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As pesquisas sobre as crianças e a infância foram, por muito tempo, marcadas pelo
viés desenvolvimentista da psicologia e das ciências biológicas. Compreender a criança
significava enxergá-la como parte de uma fase natural pela qual todos os sujeitos transitam
nos anos iniciais da vida. Isto é, a criança era encarada como alguém que aprenderia de forma
passiva e desenvolveria a racionalidade, integrando-se à sociedade.
Transformações epistemológicas, políticas e sociais contribuíram para que uma
concepção cultural do sentimento de infância fosse evidenciada e para que as crianças fossem
vistas como sujeitos que participam ativamente da sociedade. Nesse sentido, para além de
uma fase universal, a infância foi entendida como uma categoria social que opera em razão de
especificidades históricas e culturais.
Dentre elas, destacam-se o processo de escolarização; a luta pelos direitos infantis; as
mudanças no estilo de vida e na estrutura familiar; a inclusão das crianças no mercado
consumidor; e os processos comunicacionais desses jovens, potencializados e ampliados pelas
tecnologias de informação e comunicação.
Nesse sentido, as lógicas midiáticas e a cultura do consumo têm ocupado um espaço
cada vez mais significativo nos processos de socialização das crianças – tanto oferecendo-lhes
recursos, referências e narrativas que são incorporados à construção de suas subjetividades,
quanto possibilitando que construam suas próprias culturas e as visibilizem.
Os 10 textos acadêmicos listados abaixo abordam as nuances da relação entre crianças
e mídias, entendida de forma cada vez mais complexa e multidisciplinar. Das representações
aos efeitos; das produções materiais às produções simbólicas; dos meios às mediações; das
mediações aos meios. Ainda que alguns deles tenham sido publicados há certo tempo,
representam marcos teóricos e metodológicos no âmbito da pesquisa sobre infância e
comunicação, e indicam possíveis caminhos a serem percorridos.
Pensados sob distintas perspectivas, esses estudos e seus respectivos pesquisadores
têm um propósito em comum: colaborar para a construção e manutenção de um espaço
democrático e seguro no qual as crianças possam expressar suas culturas e ampliar sua
participação na sociedade.
//Bônus: Para visualização de dados brasileiros, indico a pesquisa TIC Kids Online Brasil,
realizada desde 2012 pelo CETIC.br/NIC.br, que tem como objetivo gerar evidências sobre o
uso da internet por crianças e adolescentes. Anualmente, são publicados indicadores e
relatórios sobre hábitos, oportunidades e riscos relacionados à participação on-line de jovens
entre 09 e 17 anos.
Link: https://cetic.br/pesquisa/kids-online/
9 – “Children and young people’s rights in the digital age: An emerging agenda”, de Sonia
Livingstone e Amanda Third.
https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1461444816686318
Os direitos digitais das crianças se tornaram uma pauta relevante e desafiadora dentro dos
estudos sobre infância e comunicação. Neste artigo, as pesquisadoras apresentam desafios e
articulações desse campo, que busca balancear a proteção das crianças na rede, ao mesmo
tempo que procura maximizar suas oportunidades e benefícios.