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EDUCAÇÃO INFANTIL –

CONTEÚDOS, TENDÊNCIAS E
METODOLOGIAS
AULA 6

Prof.ª Janice Mendes


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, discutiremos questões como plano de ação docente e


avaliação formativa, bem como instrumentos como portfólio e pauta de
observação e planejamento anual. O processo de avaliação na educação infantil
é diferente de todas as outras etapas, visto que o professor deve considerar
todas as interações e participações da criança, assim como seu
desenvolvimento.

TEMA 1 – AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sancionada em dezembro de


1996, estabelece, na seção II, referente à educação infantil, art. 31, que “a
avaliação far-se-á mediante o acompanhamento e registro do seu
desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino
fundamental”.
A avaliação na educação infantil é um tanto diferente de todas as outras
etapas, como Ensino Fundamental e Médio, pois a característica dessa
avaliação está pautada no conjunto de ações, como planejamentos,
observações, registros, reflexões e muitas comunicações.
É importante destacar que o método de avaliação já passou por várias
etapas, sendo estruturado em dois documentos, o Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) de 1998, e as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), de 2009. Mas, atualmente, o
documento norteador de todas as práticas da educação básica, sobretudo da
educação infantil, é a BNCC (Base Nacional Comum Curricular, 2017).
A BNCC apresenta o processo de avaliação por meio do desenvolvimento
de competências.

Por meio da indicação clara do que os alunos devem “saber”


(considerando a constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes
e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (considerando a
mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores
para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno
exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação das
competências oferece referências para o fortalecimento de ações que
assegurem as aprendizagens essenciais definidas na BNCC. (Brasil,
2017, p. 15)

Diante disso, é possível destacar que a avaliação da educação infantil tem


como princípio a avaliação formativa de processo ou de resultado, ou seja, por
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meio da construção e aplicação de procedimentos, o professor pode verificar e
considerar os contextos e as condições de aprendizagem de cada criança,
adotando os registros como referência para melhorar e ampliar o desempenho
da escola, dos professores e dos alunos.

1.1 Plano de ação docente e avaliação formativa

Você sabe qual é o trabalho do educador no contexto da avaliação da


educação infantil? Antes de avaliar, o educador precisa “refletir, selecionar,
organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações”,
lembrando da necessidade de promover a pluralidade e situações que auxiliem
no desenvolvimento pleno das crianças, portanto, é preciso pensar em um plano
de ação docente antes de preparar a avaliação (Brasil, 2017, p. 41).
Com as novas orientações apresentadas pela BNCC (2017), o plano de
ação docente a ser elaborado por professores e coordenadores deve seguir os
cinco campos de experiência, sendo eles:

• O eu, o outro e o nós;


• Corpo, gestos e movimentos;
• Traços, sons, cores e formas;
• Escuta, fala, pensamento e imaginação.
• Espaço, tempo, quantidades, relações e transformações.

Para cada campo de experiência há a definição dos objetivos de


aprendizagem e desenvolvimento. Os objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento estão estruturados na BNCC de acordo com a faixa etária. Ao
conhecer e desenvolver os objetivos de aprendizagem e habilidades das
crianças de zero a cinco anos, os educadores terão mais clareza para elaborar
o plano de ação docente e, consequentemente, as atividades avaliativas de seus
alunos, concluindo, assim, a avaliação de cada um.
Ao avaliarem a Educação Infantil, Castilho e Rodrigues (2014)
pressupõem a documentação dos processos vividos de diferentes formas, pois
não há provas/exames, e sim a proposição do uso de registros sistemáticos das
observações feitas por professores cotidianamente.
Na Educação Infantil, os instrumentos de avaliação da aprendizagem são
praticamente a observação, a escuta e os registros realizados ora pelo educador,
ora pelas crianças. Esses instrumentos, quando sistematizados, compõem a

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documentação pedagógica da criança, além de serem essenciais como forma
de avaliação formativa, como explica Castilho e Rodrigues (2014, p. 88):

Uma avaliação alternativa formativa que providencia informação útil e


necessária para o conjunto de decisões que afetam a criança, não se
limitando a ser uma mera coleção de amostras de trabalhos arquivados
ou puros registros “mortos” (“naturezas mortas”). Podemos afirmar que
avaliar, em contextos de educação infantil, permite conhecer o que a
criança sabe e o que é capaz de fazer, quais são seus interesses e
motivações. Permite reconhecê-la como ser único com competências
e individualidades e apreciar os seus progressos ao longo do seu
processo educativo.

