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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
HUMANA
RESUMO
O texto tem como proposta fomentar reflexões acerca dos direitos das crianças, articulado ao
direito delas à aprendizagem da leitura e da escrita na infância. Embora as crianças sejam
reconhecidas legalmente como sujeitos de direitos, observa-se que eles têm prevalecido muito
mais no discurso e no papel do que na prática. Nesse contexto, reconhecer a criança como
sujeito social e produtora de cultura, reafirma o seu direito de ampliar o seu conhecimento ao
interagir e se apropriar da cultura que a cerca. No âmbito de uma sociedade grafocêntrica, o
trabalho pedagógico com a leitura e escrita na educação infantil, passa a ser visto como um
direito das crianças e dever das instituições escolares. No entanto, salientamos que o direito
das crianças de acessarem a leitura e a escrita não deve se sobrepor ao seu direito de ser
criança, incorrendo o risco de transformar um direito em um rígido dever. Dentre as
estratégias que podem ser utilizadas para que se promova situações de aprendizagem,
envolvendo a leitura e a escrita, apontamos como possibilidade o trabalho com a literatura
infantil, por fazer parte da cultura da infância e valorizar a cultura da criança o seu
protagonismo.
INTRODUÇÃO
O presente texto, busca analisar o contexto histórico acerca dos direitos da criança
articulado às concepções fomentadas pelos estudos da criança e da infância, a fim de
compreender os limites para a efetivação desses direitos na prática e seus impactos na
educação de infância. Diferentes documentos, em nível internacional e nacional, reconhecem
a criança como sujeito de direitos, no entanto sabemos que ao redor do mundo muitos desses
direitos da criança não são assegurados e respeitados.
O Estatuto da Criança e do adolescente (1990) está dividido em cinco direitos
fundamentais, dentre os quais nos interessa destacar o direito à educação, visando analisar as
confluências entre os aspectos jurídicos, históricos, sociológicos, políticos e pedagógicos. Do
ponto de vista educacional, está em voga se referir às crianças como sujeitos de direitos nos
discursos, documentos oficiais, em projetos, políticas públicas e estudos acadêmicos, no
entanto, pesquisas apontam que este se tornou um simples slogan, pois o discurso não se
efetiva na prática.
Tais incoerências, entre direitos e deveres, discursos e práticas saltam aos olhos nas
instituições escolares voltadas para a educação de infância, tendo como um importante desafio
romper com errôneas concepções de criança, infância e educação, construídas socialmente e
arraigadas em nosso imaginário. Precisamos vislumbrar possibilidades para uma educação de
infância que seja pensada e praticada com e para as crianças, respeitando seus direitos de
aprendizagem.
Nesse contexto, ao reconhecer a complexidade do trabalho com a leitura e escrita na
infância constituiu-se praticamente um dever, olhar para as crianças como sujeitos sociais, que
produzem cultura e que tem o direito de ampliar os conhecimentos que trazem, desde seu
ingresso no mundo, com as experiências em diferentes linguagens. A literatura infantil, por seu
caráter poético e encantador, desponta como uma possibilidade de garantir o direito das
crianças a um processo de aprendizagem da leitura e da escrita na infância, que seja potente e
significativo.
Reconhecer a criança como sujeito de direitos e produtora de cultura condiz com uma
concepção de criança ativa e potente, que busca se apropriar e estar no mundo à medida que
interage com a cultura, constituindo a sua própria cultura. Considerando que a criança tem um
jeito próprio de fazer essa apropriação, as DCNEI (2009) definem que a criança deve estar no
centro das propostas pedagógicas e define como eixos estruturadores do currículo as interações
e a brincadeira. A partir dessas diretrizes, a BNCC (Base Nacional Curricular Comum)
homologada em 2018, estabelece seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento que devem
ser respeitados na educação infantil, sendo eles: conviver, brincar, participar, explorar,
expressar e conhecer-se. Esses direitos estão contemplados nos cinco campos de experiência,
em uma organização curricular, os quais definem objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento. Tais campos visam entrelaçar suas respectivas experiências que fazem parte
do cotidiano das crianças e seus saberes, ou seja, articular a cultura infantil aos conhecimentos
que fazem parte do patrimônio cultural.
CONSIDERAÇÕES FNAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS