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EDUCAÇÃO INFANTIL –

CONTEÚDOS, TENDÊNCIAS E
METODOLOGIAS
AULA 3

Profª Janice Mendes


CONVERSA INICIAL

Olá, aluno, seja bem-vindo a mais uma aula sobre Educação Infantil.
Nesta aula, vamos estudar: desdobramentos da educação infantil na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB); referenciais curriculares
nacionais para a Educação Infantil; Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
e os direitos da infância; parâmetros e indicadores de qualidade na educação
infantil; Base Nacional Comum e Curricular; competências e habilidades a serem
desenvolvidas na etapa da educação infantil considerando a legislação atual e
os campos de experiência da educação infantil na BNCC. Acompanhe!

TEMA 1 – EDUCAÇÃO INFANTIL E SEUS ASPECTOS LEGAIS

Assegurada pela Constituição Brasileira de 1988 e pela Lei de Diretrizes


e Bases da Educação Nacional, de n. 9.394 (1996), a Educação Infantil é a
primeira etapa da Educação Básica. O avanço dos pressupostos legais permite
compreender a inserção da Educação Infantil no sistema educacional, com a
colaboração das diferentes instâncias (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios), com discussões sobre o direito à educação para crianças de zero a
seis anos, priorizando a intencionalidade pedagógica.
Você sabe quais sãos os documentos legais que garantem o acesso e o
direito à educação na infância?

• Constituição Federal (1988)


• Estatuto da Criança e do Adolescente (1990)
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996)
• Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998),
• Base Nacional Comum e Curricular (2018).

Nesta aula, vamos identificar todos esses documentos, e como os


diferentes enfoques legais foram ampliando a compreensão sobre a importância
da etapa de educação infantil.
Vamos iniciar as reflexões com a CF de 1988.

1.1 Direitos humanos para a infância: da Constituição de 1988 ao ECA

As mudanças na conceituação sobre educação infantil e sobre a criança


ganharam espaço a partir da Constituição Federal de 1988, com suas
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respectivas repercussões, que atingiram até a organização do trabalho
pedagógico dessa etapa. A CF apresentou conquistas para a educação,
reafirmando os direitos pertinentes da educação infantil, diminuindo a
desigualdade e ampliando o acesso e o tempo de permanência da criança na
escola.
A Constituição Brasileira teve um papel decisivo na afirmação dos direitos
da criança, efetivando o atendimento em creche e pré-escola para crianças de
zero a cinco anos.
A partir da CF (1988), passa a ser dever do estado o atendimento
educacional nessa fase da infância, que passa a fazer parte do sistema
educacional, o que obriga as instituições a se equiparem em resposta a essa
nova responsabilidade.
Tais mudanças, desde o assistencialismo até a função educativa,
provocaram um avanço significativo no contexto educacional do Brasil, pois a
educação passou a ser pensada a partir do princípio da qualidade, atendendo
as especificidades de cada indivíduo. A Constituição Federal (Brasil, 1988), em
seu art. 208, inciso I e IV, afirma que é dever do estado: “I - educação básica
obrigatória e gratuita dos 04 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram
acesso na idade própria. [...] IV - educação infantil em creche e pré-escola, às
crianças até 05 (cinco) anos de idade”.
Em 1990, ratificando as afirmações da CF (1988), o Estatuto da Criança
e do Adolescente, Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, reconhece, de forma
institucionalizada, crianças e adolescentes como cidadãos de direitos,
alcançando novas conquistas em seus processos de construção histórica e
intensificando ainda mais a concepção de infância.
Com a garantia das legislações, novas oportunidades surgiram para o
processo de ensino e aprendizagem da criança, que passou a ser compreendida
como uma pessoa que também tem direitos, devendo usufruir dos bens
simbólicos e materiais da sociedade. A criança, a partir desses avanços legais,
não é mais considerada como indivíduo à margem de um contexto social, mas
sim reconhecida enquanto indivíduo que tem liberdade plena de expressar o seu
pensamento e de lançar mão de seus direitos como cidadã.

