que contenha informações a respeito das doenças mentais e
que proponha comportamentos e atitudes adequadas a serem adotados durante
uma interação com uma pessoa que esteja com alguma patologia do gênero,
além de divulgar os sinais mais frequentes relacionados à ausência de saúde
psicológica. Essa medida promoverá uma maior rede informacional e propiciará
um maior apoio aos necessitados. Ademais, também cabe à sociedade e à mídia
elaborar campanhas que preguem a contrariedade ao preconceito no que tange
aos doentes dessa natureza, o que pode ser efetivado através de mobilizações em
redes sociais e por intermédio de programas televisivos com viés informativo. Tal
iniciativa é capaz de engajar a população brasileira no combate a esse tipo de
discriminação. Com isso, a ideia platônica será convertida em realidade no Brasil."
66
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Vocabulário diferenciado!
A Raissa fez um texto digno de aplausos no que tange à escolha das palavras.
Não é uma exigência utilizar palavras rebuscadas na redação, basta evitar
clichês/gírias/impropérios para ter um texto apresentável. Mas o que a Raissa
fez foi trocar alguns termos muito simples por outros que dão mais força e
clareza ao que ela está dizendo. Como isso acontece em todo o texto, temos
que considerar como um diferencial da sua redação.
Não temos como analisar todas as palavras do texto, então vamos nos ater a
apenas algumas delas:
● 1º parágrafo
○ Imprescindível = uma forma simples de dizer seria “importante/
indispensável”
○ Integridade humana = dentro do contexto algumas pessoas
diriam apenas “saúde do ser humano”
○ Concatenada = na forma simples, “ligada”
○ Revés = alguns diriam apenas “situação desagradável”
● 2º parágrafo
○ Ausência de informações precisas e contundentes = a galera que
tem pressa só colocaria “falta de informação”; aqui, além de deixar
o período mais expressivo, ela ainda consegue marcar o seu
ponto de vista
○ Veiculação virtual de uma vida idealizada = a maneira mais
simples de dizer seria “mostrar uma vida perfeita na internet”
○ Em especial no que concerne à saúde mental = muitos
escreveriam apenas “sobre a saúde mental”
○ A carência de conhecimento associada à irrealidade digitalmente
disseminada arquitetam esse lastimável panorama = se
reestruturássemos com palavras simples e menos expressivas,
teríamos algo como “a falta de conhecimento e as vidas falsas
que aparecem na internet levam ao problema atual”
67
Ramon Ribeiro
15 anos | Macaúbas - BA | @ramon_142019
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
68
Transcrição
69
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Percebam que ele traz uma avaliação ao utilizar palavras como “inoperância
governamental” e “falta de comprometimento”. Como essas expressões são
claramente a opinião dele, visto que outra pessoa poderia discordar e trazer
outra avaliação, temos a sua tese dentro da apresentação das problemáticas.
Vale ressaltar que essa é apenas uma das muitas estratégias que existem para
marcar a tese no texto. O Ramon escolheu trazer a opinião com a
apresentação dos problemas, mas poderia ter feito isso de maneira separada,
ou seja, ter trazido ao final do parágrafo uma frase com a sua opinião sobre o
tema, sem necessariamente estar junto de outros elementos. Vamos lembrar,
ainda, que a tese é importante porque toda a argumentação que virá após a
sua introdução deve ter como objetivo defendê-la.
70
Sofia Vale
19 anos | Belém - PA | @sofia_lv
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
71
Transcrição
72
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Tendo essas duas problemáticas em mãos, Sofia teve que pensar em como
desenvolvê-las durante o texto. Para isso ela escolheu os seguintes
argumentos:
73
Sofia refletiu sobre o tema e abordou-o de uma forma simples e muito
verdadeira, o que torna sua redação sensível ao tema e causa a aproximação
entre o leitor e o texto, tamanha é sua descrição da realidade. Faz muito
sentido a estratégia utilizada por ela: se estou falando de problemas sociais
que afetam milhares de pessoas, nada mais justo do que mostrar
detalhadamente como esses problemas ocorrem no dia a dia da sociedade.
Garota esperta!
74
Tema 2:
"O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil"
Enem 2020 Digital
75
Foto: Reprodução/Inep
76
Savicevic Ortega
20 anos | Recife - PE | @savicevicortega
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
77
Transcrição
78
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Vejam que é diferente de dizer “tal problema tem como causa o/a X e como
consequência o/a Y”. Ele diz apenas que irá discutir as causas e as
consequências. Não foi extremamente específico e isso não é um problema,
mas sim uma estratégia! Ao não trazer uma discussão em especial como
causa e outra como consequência, ele abre espaço para discutir mais de uma
delas. Isso não é uma regra, nem melhor ou pior do que outras formas de
apresentar as problemáticas, mas sim mais uma possibilidade.