Sobre a possibilidade da avaliação formativa, para redimensionar as


práticas docentes da Educação Infantil, Castilho e Rodrigues (2014) destacam

que ela deve ser concebida como instrumento pedagógico centrado


nos processos de comunicação, negociação e apropriação de
conhecimentos e saberes, entre as/os professores/as, entre elas/es e
as crianças, e entre as próprias crianças.

A avaliação formativa é uma ferramenta que valoriza a qualidade da


educação e desempenho escolar do aluno, pois a finalidade dessa avaliação é
perceber o desenvolvimento do aluno no decorrer do processo de aprendizagem.
Nessa perspectiva, o professor tem papel fundamental de observador,
pois é por meio do comportamento e das interações dos alunos que ele
conseguirá identificar o que a criança de fato aprendeu e o que ainda precisa ser
potencializado.

TEMA 2 – INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:


PORTFÓLIO E PAUTA DE OBSERVAÇÃO

No processo de avaliação na educação infantil, é fundamental considerar


o caminho trilhado pelos alunos, sem julgamentos prévios, notas ou até mesmo
rótulos, e as observações devem fornecer elementos para a equipe repensar as
práticas usadas e analisar o desenvolvimento da criança. A avaliação na
educação infantil é pauta de muitos estudos, como o do grupo de pesquisa que
publicou em 2015 um documento sobre a temática “Contribuições para a Política
Nacional: a avaliação em educação infantil a partir da avaliação de contexto”.
O documento apontou e reforçou conceitos de muitos estudiosos da área,
como o de “que cada criança se desenvolve de uma maneira não padrão, cada
desenvolvimento é muito particular e a criança sofre a influência de realidade
cultural e social em que está inserida”.

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Dessa forma, é possível entender que o foco precisa estar na forma como
a criança age durante as práticas e interações propostas pela equipe de
educação, por isso, os instrumentos e a documentação pedagógica são
elementos fundamentais no processo de avaliação dessa etapa.
Fochi, Piva e Focesi (2016) destacam a documentação pedagógica como
uma forma de produzir conhecimento sobre a Educação Infantil, por meio da
oportunidade de aprender a olhar as experiências, convidando a reposicionar o
papel do professor e a construir um contexto educativo de qualidade (Fochi; Piva;
Focesi, 2016, p. 25).
A ação de documentar qualifica o trabalho do professor, de forma que o
mesmo pode utilizar dois métodos para avaliar os alunos: o portfólio e a pauta
de observação, que são documentos essenciais, nos quais se pode confrontar
diferentes pontos de vista, avaliando e modificando o modo como o professor se
organiza para marcar os processos e acompanhar o desenvolvimento da
criança.
Acompanhe, agora, o conceito e as características de cada instrumento.

2.1 Portfólio

O portfólio é um dos principais instrumentos de aprendizagem e de


avaliação, pois apresenta a dinamicidade do processo de desenvolvimento no
percurso escolar. Também é uma forma de registrar a memória das
aprendizagens, seja individual ou coletiva, uma vez que mostra a dinâmica do
que foi produzido na escola e de como foi feita a produção, por meio de
conteúdos que façam sentido para as crianças e o corpo docente.
Os portfólios precisam ser revistos durante os momentos de produção e
não só na hora de arquivar, pois assim é possível balizar os próximos passos de
aprendizagem e desenvolvimento de cada aluno.
O ideal é que os pais também tenham acesso a esse material, seja em
uma reunião coletiva ou em encontros individuais. Apresentar a importância do
portfólio é essencial para que a família selecione até mesmo algumas atividades
mais significativas e discuta essas escolhas com a criança, além de poder
observar o desenvolvimento da mesma por meio do olhar pedagógico.
De acordo com Hernández (2000), os portfólios são

um continente de diferentes tipos de documentos (anotações pessoais,


experiências de aula, trabalhos pontuais, controles de aprendizagem,

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conexões com outros temas fora da escola, representações visuais,
etc.), que proporciona evidências do conhecimento que foram sendo
construídas, as estratégias utilizadas para aprender a disposição de
quem o elabora para continuar aprendendo. (Hernández, 2000, p. 1)

Já Alves e Anastasiou (2006) afirmam que

o portfólio é uma compilação apenas dos trabalhos que o estudante


entenda relevantes, após um processo de análise crítica e devida
fundamentação. O que é importante não é o portfólio em si, mas o que
o estudante aprendeu ao criá-lo [...] é um meio para atingir um fim e
não um fim em si mesmo.

