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EDUCAÇÃO INFANTIL –

CONTEÚDOS, TENDÊNCIAS E
METODOLOGIAS
AULA 2

Profª Janice Mendes


CONVERSA INICIAL

Alunos(as), sejam bem-vindos(as).


Esta aula abordará questões importantes que constituem a Educação
Infantil em seus aspectos referentes aos conteúdos e tendências pedagógicas.
Aproveitem para conhecer um pouco mais sobre como a criança dessa
etapa de ensino aprende e como se aprende, dos processos de construção da
autonomia e da identidade nas crianças. Vocês conhecerão sobre as áreas de
formação humana na infância.
Nesta aula, discutiremos também questões referentes ao
desenvolvimento infantil, a partir dos estudos de Piaget, Vygotsky e Wallon.
Vamos lá?

TEMA 1 – CONTEÚDOS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO


INFANTIL

Quando falamos de conteúdos e tendências pedagógicas na Educação


Infantil, é fundamental relacionar esses aspectos às necessidades e interesses
da crianças. É necessário pensar na integralidade e potencialidade das crianças,
valorizar as práticas sociais e culturais, fortalecer a unidade educativa como um
lugar, privilegiando a construção de um currículo que os respeita enquanto
sujeitos históricos e de direitos.
Para atender aos interesses e às necessidades de bebês e crianças,é
fundamental um currículo e uma pedagogia que articule o cuidar/educar. Para
isso, é preciso ética, olhar e escutar, compreender a curiosidade, o desejo,
valorizar os relacionamentos, os interesses e, sobretudo, as emoções como
estrutura fundametnal dos sujeitos e das relações.
O cuidar e o educar significa acolher bebês e crianças a patir do
desenvolvimento particular, dos processos construtivos, criativos e expressivos.
É possibilitar a apropriação do mundo por meio experiência práticas do cotidiano,
é promover ações que permeiam o fazer pedagógico, com sensibilidade e novos
olhares para a infância.
Os conteúdos, na Educação Infantil, conhecido como eixo norteadores
são: as interações e a brincadeira, e o adulto, nessa interação, tem o papel de
garantir que, nas práticas cotidianas, predominem a ludicidade e as relações.
Conforme Kishimoto (2010), há vários momentos de interação:
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Interação com a professora – O brincar interativo com a professora é
essencial para o conhecimento do mundo social e para dar maior
riqueza, complexidade e qualidade às brincadeiras. Especialmente
para bebês, são essenciais ações lúdicas que envolvam turnos de falar
ou gesticular, esconder e achar objetos.
Interação com as crianças – O brincar com outras crianças garante a
produção, conservação e recriação do repertório lúdico infantil. Essa
modalidade de cultura é conhecida como cultura infantil ou cultura
lúdica.
Interação com os brinquedos e materiais – É essencial para o
conhecimento do mundo dos objetos. A diversidade de formas,
texturas, cores, tamanhos, espessuras, cheiros e outras
especificidades do objeto são importantes para a criança compreender
esse mundo.
Interação entre criança e ambiente – A organização do ambiente pode
facilitar ou dificultar a realização das brincadeiras e das interações
entre as crianças e adultos. O ambiente físico reflete as concepções
que a instituição assume para educar a criança.
Interações (relações) entre a instituição, a família e a criança – A
relação entre a instituição e a família possibilita o conhecimento e a
inclusão, no projeto pedagógico, da cultura popular e dos brinquedos e
brincadeiras que a criança conhece.