Destaco dois pontos importantes para que esse projeto tenha dado certo:
79
2. Há um diálogo entre as duas causas e também entre as duas
consequências, e isso permite que haja um trabalho em conjunto
durante o texto. Se Savicevic tivesse escolhido causas e consequências
muito distintas, provavelmente alguma delas iria ficar pouco
desenvolvida, sem espaço para aprofundamento no texto. No entanto,
como ele escolheu pontos que se interligam (industrialização/
desenvolvimento de uma região estagnação de outras hierarquização
das regiões/globalização/desigualdade social, pobreza e segregação
socioespacial), ficou mais fácil transitar entre um e outro. Além disso,
essa situação permite que, muitas vezes, uma informação
complemente a outra.
80
Tema 3:
"A falta de empatia nas relações sociais no Brasil"
Enem 2020 Reaplicação/PPL
Foto: Reprodução/Inep
81
Gabriela Traven
17 anos | Manaus - AM | @gabb.tr e @redwithgabi
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
82
Transcrição
'"Amai o próximo como a si mesmo." Essa citação, feita no livro sagrado dos
cristãos, a Bíblia, mostra a importância de promover a empatia ao próximo para o
bom funcionamento da sociedade. Entretanto, no cenário atual brasileiro, é
evidente a falta desse sentimento nas relações sociais, conforme pode ser visto no
número de casos de violência contra a mulher e de agressão aos indivíduos com
orientação sexual distinta. Assim, torna-se necessária a adoção de medidas pelos
órgãos governamentais e pela população, visando o retorno da harmonia
interpessoal.
Mediante os fatos expostos, é dever das escolas, por meio de parcerias com
as famílias dos estudantes, estabelecer um horário para dialogar sobre a
estruturação do pensamento machista na sociedade, mostrando a sua origem e
as consequências advindas do período colonial, para criar homens mais
simpáticos e, consequentemente, diminuir o número de casos de feminicídio.
Além disso, o Ministério da Cidadania, por intermédio de investimentos
governamentais, deve melhorar as delegacias de polícia, usando o capital
fornecido para promover rondas periódicas, instalação de mais câmeras e
atendimento psicológico gratuito para as vítimas de ataques homofóbicos, com o
intuito de assegurar segurança a pessoas de qualquer orientação sexual. Logo,
com a adoção dessas medidas, a citação feita na Bíblia poderá ser uma realidade.'
83
Análise
Prof.ª Débora Menezes
Na introdução, ela utilizou uma citação da Bíblia para falar sobre empatia e já
apresentar o tema. Em seguida, apresentou as problemáticas que aparecerão
nos seus parágrafos de argumentação:
Na conclusão, vemos duas propostas com os agentes que ela apresentou nos
dois parágrafos anteriores. Deu para ver que o leitor foi muito bem conduzido
durante a redação. Vemos no texto da Gabi um esquema bem organizado de
suas ideias, em que ela utiliza a mesma estrutura para os dois parágrafos de
argumentação, mudando apenas o assunto a ser tratado.
84
Provavelmente, esta foi a estratégia que a Gabi descobriu que funciona
para ela em um parágrafo de desenvolvimento:
A organização do texto fez toda a diferença, assim como a boa escolha dos
argumentos e sua pertinência com o tema.
85
Agradecimentos
Reconhecimento dos autores a pessoas/instituições decisivas para seus resultados:
86
Prof.ª Ana Paula Colaço
Prof.ª Auremita Rodrigues
Prof.ª Brenda Pinheiro
Prof.ª Camila Santiago
Prof.ª Carla MacPherson
Prof.ª Carol Achutti
Prof.ª Cláudia Regina Silva
Prof.ª Cleide Assunção
Prof.ª Cristina Margalho
Prof.ª Daiane Morales
Prof.ª Fabiana Lopes
Prof.ª Fernanda Pessoa
Prof.ª Hilda Nunes
Prof.ª Lorraine Zanutim
Prof.ª Magda Juliana
Prof.ª Mara Gasparotto
Prof.ª Nicinha Câmara
Prof.ª Priscila Germomosgeschi
Prof.ª Rafaella Freitas
Prof.ª Renata Osório
Prof.ª Roberta Matos
Prof.ª Verônica Monteiro
Prof.ª Verônica Pinheiro
Prof.ª Waldivia Ceccon
Redação Online
Renzo Estrela
Sandra Lee Soares
Sandra Valéria
Simone Martins
Sistema de Ensino Contextual
Solange Cunha
Somine Couto
Tânia Bernardes
Thábita Hanna
Thiers de Souza
Thizzah Cecília
Valdir Vila Verde
Vivian Lemos
87
0
Prezado estudante,
Por fim, é um prazer imensurável trazer esse projeto à vida todos os anos.