Alvarenga (2001) considera o portfólio como um instrumento que permite


ao professor observar os seus alunos, suas capacidades na resolução de
problemas e, também, o desenvolvimento de suas competências. Para Villas
Boas (2005), o portfólio apresenta várias possibilidades, uma delas é a sua
construção pelo aluno. Portanto, não estamos falando de uma avaliação
elaborada pelo adulto para a criança, mas de uma construção conjunta capaz de
evidenciar o processo de aprendizagem.
Vale a pena ressaltar que o instrumento portfólio não deve ter como
objetivo o produto, mas sim a possibilidade de acompanhamento das ações
desenvolvidas pelas crianças.

2.2 Pauta de Observação

O instrumento de avaliação denominado pauta de observação tem como


finalidade acompanhar, por meio de registros realizados pelo professor, o
desempenho dos bebês e das crianças na etapa da educação infantil. Além
disso, a pauta de observação deve considerar o contexto pedagógico e provocar
reflexões sobre a prática docente, a fim de promover novas condições de
aprendizagem e desenvolvimento para as crianças.
A observação docente, de forma sistematizada, como é o caso das pautas
de observação, deve acontecer constantemente no espaço escolar. Mas é
fundamental que o professor considere e registre também as situações não
previstas no plano pedagógico, como quando ocorrem aspectos importantes
e/ou detalhes das relações entre bebês, crianças e seus interesses etc. Portanto,
é fundamental ter uma atenção contínua sobre os acontecimentos diários para
realizar observações com maior intencionalidade, fidedignidade e
responsabilidade no registro.

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Como já mencionado anteriormente, durante uma brincadeira,
simultaneamente ocorrem diversas aprendizagens, e o papel central do
professor é acompanhar e, em alguns momentos, mediar, bem como ficar atento
às ações, realizar a intervenção certa, quando necessário, e até mesmo fazer
perguntas que estimulem as aprendizagens. Mas, acima de tudo, é importante
que possibilitar às crianças o poder de intervir da sua maneira na hora certa.
Assim, a observação fornece informações essenciais para dar continuidade ao
planejamento de aula.
Roteiros pré-elaborados são instrumentos extremamente valiosos na
forma de avaliação, mas jamais devem ser usados como classificadores das
habilidades infantis (no caso, assinar se a criança só faz isso ou aquilo).
As pautas têm como função guiar os procedimentos de observação do
aluno, do contexto e da turma, assim como da interação entre as crianças e entre
elas e o professor nas atividades que as mesmas exercem durante o contexto
escolar.
Outra situação fundamental para acompanhar o desenvolvimento das
crianças por meio das observações é o registro. As pautas precisam ser
preenchidas detalhadamente, evitando categorias como o concluído ou o não
concluído, afinal, cada criança de desenvolve em seu tempo e à sua maneira.

TEMA 3 – INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: OS


PARECERES DESCRITIVOS OU RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃO

No contexto atual e com as novas concepções de educação, ensino e


aprendizagem, o processo de avaliação na educação infantil por meio de parecer
descritivo é considerado uma nova solução para acompanhar o desenvolvimento
das crianças.
Segundo a LDB 9394/96, as instituições de Educação Infantil devem criar
procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação
do desenvolvimento das crianças, garantindo:

I – a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e


interações das crianças no cotidiano;
II – utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças
(relatórios, fotografias, desenhos, álbuns, etc.);
III – a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da
criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de
transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação
Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-
escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental);
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IV – documentação específica que permita às famílias conhecer o
trabalho da instituição junto às crianças e os processos de
desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil;
V – a não retenção das crianças na Educação Infantil. (Brasil, 2009c;
2009d)

Deve-se acreditar que o acompanhamento e a interpretação do trabalho


pedagógico transcorrem por diferentes momentos no processo de educação,
qualificando as práticas do cotidiano e as experiências de aprendizagem em
diversos contextos, revelando a aprendizagem e o desenvolvimento dos bebês
e das crianças.
Com isso, o papel do professor assume novos olhares na relação teoria e
prática, como destaca Simões (2011, p. 10889),

nesse sentido, trata-se da relevância de que o professor, consciente


de sua profissão e de seu papel, reflita sobre sua prática e sobre os
processos ali imbricados, (re)significando continuamente seu trabalho.