As brincadeiras e as interações, na perspectiva da educação infantil, é


visto, enquanto práticas sociais, que fortalecem o sentimento de
pertencimento da criança naquele espaço social, ampliando o
repertório de ações, passando por transformações e produzindo novas
formas de brincar. outro aspecto fundamental no currículo e nas
tendências pedagógicas na educação infantil, são os ambientes
internos e externos, que devem oportunizar para bebês e crianças a
curiosidade, exploração, encantamento, questionamentos, teorizações
e conhecimentos em relação ao mundo físico, natural e sociocultural,
aproximando-se e distanciando-se da realidade quando vivem
personagens e transformam objetos e brinquedos pela brincadeira. os
espaços da educação infantil devem ser abertos, amplos, sem limites
ao corpo e às linguagens, possibilitando a conexão da criança com a
natureza, sua consciência socioambiental e seu bem-estar físico e
emocional. (RCNEI,1998)

A linguagem é outro elemento que deve ser privilegiado nessa etapa de


ensino, para desenvolver para expressão de bebês e crianças, potencializando
suas experiências no universo social, cultural, aprofundando a experiência de
aprender nas práticas cotidianas da Educação Infantil, além de promover a
liberdade para comunicar as necessidades, ideias e sentimentos.
O uso das tecnologias para comunicar ideias e sentimentos também é
uma das ações a se proporcionar às crianças para sua expressão por meio da
linguagem digital. Articulando o patrimônio científico e tecnológico à descoberta,
por meio de interações e brincadeira, enquanto eixos estruturantes das práticas
na Educação Infantil.
Dessa forma, entende-se que aprender a partir da experiência cotidiana
implica em respeitar a particularidade do currículo local, mas promover o desejo
pela descoberta, com novos significados e para novas aprendizagens.

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1.1 O que e como se aprende na educação infantil

O processo de aprendizagem na Educação Infantil ocorre por meio de


comportamentos, habilidades e conhecimentos, que se dão por meio
de vivências que promovem o desenvolvimento nos diversos campos
de experiências, a partir da interações e brincadeiras. Essas
aprendizagens, portanto, constituem-se como objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento. (Brasil, 2017)

De acordo com a BNCC (2017), os objetivos de aprendizagem e


desenvolvimento das criançs estão sequencialmente organizados em três
grupos por faixa etária, que constituem a etapa da Educação Infantil, são eles:

Quadro 1 – Etapa da Educação Infantil

CRECHE PRÉ-ESCOLA
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 Crianças pequenas (4 anos a
meses) ano e 7 meses a 3 anos e 11 5 anos e 11 meses)
meses)

Esses grupos apresentam particularidades no desenvolvimento que


precisam ser consideradas na prática pedagógica, portanto, o processo de
ensino é flexível, já que há diferenças de ritmo na aprendizagem e no
desenvolvimento das crianças.

Para garantir os direitos de aprendizagem, os quais envolver o brincar,


conviver, participar, expressar, explorar e conhecer-se, pressupõem
planejamento e uma postura pedagógica que abarque várias
possibilidades de experiências significativas, que, ofertadas
constantemente, fazem com que crianças aprenderam e se
desenvolvam. Por isso, o planejamento de práticas e contextos devem
valorizar os interesses e as curiosidades das crianças, promovendo a
interdependência e as possibilidades de integrá-los nas vivências
proporcionadas. (Brasil, 2017)

As propostas pedagógicas devem promover o desenvolvimento de ações


cotidianas marcadas pela intencionalidade educativa, voltada para a
observação, planejamento, favorencendo problematizações e debates, as
avaliações devem envolver, principalmente, os modos de participação e de
escutar das crianças.

As unidades educativas têm como finalidade promover condições para


as função pedagógica da Educação Infantil se concretizem e ofereçam
às crianças possibilidades de expressão, aprendizagem e
desenvolvimento, tornando a instituição um lugar privilegiado para a
construção de saberes e a valorização e o reconhecimento do
acolhimento e da dimensão relacional. (Brasil, 2017)

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TEMA 2 – O QUE E COMO SE APRENDE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

De acordo com RCNEI (1998),

é por meio do olhar reflexivo sobre a construção da identidade e


autonomia na educação infantil, que esta possibilita a criação e o
planejamento de um ambiente propício para a formação de sujeitos
autônomos, críticos e com identidade própria. A construção da
identidade e da autonomia diz respeito ao conhecimento,
desenvolvimento e uso dos recursos pessoais para fazer frente às
diferentes situações da vida. A construção da identidade é um dos
eixos que fortalecem a formação da criança na educação infantil, e esta
acontece por meio das interações da criança com o seu meio social. A
identidade é um conceito do qual faz parte a ideia de distinção, de uma
marca de diferença entre as pessoas, a começar pelo nome, seguido
de todas as características físicas, de modos de agir e de pensar e da
história pessoal.