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TEMA 2 – DA LDB À BNCC

Muitos são os avanços obtidos na Educação Infantil para crianças de 0 a


6 anos, por intermédio da Constituição Federal de 1988 e da LDB de 1996, que
reconheceu a criança como um sujeito de direitos, inclusive com direito a uma
educação de qualidade. Tais avanços representam um marco nas políticas
públicas.
A organização didático-pedagógica da Educação Infantil baseia-se nos
documentos oficiais que norteiam esse segmento educacional no Brasil,
principalmente sob o olhar atual da BNCC – Base Nacional Comum e Curricular,
com uma perspectiva teórico-metodológica sociointeracionista, baseada no
conceito pedagógico da interdisciplinaridade. Além disso, confirma a importância
do brincar e da criatividade para o desenvolvimento infantil.
A Educação Infantil passou a ser a primeira etapa da Educação Básica
com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB n. 9394/96, de 20 de
dezembro de 1996, organizada em dois seguimentos:

I- Em creches ou entidades equivalentes, para crianças de até três


anos de idade.
II - Em pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos de idade.
Porém, uma atualização na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
mudou algumas questões sobre as crianças de 04 (quatro) a
17(dezessete) anos de idade ser obrigadas a frequentarem uma
instituição de Educação Infantil, ou seja, se antes os pais tinham a
opção de não matricularem seus filhos na escola até os 06 (seis) anos
de idade, na atual emenda constitucional os pais são obrigados a
matricular essas crianças em instituições de educação a partir dos 04
(quatro) anos de idade e a permanência da mesma em uma instituição
educacional até os 17 anos de idade. Assim, segundo a LDB e com a
nova emenda constitucional, a Lei nº 12.796 de 04 (quatro) de abril de
2013 altera a Lei nº 9.394/96, relata:
Art. 1º A Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com
as seguintes alterações: - educação básica obrigatória e gratuita dos 4
(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade.
Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das
crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade.
(Brasil, 1996)

Em 1996, há a promulgação da Emenda Constitucional, que cria a Lei de


Diretrizes e Bases da Educação (LDB). O art. 62 da lei estabeleceu a
necessidade de formação profissional para a Educação Infantil.
De acordo com a lei, a formação exigida ao educador desse segmento
passa a ser o nível superior, admitindo-se, como formação mínima, a oferecida
em nível médio, na modalidade Normal, antigo magistério.

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A partir de mais essa conquista, que reconhece a Educação Infantil no
contexto da docência, a criança é vista como sujeito de direitos e deveres. Assim,
novos avanços começaram a ser alcançados e promulgados, como a
obrigatoriedade de matrícula da criança a partir dos 4 anos de idade. O texto
reafirma, também, a responsabilidade constitucional dos municípios na oferta de
Educação Infantil, contando com assistência técnica e financeira. Nesse
contexto, as instituições de ensino municipais também são obrigadas a ofertar
vagas para todas as crianças dessa idade.
Em 1998, foi elaborado e difundido, pelo Ministério da Educação e do
Desporto (MEC), o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(RCNEI), que em consonância com a LDB acompanha o processo de
regulamentação da Educação Infantil. No entanto, não constitui instrumento legal
obrigatório a ser seguido pelos educadores dessa faixa etária.
Esse documento consiste em um guia, que tem o objetivo de contribuir
para a elaboração dos projetos educacionais propostos pelas instituições de
Educação Infantil. O referencial foi composto em três volumes, e busca atender
a uma resposta que o MEC procurava dar às necessidades de orientações
apontadas em estudos.
O RCNEI é um documento que direciona o trabalho realizado com
crianças de 0 a 6 anos de idade. Assim, pode ser incorporado ao projeto
educacional da instituição, caso atenda às necessidades específicas de cada
espaço.
Ele representa um avanço na busca por estruturar melhor o papel da
Educação Infantil, trazendo uma proposta que integra o cuidar e o educar, hoje
um dos maiores desafios da Educação Infantil.
Em 2006, o acesso ao Ensino Fundamental é antecipado para os 6 anos
de idade, por conta da Lei n. 11.274, de 7 de fevereiro de 2006, que revoga
alguns artigos da LDB. Entre as mudanças, destaque para os aspectos
referentes à idade escolar para a matrícula no Ensino Fundamental, bem como
a duração desse nível de ensino na educação escolar. A lei alterou a idade de
matrícula para seis anos, mas ampliou a duração do Ensino Fundamental
para nove.
Em 2009, outro documento contribuiu para o avanço das concepções
sobre infância e Educação Infantil. As Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Infantil (DCNEI, Resolução CNE/CEB n. 5/2009) apresentaram