Não tenho palavras para agradecer a paixão que foi demonstrada pelo
projeto e o quanto ele tornou-se material essencial aos estudos de milhões
de estudantes brasileiros. Esses 4 anos foram só o começo e estamos longe
de acabar. Digo por todos que passaram por aqui: contem conosco :).
Lucas Felpi
ATENÇÃO: Sob hipótese nenhuma esse material poderá ser revendido. Ele é gratuito e está
disponível no formato digital a todos. Professores, blogs, portais, e cursos que desejem compartilhar
textos retirados da cartilha devem manter os créditos do material para que este alcance mais
pessoas. O trabalho foi feito pelos próprios autores, com direito de uso para este documento, e não
está aplicado a outras fontes sem autorização prévia.
1
Sumário
Tema | "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil" 4
Alice Souza 5
Espelho 5
Transcrição 6
Andressa Nunes 7
Espelho 7
Transcrição 8
Beatriz Valentini 9
Espelho 9
Transcrição 10
Daiane Souza 11
Espelho 11
Transcrição 12
Emily Moraes 13
Espelho 13
Transcrição 14
Emmanuelle Severino 15
Espelho 15
Transcrição 16
Evely Lima 17
Espelho 17
Transcrição 18
Fernanda Quaresma 19
Espelho 19
Transcrição 20
Gabriel Borges 21
Espelho 21
Transcrição 22
Giovanna Dias 23
Espelho 23
Transcrição 24
2
Iasmin Schausse 25
Espelho 25
Transcrição 26
Luiza Mamede 27
Espelho 27
Transcrição 28
Maitê Maria 29
Espelho 29
Transcrição 30
Malu Souza 31
Espelho 31
Transcrição 32
Rafaella Frutuoso 35
Espelho 35
Transcrição 36
Sarah Fernandes 37
Espelho 37
Transcrição 38
Yasmin Magrine 39
Espelho 39
Transcrição 40
Agradecimentos 41
3
Tema:
"Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil"
Enem 2021 Aplicação Regular
Foto: Reprodução/Inep
4
Alice Souza
18 anos | Feira de Santana - BA | @alicesouzx @studieswithli
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
5
Transcrição
6
Andressa Nunes
20 anos | Rio de Janeiro - RJ | @nunesandd
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
7
Transcrição
8
Beatriz Valentini
19 anos | São Paulo - SP
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
9
Transcrição
10
Daiane Souza
20 anos | Limoeiro - PE | @daiane.souzaa
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
11
Transcrição
12
Emily Moraes
19 anos | Curitiba - PR | @emilymoraesz
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
13
Transcrição
14
Emmanuelle Severino
20 anos | Belo Horizonte - MG | @manu.severino
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
15
Transcrição
16
Evely Lima
20 anos | Lagoa de Velhos - RN | @evelylima__
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
17
Transcrição
18
Fernanda Quaresma
20 anos | Recife - PE | @fenunxs @estuda.fequa
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
19
Transcrição
Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida,
na persistente falta de pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece,
porque, como já estudado pelo historiador José Murilo de Carvalho, para que
haja uma cidadania completa no Brasil é necessária a coexistência dos direitos
sociais, políticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se que, quando o pilar civil não
é garantido – em outras palavras, a não efetivação do direito devido à falta do
registro em cartório –, não é possível fazer com que a cidadania seja alcançada
na sociedade. Dessa forma, da mesma maneira que o “mais novo” e o “mais
velho” de Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros continuam por ser
invisibilizados: sem nome oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim,
sem a dignidade de um cidadão.