Ainda de acordo com RCNEI (1998),

esse é um processo gradativo e ocorre por meio das interações sociais


estabelecidas pela criança, em que, ela imita e se funde com o outro
para diferenciar-se dele em seguida. Sabemos que o espaço escolar
da Educação Infantil é um universo social diferente do da família, que
favorece novas interações e amplia os conhecimentos a respeito de si
e dos outros. Deve ser um ambiente que acolha as particularidades de
cada criança, promova o reconhecimento e o respeito às diversidades,
contribuíapara a construção da unidade coletiva, e favoreça a
estruturação da identidade.

A criança que ingressa no espaço formal da Educação Infantil tem a


possibilidade de ampliar seu universo inicial, convivendo com outras crianças e
adultos, além de adquirir conhecimentos sobre realidades distantes, pois convive
com hábitos e culturas diversas.
A forma como é tratada a diversidade na escola contribui para as crianças
a valorizarem e identificarem as características étnicas e culturais, diminuindo a
discriminação e ampliando o conceito de cultura e indentidade.
A identidade se contrói a partir do círculo de pessoas com quem a criança
interage no início da vida. A família, geralmente, é a primeira matriz de
socialização e referência cultural. É na família que se distingue a posição que
ocupa, se é o filho mais novo ou o mais velho, o papel que desempenha nesse
círculo, as suas características físicas, e as relações com os integrantes dessa
família.

Espaços que contribuem para a formação da identidade da criança,


são os universos sociais, como festas populares da cidade ou bairro,
igreja, feira ou clube, ou seja, pode ter as mais diversas vivências, das
quais resultam um repertório de valores, crenças e conhecimentos. As
crianças, gradativamente, percebem as diferenças entre ela e os
outros, a maneira como cada um vê a si próprio depende também do
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modo como é visto pelos outros, e isso permite a criança reconhecer
as diferenças, o que representa uma condição essencial para o
desenvolvimento da autonomia. (RCNEI,1998)

A autonomia é compreendida como a capacidade de conduzir-se por si só


e tomar as próprias decisões, reconhecendo as regras, os valores e a
perspectiva do outro. É na etapa da Educação Infantil que as crianças
desenvolvem a vontade própria e começam a ser capazes de construir
conhecimentos e interferir no meio em que vivem, dentro de suas possibilidades.
Outro elemento da formação da autonomia na Educação Infantil é o
autocuidado, quando se inicia o processo de vestir-se sozinha, alimentar-se, ter
o controle das suas necessidades básicas e estas passam a ser descobertas
exploradas com satisfação. Assim, o educador tem a função de estimular essas
manifestações, ampliando o repertório vivencial das crianças, por meio de
atividades que possibilitem elas virem e experimentarem essas ações.

É na fase da educação infantil que a criança encontra-se na fase da


heteronomia, em que as regras e os valores são aceitos pelas crianças,
mas é preciso que o adulto direcione essas condições. Essa fase
antecede a formação da autonomia. Importante oferecer oportunidades
para crianças terem autonomia nas suas ações.“A criança constrói seu
processo de identidade durante toda a sua evolução. Portanto, é um
processo que não tem fim. Por isso é importante entender que o eu, a
personalidade infantil não é uma entidade que a criança tem
incorporado ao nascer e que depois vai mostrar na realidade com as
outras pessoas, ao contrário: a personalidade estrutura- se a partir da
relação com outras pessoas e, nessa interação vai sendo interiorizada.
(Bassedas; Huguet; Solê, 1999)

O desenvolvimento da identidade e da autonomia estão diretamente


relacionados aos processos de socialização da criança, pois a construção da
indentidade da criança será constituída a partir do outro, da relação que
estabelece e das experiências vividas.