O parecer descritivo é um instrumento fundamental para registrar o


desenvolvimento das crianças durante o ano letivo. Seu objetivo vai além da
avaliação da aprendizagem teórica, pois considera o desenvolvimento das
habilidades sociais, psicológicas e de linguagem.
Essa é uma forma de avaliar o desenvolvimento das crianças ao longo do
ano e entender quais pontos devem ser trabalhados e otimizados. Esse
instrumento pode ser usado para entender a eficácia do currículo e determinar o
que pode ser otimizado no plano de ensino. Outro aspecto positivo é a unificação
da educação familiar e escolar como forma de determinar os pontos que podem
ser abordados nesses dois ambientes.
Assim, entende-se que a ênfase está no processo contínuo, que
acompanha os processos envolvidos ao longo da aprendizagem escolar e do
desenvolvimento da criança. Vale lembrar que esse instrumento de avaliação,
após o preenchimento detalhado realizado pelo professor, demonstrando o
desenvolvimento individual e as particularidades de cada criança, é enviado aos
responsáveis pela criança.

TEMA 4 – CRITÉRIOS PARA ORGANIZAÇÃO DOS PORTFÓLIOS DE


APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

O portfólio é um instrumento que reúne os melhores trabalhos dos


estudantes, seguindo um modelo de dossiê, no qual ficam arquivados os

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materiais produzidos durante o período letivo. Esse instrumento vem ganhando
espaço no campo escolar, pois além de ser um recurso que compila os trabalhos
dos estudantes, é utilizado como ferramenta de avaliação formativa.
É preciso compreender que o portfólio vai além de um documento com
materiais, sendo, também, um documento que serve de análise do processo
pedagógico do estudante. Para Raizer (2007, p. 60),

Nesse sentido, o portfólio não se apresenta como produto final, mas


como todo o processo de construção e reconstrução da prática
pedagógica, tanto para docentes, como para discentes; uma vez que
possibilita uma leitura atenta dos caminhos percorridos pelo educando,
ajudando o professor a organizar suas ações subsequentes e, ainda,
contribuindo para que a própria criança compreenda seu processo de
aprendizagem e desenvolvimento.

Ter um portfólio organizado é a base para o educador e até mesmo para


a família se basearem no desenvolvimento da criança. O documento deve seguir
alguns critérios de organização, sendo eles:

• Identificação: nome do aluno, foto e até mesmo um desenho, se possível.


Isso deixará o documento com um olhar individual sob cada aluno e mais
fácil de ser identificado;
• Adaptação: será registrado cada momento do aluno, mostrando como foi
a adaptação perante o restante da turma e até mesmo o comportamento
com o educador. Nessa parte, podemos colocar como foi a separação do
cotidiano com os pais, se a criança foi resistente, como foi a comunicação
com o ambiente, entre outros. Além de tudo, pode ajudar o próximo
educador a saber como foi o desenvolvimento no ano anterior;
• As principais características da criança: como foi que ela reagiu durante
o ano ou durante as atividades? Nesse tópico, o mediador deve colocar
se a criança chorou muito, qual foi o tipo de comportamento sob
determinada situação, as expressões e reações da criança no dia a dia.
Podem também ser adicionados os gostos e preferências da criança,
além de suas manias e aversões;
• Principais atividades e suas respostas: é importante separar os trabalhos
que comprovam o aprendizado mais importante de todo o semestre. Isso
significa que o arquivo não é uma combinação de testes e atividades
como comumente se imagina, nem deve ser avaliado com medo. Como
indicado anteriormente, ele conta a história da trajetória de aprendizagem
da criança e é utilizado para monitorar o andamento do trabalho e fazer
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ajustes no processo de desenvolvimento. O portfólio deve conter
informações suficientes sobre a interação da criança com a atividade
proposta pelo professor. É muito importante relatar seu desenvolvimento
na coordenação esportiva, equilíbrio corporal, reconhecimento de cores,
reconhecimento de letras e outras questões com base na sua faixa etária;
• Encerramento: é imprescindível o preenchimento do encerramento por
meio da análise da evolução da criança. É o momento em que o mediador
fala sobre suas conquistas, seu desenvolvimento em determinada área e
possíveis mudanças de comportamento.

Portanto, o portfólio é um instrumento que permite analisar as


capacidades dos alunos, o desenvolvimento cognitivo, as competências e
habilidades, mas sobretudo oportunizar novas formas de aprender e
potencializar o conhecimento.