20
Gabriel Borges
22 anos | Porto Alegre - RS | @borgesgabo
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
21
Transcrição
Além disso, nota-se que esse processo injusto cria chagas profundas na
democracia nacional. No livro “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, é
apresentada a história de uma família sertaneja que luta para sobreviver sem
apoio estatal. Nesse contexto, os personagens Fabiano e Sinhá Vitória tem dois
filhos que não possuem certidão de nascimento. Por conta dessa situação
irregular, os dois meninos sequer apresentam nomes, o que é impensável na
sociedade contemporânea, uma vez que o nome de um indivíduo faz parte da
construção integral da sua identidade. Ademais, as crianças retratadas na obra
são semelhantes a muitas outras do Brasil que não usufruem de políticas
públicas da infância e da adolescência devido à falta de documentos, o que
precisa ser modificado urgentemente para que se estabeleça uma
democracia realmente participativa tal qual aquela prevista por Bobbio.
22
Giovanna Dias
19 anos | Recife - PE | @gisgdias_
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
23
Transcrição
24
Iasmin Schausse
21 anos | Niterói - RJ | @iaschausse
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
25
Transcrição
26
Luiza Mamede
18 anos | Goiânia - GO | @luiza.mamede @luu.studiee
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
27
Transcrição
Sob essa ótica, cabe frisar que a garantia de registro civil a todos os
brasileiros é essencial e urgente, porque permite a sua participação na
sociedade. Acerca disso, o filósofo grego Aristóteles, segundo o conceito de
Zoon Politikon, afirmava que o ser humano é um animal político e que a sua
finalidade é a obtenção da felicidade, adquirida ao exercer o que lhe é
substancial: pensar e viver em sociedade. Dessa forma, evidencia-se a
problemática da falta de acesso à cidadania no Brasil, uma vez que as pessoas
que não são reconhecidas pelo Estado, devido à falta de documentação, são,
por conseguinte, privadas da participação política e negligenciadas pela
sociedade, impedidas de exercer a sua finalidade e de alcançar a felicidade.
Ademais, é válido apontar que essa exclusão política e social vem sendo
perpetuada pela lentidão administrativa do Estado. Nesse contexto,
relembra-se que o sociólogo Gilberto Dimenstein, em sua obra “O Cidadão de
Papel”, afirma que, embora o Brasil possua um sólido aparato legislativo, ele
mantém-se restrito ao plano teórico. Dessa maneira, verifica-se a
materialização do apontado por Dimenstein no fato de que os direitos
previstos na Constituição Cidadã de 1988 não são garantidos a todos os
brasileiros na prática, o que ocorre em grande parte devido à burocracia e à
morosidade do Estado, que dificultam o registro dessas pessoas. Logo, sem
documento, esses cidadãos invisíveis são privados do pleno acesso aos seus
direitos constitucionais.
28
Maitê Maria
20 anos | João Pessoa - PB | @maitemariaa
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
29
Transcrição
30
Malu Souza
18 anos | Viçosa - MG | @malusouzan
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
31
Transcrição
32
Pedro Henrique Machado
17 anos | Rio de Janeiro - RJ | @phrezende1605
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
33
Transcrição
34
Rafaella Frutuoso
23 anos | Macaé - RJ | @rafaafrutuoso
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
35
Transcrição
Além disso, a falta dessa certificação civil impede a ascensão social dos
brasileiros. Sob essa perspectiva, a Constituição Federal Brasileira garante, em
seu 6° artigo, que todo cidadão tem direito de acesso à saúde, à educação, ao
trabalho, à moradia, entre outros, objetivando assegurar não só direitos
básicos, como também a possibilidade de ascender socialmente. Contudo,
quando uma pessoa não consegue obter esse documento, todas as suas
garantias fundamentais são negligenciadas, impedindo que esse cidadão
frequente a escola, obtenha registro trabalhista, acesse a universidade e
alcance bons salários e alto nível de instrução profissional. Com isso, a
ausência da certidão de nascimento impede a ascensão social dos brasileiros.
36
Sarah Fernandes
21 anos | São José dos Campos - SP | @sarahh_paulista
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
37
Transcrição
38
Yasmin Magrine
19 anos | Juiz de Fora - MG | @yasminmagrine
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
39
Transcrição
40
Agradecimentos
Reconhecimento dos autores a pessoas/instituições decisivas para seus resultados:
41
0
Prezado estudante,
Seja bem-vindo à Cartilha Redação a Mil 5.0! Aqui estão reunidas 27 das 32
redações nota máxima do Enem 2022, muitas delas publicadas com exclusividade
nesta cartilha. Todos os textos foram concedidos por livre e espontânea vontade
dos autores para construir este documento extraoficial.
