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CONTEÚDOS, TENDÊNCIAS E
METODOLOGIAS
AULA 1
Você já parou para pensar nos elementos que envolvem a infância e como
os conceitos e práticas foram se constituindo ao longo dos tempos? De que
forma os espaços formais e as práticas pedagógicas interferem nos
pressupostos teóricos e metodológicos dessa etapa de ensino?
Nesta aula, vamos compreender um pouco mais sobre os aspectos
fundamentais da educação infantil, no contexto cultural e histórico, e como as
mudanças legais influenciaram no processo de ensino e aprendizagem dessa
fase.
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Assim, é possível compreender a criança um sujeito histórico e de direitos,
por isso é fundamental pensar que a fase da infância é o momento da vida que
integra a categoria geracional da infância e, para além do pertencimento etário,
a criança é um ator social que pertence a uma sociedade, um gênero, uma
raça/etnia e um espaço geográfico e cultural.
Corsaro (2002) explica com clareza a ação da criança como ator social: A
ação da criança como um ator social competente vai ao encontro da abordagem
denominada reprodução interpretativa, que representa a socialização com base
na da adaptação passiva da criança.
Mas atenção ao utilizar o termo reprodução! É preciso entender que as
crianças não apenas se apropriam da cultura em que estão inseridas, mas
também participam das mudanças culturais.
Já o termo interpretativa refere-se aos aspectos inovadores da sua
participação na sociedade e na cultura que está inserida, pois as crianças criam
e participam da cultura de pares, entendida como “um conjunto estável de
atividades ou rotinas, artefatos, valores e interesses que elas produzem e
compartilham na interação com seus pares” (Corsaro, 2009, p. 30).
Agora que você já compreendeu os aspectos fundamentais da infância,
vamos seguir os estudos compreendendo a trajetória histórica da educação
infantil!
Você sabia que a etapa da educação infantil nem sempre teve um lugar
de destaque na formação da criança pequena?
A etapa da educação infantil surgiu nas décadas de 1970 e 1980 como
uma instituição assistencial com objetivo de atender as crianças e de ocupar, em
muitos aspectos, o lugar da família.
Até a década de 1980, a educação infantil era vista como educação não
formal. Utilizava-se no Brasil expressão pré-escolar, etapa anterior,
independente e preparatória para a escolarização, que só teria seu começo no
ensino fundamental.
A Constituição Federal de 1988 apresentou novas compreensões sobre o
conceito, concepção e atendimento em creche e pré-escola, pois, a partir dessa
época, o processo escolar de crianças de 0 a 6 anos de idade torna-se dever do
Estado.
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Em 1996, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB, 1996), a educação
infantil passa a integrar a educação básica, juntamente com o ensino
fundamental e o ensino médio.
Em 2006, outras mudanças aconteceram na etapa da educação infantil,
pois essa etapa passou a atender crianças de 0 a 5 anos de idade. As
modificações inseridas na Lei n. 11.274 de 6 de fevereiro de 2006 anteciparam
o acesso ao ensino fundamental para os 6 anos de idade, e a educação infantil
passa a atender a faixa etária de zero a 5 anos.
É preciso lembrar que, somente após a Emenda Constitucional n.
59/2009, a matrícula na etapa da educação infantil passa a ser obrigatória para
as crianças de 4 e 5 anos e reconhecida como direito de todas as crianças e
dever do Estado. Essa mesma emenda determina a obrigatoriedade da
educação básica dos 4 aos 17 anos (Brasil, 2009).
Agora que você já compreendeu um pouco sobre a evolução histórica da
educação infantil, acompanhe a linha do tempo em seus aspectos históricos
conceituais:
No Brasil, os jardins de infância surgiram de acordo com a necessidade
do mercado de trabalho, com ênfase na Revolução Industrial, marcado devido
ao capitalismo.