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discussões sobre trabalho pedagógico com crianças de até três anos em
creches, discutindo as práticas que garantem a continuidade do processo de
aprendizagem e o desenvolvimento de crianças de 4 e 5 anos.
Esse documento apresenta, em seu art. 4º, a definição de criança:

Sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas


cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva,
brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta,
narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade,
produzindo cultura. (Brasil, 2009)

As DCNEI, em seu art. 9º, destaca que os eixos estruturantes das práticas
pedagógicas da etapa da Educação Infantil são as interações e a brincadeira,
experiências que ajudam as crianças a construir e a se apropriar de
conhecimentos por meio de ações e interações com seus pares e com os
adultos, possibilitando aprendizagens, desenvolvimento e socialização.
Com isso, entende-se que as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil (DCNEI) surgiram para orientar o planejamento curricular das
escolas, propondo uma organização por eixos de interações e brincadeira. Vale
lembrar que esse documento reforça o marco conceitual de indissociabilidade
entre cuidar e educar.
Esse documento apresenta a identidade da Educação Infantil como
elemento fundamental para o desenvolvimento da proposta pedagógica,
entendendo que a Educação Infantil é parte integrante da Educação Básica, com
a finalidade de garantir o pleno desenvolvimento da criança, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.
Outro aspecto importante abordado nas DCNEI é a formação
indispensável para o exercício da cidadania. A escola deve fornecer meios para
que a criança venha a progredir no trabalho e em estudos posteriores. Esse
desenvolvimento ocorre por meio de interações entre as crianças com outras
crianças e também com parceiros adultos, ressaltando que essa faixa etária tem
a brincadeira como atividade privilegiada.
Em 2017, começaram novas discussões, buscando a melhor forma de
implementar as novas diretrizes na Educação Infantil a partir da Base Nacional
Comum Curricular – BNCC.
Aprovada em dezembro de 2017, a Base Nacional Comum Curricular é
um documento que determina o conjunto de competências gerais que todos os

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alunos devem desenvolver ao longo da Educação Básica, incluindo a Educação
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Na primeira etapa da Educação
Básica, a escola deve garantir seis direitos de desenvolvimento e aprendizagem,
de forma que todas as crianças tenham oportunidades de aprender e de se
desenvolver.
A BNCC determina que o conhecimento escolar deve assegurar uma
formação humana integral, com foco na construção de uma sociedade inclusiva,
justa e democrática.
A BNCC tem como princípio apresentar um conjunto de aprendizagens
essenciais aos estudantes, promovendo o desenvolvimento integral, por meio
das dez competências gerais para a Educação Básica, e apoiando as escolhas
necessárias para a concretização de seus projetos de vida e para a continuidade
dos estudos.
As orientações apresentadas na BNCC (Brasil, 2018) foram fundamentais
para a organização da educação, pois influenciaram desde a estrutura dos
currículos até a formação inicial e continuada dos educadores, passando pela
produção de materiais didáticos, pelas matrizes de avaliações e pelos exames
nacionais.
A BNCC orienta a implantação de um planejamento curricular ao longo de
todas as etapas da Educação Básica. Na Educação Infantil, a BNCC dialoga com
a DCNEI, apresentando em detalhes os objetivos de aprendizagem dessa etapa.
A concepção entre o educar e o cuidar fica explícita na BNCC (2017):

Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação Infantil, a


concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado como
algo indissociável do processo educativo. Nesse contexto, as creches
e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos construídos
pelas crianças no ambiente da família e no contexto de sua
comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o
objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e
habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas
aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar
– especialmente quando se trata da educação dos bebês e das
crianças bem pequenas, que envolve aprendizagens muito próximas
aos dois contextos (familiar e escolar), como a socialização, a
autonomia e a comunicação. Nessa direção, e para potencializar as
aprendizagens e o desenvolvimento das crianças, a prática do diálogo
e o compartilhamento de responsabilidades entre a instituição de
Educação Infantil e a família são essenciais. Além disso, a instituição
precisa conhecer e trabalhar com as culturas plurais, dialogando com
a riqueza/diversidade cultural das famílias e da comunidade. (Brasil,
2018, p. 36)

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A BNCC é um documento que apresenta detalhadamente as
aprendizagens fundamentais que devem ser trabalhadas com os estudantes
durante a Educação Básica, ou seja, é a referência que as instituições de ensino
público e privado devem seguir para oferecer um ensino de alta qualidade.