TEMA 3 – PIAGET E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NOS PRIMEIROS


ANOS DE VIDA

O estudo sobre o desenvolvimento da criança é pauta de análise de


muitos estudiosos, entre eles Jean Piaget, Lev Vygotsky e Wallon. A infância é
uma período muito importante para a formação do sujeito. Para entender o
comportamento infantil, como reforçar as atitudes positivas e dar limites quando
necessário, é preciso conhecer as fases do desenvolvimento da criança e como
o adulto deve agir em cada idade e situação.

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Antes de iniciarmos a conversa sobre os estudiosos da educação, é
preciso entender que desenvolvimento é a aquisição e a apropriação de
conhecimentos de diferentes domínios, como:

• Motor: aquisição de movimentos amplos e finos.


• Sensorial: constituição de capacidades sensoriais (visão, audição, olfato,
paladar e tato).
• Socioemocional: atitudes e habilidades necessárias ao meio sociocultural.
• Linguístico: capacidade de compreender e de se comunicar por meio de
linguagem verbal e não verbal (gestos, vocalizações, palavras).
• As faixas etárias do desenvolvimento infantil e a concepção cronológica
do desenvolvimento humano têm sua base na psicologia que marcou
profundamente a compreensão do que é ser criança nas sociedades
modernas, atuando como elemento definidor de padrões de normalidade,
além de legitimar todo tipo de tratamento dirigido às crianças.

Entre os aspectos que merecem atenção, está a concepção de


conhecimento proposta por Piaget. Ele atribuíu sentido à palavra conhecer:
organizar, estruturar e explicar o mundo em que vivemos, incluindo o meio físico,
as ideias, os valores, as relações humanas, a cultura de um modo mais amplo,
a partir do vivido ou experienciado (Cavicchia, 2021).
Segundo Piaget, em sua teoria da Epistmologia Genética, o conhecimento
é produzido a partir da ação do sujeito sobre o meio em que vive e esse
conhecimento só se constitui quando o sujeito atribui significado à experiência
adquirida. A significação é o resultado da possibilidade de assimilação daquela
experiência. Conhecer significa, pois, inserir o objeto num sistema de relações,
a partir de ações executadas sobre esse objeto.
Piaget destaca que o conhecimento é fruto das trocas entre o sujeito e o
meio e essas trocas contribuem para a construção da própria capacidade de
conhecer, construindo estruturas mentais. Esse processo de relação entre o
sujeito e o meio é chamado por Piaget como adaptação.
Mas, ao tentar se adaptar ao meio, o sujeito passa por dois processos
complementares: a assimilação e a acomodação. A assimilação é entedida como
a construção de esquemas que o individuo faz a partir dos seus conhecimentos
anteriores, por meio da acomodação, que é entendida como o conhecimento já
adquirido.
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Piaget, em sua teoria, estruturou o desenvolvimento da criança em quatro
grandes estágios, conhecidos como estágios do desenvolvimento cognitivo. Os
estágios expressam as fases pelas quais se dá a construção do mundo pela
criança.
Esses períodos de desenvolvimento das estruturas cognitivas estão
diretamente ligados à afetividade e à socialização da criança. Os estágios de
desenvolvimento segundo Piaget são:

• Sensório-motor: até, aproximadamente, os 2 anos.


• Simbólico ou pré-operatório: entre 2 a 7-8 anos.
• Operatório concreto: entre 7-8 a 11-12 anos.
• Operações formais: a partir, aproximadamente, dos 12 anos.