TEMA 5 – A AVALIAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO PLANEJAMENTO ANUAL NA


EDUCAÇÃO INFANTIL

O ato de planejar, como todos os outros atos humanos, implica em


escolha. O planejamento subsidia o ser humano no encaminhamento de suas
ações e na obtenção dos resultados que deseja alcançar.
A ideia de planejamento acompanha o homem desde o início do processo
de humanização. Desde que o ser humano se constituiu como homem, ele se
diferenciou dos animais por ter a capacidade de produzir o futuro de forma
consciente.
Diariamente, enfrentamos situações que necessitam de planejamento,
mas nem sempre as nossas atividades cotidianas estão organizadas em etapas
concretas da ação, pois elas fazem parte da nossa rotina. Mas para que
possamos realizar as atividades que não estão inseridas em nosso cotidiano,
precisamos ser racionais, traçando estratégias e ações imediatas.
Em todas as áreas da atividade humana, o planejamento é essencial.
Planejar é analisar a realidade e prever formas alternativas de ação para superar
as dificuldades ou atingir os objetivos desejados. O planejamento tem como
finalidade reduzir as incertezas que cercam o seu negócio, ou no caso da
educação, o planejamento orienta as práticas pedagógicas, os conteúdos a
serem aplicados, além de organizar a educação de forma nacional.

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Todo planejamento inicia com o objetivo, pensando sempre no resultado
final. Em seguida, é necessário traçar as metas para que esse objetivo seja
alcançado. E na última etapa dessa descrição básica de planejamento está o
plano, que são as estratégias e as metodologias que ajudarão na caminhada
desse planejamento. Em suma, o planejamento inclui prever e decidir o que
pretendemos realizar, o que fazemos, como queremos fazer, como devemos
analisar e como analisar a situação para verificar se nossa intenção foi
alcançada.
Por outro lado, o plano é o resultado, é o esboço das conclusões
alcançadas durante o processo de planejamento, que pode ou não ser por
escrito. Sempre haverá uma intencionalidade, como afirmam Malafaia e
Umbuzeiro (2018):

Olhar para os bebês e as crianças é o ponto de partida para definir a


intencionalidade do planejamento, encontrando apoio na escuta
atenta, entendida como “sensibilidade ao outro, que implica colocar-se
em relação, com todos os nossos sentidos, e não apenas com nossos
ouvidos”. (Malafaia; Umbuzeiro, 2018)

O planejamento na educação infantil é um momento em que o professor


encontra diversas soluções para obter avanços no desenvolvimento cognitivo,
afetivo e social do aluno, sendo, assim, uma atividade contínua, não só com
conteúdos a serem trabalhados, mas o educador também elabora um processo
de acompanhamento em que diagnostica os avanços e dificuldades de toda a
turma e também dos alunos individualmente.
Segundo Hoffmann (2001), a organização e planejamento das atividades
diárias proporcionam ao professor a reflexão de suas ações e metodologias,
analisando os resultados de seu projeto. De acordo com o Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil (1998, p. 196) cabe

[...] ao professor planejar uma sequência de atividades que possibilite


uma aprendizagem significativa para as crianças, nas quais elas
possam reconhecer os limites de seus conhecimentos, ampliá-los e/ou
reformulá-los.

NA PRÁTICA

Agora é sua vez de colocar em prática a construção de um planejamento


que envolva os instrumentos de avaliação. Realize um planejamento para no
máximo um bimestre, a fim de que seja desenvolvido na Educação Infantil.

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Lembre-se de estabelecer: faixa etária, área do conhecimento,
justificativa, objetivos, desenvolvimento, recursos e avaliação. A área do
conhecimento você aprendeu em outros conteúdos. Mas o mais importante
agora é pensar nos instrumentos que utilizará para a avaliação dos alunos.

FINALIZANDO

Nesta aula, você compreendeu o tema avaliação, seus instrumentos e


critérios, aprendendo também sobre o que é planejar aliado a avaliar.
Esperamos que você tenha se apropriado desses e dos demais
conhecimentos e conceitos trabalhados, não se esquecendo de que a educação
infantil é a etapa mais importante do desenvolvimento da criança. É um momento
rico e único de descobertas e aprendizagens que exige muito do profissional que
trabalha com essa faixa etária, porém, é de retorno e alegrias incomparáveis.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2017.


Disponível em: <http://www.basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 13
set. 2021.

______. Educação Infantil. Referencial Curricular Nacional para a Educação


Infantil. Brasília, DF, 1998.

______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de


Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educação
Infantil. Resolução CNE/CEB 5/2009. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18
dez. 2009, Seção 1, p. 18. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br>. Acesso em:
13 set. 2021.

RAIZER, C. M. Portfólio na educação infantil: desvelando possibilidades para


a avaliação formativa. 176 f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade Estadual de Londrina, 2007.

SIMÕES, E. N. Avaliação por parecer descritivo: solução? X CONGRESSO


NACIONAL DE EDUCAÇÃO – EDUCERE. Curitiba: PUC, Anais... 2011.
Disponível em: <https://educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/6109_3882.pdf>.
Acesso em: 13 set. 2021.

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