Em seguida, você encontrará uma seção para cada redação, contendo o espelho e
o texto transcrito. Elas estão organizadas em ordem alfabética, mas não há ordem
certa para leitura. Caso queira imprimir essa cartilha, dê preferência à versão
reduzida (bit.ly/reduzidamil5) para uma impressão econômica.
Esse ano tivemos mais redações nota mil do que no ano passado, e muitos dos
autores aqui hoje presentes liam essa cartilha para estudar. Só por isso tenho
muito a agradecer. Tenho me afastado das redes para focar nos estudos e carreira
profissional, mas se tem uma coisa que sempre esteve certa na minha mente é
que essa cartilha tinha que ser feita. Ela precisa continuar. Se tiver algo que fique
como meu legado na educação brasileira, que seja isso – como algo tão simples
pode mudar a história de milhões de pessoas.
ATENÇÃO: Sob nenhuma hipótese esse material pode ser revendido. Ele é gratuito e disponível no formato digital a todos. Professores,
blogs, portais, e/ou cursos que desejem extrair textos desta cartilha devem manter os devidos créditos ao material. O direito de uso dos
textos foi estritamente concedido para este documento, e não pode ser aplicado a outras fontes sem autorização prévia.
1
Sumário
Tema | "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil" 5
Carina Moura 14
Espelho 14
Transcrição 15
Fernanda Barbosa 16
Espelho 16
Transcrição 17
Flora Mello 18
Espelho 18
Transcrição 19
Giovanna Fagundes 22
Espelho 22
Transcrição 23
Julia Berge 24
Espelho 24
Transcrição 25
2
Juliana Moreau de Almeida Soares 26
Espelho 26
Transcrição 27
Laura Tamires 30
Espelho 30
Transcrição 31
Letícia Marques 32
Espelho 32
Transcrição 33
3
Mariana Horta Araujo 48
Espelho 48
Transcrição 49
Samantha Souza 56
Espelho 56
Transcrição 57
Agradecimentos 60
4
Tema:
"Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil"
Enem 2022 Aplicação Regular
Foto: Reprodução/Inep
5
Ana Alice Azevedo (ela/dela)
20 anos | Niterói - RJ | @anaalice_az
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
6
Transcrição
"Na primeira fase do Romantismo, os aspectos da natureza brasileira e
os povos tradicionais foram intensamente valorizados nas obras, criando um
movimento ufanista em relação a características nacionais. Tal quadro de
valorização, quando comparado à realidade, não foi perpetuado, apresentando
preocupantes desafios para a exaltação das comunidades nativas na
contemporaneidade. Nesse sentido, a problemática não só deriva da inércia
estatal, mas também do descaso social.
De início, é importante observar que a inércia governamental é uma das
principais barreiras para a valorização dos povos tradicionais. Nessa
perspectiva, de acordo com a Constituição Brasileira de 1988 é
responsabilidade do Estado garantir a preservação e a exaltação das
comunidades nativas, incluindo medidas voltadas para a proteção de suas
culturas. Entretanto, tal postulado é quebrado quando comparado à
contemporaneidade, haja vista que a maioria dos povos tradicionais, como
indígenas e quilombolas, não possui seus direitos estabelecidos, a exemplo da
demarcação de terras, sendo perversamente abandonada por um governo
que não oferece o suporte e o auxílio garantidos por lei. Por conseguinte, a
partir do momento que o Estado é passivo e negligente, as autoridades são
responsáveis tanto por estabelecer um equivocado cenário de quebra de
direitos constitucionais, quanto por criar um errôneo quadro de
desvalorização cultural da nação, já que as culturas das comunidades nativas
representam o patrimônio de todos os brasileiros. Desse modo, a postura
governamental vigente acentua a negligência perante os povos naturais do
país.
Além disso, o descaso social é outro desafio que alastra a desvalorização
de comunidades nacionais. Nesse viés, segundo o escritor Nelson Rodrigues,
isso ocorre devido ao Complexo Vira-Lata presente entre os indivíduos, em
que os brasileiros apresentam, em sua maneira, um sentimento de
inferioridade perante as nações exteriores, depreciando, assim, a cultura
nacional. Sob tal ótica, grande parte da população assume equivocadamente
um papel inerte e indiferente em relação à valorização das comunidades
nativas, uma vez que, devido ao errôneo sentimento depreciativo, não é capaz
de enxergar que a proteção e a exaltação dos povos tradicionais é de suma
importância para garantir a sobrevivência desses grupos e para a preservação
do patrimônio cultural da nação. Consequentemente, a visão míope e
deturpada da sociedade é responsável por formar um corpo social negligente
e indiferente acerca da própria história, ocasionando o abandono de parcelas
tradicionais e o esquecimento do legado cultural dos povos nativos.
Fica claro, portanto, que medidas necessitam ser tomadas para
solucionar a problemática. Nesse sentido, é preciso que o Estado elabore um
projeto de amplificação da valorização das comunidades tradicionais, por
meio do aumento de medidas de proteção a tais grupos, a exemplo da
intensificação da demarcação de terras, com o objetivo de reverter a postura
inerte dos órgãos governamentais, para que, dessa forma, os povos nativos
tenham seus direitos garantidos. Ademais, a mídia institucional deve criar
projetos de exaltação cultural, por intermédio da produção de campanhas
digitais que abordem a importância da preservação de traços nacionais com o
intuito de desconstruir o sentimento de inferioridade social, para que, dessa
maneira, seja possível reverter o descaso dos indivíduos perante a valorização
das comunidades nativas. Assim, os princípios de exaltação nacional presentes
no Romantismo poderão ser relacionados à realidade brasileira."
7
Ana Alice Freire (ela/dela)
17 anos | Fortaleza - CE | @nalicelice
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
8
Transcrição
"Na minissérie documental “Guerras do Brasil.doc”, presente na
plataforma Netflix, o professor indígena Ailton Krenak propõe a reflexão acerca
da dizimação dos povos originários a partir de perspectivas atuais, em que é
retratada a história sob o olhar do esquecimento e da violência contra esses
povos, a despeito da sua riqueza cultural e produtiva. Essas formas de
desvalorização das comunidades tradicionais do Brasil são respaldadas, dentre
outros fatores, pela invisibilização histórica desses atores sociais no ensino
básico e pelo preconceito que rege o senso comum. Dessa forma, é
imprescindível a intervenção sociogovernamental, a fim de superar os desafios
mencionados.
Com efeito, cabe destacar a exclusão generalizada dos aspectos
históricos e culturais referentes às etnias tradicionais dentro do sistema
educacional como fator proeminente à perpetuação da desvalorização do
grupo em questão, uma vez que, sendo a escola um dos núcleos de
integração social e informacional, a carência de estímulos ao conhecimento
dos povos nativos provoca desconhecimento, e consequentemente, o cidadão
comum não tem base da informação acerca da indispensabilidade das
comunidades originárias à formação do corpo social brasileiro. Nesse sentido,
os versos “Nossos índios em algumas poucas memórias/Os de fora nos livros
das nossas escolas”, da banda cearense Selvagens a Procura de Lei, ilustram a
construção do ensino escolar pautada no esquecimento dessa minoria, de
maneira a ampliar sua desvalorização. Assim, é constatável a estreita relação
entre as lacunas na educação e o fraco reconhecimento dos povos e das
comunidades tradicionais.
Ademais, vale ressaltar o preconceito cultivado no ideário popular como
empecilho à importância atribuída aos povos nativos, posto que, em
decorrência da baixa representatividade em ambientes escolares, como
mencionado anteriormente, e do baixo respaldo cultural, marcado por
estereótipos limitantes e etnocentristas, isto é, que supõem superioridade de
uma etnia em relação à outra, há formação de estigmas sobre pessoas dessas
minorias e, por conseguinte, não há o reconhecimento de suas ricas
peculiaridade. Seguindo essa linha de raciocínio, é possível estabelecer
conexões entre a atualidade e a carta ao rei de Portugal escrita por Pero Vaz
de Caminha, no momento da chegada dos portugueses ao Brasil, de forma
que a perspectiva do navegador em relação ao indígena, permeada de
suposta inocência, maleabilidade e passividade, pouco alterou-se na
concepção atual, evidenciando a prepotência e a altivez que são implicações
da ignorância e do silenciamento das fontes tradicionais. Então, são
necessárias medidas de mitigação dessa problemática para o alcance do
bem-estar da sociedade.
Em suma, entende-se o paralelo entre a desvalorização dos povos
nativos e o apagamento histórico destes, além do preconceito sobre este
grupo, de modo a urgir atenuação do cenário exposto. Para isso, cabe ao
Ministério da Educação a ampliação do ensino histórico e cultural do acervo
tradicional, por meio da reformulação das bases de assuntos abordados em
sala de aula e da contratação de profissionais dessas etnias, com o objetivo de
pluralizar as narrativas e evitar a exclusão provocada por apenas uma história,
em consonância com o livro da escritora angolana Chimamanda Ngozie
Adichie “O perigo da história única”. Também, é papel dos veículos culturais,
como a mídia, a representação ampla e fidedigna desses grupos, com o fito de
minorar a visão estigmatizada do que foi construída. Com isso, o extermínio
simbólico denunciado por Krenak será minguado."