De acordo com Piaget, é no estágio sensório-motor que ocorrem as


primeiras formas de pensamento e expressão, sendo nesse estágio que os
bebês aprendem sobre si mesmos e sobre seu ambiente. É nessa etapa que os
padrões de comportamento podem ser aplicados a diferentes objetos em
diferentes contextos, pois a criança, ao passar por esse estágio, poderá ter a
noção dos objetos e pessoas que a cercam, bem como de si própria.
Piaget destaca que no período pré-operatório a criança carrega
significações do período anterior. A criança nessa fase é egocêntrica, acredita
que o mundo é feito para ela e para seus desejos, as trocas intelectuais são
limitadas, pois ainda não possui referências para o diálogo. Essa passagem
ocorre por meio de transformações lentas e sucessivas. Ao atingir o pensamento
representativo, a criança precisa reconstruir o objeto, o tempo, o espaço, as
categorias lógicas de classes e relações nesse novo plano da representação.
Piaget afirma que o estágio operatório concreto acontece por volta dos
sete anos, quando a atividade cognitiva da criança torna-se operatória, com a
aquisição da reversibilidade lógica, passando do pensamento egocêntrico para
a estruturação da razão. É nessa fase que a criança começa a utilizar operações
mentais para resolver problemas concretos e reais e são capazes de pensar com
lógica. A criança começa a ter noção de que as pessoas têm sentimentos
diferentes dos seus.
O último estágio do desenvolvimento infantil chamado de operações
formais é a fase que ocorre o raciocínio hipotético-dedutivo, o qual é responsável
pela capacidade de gerar grandes feitos e de solucionar problemas cotidianos.

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É a fase que a criança desenvolve a capacidade do pensamento abstrato. A
mudança de estrutura cognitiva possibilita a criança a encontrar formas novas
de organizar os esquemas.
Dessa forma, entende-se que o conhecimento surge da interação
contínua entre o sujeito e o objeto ou, mais precisamente, da interação entre os
esquemas de assimilação do sujeito e as propriedades do objeto. Conhecendo
os períodos de desenvolvimento, o professor pode potencializar a aprendizagem
das crianças de acordo com a faixa etária, contribuindo para a formação
individual.

TEMA 4 – O PROCESSO DE MEDIAÇÃO COMO EIXO CENTRAL DA TEORIA


DE VYGOSTSKY

Outro estudioso sobre o desenvolvimento infantil é Lev Vygotsky. Sua


teoria sociointeracionista parte do princípio da mediação, pois o sujeito aprende
a partir da relação com o outro.
Na teoria sociointeracionista, Vygotsky entendia que o desenvolvimento
humano não decorre de fatores isolados, nem de fatores ambientais que agem
sobre o sujeito, controlando o comportamento, mas que o desenvolviemento
acontece entre indivíduos e meio.
Vygotsky destaca a importância do meio cultural e das relações entre
indivíduos na definição de percurso de desenvolvimento da pessoa humana.
Para ele, a criança incorpora a forma de agir, sentir e pensar de acordo com a
sua cultura:

O comportamento do homem moderno, cultural, não é só produto da


evolução biológica, ou resultado do desenvolvimento infantil, mas
também produto do desenvolvimento histórico. No processo do
desenvolvimento histórico da humanidade, ocorreram mudança e
desenvolvimento não só nas relações externas entre pessoas e no
relacionamento do homem com a natureza; o próprio homem, sua
natureza mesma, mudou e se desenvolveu. (Vygotsky; Luria, 1996, p.
95)

O processo de mediação é o eixo central da teoria de Vygostsky, pois


assume importante função no desenvolvimento dos indivíduos e na organização
da vida em sociedade. A mediação é o processo de intervenção que viabiliza a
aprendizagem.
Ao falar em mediação, é necessário pensar em zona de desenvolvimento
proximal e zona de desenvolvimento real. A zona de desenvolvimento proximal

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é entendida como a distância até o desenvolvimento real, ou seja, são as funções
que a criança ainda não realiza com autonomia, que estão em fase de
amadurecimento, pois realiza com ajuda de outra pessoa. Já a zona de
desenvolvimento real é a consolidação das função com autonomia. Já o nível de
desenvolvimento potencial é compreendido como a capacidade de resolver
problemas com a ajuda de outro sujeito mais experiente.
Vamos ilustrar as definições de ZDP, ZDR e desenvolvimento potencial:

ZDR – Zona de ZDP – Zona de Desenvolvimento


desenvolvimento real desenvolvimento potencial
proximal
Capacidade de resolver Capacidade de resolver
problemas com problemas com a ajuda
autonomia de outro

A partir da análise de Piaget e Vygostsky, constata-se que os conceitos


de interação, mediação e meio são semelhantes no processo de
desenvolvimento infantil e contribuem para a construção social da
aprendizagem.

