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CONTEÚDOS, TENDÊNCIAS E
METODOLOGIAS
AULA 3
Olá, aluno, seja bem-vindo a mais uma aula sobre Educação Infantil.
Nesta aula, vamos estudar: desdobramentos da educação infantil na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB); referenciais curriculares
nacionais para a Educação Infantil; Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
e os direitos da infância; parâmetros e indicadores de qualidade na educação
infantil; Base Nacional Comum e Curricular; competências e habilidades a serem
desenvolvidas na etapa da educação infantil considerando a legislação atual e
os campos de experiência da educação infantil na BNCC. Acompanhe!
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TEMA 2 – DA LDB À BNCC
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A partir de mais essa conquista, que reconhece a Educação Infantil no
contexto da docência, a criança é vista como sujeito de direitos e deveres. Assim,
novos avanços começaram a ser alcançados e promulgados, como a
obrigatoriedade de matrícula da criança a partir dos 4 anos de idade. O texto
reafirma, também, a responsabilidade constitucional dos municípios na oferta de
Educação Infantil, contando com assistência técnica e financeira. Nesse
contexto, as instituições de ensino municipais também são obrigadas a ofertar
vagas para todas as crianças dessa idade.
Em 1998, foi elaborado e difundido, pelo Ministério da Educação e do
Desporto (MEC), o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(RCNEI), que em consonância com a LDB acompanha o processo de
regulamentação da Educação Infantil. No entanto, não constitui instrumento legal
obrigatório a ser seguido pelos educadores dessa faixa etária.
Esse documento consiste em um guia, que tem o objetivo de contribuir
para a elaboração dos projetos educacionais propostos pelas instituições de
Educação Infantil. O referencial foi composto em três volumes, e busca atender
a uma resposta que o MEC procurava dar às necessidades de orientações
apontadas em estudos.
O RCNEI é um documento que direciona o trabalho realizado com
crianças de 0 a 6 anos de idade. Assim, pode ser incorporado ao projeto
educacional da instituição, caso atenda às necessidades específicas de cada
espaço.
Ele representa um avanço na busca por estruturar melhor o papel da
Educação Infantil, trazendo uma proposta que integra o cuidar e o educar, hoje
um dos maiores desafios da Educação Infantil.
Em 2006, o acesso ao Ensino Fundamental é antecipado para os 6 anos
de idade, por conta da Lei n. 11.274, de 7 de fevereiro de 2006, que revoga
alguns artigos da LDB. Entre as mudanças, destaque para os aspectos
referentes à idade escolar para a matrícula no Ensino Fundamental, bem como
a duração desse nível de ensino na educação escolar. A lei alterou a idade de
matrícula para seis anos, mas ampliou a duração do Ensino Fundamental
para nove.
Em 2009, outro documento contribuiu para o avanço das concepções
sobre infância e Educação Infantil. As Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Infantil (DCNEI, Resolução CNE/CEB n. 5/2009) apresentaram
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discussões sobre trabalho pedagógico com crianças de até três anos em
creches, discutindo as práticas que garantem a continuidade do processo de
aprendizagem e o desenvolvimento de crianças de 4 e 5 anos.
Esse documento apresenta, em seu art. 4º, a definição de criança:
As DCNEI, em seu art. 9º, destaca que os eixos estruturantes das práticas
pedagógicas da etapa da Educação Infantil são as interações e a brincadeira,
experiências que ajudam as crianças a construir e a se apropriar de
conhecimentos por meio de ações e interações com seus pares e com os
adultos, possibilitando aprendizagens, desenvolvimento e socialização.
Com isso, entende-se que as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil (DCNEI) surgiram para orientar o planejamento curricular das
escolas, propondo uma organização por eixos de interações e brincadeira. Vale
lembrar que esse documento reforça o marco conceitual de indissociabilidade
entre cuidar e educar.
Esse documento apresenta a identidade da Educação Infantil como
elemento fundamental para o desenvolvimento da proposta pedagógica,
entendendo que a Educação Infantil é parte integrante da Educação Básica, com
a finalidade de garantir o pleno desenvolvimento da criança, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.
Outro aspecto importante abordado nas DCNEI é a formação
indispensável para o exercício da cidadania. A escola deve fornecer meios para
que a criança venha a progredir no trabalho e em estudos posteriores. Esse
desenvolvimento ocorre por meio de interações entre as crianças com outras
crianças e também com parceiros adultos, ressaltando que essa faixa etária tem
a brincadeira como atividade privilegiada.
Em 2017, começaram novas discussões, buscando a melhor forma de
implementar as novas diretrizes na Educação Infantil a partir da Base Nacional
Comum Curricular – BNCC.
Aprovada em dezembro de 2017, a Base Nacional Comum Curricular é
um documento que determina o conjunto de competências gerais que todos os
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alunos devem desenvolver ao longo da Educação Básica, incluindo a Educação
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Na primeira etapa da Educação
Básica, a escola deve garantir seis direitos de desenvolvimento e aprendizagem,
de forma que todas as crianças tenham oportunidades de aprender e de se
desenvolver.
A BNCC determina que o conhecimento escolar deve assegurar uma
formação humana integral, com foco na construção de uma sociedade inclusiva,
justa e democrática.
A BNCC tem como princípio apresentar um conjunto de aprendizagens
essenciais aos estudantes, promovendo o desenvolvimento integral, por meio
das dez competências gerais para a Educação Básica, e apoiando as escolhas
necessárias para a concretização de seus projetos de vida e para a continuidade
dos estudos.
As orientações apresentadas na BNCC (Brasil, 2018) foram fundamentais
para a organização da educação, pois influenciaram desde a estrutura dos
currículos até a formação inicial e continuada dos educadores, passando pela
produção de materiais didáticos, pelas matrizes de avaliações e pelos exames
nacionais.
A BNCC orienta a implantação de um planejamento curricular ao longo de
todas as etapas da Educação Básica. Na Educação Infantil, a BNCC dialoga com
a DCNEI, apresentando em detalhes os objetivos de aprendizagem dessa etapa.
A concepção entre o educar e o cuidar fica explícita na BNCC (2017):
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A BNCC é um documento que apresenta detalhadamente as
aprendizagens fundamentais que devem ser trabalhadas com os estudantes
durante a Educação Básica, ou seja, é a referência que as instituições de ensino
público e privado devem seguir para oferecer um ensino de alta qualidade.
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Para o melhor direcionamento dos parâmetros e dos indicadores de
qualidade, os Indicadores da Qualidade na Educação Infantil apresentam sete
dimensões que devem ser consideradas na análise da qualidade de uma
instituição de Educação Infantil:
• planejamento institucional;
• multiplicidade de experiências e linguagens;
• interações;
• promoção da saúde;
• espaços, materiais e mobiliários;
• formação e condições de trabalho de professores e demais profissionais;
• cooperação e troca com as famílias e participação na rede de proteção
social.
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• Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do
planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo
professor quanto da realização das atividades da vida cotidiana, como a
escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo
diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se
posicionando.
• Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras,
emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos
da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a
cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a
tecnologia.
• Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades,
emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões,
questionamentos, por meio de diferentes linguagens.
• Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural,
constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de
pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações,
brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu
contexto familiar e comunitário.
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• Pensamento científico, crítico e criativo: exercitar a curiosidade intelectual
e recorrer à abordagem própria das ciências visando investigar causas,
elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções
(inclusive tecnológicas).
• Repertório cultural: valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas
diversificadas de produção artístico-cultural.
• Comunicação: utilizar diferentes linguagens, bem como conhecimentos
das linguagens artística, matemática e científica, a fim de se expressar e
partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes
contextos.
• Cultura digital: compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de
informação e comunicação, de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar,
acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
• Trabalho e projeto de vida: valorizar a diversidade de saberes e vivências
culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que possibilitem
entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas
alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida.
• Argumentação: argumentar com base em fatos, dados e informações
confiáveis, buscando formular e defender ideias que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável em âmbitos local, regional e global.
• Autoconhecimento e autocuidado: conhecer-se, valorizar-se e cuidar de
sua saúde física e emocional, compreendendo a si mesmo na diversidade
humana e reconhecendo as suas emoções e as dos outros, com
autocrítica e capacidade para lidar com elas.
• Empatia e cooperação: exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de
conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito
ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da
diversidade.
• Responsabilidade e cidadania: agir, pessoal e coletivamente, com
autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
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tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos,
inclusivos, sustentáveis e solidários.
• Convivência
• Brincadeiras
• Participação
• Exploração
• Expressão
• Autoconhecimento
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O eu, o outro e o nós aborda elementos da construção da identidade, do
conhecimento de si e das relações com os outros. Destaque para a interação
com os pares e com os adultos. Assim, as crianças vão constituindo um modo
próprio de agir, sentir e pensar, e assim passam a descobrir que existem outros
modos de vida, pessoas diferentes e outros pontos de vista. Nessas
experiências, é possível ampliar o modo de perceber a si e ao outro, valorizar a
sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos
constituem como seres humanos (Brasil, 2018, p. 40).
Corpo, gestos e movimentos trabalha o modo como as crianças, desde
cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos de seu entorno, como
estabelecem relações, se expressam, brincam e produzem conhecimentos sobre
si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se,
progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Assim, a instituição escolar
precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre
animadas pelo espírito lúdico e com a interação com seus pares, explorar e
vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas
com o corpo, descobrindo variados modos de ocupação e uso do espaço com o
corpo (como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar
apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr,
dar cambalhotas, alongar-se etc.) (Brasil, 2018, p. 40).
Traços, sons, cores e formas traz que a criança deve conviver com
diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no
cotidiano da instituição escolar. Possibilita às crianças, por meio de experiências
diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as
artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro,
a dança e o audiovisual. A Educação Infantil precisa promover a participação das
crianças em tempos e espaços propícios à produção, manifestação e apreciação
artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da
criatividade e da expressão pessoal das crianças, o que permite que se
apropriem e que reconfigurem, permanentemente, a cultura, potencializando as
suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar experiências e vivências
artísticas (Brasil, 2018, p. 41).
O campo de escuta, fala, pensamento e imaginação aborda que, na
Educação Infantil, é importante promover experiências que permitam às crianças
falar e ouvir, potencializando a sua participação na cultura oral, pois é na escuta
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de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas
elaboradas individualmente ou em grupo, e ainda nas implicações com as
múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular
e pertencente a um grupo social (Brasil, 2018, p. 42).
Por fim, o campo de espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações. As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de
diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e
socioculturais. Com isso, a Educação Infantil precisa promover experiências a
partir das quais as crianças sejam capazes de fazer observações, manipular
objetos, investigar e explorar o entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de
informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a
instituição escolar cria oportunidades para que as crianças ampliem os seus
conhecimentos do mundo físico e sociocultural, de modo que possam utilizá-los
em seu cotidiano (Brasil, 2018, p. 42).
Diante disso, entende-se que os cinco campos de experiência para a
Educação Infantil apresentam as principais experiências que devem ser
desenvolvidas e aprendidas nessa etapa escolar, garantindo o direito de
aprendizagem da criança.
O papel do professor, a partir das indicações dos campos de experiência,
é transformar a prática pedagógica em experiências com propósito educativo,
sempre com relação a situações cotidianas, de forma integrada e significativa.
NA PRÁTICA
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.
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