9
Ana Carolina Angelim (ela/dela)
20 anos | Teresina - PI | @carol.angelim
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
10
Transcrição
"O poema “Erro de Português”, do escritor modernista Oswald de
Andrade, retrata o processo de aculturação dos indígenas durante a
colonização do Brasil. Atualmente, no país, ainda existem inúmeros desafios
para a valorização de comunidades e povos tradicionais devido, sobretudo, à
ineficiência estatal histórica em assistir esses indivíduos e ao
desconhecimento, por grande parte da população, sobre a diversidade e a
importância desses grupos.
É necessário destacar, de início, o descaso do Poder Público em
assegurar, de maneira efetiva, os direitos fundamentais às comunidades
tradicionais. De fato, o Estado, historicamente, negligenciou a proteção de
organizações sociais distintas, tais quais ciganos, quilombolas e indígenas e,
muitas vezes, legitimou a dissolução da cultura desses povos, prova disso foi,
durante o período de Ditadura Militar, a adoção de uma política
assimilacionista, isto é, de integração dos grupos nativos aos costumes da
sociedade citadina como tentativa de extinguir determinadas tradições. Dessa
forma, as populações tradicionais são desvalorizadas e, não raro, não
reconhecidas pelo Governo, conjuntura que impossibilita seu pleno exercício
de dignidade, tendo em vista a dificuldade de acesso a direitos sociais
imprescindíveis para seu bem-estar e para a perpetuação de seus saberes ao
longo das gerações, necessários para a manutenção de uma identidade
coletiva associada ao reconhecimento de sua ancestralidade.
Além da ineficiência do Estado, o desconhecimento dessa diversidade
cultural por parte de muitos indivíduos acentua a desvalorização dos povos
tradicionais. Notadamente, a invisibilidade de comunidades históricas
compromete o desenvolvimento de senso crítico frente à importância dessas
organizações sociais para a construção identitária do país, cenário que
comprova o pensamento da escritora brasileira Cecília Meireles, em sua obra
“Crônicas da Educação”, na qual consigna: a educação é fundamental para a
orientação individual, ou seja, para a criticidade das inúmeras situações da
vida social. Conforme esse raciocínio, a sociedade não valoriza devidamente as
populações ancestrais e, diversas vezes, segrega essas coletividades por não
conhecer sua relevância para a cultura nacional, comprometendo, assim, a
manifestação de suas tradições relacionadas ao sentimento de pertencimento
e ao modo de viver em harmonia não só com o espaço,mas também com os
outros sujeitos.
É imprescindível, portanto, que Estado, aliado à esfera municipal e
estadual de poder, proteja, efetivamente, as comunidades tradicionais do
Brasil, por intermédio de políticas públicas voltadas para o reconhecimento
oficial de povos ancestrais negligenciados, como extrativistas e pescadores,
bem como para a promoção de direitos às diversas organizações culturais –
com a demarcação de terras indígenas e quilombolas e a visita periódica de
agentes do Governo que documentem as necessidades de cada grupo -, a fim
de proporcionar o exercício de dignidade para esses indivíduos. Urge,
também, que a escola possibilite o conhecimento sobre essas populações,
mediante palestras e aulas extracurriculares – com profissionais da área de
história e de antropologia, que demonstrem a importância dessas
comunidades -, com o intuito de incentivar a criticidade dos estudantes sobre
a valorização de povos tradicionais.”
11
Ana Laura Torquato (ela/dela)
20 anos | São João de Meriti - RJ | @laura_mp4
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
12
Transcrição
"O filme "Encanto" apresenta - por meio das memórias da avó da
protagonista - um cenário de conflito, marcado pelo desespero de uma aldeia
colombiana frente ao ataque e à consequente desterritorialização forçada de
centenas de indivíduos. Assim, embora desamparados e impactados pela
violência, os ancestrais de Mirabel, a personagem principal, tentam sobreviver,
enquanto comunidade, estabelecendo-se em outro local e perpetuando sua
cultura, sua sabedoria e seus costumes às futuras gerações. Fora dos limites da
ficção, a exclusão e a opressão que atravessam as comunidades e os povos
tradicionais do Brasil se expressam, assim como no filme, através de inúmeros
casos que revelam o cerceamento dos direitos sociais básicos desses grupos.
13
Carina Moura (ela/dela)
18 anos | Surubim - PE | @carinaabmoura
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
14
Transcrição
15
Fernanda Barbosa (ela/dela)
20 anos | São João de Meriti - RJ | @fernandammbarbosa
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
16
Transcrição
17
Flora Mello (ela/dela)
18 anos | Brasília - DF | @flora.mello
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
18
Transcrição
19
Giovana Fantoni Guimarães (ela/dela)
18 anos | Belo Horizonte - MG | @giovanafantoni
Espelho
Foto: Reprodução/Inep
20
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Giovanna Fagundes (ela/dela)
20 anos | Birigui - SP | @gihfagundes
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Julia Berge (ela/dela)
23 anos | Rio de Janeiro - RJ | @juliabergem
Espelho
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Juliana Moreau de Almeida Soares (ela/dela)
16 anos | Itamaraju - BA | @_ jumoreau
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Laura Muniz de Lima Leitão (ela/dela)
20 anos | Rio de Janeiro - RJ | @laura.munizz
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"“Tu achas que sou uma selvagem/E que conheces o mundo/ Tu pensas
que esta terra te pertence.” Os versos do filme da Disney “Pocahontas”
revelam a percepção de uma indígena norte-americana diante da chegada de
colonizadores ingleses em sua terra. Nesse contexto de desvalorização dos
povos locais, evidencia-se a similaridade da obra com o cenário brasileiro, dada
a falta de reconhecimento atribuída às comunidades tradicionais do país.
Dessa forma, os desafios para a valorização de tais populações apoiam-se seja
na carente abordagem do tema na educação e na mídia, seja na lógica
predatória do mercado capitalista vigente no território nacional.
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Laura Tamires (ela/dela)
18 anos | Uberlândia - MG | @laura.tamires
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Letícia Marques (ela/dela)
18 anos | São Benedito - CE | @leticiamed__
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Luís Felipe Alves Paiva de Brito (ele/dele)
24 anos | Maceió - AL | @_luisfelipeb
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Luis Gustavo Delfino Alcoforado (ele/dele)
17 anos | João Pessoa - PB | @luisgd_27
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Luiz Henrique Nogueira (ele/dele)
17 anos | Manaus - AM
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Maria Carolina Coelho ("Carol Contextualiza", ela/dela)
28 anos | Niterói - RJ | @carolcontextualiza
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Maria Clara Quintanilha Tavares (ela/dela)
19 anos | Rio de Janeiro - RJ | @claraquintanilhaa
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Maria Eduarda Graciano (ela/dela)
18 anos | São Lourenço - MG | @dudsgraciano
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Maria Fernanda Simionato de Lemes (ela/dela)
21 anos | Porto Alegre - RS | @mafesimionatol
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Mariana Horta Araujo (ela/dela)
19 anos | Niterói - RJ | @_marianahorta
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"A Agenda ONU 2030, plano do qual o Brasil é signatário, prevê como
um de seus objetivos o desenvolvimento sustentável pautado no respeito à
diversidade cultural. No entanto, a realidade diverge do documento, tendo em
vista os desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no
Brasil, que dificultam a troca sustentável entre a sociedade e a natureza. Dessa
forma, é fundamental compreender como a falha educacional e a
governamental intensificam o infame cenário nacional vigente.
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Maria Victória Parizani (ela/dela)
20 anos | Rio de Janeiro - RJ | @maviparizani
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Nicole Carvalho Almeida (ela/dela)
19 anos | Araguari - MG
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Rodrigo Junqueira Santiago Simões (ele/dele)
18 anos | São Paulo - SP | @rodrigoo_ j.santiago
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"No livro “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, Ailton Krenak critica o
distanciamento entre a população brasileira como um todo e a natureza, o
que não se aplica às comunidades indígenas. Tal pensamento é
extremamente atual, já que não só indígenas como todas as populações
tradicionais têm uma relação de respeito mútuo com a natureza, aspectos
que as diferenciam do resto dos brasileiros. Com isso, a agressão ao meio
ambiente e o apagamento dos saberes ancestrais configuram desafios para a
valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil.
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Samantha Souza (ela/dela)
20 anos | Governador Valadares - MG | @samanthinhabr
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Zeck Ferreira Gomes (ele/dele)
22 anos | Montes Carlos - MG | @zeecagomes
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