As mulheres começaram ocupar o mercado de trabalho, e por meio da
reivindicação dos operários, de um lugar para deixarem seus filhos, surgiram os
jardins de infância. As creches preenchiam a necessidade para a classe
trabalhadora feminina, firmando-se, assim, o cuidar como atividade principal
dessas instituições.
Na década de 1980, a educação infantil teve um avanço, pois houve a
produção de pesquisas e estudos de relevante interesse nessa área. Havia
ênfase sobre a função da creche/pré-escola na vida escolar e no
desenvolvimento das crianças. Com base nisso, entendeu-se que a educação
da criança pequena é fundamental, além de ser uma demanda social básica.
Outro momento importante na história da educação infantil é a Constituição de
1988, que definiu a creche e a pré-escola como direito de família e dever do
Estado em oferecer esse serviço não apenas em sua forma assistencialista, mas
com sua função pedagógica. Além disso, a educação infantil ficou assegurada
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como parte do Sistema de Ensino da Educação Básica e também das políticas
públicas.
Foi somente a partir do marco legal da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional n. 9.394 de 20 de Dezembro de 1996 que há a
complementaridade entre as instituições de educação infantil e a família; a
preocupação sobre a formação do profissional da educação infantil e da
avaliação dessa etapa de ensino, que assumiu um caráter de acompanhamento,
e não de reprovação.
Após a LDB, Lei n. 9.394/96, muitas outras normativas direcionaram o
papel da educação infantil no contexto educativo. É possível perceber, com a
trajetória histórica, que o atendimento às crianças e o desenvolvimento das
instituições de educação infantil no Brasil estiveram fortemente ligadas aos
ideais capitalistas e de modernização do país.
Continuando nossos estudos sobre educação infantil, é preciso
compreender a cultura escolar presente na educação infantil, e relacioná-la ao
desenvolvimento infantil.
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envolvidos, ou seja, a escola é campo de expressão e produção humana,
portanto receptora e formadora de cultura.
Assim, compreendemos que a escola é a instituição responsável pela
mudança e desenvolvimento do homem, consequentemente produtora de
cultura, pois está imersa em um momento histórico, social, econômico e político.
Esse conjunto de fatores influencia diretamente na formação cultural do sujeito.
Portanto, como afirma Carvalho (2006, p. 3):
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TEMA 3 – PRINCÍPIOS BÁSICOS QUE REGEM A INFÂNCIA
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Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural,
constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de
pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações,
brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu
contexto familiar e comunitário. (Brasil, 2017, p. 40)
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experiências e valorizar os seus saberes e competências únicas, de
modo a que possa desenvolver todas as suas potencialidades. É papel
do professor apoiar e estimular o desenvolvimento e a aprendizagem,
aproveitando o meio social e as interações que os contextos de
educação de infância possibilitam, de modo a que, progressivamente,
as escolhas, opiniões e perspectivas de cada criança sejam
explicitadas e debatidas. Dessa forma, a criança aprende a defender
as suas ideias, a respeitar as dos outros e, simultaneamente, contribui
para o desenvolvimento e aprendizagem de todos. A primeira infância
vai até aos seis anos de idade, e essa é a fase que além do
crescimento físico e do desenvolvimento motor, as crianças adquirem
capacidades de aprendizado, sociabilidade e afetividade que serão
levadas para toda a vida. (Brasil, 2017)
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Para as crianças pequenas, segundo a BNCC (Brasil, 2017), é preciso
haver uma intencionalidade educativa nas práticas educativas:
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desenvolvimento da autonomia da crianças, garantindo a pluralidade de
situações que promovam a ampliação do conhecimento das crianças.
Paulo Freire (2002) destaca que:
NA PRÁTICA
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Destaque exemplos de atividades e brincadeiras que possam auxiliar
nessa transformação e trazer à tona uma formação mais humanista e
preocupada com o próximo.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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SARMENTO, M. J.; CERISARA, A. B. Crianças e miúdos: perspectivas
sociopedagógicas da infância e educação. Lisboa: Asa Editores S.A., 2004.
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