TEMA 3 – PARÂMETROS E INDICADORES DE QUALIDADE PARA A


EDUCAÇÃO INFANTIL

Você já ouviu falar nos Indicadores da Qualidade na Educação Infantil?


Sabe a finalidade desse documento?
Pois é, como o próprio nome aponta, o parâmetro e o indicador são as
normas, ou os padrões, ou a variável capaz de modificar, regular, ajustar o
sistema. Presumem possibilidades de quantificar dados, servindo como
instrumento para aferir o nível de aplicabilidade do parâmetro, nesse caso a
qualidade da educação.
Os Parâmetros e Indicadores de Qualidade para a Educação Infantil se
constituem como documentos norteadores da qualidade da aprendizagem. São
compreendidos como uma metodologia de autoavaliação escolar que orienta e
estimula a gestão democrática, com o objetivo de envolver os diferentes agentes
da escola: crianças, professores, gestores, funcionários, familiares,
representantes de organizações locais, entre outros.
Os objetivos de cada parâmetro, assim como os critérios e os indicadores
avaliados, direcionam o caminho para uma base comum de avaliação, capaz de
explicar cada um dos parâmetros e indicadores. Mesmo assim, o principal
elemento que favorece a reflexão e a compreensão sobre cada item do
documento é o diálogo e a formação em serviço aos profissionais, em
consonância com o que o documento indica como educação de qualidade.
É fundamental definir padrões de qualidade de ensino na Educação
Infantil. Mas definir um padrão único de qualidade é tarefa difícil, pois envolve
questões particulares de cada instituição. Por isso, há muitas discussões em
torno dos elementos que integram o conceito de qualidade do ensino brasileiro.
Essa dinâmica exige, da gestão escolar, foco para promover a
organização, mobilização e articulação das condições humanas, e materiais que
são necessárias para que seja possível alcançar o objetivo do processo
socioeducativo, que é aprendizagem efetiva dos alunos (Luck, 2000).

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Para o melhor direcionamento dos parâmetros e dos indicadores de
qualidade, os Indicadores da Qualidade na Educação Infantil apresentam sete
dimensões que devem ser consideradas na análise da qualidade de uma
instituição de Educação Infantil:

• planejamento institucional;
• multiplicidade de experiências e linguagens;
• interações;
• promoção da saúde;
• espaços, materiais e mobiliários;
• formação e condições de trabalho de professores e demais profissionais;
• cooperação e troca com as famílias e participação na rede de proteção
social.

Em cada dimensão, há indicadores que sinalizam e revelam aspectos da


realidade da Educação Infantil que podem qualificar algo. Os resultados
oferecem um diagnóstico da realidade escolar, direcionando planos de ação com
o intuito de melhorar a qualidade da educação.
Com isso, entende-se que a metodologia dos Indicadores da Qualidade
na Educação é uma ferramenta de gestão, com flexibilidade para adequação a
diferentes usos, variando de acordo com a experiência, a realidade e a
criatividade de cada comunidade escolar.

TEMA 4 – COMPETÊNCIAS E HABILIDADES: LEGISLAÇÃO ATUAL

Antes de aprofundar nosso conhecimento sobre as competências e


habilidades indicadas na BNCC, é fundamental identificar os direitos de
aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil (BNCC, 2018, p. 40):

• Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos,


utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do
outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.
• Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e
tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e
diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos,
sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais,
corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.

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• Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do
planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo
professor quanto da realização das atividades da vida cotidiana, como a
escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo
diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se
posicionando.
• Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras,
emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos
da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a
cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a
tecnologia.
• Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades,
emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões,
questionamentos, por meio de diferentes linguagens.
• Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural,
constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de
pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações,
brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu
contexto familiar e comunitário.

Lembrando que a BNCC (Brasil, 2018, p. 40) destaca que as


competências gerais devem se inter-relacionar no desenvolvimento didático:

Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das


locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da
produção artístico-cultural. Essa competência estabelece como
fundamental que os alunos conheçam, compreendam e reconheçam a
importância das mais diversas manifestações artísticas e culturais. E
acrescenta que eles devem ser participativos, sendo capazes de se
expressar e atuar por meio das artes.

Na Educação Infantil, a BNCC apresenta aspectos marcantes sobre as


competências a serem desenvolvidas durante a etapa. Durante a Educação
Infantil, o processo de ensino e aprendizagem perpassa 10 competências a
serem aprimoradas pelos alunos. Elas abrangem diversos aspectos, como
(Brasil, 2018):

• Conhecimento: valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente


construídos sobre o mundo para entender, explicar a realidade e colaborar
com a construção de uma sociedade justa.

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• Pensamento científico, crítico e criativo: exercitar a curiosidade intelectual
e recorrer à abordagem própria das ciências visando investigar causas,
elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções
(inclusive tecnológicas).
• Repertório cultural: valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas
diversificadas de produção artístico-cultural.
• Comunicação: utilizar diferentes linguagens, bem como conhecimentos
das linguagens artística, matemática e científica, a fim de se expressar e
partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes
contextos.
• Cultura digital: compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de
informação e comunicação, de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar,
acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
• Trabalho e projeto de vida: valorizar a diversidade de saberes e vivências
culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que possibilitem
entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas
alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida.
• Argumentação: argumentar com base em fatos, dados e informações
confiáveis, buscando formular e defender ideias que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável em âmbitos local, regional e global.
• Autoconhecimento e autocuidado: conhecer-se, valorizar-se e cuidar de
sua saúde física e emocional, compreendendo a si mesmo na diversidade
humana e reconhecendo as suas emoções e as dos outros, com
autocrítica e capacidade para lidar com elas.
• Empatia e cooperação: exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de
conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito
ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da
diversidade.
• Responsabilidade e cidadania: agir, pessoal e coletivamente, com
autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,

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tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos,
inclusivos, sustentáveis e solidários.

A proposta apresentada na BNCC demanda que as escolas reestruturem


seus currículos, a fim de promover, na criança, cada uma das competências, ao
mesmo tempo em que são abordados os conhecimentos essenciais listados no
documento.
Outros aspectos reforçados pela BNCC são as habilidades que as
crianças precisam desenvolver com base em eixos que integram a Educação
Infantil, como:

• Convivência
• Brincadeiras
• Participação
• Exploração
• Expressão
• Autoconhecimento

TEMA 5 – OS CAMPOS DE EXPERIÊNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA BNCC

A BNCC traz os campos das experiências, que vem ao encontro das


necessidades da Educação Infantil na contemporaneidade. Os campos de
experiências constituem uma nova organização curricular, que acolhe as
situações e as experiências do dia a dia das crianças, com seus saberes, inter-
relacionando os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural.
Os campos de experiências da Educação Infantil, apresentados na BNCC,
se baseiam na relação entre os saberes e os conhecimentos fundamentais que
devem ser propiciados às crianças, sempre associados às suas experiências.
Considerando esses saberes e conhecimentos, vejamos os campos de
experiências a partir dos quais a BNCC se organiza:

• O eu, o outro e o nós


• Corpo, gestos e movimentos
• Traços, sons, cores e formas
• Escuta, fala, pensamento e imaginação
• Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

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O eu, o outro e o nós aborda elementos da construção da identidade, do
conhecimento de si e das relações com os outros. Destaque para a interação
com os pares e com os adultos. Assim, as crianças vão constituindo um modo
próprio de agir, sentir e pensar, e assim passam a descobrir que existem outros
modos de vida, pessoas diferentes e outros pontos de vista. Nessas
experiências, é possível ampliar o modo de perceber a si e ao outro, valorizar a
sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos
constituem como seres humanos (Brasil, 2018, p. 40).
Corpo, gestos e movimentos trabalha o modo como as crianças, desde
cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos de seu entorno, como
estabelecem relações, se expressam, brincam e produzem conhecimentos sobre
si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se,
progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Assim, a instituição escolar
precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre
animadas pelo espírito lúdico e com a interação com seus pares, explorar e
vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas
com o corpo, descobrindo variados modos de ocupação e uso do espaço com o
corpo (como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar
apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr,
dar cambalhotas, alongar-se etc.) (Brasil, 2018, p. 40).
Traços, sons, cores e formas traz que a criança deve conviver com
diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no
cotidiano da instituição escolar. Possibilita às crianças, por meio de experiências
diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as
artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro,
a dança e o audiovisual. A Educação Infantil precisa promover a participação das
crianças em tempos e espaços propícios à produção, manifestação e apreciação
artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da
criatividade e da expressão pessoal das crianças, o que permite que se
apropriem e que reconfigurem, permanentemente, a cultura, potencializando as
suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar experiências e vivências
artísticas (Brasil, 2018, p. 41).
O campo de escuta, fala, pensamento e imaginação aborda que, na
Educação Infantil, é importante promover experiências que permitam às crianças
falar e ouvir, potencializando a sua participação na cultura oral, pois é na escuta

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de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas
elaboradas individualmente ou em grupo, e ainda nas implicações com as
múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular
e pertencente a um grupo social (Brasil, 2018, p. 42).
Por fim, o campo de espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações. As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de
diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e
socioculturais. Com isso, a Educação Infantil precisa promover experiências a
partir das quais as crianças sejam capazes de fazer observações, manipular
objetos, investigar e explorar o entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de
informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a
instituição escolar cria oportunidades para que as crianças ampliem os seus
conhecimentos do mundo físico e sociocultural, de modo que possam utilizá-los
em seu cotidiano (Brasil, 2018, p. 42).
Diante disso, entende-se que os cinco campos de experiência para a
Educação Infantil apresentam as principais experiências que devem ser
desenvolvidas e aprendidas nessa etapa escolar, garantindo o direito de
aprendizagem da criança.
O papel do professor, a partir das indicações dos campos de experiência,
é transformar a prática pedagógica em experiências com propósito educativo,
sempre com relação a situações cotidianas, de forma integrada e significativa.

NA PRÁTICA

Vocês já perceberam que, na evolução recente de documentos e leis


(como a Constituição, a LDB, o ECA, a BNCC), sempre estiveram presentes a
igualdade, o acesso, a qualidade e o respeito com a faixa etária de crianças que
frequentam as escolas de educação infantil?
Mas será que todas essas questões atingem amplamente as crianças do
nosso país?
O acesso a uma Educação Infantil de qualidade é para todos?
Reflita sobre esses questionamentos, procurando justificar a sua resposta
e compreender os motivos por que isso ocorre ou não.
Como a escola poderia se organizar para ser diferente, exigindo
mudanças em relação às questões que a escola não consegue resolver sozinha,
pois depende de outros órgãos ou instâncias?
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FINALIZANDO

Nesta aula, estudamos os aspectos legais que regem a educação infantil


como um todo, desde a Constituição Federativa, passando pela LDB, pelos
referenciais curriculares, pelo ECA e mais atualmente pela BNCC.
Esses documentos abordam a educação brasileira, a Educação Infantil e
a infância, apresentando diferentes concepções do que é a infância,
considerando sempre que a esfera pública deve respeitar e organizar o
atendimento às crianças de forma integral.
Os documentos e legislações têm o objetivo de auxiliar a comunidade
educativa a pensar, repensar, refletir, planejar ações e promover melhorias nas
unidades de ensino de Educação Infantil.
Mesmo sabendo dos inúmeros desafios, é fundamental lutar, em conjunto,
por uma educação de qualidade, com mudanças na formação das crianças.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União,


Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 dez. 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.


Brasília, 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução n. 5, de 17 de dezembro de 2009.


Diário Oficial da União, Brasília, 18 dez. 2009.

LUCK, H. Apresentação. Em Aberto, Brasília, v. 17, n. 72, p. 7-10, 2000.

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