TEMA 5 – A TEORIA PSICOGENÉTICA NO CONTEXTO EDUCACIONAL

Wallon trouxe importantes contribuições sobre o desenvolvimento infantil,


destacando os comportamentos e pensamentos, como a compreensão sendo da
criança como uma “pessoa completa”, constituída a partir de três campos
funcionais: a dimensão afetiva, a cognitiva e a motora.
A dimensão afetiva é entendida como um conjunto funcional que responde
pelos estados de bem-estar e mal-estar. É a fase mais primitiva do
desenvolvimento, antecedendo o desenvolvimento cognitivo.
Afetividade são manifestações de dimensões tanto psicológicas como
biológicas, em que as manifestações psicológicas são representadas pelos
sentimentos e desejos, e as manifestações biológicas são representadas pelas
emoções (Wallon,1968).
Wallon destaca que a dimensão cognitiva está vinculada a fatores
biológicos e sociais, portanto, a gênese da inteligência é genética e
organicamente social. Pode-se assim dizer que dimensão cognitiva envolve as
habilidades mentais necessárias para a construção de conhecimento sobre o
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mundo. A dimensão motora é uma das primeiras habilidades a se desenvolver,
pois é o movimento que dá apoio à evolução dos outros campos funcionais. O
movimento está diretamente ligado às emoções, pois são estes que mobilizam
a afetividade em suas mais variadas formas.
Dessa forma, entende-se que a teoria do desenvolvimento criada por
Wallon está fundamentada na “psicogênese da pessoa completa”, em que a
criança deve ser compreendida de forma integral e percebida em seus aspectos
afetivos, biológicos e intelectuais.

NA PRÁTICA

Escolha, em pareceria com seus colegas, um tema de interesse em


comum. Agora pensem em uma atividade voltada para crianças de 0 a 5 anos,
seguindo as orientações teóricas desta aula, bem como as fases do
desenvolvimento.
Em seguida, façam uma pequena avaliação no final da atividade e, por
meio da avaliação, o professor em sala de aula poderá verificar se existe a
necessidade de continução do projeto, de parte dele, ou ainda de algum tema
que porventura possa ter surgido no decorrer deste.

FINALIZANDO

Olá, alunos(as), chegamos ao final de mais uma etapa de estudos. Nesta


aula, conhecemos um pouco mais da organização da Educação Infantil,
principalmente em seus aspectos teóricos e práticos no que tange aos
conhecimentos a serem trabalhados com essa faixa etária. Conhecemos um
pouco mais sobre como a criança dessa etapa de ensino aprende e sobre os
processos de construção da autonomia e da identidade nas crianças,
entendendo as áreas de formação humana na infância.
Pesquisamos também sobre a importância do trabalho em sala de aula
com projetos e que é possível estabelecer uma organização curricular a partir
desse foco. A aprendizagem infantil se dá no meio social em que ela vive e como
conhecimentos, conceitos e objetos de aprendizagem são significativos para
eles, além de compreender, discutimos também questões referentes ao
desenvolvimento infantil, a partir dos estudos de Piaget, Vygotsky e Wallon.
Atrelado a isso, está o trabalho do professor que deve também propiciar um

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ambiente seguro, acolhedor, repleto de afeto e de trocas constantes entre as
crianças e adultos.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9394, 20 de


dezembro de 1996.

BRASIL, Base Nacional Comum Curricular. 2017. Disponível em:


<http://www.basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 3 ago. 2021.

CAVICCHIA, D. de C. O desenvolvimento da criança nos primeiros anos de


vida. Departamento de Psicologia da Educação da UNESP Araraquara.
Disponível em:
<https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pdf>.
Acesso em: 3 ago. 2021.

WALLON, H. Ecrits et souvenirs (textes de Wallon sur des auteurs de son choix).
Enfance, n. 1-2, p. 15, 1968.

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